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3. METODOLOGIA

3.3. DELINEAMENTO DA PESQUISA

Segundo Creswell (2007) em razão da multiplicação de técnicas de pesquisa, é recomendável que pesquisadores e investigadores adotem uma estrutura geral que oriente todas as etapas do estudo. Este estudo adotou a estratégia de pesquisa de estudo de caso, particularmente de multicasos.

Para Yin (2005, p.19) a escolha de um estudo de caso como estratégia de pesquisa se justifica quando se colocam “questões do tipo ‘como’ e ‘por que’, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto real”. Por sua vez Godoy (1995a, p.25) considera que o estudo de caso é caracterizado como

“um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Visa ao exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em particular”.

De acordo com Triviños (1997, p.136) em uma pesquisa qualitativa um investigador pode ter a possibilidade de estudar dois ou mais sujeitos, ou organizações. O autor convenciona chamar de estudos multicasos. Godoy (1995a, p.26) define como estudos de casos múltiplos quando a pesquisa envolve duas ou mais pessoas ou duas ou mais organizações. O objetivo pretendido pelo pesquisador pode ser o de buscar comparações ou de descrever mais de um indivíduo, organização ou evento.

Yin (2005, p.68) destaca que apesar do estudo de casos múltiplos consumirem mais tempo e recursos em sua condução, seus resultados acabam sendo mais convincentes e robustos. Para esse autor torna-se fundamental julgar a qualidade de qualquer projeto de pesquisa. Isso pode ser feito de acordo com determinados testes lógicos. Nos estudos de caso, quatro testes são mais utilizados e foram utilizados para a pesquisa: validade do constructo, validade interna, validade externa e confiabilidade.

Para aumentar a validade do constructo como forma de garantir a qualidade do estudo de caso Yin (2005, p.57) disponibiliza três táticas: a primeira é a utilizar-se de várias fontes de evidências, de tal forma a incentivar linhas convergentes de investigação durante a fase de coleta de dados; a segunda tática consiste em estabelecer um encadeamento de evidências também na coleta de dados e como tática final, deve-se fazer uma revisão por parte de informantes-chaves do rascunho do relatório do estudo de caso.

Em relação ao segundo teste que é a preocupação com a validade interna ela não se aplica aos estudos descritivos ou exploratórios, sendo utilizada apenas nos estudos de caso explanatórios ou causais. No caso do terceiro teste que é o da validade externa procura-se saber se os resultados ou descobertas podem ser generalizáveis, além do estudo de caso imediato. Para que isso aconteça utiliza-se a replicação das descobertas em um segundo ou terceiro local, em que a teoria supõe deveriam ocorrer os mesmos resultados (YIN 2005, p.58).

Segundo Yin (2005, p.60) os testes de confiabilidade buscam demonstrar que os procedimentos realizados por determinado pesquisador podem ser seguidos ou repetidos por outros, apresentando os mesmos resultados. Ressalta a necessidade da documentação dos procedimentos adotados no caso anterior, elaboração de um protocolo de estudo e o desenvolvimento de um banco de dados.

Para este estudo multicasos, as principais fontes de evidências foram as entrevistas com os dekasseguis que empreenderam. Foi utilizado roteiro semi-estruturado de entrevistas, permitindo ao entrevistado flexibilidade em suas opiniões.

Laville e Dionne (1999, p.188) afirmam que uma entrevista semi-estruturada é constituída de uma série de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista, mas na qual o entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimento.

Os autores afirmam que a flexibilidade nesse tipo de técnica é importante porque possibilita um contato mais íntimo entre o investigador e o entrevistado, favorecendo uma exploração mais aprofundada de seus saberes, representações, crenças e valores. Conforme Silva; Godoi e Mello (2006, p.134) as entrevistas semi-estruturadas são “pertinentes quando o assunto a ser pesquisado é complexo,

pouco explorado ou confidencial e ‘delicado’”. Outro aspecto interessante destacado pelos mesmos autores é que o roteiro dentro das entrevistas semi-estruturadas permite ser aperfeiçoado ou modificado em função da necessidade de se obter outros tipos de dados.

Todas as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas e estudadas. Tiviños (1987, p. 148) recomenda a gravação da entrevista porque permite contar com todo o material fornecido pelo informante, o que não ocorre seguindo outro meio.

Yin (2005, p. 118) destaca que as entrevistas constituem-se uma fonte essencial de evidências. Porém, recomenda a confirmação desses dados obtidos com outras fontes de evidências. A fim de auxiliar na validade e confiabilidade dos resultados, neste trabalho foi realizada a análise de documentos, a exemplo de livros de registros contábeis e anotações em agendas.

Como fonte complementar da coleta de dados foi utilizada a observação direta da empresa, sua estrutura, funcionamento, sites organizacionais. Godoy (1995, p.27) enfatiza que essa técnica é essencial num estudo de caso qualitativo já que procura apreender aparências, eventos e/ou comportamentos. As evidências de uma observação, via de regra fornecem informações adicionais sobre o tópico estudado (YIN, 2005, P.120).

De acordo com Laville e Dionne (1999, p. 176) a qualidade de uma observação científica está relacionada ao respeito de certos critérios e exigências, não devendo ser uma busca ocasional mas sempre tendo um objeto de pesquisa, questão ou hipótese claramente definidos.

Antes do início da coleta de dados foi realizado um estudo de caso piloto, por critério de acessibilidade. De acordo com Yin (2005, p.104) o estudo de caso piloto é importante porque “auxilia o pesquisador na hora de aprimorar os planos para a coleta de dados tanto em relação ao conteúdo dos dados quanto aos procedimentos que devem ser seguidos”.

Visando dar maior credibilidade a pesquisa foi realizado um protocolo de estudo. Yin (2005, p.93) destaca que a utilização de um protocolo de estudo é fundamental para aumentar a confiabilidade da pesquisa de um estudo de caso e em se tratando de casos múltiplos torna-se imprescindível. Baseando-se no modelo de protocolo proposto por Yin (2005) foram definidos os seguintes passos para o estudo.

1. Elaboração de um roteiro de entrevista;

2. Escolha de um dekassegui empreendedor para a realização do estudo de caso piloto;

3. Realização do estudo de caso piloto;

4. Analisar as informações resultantes do estudo de caso piloto;

5. Adequação do roteiro da entrevista para a realização das entrevistas semi-estruturadas;

6. Definição dos casos a serem estudados;

7. Agendamento das entrevistas com os dekasseguis empreendedores selecionados;

8. Realização das entrevistas;

9. Levantamento dos registros em arquivos de cada empresa selecionada;

10. Descrição e análise das informações das entrevistas, dos registros de cada arquivo separadamente, em função do modelo de criação de novos negócios proposto neste estudo.

11. Elaboração do relatório final