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3 A EXPANSÃO DO TRÂNSITO E A SUA LEGISLAÇÃO NO BRASIL: UM

5.3 Características das rodovias BR 101, 116 e 230 na Região Nordeste

Esta subseção apresenta algumas características das rodovias selecionadas, sobretudo em relação à qualidade da sua infraestrutura na Região Nordeste, segundo estudos realizados pela CNT (2007; 2017). Dessa forma, procurou-se explorar os dados para os anos de 2007 e 2017 de acordo com a rodovia e a Unidade da Federação (UF). Cabe destacar que utilizou-se o período de 2017, ao invés de 2016, em virtude do estudo da CNT publicado para o ano de 2016 não desagregar a qualidade do pavimento, da sinalização e geometria viária por rodovia.

Em relação à posição das rodovias selecionadas no território brasileiro, tem-se que as BR 101 (Rodovia Governador Mário Covas) e 116 (Rodovia Santos-Dumont) são classificadas como longitudinais, pois atravessam as unidades federativas na direção Norte-Sul, enquanto a BR 230 (Rodovia Transamazônica) é classificada como transversal, uma vez que perpassa o Brasil na direção Leste-Oeste (DNIT, 2017). A área da BR 101 delimitada neste estudo inicia-se na cidade de Touros, no Rio Grande do Norte, e termina na cidade de Itamaraju, extremo sul da Bahia (BIT, 2018). A área selecionada da BR 116 inicia- se na cidade de Fortaleza, no Ceará, e termina no município de Vitória da Conquista, sul da Bahia (BIT, 2018). Por fim, o trecho da BR 230 localizado na Região Nordeste inicia-se no município de Cabedelo, na Paraíba, e termina em Estreito, estado do Maranhão (BIT, 2018). A Figura 4 apresenta as rodovias selecionadas para análise no estudo.

Figura 4 – Rodovias federais selecionadas

Fonte: DNIT, 2018.

As BR 101, 116 e 230 compreendem uma extensão de aproximadamente 14.100 km em todo o território brasileiro (DNIT, 2018). Entretanto, como o presente estudo limita-se à Região Nordeste, a extensão total analisada se reduz a aproximadamente 5.266 km. Desse total, a maior extensão corresponde à rodovia BR 101, com aproximadamente 1.932 km. O Quadro 5 apresenta a extensão total de cada rodovia no território brasileiro, bem como a extensão delimitada para a presente pesquisa.

Quadro 5 – Extensão total e extensão localizada na Região Nordeste, por rodovia selecionada.

Fonte: DNIT, 2018.

No que se refere às condições das rodovias federais selecionadas para o presente estudo, verificou-se que a qualidade delas ainda encontra-se em patamares insatisfatórios para o tráfego seguro, de acordo com as pesquisas da CNT7 (CNT, 2007; 2017). O trecho da BR 101 que atravessa o estado de Alagoas,

por exemplo, recebeu a classificação „péssima‟ no quesito geometria viária8 em

2007. No ano de 2017, esse mesmo quesito foi classificado como „regular‟, sinalizando uma melhora na qualidade. O único aspecto que foi classificado como „bom‟ em 2017 foi o pavimento9 da rodovia (QUADRO 6).

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As dimensões avaliadas pela CNT (sinalização, pavimentação e geometria viária) são classificadas de acordo com nota obtida pelo coeficiente de parecença usado pela instituição (medida que relaciona a nota da situação observada na realidade com a considerada ideal). Quanto maior esse valor, melhor a condição da rodovia. E com base nessa medida, as dimensões são classificadas em: Ótima, Boa, Regular, Ruim e Péssima (CNT, 2017).

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A geometria da via compreende as seguintes características: tipo de rodovia (simples, dupla, múltipla), perfil da rodovia (considera aspectos relacionados ao relevo do terreno, se é plano ou montanhoso, se tem ondulações), presença ou ausência de pontes/viadutos, curvas perigosas, acostamentos e faixas adicionais de subida (CNT, 2017).

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A CNT analisa as seguintes características do pavimento rodoviário: a condição da superfície (se está perfeito, desgastado, possui trinca/remendos, afundamento, ondulação ou buraco, ou está destruído), a velocidade devido ao pavimento (se ele obriga ou não o condutor a reduzir a velocidade do veículo) e o pavimento do acostamento (se está perfeito, não está perfeito, em más condições ou destruído) (CNT, 2017).

Rodovia Extensão total (km) Extensão na Região Nordeste (km) Percentual da rodovia na Região Nordeste BR 101 4.551,4 1.931,4 42,4% BR 116 4.566,5 1.589,1 34,8% BR 230 4.965,1 1.745,0 35,1%

Quadro 6 – Qualidade das rodovias federais selecionadas, por unidade federativa, Região Nordeste, 2007 e 2017.

Fonte: adaptado de CNT, 2007, 2017.

O pavimento da rodovia BR 101 que atravessa a Bahia também foi classificado como „bom‟ no ano de 2017, uma melhora em comparação ao ano de 2007, quando recebeu a classificação „regular‟. Em 2007, dois aspectos da BR 101 na Bahia receberam classificação „ruim, os quais foram a sinalização10 e a

geometria viária. Entretanto, a qualidade dessas dimensões melhorou em 2017, quando foram classificados como „regular‟. Com relação à BR 116 nesse mesmo estado, verificou-se que houve uma piora na qualidade do quesito pavimento entre o período 2007-2017. Em 2007, a pavimentação da BR 116 foi classificada como 'boa', enquanto no ano de 2017 foi classificada como „regular‟ (QUADRO 6).

