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IV.2 Estudos petrográficos – presente Trabalho

IV.2.1 Formações ferríferas

As FFb apresentam características texturais macroscópicas e mineralógicas que permitem serem visualmente diferenciadas. Desta forma, foi possível caracterizar 4 conjuntos litológicos: FFb 1 – tem o diopsído (di) e a magnetita (mt) como minerais principais; FFb 2 – constituídos pelos minerais grunerita (gru) + mt, gru + di + mt; di + hornblenda (hbl)± gru ± po; hbl + gru ± po; FFb 3 – a gru + di + hm ± mt, são os principais minerais e FFb 4 – a hm é o principal mineral opaco.

Várias amostras apresentam conteúdo de pirrotita e menos frequentemente de pirita. Normalmente, as amostras contendo ouro estão associadas à pirrotita, sendo que às vezes a pirita ocorre junto à pirrotita. No conjunto 2 existem quatro amostras mineralizadas em ouro, sendo três com valores acima de 5 ppm de Au (Tabela 2). De acordo com as variadas diferenças mineralógicas e texturais descritas, há certa correlação dos domínios litológicos com os respectivos alvos, conforme pode ser observado na Tabela 2. Deve-se ressaltar que em seis amostras de FFb ocorrem granada e/ou vesuvianita, ou clinohumita (Tabela 2) que são minerais típicos de metamorfismo de contato (Deer et al. 1976, Williams et al. 1982, Kerr 1965). A presença destes minerais em FFb sugere a possibilidade dessas FFb representarem possíveis pretéritas formações ferríferas contendo carbonato.

FFb 1

Abreviaturas: di – diopsídio, gru – grunerita, mt – magnetita, hbl – hornblenda, hm – hematita, po – pirrotita. - Tem o di + mt como os principais minerais e ocorre predominantemente no alvo Taperebá A (Figura 9). Nesse conjunto não se observa mineralização de ouro. Macroscopicamen

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Tabela 2: Formação ferrífera – Principais Minerais da Formação Ferrífera do Amapari.

Abreviaturas: formação ferrífera - FFb, diopsídio - di, grunerita - gru, hornblenda - hbl, hematita - hm, serpentina - serp, talco - tc,

biotita - bi, clorita magnesiana - mgcl, flogopita - flo, pirrotita - po, pirita - py e magnetita - mt.

FFb Alvo Furo Amostra Litologia FFb Alvo Furo Amostra Litologia

Principais minerais: di+mt Taperebá C FD 162 177 Mt-gru FFb

23463 Di-hm-gru-mt FFb Taperebá B FD 192 169 Di-mt-gru FFb

1 Taperebá A FD 708 23486 Di-mt FFb 180 Gru-di FFb

23490 Di-mt FFb 2 23451 Gru-mt FFb

23531 Di-mt FFb Taperebá A FD 708 23497 Gru-mt-di FFb

Principais minerais: gru+mt, gru+di+mt, di+hbl+gru; hbl+gru. 23504C

Gr-gru-py-mt FFb

57438 Gru-po-hbl FFb Principais minerais:gru+di+hm±mt

57438 AA Di-po-hbl FFb

FD 13 6 Gru-epi-di-hm FFb

795 57446A Po-hbl-di FFb

3 Vila do Meio 8D Hm-gru-di FFb

57489 Po-gru-hbl FFb FD 65 1 Hm-Gru-di FFb

2 Urucum 57485 Di-mt-hbl FFb 4 Gru-di-mt FFb

69464B Mt-hbl-di FFb Principal mineral: hm ± di

815 69469 Gru-po-di-hbl-mt FFb Taperebá A FD 708 23516 Di-hm FFb

69500A di-gru-po-hbl FFb

4 Martelo FD 76 9 Hm FFb

Taperebá C FD 162 102 Gru-hbl-mt FFb 10 Hm FFb

137 Mt-gru FFb A = vesuvianita, B = granada, C = granada + vesuvianita, D = clinohumita

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te é uma rocha cinza-esverdeada, granulação fina a média, fortemente magnética, bandada, com alternância de bandas brancas e pretas, centimétricas a subcentimétricas. A banda branca é de quartzo, contendo algum diopsídio verde claro, e a banda escura apresenta massas milimétricas de magnetita englobando cristais prismáticos, subidioblásticos de diopsídio verde. Às vezes o bandamento está parcialmente destruído. Microscopicamente revela textura granoblástica, com bandamento definido por bandas ricas em quartzo e bandas de quartzo com magnetita. Nas quartzosas a magnetita é de granulação fina. Nas bandas ricas em magnetita, esta é idiomórfica a hipidiomórfica, de granulação grossa, contendo cristais de diopsídio, como na amostra FD 708- 23486 (Fotomicrografias 1 a e b).

