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Características das rochas encaixantes e hospedeiras da mineralização aurífera do Amapar

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IV.3.1 Características das rochas encaixantes e hospedeiras da mineralização aurífera do Amapar

O estudo de lâminas polidas delgadas, das rochas encaixantes e hospedeiras da mineralização aurífera do depósito de ouro do Amapari, revela a íntima associação do ouro principalmente com a pirrotita e subordinadamente, com a pirita. A associação do ouro com a pirita é constatada no alvo Taperebá A. A calcopirita e arsenopirita ocorrem de maneira muito subordinada (<1%), intercrescidas com a pirrotita. Nas lâminas estudadas não se observa presença de ouro livre.

Apesar da íntima associação do ouro com os sulfetos, a simples presença de sulfeto não significa, necessáriamente, a existência de ouro.

Estudos de Melo (2001) e Melo et al. (2001) indicam que as maiores concentrações de ouro coincidem com os domínios mais deformados, assinalando uma relação direta entre as zonas mais sulfetadas e mais tectonizadas do pacote rochoso, independentemente do tipo litológico, embora as formações ferríferas comportem os valores mais compensadores de ouro. Citam também a associação de ouro com pirita nos alvos Taperebá.

As observações em lâminas, do presente estudo, permitem classificar as rochas encaixantes / hospedeiras da mineralização aurífera em 3 grandes grupos litológicos, que são: formações ferríferas, rochas carbonáticas e cálcio-silicáticas

De acordo com a associação dos principais minerais presentes na rocha, as formações ferríferas são separadas em 4 conjuntos:

. O ouro ocorre tanto nas FFb, quanto nas rochas carbonáticas, porém com maior incidência na primeira, segundo informações da MPBA e trabalhos de Melo (2001) e Melo et al. (2001),

FFb 1 – Tem di + mt como os principais minerais, ocorre predominantemente no alvo Taperebá A e não apresentam mineralização aurífera (Tabela 2). Macroscopicamente é uma rocha cinza- esverdeada, granulação fina a média, fortemente magnética, bandada, com alternância de bandas brancas e pretas, centimétricas a subcentimétricas. A banda branca é de quartzo, contendo algum diopsídio verde claro, e a banda escura apresenta filetes milimétricos de magnetita englobando cristais prismáticos, subidioblásticos de diopsídio verde. Às vezes o bandamento está parcialmente destruído.

60 FFb 2 - Constituído pelos minerais gru + mt, gru + di + mt; di + hbl + gru e hbl + gru, que ocorrem nos alvos Urucum, Taperebá C, B, A e Vila do Meio (Tabela 2). Neste conjunto existem quatro amostras com ouro, FD 795-57438 e 57489, FD 815-69500, respectivamente com 8,49, 1,35, e 12,20 ppm de Au do alvo Urucum e FD 708-23504 com 5,35 ppm de Au do alvo Taperebá A. Essas amostras, são cinza ou verde, bandadas, com alternância de bandas brancas, de quartzo, e bandas verdes, de anfibólio (grunerita ± hornblenda). A magnetita e/ou pirita, ou pirrotita, estão preferencialmente associadas a esta banda e ocorrem na forma disseminada ou em concentrações como filetes, ou estreitas massas alongadas e irregulares concordantes com o bandamento ou com uma discreta foliação, quase sempre presente nas amostras de mão.

FFb 3 – Os principais minerais são gru + di + hm ± mt, encontrados no alvo Vila do Meio. Macroscopicamente são rochas ora magnéticas, ora não magnéticas (quando constituídos essencialmente por hematita), verde clara, bandadas, onde se alternam bandas centimétricas a subcentimétricas de quartzo branco, com bandas centimétricas, verde claro, contendo acículas milimétricas, verde escuro, de grunerita e prismas verde-claro de diopsídio. Macroscopicamente são semelhantes ao grupo 2. Não apresentam mineralização aurífera.

FFb 4

Algumas amostras de FFb apresentam granada e/ou vesuvianita, ou clinohumita, que são minerais típicos de metamorfismo de contato (Deer et al. 1976, Williams et al. 1982, Kerr 1965). A presença destes minerais em FFb sugerem a possibilidade de que as formações ferríferas pretéritas contivessem carbonato.

– A hematita é o mineral principal e ocorre no alvo Martelo (Tabela 2). As amostras exibem bandamento paralelo e alternância de bandas centimétricas, de quartzo e bandas escuras de hematita.