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As seguintes variáveis são analisadas na dimensão de sinalização pela CNT: sinalização horizontal (se as faixas centrais e laterais estão visíveis, desgastadas ou não existem), vertical (placas de limite de velocidade, placas de indicação, de interseção e a legibilidade e visibilidade das placas) e dispositivos auxiliares (aqueles que complementam a sinalização horizontal e vertical, como as defensas metálicas, barreiras de concreto, e dispositivos antiofuscamento) (CNT, 2017).

Estado Rodovia Ano

Extensão pesquisada

(km)

Estado geral Pavimento Sinalização Geometria da via

2007 248 Ruim Regular Regular Péssimo

2017 262 Regular Bom Regular Regular

2007 950 Regular Regular Ruim Ruim

2017 971 Regular Bom Regular Regular

2007 921 Regular Bom Regular Ruim

2017 980 Regular Regular Regular Regular

2007 540 Regular Bom Regular Regular

2017 559 Bom Bom Bom Regular

2007 115 Bom Ótimo Bom Regular

2017 117 Regular Bom Ruim Ruim

2007 675 Ruim Ruim Ruim Péssimo

2017 679 Regular Regular Regular Ruim

2007 127 Regular Bom Regular Regular

2017 130 Ótimo Ótimo Ótimo Bom

2007 14 Bom Ótimo Ótimo Ruim

2017 13 Regular Ótimo Péssimo Ruim

2007 514 Regular Bom Bom Regular

2017 532 Bom Ótimo Bom Regular

2007 214 Regular Regular Regular Regular

2017 240 Bom Bom Bom Bom

2007 92 Regular Bom Regular Regular

2017 92 Regular Ótimo Regular Regular

2007 311 Regular Bom Regular Regular

2017 323 Regular Bom Regular Regular

2007 170 Regular Regular Regular Regular

2017 179 Bom Bom Bom Bom

2007 207 Regular Regular Regular Ruim

2017 210 Regular Regular Regular Ruim

Sergipe BR 101 Maranhão BR 230 Paraíba BR 101 BR 116 BR 230 Rio Grande do Norte BR 101 Pernambuco BR 101 BR 116 Piauí BR 230 Ceará BR 116 BR 230 Alagoas BR 101 Bahia BR 101 BR 116

O trecho da BR 116 analisado pela CNT que passa pelo Ceará recebeu bons índices de classificação em 2017. O pavimento e a sinalização foram classificados como bons, refletindo no estado geral da rodovia, que recebeu classificação „boa‟ no ano referido. A geometria viária manteve-se classificada como „regular‟ no período 2007-2017. A BR 230 no Ceará também foi analisada no estudo, recebendo classificação „ótima‟ no quesito pavimentação em 2007, caindo em 2017 quando foi categorizada como „boa‟. Em 2017, a BR 230 no Ceará ainda recebeu duas avaliações negativas, sendo a sinalização e a geometria viária categorizadas como ruins (QUADRO 6).

Em relação ao trecho da BR 230 que atravessa o estado do Maranhão, verificou-se que esse recebeu classificações negativas em todos os aspectos analisados em 2007. O pavimento e a sinalização foram avaliados como ruins e a geometria viária como péssima. No ano de 2017 as condições mudaram pouco. O pavimento e a sinalização foram classificados como „regular‟ e a geometria viária como „ruim‟ (QUADRO 6).

Os índices da rodovia BR 101 que atravessa o estado da Paraíba foram todos positivos no ano de 2017, superando as avaliações do ano de 2007. O pavimento e a sinalização foram classificados como ótimos, enquanto a geometria viária recebeu índice „bom‟. O mesmo não ocorreu com a BR 116. Em 2007, a sinalização dessa rodovia foi classificada como „ótima‟, enquanto no ano de 2017 recebeu classificação „Péssimo‟. A geometria viária manteve o índice negativo „ruim‟ em ambos os períodos. Apenas o pavimento foi classificado como „ótimo‟ tanto em 2007, como em 2017. A BR 230 manteve índices positivos na sinalização e na pavimentação nos dois períodos. Por outro lado, a geometria viária foi classificada como „regular‟ (QUADRO 6).

A qualidade da rodovia BR 101 que atravessa o estado de Pernambuco melhorou no ano de 2017 em todos os aspectos, em comparação a 2007. A pavimentação, a sinalização e a geometria viária foram classificadas como regulares no ano de 2007, enquanto em 2017 foram categorizadas como boas. Por outro lado, o trecho da BR 116 avaliado nesse estado recebeu classificação positiva apenas no quesito pavimento, o qual passou de „bom‟, em 2007, a „ótimo‟, no ano de 2017 (QUADRO 6).

Com relação à qualidade da BR 230 que perpassa o estado do Piauí, os estudos da CNT apontaram que as condições foram mantidas no período 2007- 2017. A pavimentação da rodovia foi classificada como „boa‟, enquanto a sinalização e a geometria viária receberam índice „regular‟. O mesmo ocorreu com o trecho da BR 101 que atravessa o estado de Sergipe, porém, com classificações negativas no quesito geometria viária. Em 2007 e 2017, essa dimensão foi categorizada como „ruim‟, enquanto a sinalização e a pavimentação foram classificadas como regulares em ambos os períodos (QUADRO 6).

Em contrapartida aos estados do Piauí e Sergipe, a qualidade dos trechos da BR 101 no estado do Rio Grande do Norte foi melhorada de 2007 para 2017. De acordo com os estudos da CNT, todos os aspectos analisados em 2007 receberam classificação „regular‟. E em 2017, a pavimentação, a sinalização e a geometria viária foram classificadas como boas, contribuindo de forma positiva para a segurança dos usuários (QUADRO 6).