FFb 2

Figura 9: Taperebá A, FD 708-23486, di-mt FFb, com alternância de bandas de qzo + di e bandas de mt + di.

- Constituído pelos minerais gru + mt, gru + di + mt; di + hbl + gru e hbl + gru, que ocorrem nos alvos Urucum, Taperebá C, B, A e Vila do Meio. Neste conjunto existem quatro amostras com ouro, representados pelas amostras FD 795-57438 e 57489, FD 815-69500,

qzo + di mt + di

a)

800 µm

b)

400 µm

Fotomicrografia 1: Alvo Taperebá A, FD 708-23486, di-mt FFb. a) banda de qzo grosso e banda de mt, lente 2,5 X, nicóis cruzados, luz transmitida. b) agregados de mt idiomórficos a hipidiomórficos, lente 5 X, luz refletida.

Abreviaturas: di – diopsídio, gru – grunerita, mt – magnetita, hbl – hornblenda, qzo - quartzo.

mt

qzo

qzo

36 respectivamente com 8,49, 1,35, e 12,20 ppm de Au do alvo Urucum e FD 708-23504 com 5,35 ppm de Au do alvo Taperebá A. No geral, macroscopicamente são rochas de granulação fina a média, em geral fortemente magnéticas, apresentando bandamento paralelo, com alternância de bandas escuras, centimétricas a subcentimétricas, de magnetita (± alterada a hematita) e bandas brancas de quartzo englobando estreitas bandas verde claro contendo acículas milimétricas de grunerita, e porfiroblastos subcentimétricos de diopsídio subidioblástico, verde claro. As bandas verde claro podem também englobar só o diopsídio ou diopsído + hornblenda, porém a hornblenda não é muito perceptível nos testemunhos de sondagem. Às vezes o bandamento está parcialmente destruído e a magnetita é substituída por pirrotita ou pirita (Figuras 10 a e b). Microscopicamente, tem textura granoblástica, destacando-se bandas de quartzo com magnetita, bandas de grunerita com magnetita e bandas de grunerita com diopsídio e magnetita. Na amostra FD 192-169 (Fotomicrografias 2 a e b), o quartzo é xenomórfico de granulação média, com extinção ondulante e, normalmente, maior que 0,2 mm. A magnetita é de granulação fina, localmente envolta pela pirrotita. A pirrotita ocorre também em filetes entre os grãos de magnetita ou preenchendo as fraturas da magnetita.

A amostra com 5,35 ppm de Au do furo FD 708-23504, do alvo Taperebá A, classificada como granada-grunerita-pirita-magnetita FFb, macroscopicamente é cinza, granoblástica, de granulação média, fortemente magnética, constituída por quartzo contendo bandas irregulares, douradas de pirita e magnetita (Figura 10 b). Microscopicamente tem textura granonematoblástica, foliação incipiente marcada por prismas alongados de grunerita, paralelas ao bandamento (Fotomicrografias 3 a e b). O bandamento é marcado por níveis de pirita e magnetita de granulação grossa, alternados com níveis quartzosos. A magnetita hipidiomórfica a xenomórfica, eventualmente em filetes, ocorre preenchendo fraturas ou entre os minerais de ganga. A pirita é idiomórfica, envolve a magnetita e apresenta cristais esqueletais digerindo agregados de magnetita. Os níveis quartzosos compreendem quarzo xenomórfico, poligonal, de granulação média, entremeados por grunerita, granada e magnetita de granulação fina. A granada, às vezes, ocorre alongada segundo a foliação, apresenta uma débil birrefringência e várias faces do cristal, bem definidas (Fotomicrografia 4), sugestivas de se tratar da série grossulária- andradita, por ser semelhante com a grossulária-andradita de Fujikaramari – Japão, estudada por Akizuki (1984) (Fotomicrografia 5).

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Figura 10: a) Alvo Taperebá B, FD 192-169, di-mt-gru FFb, com bandas de qzo branco e bandas de mt + gru. b) Alvo Taperebá A, FD 708-23504, gr-gru-py-mt FFb, com bandas e disseminações de pirita (py).

py qzo + mt qzo mt + gru mt + gru + di

a)

b)

Fotomicrografia 2: Alvo Taperebá B, FD 192-169, di-mt-gru FFb, bandado. a) bandas de: qzo, mt + qzo, mt + gru e, mt + gru + di, lente 2,5 X, nicóis cruzados, luz transmitida. b) pirrotita (po), envolvendo magnetita, lente 20 X, luz refletida.

mt + gru

a)

b)

