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3 Trabalho experimental

3.2.7 Determinações

3.3.1.4 Características das ninhadas à nascença

A caraterização das ninhadas à nascença, nomeadamente a contagem do número de láparos nascidos vivos e nascidos mortos e a pesagem das ninhadas, permitiu perceber o efeito dos tratamentos hormonais na prolificidade das reprodutoras e também se o encurtamento da duração da gestação tem efeitos nas características da ninhada e dos láparos.

Como se pode ver na Tabela 4, não se encontram diferenças significativas em relação ao número de nados total. Porém, quando analisado apenas o número de nados vivos, as diferenças de médias entre os grupos acentuam-se, sendo o valor encontrado para o grupo PG28 significativamente maior do que os valores encontrados para os grupos C e OX30 (11,05 vs. 9,26 e 8,89 nados vivos, respetivamente), tornando claro um aumento da prolificidade neste grupo.

Tabela 4 – Influência da indução de parto com cloprostenol (administração ao dia 28 ou ao dia 29 de gestação) ou oxitocina no nº de láparos nascidos e no seu peso ao nascimento.

Tratamentos EPM1 P-valor* C PG28 PG29 OX30 Nº nados total 10,82 11,62 11,77 10,72 0,29 n.s. Nº nados vivos 9,26 b 11,05 a 10,43 ab 8,89 b 0,31 <0,05 Nº nados mortos 1,56 0,57 1,34 1,83 0,24 n.s. % nados vivos 88,2 95,6 90,3 83,5 1,8 n.s. % nados mortos 11,8 4,5 9,7 16,5 1,8 n.s.

Peso da ninhada à nascença2 (g) 525 560 565 531 12 n.s. Peso do láparo à nascença (g) 57,3 a 51,6 b 54,5 ab 59,8 a 1,0 <0,05 1

Erro Padrão da Média; 2 apenas dos nados vivos; n.s. – não significativo; *ANOVA.

Embora nos estudos de Rodriguez et al. (1984), Rebollar et al. (1997), Negatu et al. (1998) e Lavara et al. (2002) se tenha concluído que a indução de parto em coelhas, com prostaglandina natural ou cloprostenol, não afetava o número de nados total ou o número de nados vivos, os seus resultados não vão contra os resultados obtidos no presente ensaio, uma vez que nos estudos referidos não houve uma repetibilidade do tratamento nos mesmos animais. Não havendo repetibilidade não está contemplado o efeito que a indução de parto através de PGF2α poderá ter num ciclo reprodutivo seguinte, provocando um

adiantamento da luteólise natural, que por sua vez desencadeia e estimula o crescimento folicular, aumentando o número de folículos ováricos que poderão vir a desenvolver-se no ciclo seguinte (Rebollar et al., 1989). À semelhança do presente ensaio, McNitt et al. (1997)

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testaram a indução do parto durante vários ciclos reprodutivos sucessivos nas mesmas reprodutoras, através da administração de cloprostenol ao dia 29 de gestação, obtendo valores médios mais elevados para o número de nados total e número de nados vivos no grupo tratado do que no grupo controlo, porém sem encontrar significância estatística à semelhança do que se observou para o grupo PG29 no presente ensaio.

Observando a Figura 9 pode perceber-se melhor de que forma os tratamentos influenciaram o número de láparos nascidos vivos por ninhada, pois ilustra a distribuição dos partos em relação à dimensão da ninhada ao nascimento (nº láp. nascidos vivos). Para tal classificaram-se as ninhadas em pequenas (< 9), médias (9 a 12) ou grandes (>12) segundo o número de nados vivos. Embora a análise de frequência deste parâmetro não tenha resultado em diferenças significativas, pode mencionar-se que nos grupos PG28 e PG29 predominaram os partos que deram origem a ninhadas de média dimensão (48,6% e 51,4%, respetivamente) e de grande dimensão (32,4% e 28,6%, respetivamente), enquanto que no grupo C predominaram as ninhadas de média dimensão (51,3%), seguidas das de pequena dimensão (30,8%). Já no grupo OX30 foram as ninhadas de pequena dimensão que predominaram (44,4%), seguidas das de média dimensão (33,3%). Pode ver-se uma distribuição mais detalhada dos partos segundo a dimensão da ninhada no Anexo 1.

