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A mudança na arquitetura do pavimento dos edifícios de escritórios influencia totalmente o layout das áreas.

O layout determina como as pessoas irão se organizar, influenciando o modo como ocorrerá a iteração entre elas. O layout também influencia a quantidade de ruído, a circulação de ar, o conforto térmico, a existência ou não de reflexos indesejáveis, assim como a fluência dos processos, da informação, da comunicação e das pessoas dentro dos ambientes, que devem ser dimensionados e distribuídos de acordo com as necessidades de cada organização (ANDRADE, 2005).

Apesar das diferenças existentes entre as organizações, algumas características de ocupação dos escritórios se mantêm. Abaixo seguem algumas destas características obtidas nos trabalhos de Andrade (2005) e Ornstein et al. (2003, 2004).

Nos edifícios de escritórios recentes, predomina-se o conceito de escritório aberto/fechado onde grande parte das estações de trabalho é aberta, porém a maior parte dos executivos, (gerentes, diretores, presidentes) da empresa ocupam salas fechadas até o teto na periferia do pavimento.

O armazenamento de documentação é feito das próprias estações de trabalho com o uso de volante gaveteiro (para o staff) e armários baixos (para secretárias e gerentes). Os diretores possuem também estantes em suas salas fechadas e o armazenamento de uso comum é feito através de arquivos deslizantes e armários, posicionados ao longo da circulação principal ou dispostos próximos às estações.

São comuns “áreas de descompressão” onde ficam situadas as máquinas de café, às vezes com cadeiras e sofás para reuniões informais; “centrais de apoio” que são áreas com máquinas de reprografia e impressoras; e as “salas técnicas de IT18

”, todas geralmente na parte central do pavimento.

A densidade média é bastante variada e cresce até o nível estabelecido por norma de 1 pessoa para cada 7m (ABNT/NBR 9077: 2001).

O perfil predominante de atividade é o trabalho no computador (78% a 96%), seguido de leitura e escrita manual (8% a 10%). Num dia típico de trabalho, a maior parte do tempo é gasta na própria estação de trabalho (70%); na sala de reunião/atendimento (15%) e em outros lugares dentro da empresa (10%) (ORNSTEIN et al., 2003; ORNSTEIN et al., 2004).

Os escritórios de planta aberta têm em torno de 55% da área para as estações de trabalho, 10% para salas de reunião, podendo chegar a 30%, em casos onde o número de salas fechadas é muito pequeno, ou quando a empresa utiliza o conceito de escritório não territorial (vários funcionários compartilham da mesma estação de trabalho).

As áreas de apoio (área de café, copa, xerox, pool de impressão e estar) ocupam em torno de 6% a 9%, porém há uma tendência de valorização dessas áreas, a partir do entendimento de que nelas ocorrem os encontros e trocas de informações entre os funcionários sendo, portanto, um espaço de produção.

O espaço destinado ao armazenamento corresponde, normalmente, a 10% da área. Às áreas técnicas e IT são destinados em torno de 5% sendo recomendável a menor área possível para esta finalidade.

O percentual mínimo aceitável para circulação é aquele que atende as exigências de segurança contra incêndio quanto à rota de fuga. Apesar de haver uma variação em função das características do layout e tipologia do pavimento, este percentual gira em torno de 15% (ORNSTEIN et al., 2003).

4.3. O Conforto Térmico e as Cargas Térmicas

Grande parte dos edifícios de escritórios em São Paulo foi projetada para utilizar o ar condicionado por 100% do tempo de ocupação.

O modelo tradicional de condicionamento ambiental combina resfriamento do ar e ventilação no insuflamento de ar frio, com o objetivo de manter a temperatura do ar interno na faixa entre 20ºC e 23ºC por grande parte do ano, podendo chegar aos 26ºC nos dias mais quentes, com baixas velocidades do ar e umidade relativa maior que 40%.

O perfil de carga térmica de um edifício de escritório na cidade de São Paulo aumentou bastante desde que estes edifícios surgiram no final do século XIX. Isso se deve a três fatores principais:

1. Mudanças nos projetos de arquitetura 2. Mudanças no perfil de ocupação 3. Alterações climáticas

Os projetos de arquitetura passaram a adotar padrões estéticos e construtivos internacionais inadequados à realidade climática; as características de ocupação se alteraram em relação às densidades populacionais, hoje muito mais altas, e também às crescentes exigências tecnológicas. A alteração climática se deve principalmente ao fenômeno das “ilhas de calor” presente no município de São Paulo que dificulta as trocas térmicas entre o exterior e o interior dos edifícios, uma vez que esta diferença de temperatura (Ät) é significativamente menor (PIRRÓ, 2005).

O aumento das cargas internas decorrentes do perfil de uso (ocupantes, equipamentos e transporte vertical) é característica inerente à atual arquitetura e aponta de certa forma, uma tendência para o futuro dos edifícios de escritórios do setor comercial paulista e nacional. Diante disso, o projeto de arquitetura, que até o final da década de oitenta podia influenciar em até 70% do consumo destes edifícios, hoje teve sua parcela de influência muito reduzida, em grande parte, devido à elevação da quantidade de carga térmica gerada internamente pela ocupação dos ambientes (PIRRÓ, 2005).

Apesar de ter sua influência diminuída, a arquitetura ainda em grande responsabilidade na geração de cargas internas.

Alguns artifícios de projeto, como os protetores solares exteriores, trazem grande benefício ao diminuir a carga proveniente da fachada, em torno de 25%, sendo que alteração no tipo de vidro, não é tão efetiva, em torno de 12%. Outro ponto importante é a área de envidraçamento da fachada. À medida que é reduzida, as cargas térmicas devido à fachada também se reduzem fortemente, em torno de 40% (PIRRÓ, 2005).

Com relação ao clima, Gonçalves (2003), apresenta uma avaliação do comprometimento de diversos edifícios altos com as questões de impacto ambiental, incluindo aí o conforto térmico de acordo com o clima em que estão localizados. Foram avaliados edifícios com uso de escritórios em diferentes cidades, em vários países, inclusive São Paulo no Brasil.

Segundo esta pesquisa, o clima de São Paulo não indica a necessidade de uso do ar condicionado, visando amenizar as temperaturas internas, apesar de exigir maior atenção nos meses de verão. Verificou-se que o período de conforto térmico estende-se do mês de abril ao mês de novembro, resultando em 70% de todo o período de ocupação dos edifícios de escritórios. Durante 15% do tempo fora da zona de conforto, as recomendações foram de utilização da ventilação natural e do uso de massa térmica. Durante uma parcela reduzida de 10% do tempo de ocupação, referente às primeiras horas das manhãs da metade do ano, identificou-se a necessidade de captação da energia solar para o aquecimento passivo (GONÇALVES, 2003).