800 µm

100 µm

Abreviaturas: di – diopsídio, gru – grunerita, mt – magnetita, hbl – hornblenda, qzo - quartzo.

mt po

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a)

b)

Fotomicrografia 3: Alvo Taperebá A, FD 708-23504, gr-gru-py-mt FFb. a) bandas de qzo e bandas de mt + pirita (py) (opaco) + gru. Lente 2,5 X, nicóis cruzados, luz transmitida. b) trama da mt + py na FFb. Lente 2,5 X, luz refletida.

mt

py

mt

gru

qzo

800 µm 800 µm

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Outra amostra com 12,20 ppm de Au é a FD 815-69500, do alvo Urucum. (Figura 11). Trata-se de um diopsídio-grunerita-pirrotita-hornblenda FFb. Macroscopicamente é verde escura, granulação média, bandada, com bandas de quartzo branco, de granulação fina a média, englobando massas de quartzo fumê, semi-concordantes com o bandamento, alternadas com bandas verdes, constituídas por anfibólio, diopsídio e pirrotita, que se apresentam disseminadas; subordinadamente há carbonato e vesuvianita. Microscopicamente mostra textura granoblástica, com bandas de quartzo alternadas com bandas de anfibólio (grunerita + hornblenda), diopsídio e pirrotita (Fotomicrografias 6 a, b e c). As bandas de quartzo são de granulação média, poligonizadas, subordinadamente xenomórficos, entremeadas por minúsculas e eventuais palhetas de anfibólio. Nas bandas ricas em anfibólio, os mesmos estão poligonizados, subordinadamente em prismas curtos. O diopsídio se apresenta em grãos xenomórficas, de granulação média a grossa, com inclusões de anfibólio. A pirrotita ocorre nos interstícios dos grãos de diopsídio, grunerita e hornblenda, enquanto em alguns pontos da lâmina aparece em filetes entremeando os minerais ferro-magnesianos. A vesuvianita ocorre, localmente, nos interstícios do carbonato.

Fotomicrografia 4: Alvo Taperebá A, FD 708-23504. Faces do cristal (seta) de granada (gr), possivelmente grossulária-andradita. Lente 50 X, nicóis paralelos, luz transmitida.

Fotomicrografia 5: Grossulária-andradita, de Fujikaramari-Japão, Akizuki (1984). Polarização cruzada..

gr

40

Figura 11: Alvo Urucum, FD 815-69500, di-gru-po-hbl FFb, com bandas de quartzo (qzo)

alternadas com bandas de grunerita (gru) + hornblenda (hbl) + diopsídio (di) + pirrotita (po) disseminada.

Fotomicrografia 6: Alvo Urucum, FD 815-69500, Di- gru-po-hbl FFb. a) po (opaco) entremeado em gru + hbl + di. Lente 5 X, luz refletida. b) po envolvendo anfibólios e diopsídio. Lente 2,5 X, luz refletida. c) vesuvianita (ves) entremeados em carbonato. Lente 5 X, nicóis paralelos, luz transmitida.

po

di gru

b)

a)

c)

gr+di+hbl+po 800 µm 400 µm 400 µm Qzo fumê

ves

41 Uma terceira amostra com 8,49 ppm de Au refere-se à FD795-57438, do alvo Urucum, classificada como grunerita-pirrotita hornblenda FFb (Figuras 12 a e b). Macroscopicamente é granoblástica, granulação média a fina, verde, medianamente magnética e exibindo alternância de bandas brancas e verdes. A banda branca constitui-se de quartzo, enquanto a banda verde apresenta grunerita e hornblenda, milimétricas a submilimétricas, prismáticas. A pirrotita disseminada ocorre principalmente associada à banda de grunerita. Há massas de quartzo fumê subconcordantes com o bandamento. Microscopicamente apresenta textura granoblástica e alternância de bandas de quartzo e de anfibólios com pirrotita (Fotomicrografias 7 a, b e c). Observam-se também massas de quartzo segmentadas (correspondentes ao quartzo fumê) e envoltas por uma massa com anfibólio e pirrotita. Nas bandas de quartzo, este está poligonizado, com granulação média a grossa, enquanto nas bandas com grunerita + hornblenda e pirrotita, as duas primeiras compreendem prismas curtos, de granulação média, poligonizadas. A pirrotita ocorre nos interstícios dos grãos de grunerita e hornblenda e também preenchendo fraturas desses

Figura 12: Alvo Urucum, FD 795- 57438, gru-po-hbl FFb, a) e b) Bandas de quartzo englobando massas de quartzo (qzo) fumê, concordantes com o bandamento. b) Pirrotita (po) disseminada, ou formando lâminas junto a bandas ricas em anfibólio.