Analisando a proporção entre nados vivos e nados mortos verifica-se que nos grupos PG28 e PG29 houve menor percentagem de nados mortos por ninhada do que no grupo C (4,5% e 9,7% vs. 11,8%, respetivamente; ver Tabela 4), à semelhança do observado por Partridge et al. (1986), Rebollar et al., (1989) e por Ubilla & Rodriguez (1989), embora não

Figura 9 - Influência da indução de parto com cloprostenol (administração ao dia 28 ou ao dia 29 de gestação) ou oxitocina na dimensão da ninhada

0% 20% 40% 60% 80% 100% C CL28 CL29 OX30 30,8 18,9 20,0 44,4 51,3 48,6 51,4 33,3 17,9 32,4 28,6 22,2 % de p ar to s Tratamentos

Dimensão da ninhada ao nascimento

(P-valor*: n.s.) >12 grande 9 a 12 média < 9 pequena

39 se tenha demonstrado significância estatística neste ensaio. Esta redução no número de láparos mortos poderá advir de um parto mais rápido e menos stressante, uma vez que nestes grupos o peso médio dos láparos ao nascimento foi inferior ao grupo C. Para o grupo OX30 verificou-se o contrário, registando-se uma taxa de nados mortos superior ao grupo C (16,5% vs. 11,8%, respetivamente), o que poderá estar relacionado com a maior incidência de distúrbios no parto. Este resultado vai contra as conclusões de Morgan (1974) que relata uma menor mortalidade dos láparos no período peri-parto em coelhas cujo parto foi induzido com oxitocina, em comparação ao parto natural.

Em relação aos dados das pesagens (Figura 10), observou-se que no grupo PG28 os láparos nasceram com um peso individual significativamente mais baixo do que no grupo C (51,6 g vs. 57,3 g, respetivamente; ver Tabela 4). Visto que no grupo PG28 a duração da gestação foi reduzida cerca de 1 dia, tais diferenças poderiam ser explicadas pelo facto

da taxa de crescimento fetal não ser linear, sendo muito elevada nos últimos dias de gestação como é citado por Lavara et al. (2002).No entanto, esta explicação não é coerente quando analisado o resultado obtido para o peso total da ninhada ao nascimento, uma vez que não se verificaram diferenças significativas entre os grupos para este parametro. O valor médio registado para o grupo PG28 foi inclusivamente maior do que o registado para o grupo C (560 g vs. 525 g, respetivamente). Dado isto, uma das explicações possível para o menor peso dos láparos ao nascimento no grupo PG28 é o facto das coelhas sujeitas a este tratamento terem sido mais prolificas. Parindo ninhadas mais numerosas e sem diferenças significativas em relação ao seu peso total, é lógico que o peso individual dos láparos seja significativamente mais baixo quando comparado com o grupo C. Está bem documentada a correlação negativa que existe entre o número e o peso dos fetos, sendo o peso à nascença dos láparos menor em ninhadas mais numerosas do que em ninhadas com menor número de láparos (Vicente et al., 1995).

Nos grupos PG29 e OX30 não se verificaram diferenças significativas para o peso indívidual ou da ninhada à nascença quando comparados com o grupo C (ver Tabela 4), no entanto é de assinalar que que no grupo PG29 o valor médio para o peso individual dos láparos foi mais baixo do que no grupo C (54,5 vs. 57,3, respetivamente) e não difere significativamente do grupo PG28. No grupo OX30 registou-se o valor médio mais elevado para o peso individual dos láparos ao nascimento (59,8 g), o que poderá estar relacionado com um menor tamanho da ninhada.

Figura 10 – Recolha dos láparos após o parto para pesagem das ninhadas. Fonte: autor.

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Quando comparada a mortalidade no parto com o peso indvidual dos láparos ao nascimento, repara-se que os resultados não são coerentes com a publicação de Vicente et al., (1995) que incide sobre a correlação entre o número total de nados, o número de nados vivos e o seu peso à nascença, e nos diz que durante a gestação, quando o número de fetos implantados é mais elevado, pode ocorrer uma restrição do espaço físico do corno uterino, reduzindo o peso dos fetos levados a termo e aumentando a sua mortalidade durante o final da gestação, parto e primeiros dias de vida. Contrariamente a isto, os grupos tratados com cloprostenol, nos quais se observou maior prolificidade e predomínio de ninhadas de média e grande dimensão, foram também os grupos onde se registou a menor percentagem de nados mortos, embora sem significância estatística. Possivelmente os riscos inerentes ao parto anteriormente referidos poderão sobrepor-se a estes efeitos.

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