As rochas carbonáticas são classificadas em 3 conjuntos constituídos por:

RC 1 – Os principais minerais compreendem cb + mgcl + serp + mt; cb + tc + serp + di + gru + mt e cb + serp + di + mt provenientes dos alvos Urucum, Taperebá C e Taperebá A (Tabela 3). Macrocópicamente são rochas isotrópicas, de cor cinza-claro, granulação média, contendo grânulos pretos, milimétricos de magnetita em matriz clara de carbonato, conferindo aspecto pintalgado à rocha. A matriz carbonática engloba lamelas de serpentina verde-claro e porfiroblastos de diopsídio, subidioblásticos, subcentimétricos, verde claro. Uma amostra deste conjunto contendo ouro, FD 162-192, do alvo Taperebá C, com 3,19 ppm de Au, é classificada como serpentina-pirrotita-magnetita carbonato silicática. Macroscopicamente é cinza,

Abreviaturas: cb – carbonato, di – diopsídio, gru – grunerita, hbl – hornblenda, hm – hematita, mgcl – clorita magnesiana, mt – magnetita, serp – serpentina, tc - talco.

61 granoblástica, de granulação média, fortemente magnética, bandada, com alternância de bandas centimétricas de carbonato branco, granulação média, contendo pontuações pretas de magnetita e filetes de magnetita e pirrotita, subparalelas ao bandamento. As bandas pretas são de magnetita com pirrotita associada, na forma disseminada, ou concentrações em lâminas de espessura milimétrica, paralelas ao bandamento.

RC 2

Conjunto 3 – são mármores com predomínio dos minerais cb + hbl + di + mt; serp + gru + di + mt ± po; cb + mgcl + di; cb + di + flo + gru ± mt. São observados nos alvos Urucum, Taperebá C e Vila do Meio (Tabela 3). Uma amostra contendo ouro é a FD 162-182, do alvo Taperebá C, com 9,09 ppm de Au, classificada como serpentina-grunerita-pirrotita-magnetita mármore impuro. No geral, são cinza claro, com textura granoblástica, discretamente bandadas, e com granulação média. Quando maciças, mostram porções claras de carbonato e porções pintalgadas, conferidas por cristais milimétricos de diopsído verde claro. Quando laminadas/bandadas, estas são de espessura subcentimétrica, de anfibólio, associadas com magnetita e/ou pirrotia, alternadas com bandas claras de carbonato, com lamelas de grunerita, dispersas nessas bandas.

– Os principais minerais são: cb + hbl + di ± cl ± gru ± mu; cb + gru + di ± po; cb + bi + di ± gru; cb + serp + mt e gru ± mt ± mgcl, são encontrados nos alvos Urucum, Taperebá C, B, A, D e Vila do Meio (Tabela 3). Nesse conjunto existem 3 amostras com ouro, FD 703-23237, do alvo Taperebá B e, FD 196-42 e FD 640-10210 do alvo Taperebá D, respectivamente com 3,76; 4,53 e 6,00 ppm de Au. A característica dessas amostras auríferas é a presença de grunerita + diopsídio e também de pirrotita, embora com menos de 5%, e traços de arsenopirita na última amostra. Só a primeira amostra é que possui magnetita e não apresenta sulfeto, tratando-se de caso raro, ou possibilidade de problema no laboratório. No geral, são de cor cinza, textura granoblástica, granulação média, levemente foliada e fortemente magnética quando a magnetita está presente, ou magnetismo fraco quando somente a pirrotita está presente. Os anfibólios e o diopsídio são submilimétricos, e estão dispersos na matriz carbonática. Onde presente, a biotita, se aloja nos planos de discreta foliação. A magnetita ocorre como filetes ou lâminas.

Outro grupo de rochas são as cálcio-silcáticas e os principais minerais constituintes são o di ± mt ± hbl ±gru e provenientes dos alvos Urucum, Taperebá C e Vila do Meio (Tabela 4). São verde escuro, bandadas, com alternância de bandas subcentimétricas de magnetita + diopsidio + grunerita e bandas subcentimétricas, ricas em hornblenda verde escuro e lamelas de diopsídio verde claro. Outra variedade observada é granoblástica, granulação fina, englobando

Abreviaturas: bi – biotita, cb – carbonato, cl – clorita, di – diopsídio, flo – flogopita, gru – grunerita, hbl – hornblenda, hm – hematita, mgcl – clorita magnesiana, mt – magnetita, mu – muscovita, serp – serpentina, tc - talco.

62 porfiroblastos milimétricos de diopsídio verde claro e prismas submilimétricos, de hornblenda, verde escura. As amostras coletadas no presente estudo não continham cálcio-silicáticas com ouro.