• Nenhum resultado encontrado

O Estado da Arte no Uso da Ventilação Natural para Conforto Térmico

Lista de Tabelas

3 O Conforto Térmico e a Ventilação Natural

3.4 O Estado da Arte no Uso da Ventilação Natural para Conforto Térmico

Diversas pesquisas demonstraram que os tradicionais índices de conforto, como o PMV (FANGER, 1970) adotado pelas normas internacionais ASHRAE 55 (1992) e ISO 7730 (1994), não são adequados aos ambientes ventilados naturalmente, principalmente por não considerarem que as pessoas, quando submetidas a condições de desconforto térmico, podem tomar medidas para melhor se a adaptarem aos ambientes.

De acordo com estes estudos existe um grau de adaptação das pessoas ao ambiente que não é levado em conta nestes índices de conforto e assim deu-se início ao desenvolvimento dos chamados “Modelos

Adaptativos”. Segundo Brager e de Dear, esta adaptação ocorre em três

esferas: a fisiológica, a comportamental e a psicológica.

A adaptação fisiológica é também conhecida como aclimatação, e refere-se às respostas biológicas que resultam de prolongada exposição às condições térmicas características e relativamente extremas (...). Evidências de laboratório, entretanto, sugerem que tal aclimatação não exerce grande papel nas preferências subjetivas frente ao moderado leque de atividade e condições térmicas presentes na maioria dos edifícios.

A adaptação comportamental refere-se a alguma ação consciente ou inconsciente que uma pessoa poderia fazer para alterar seu equilíbrio térmico corporal. Incluem mudança de vestuário ou níveis de atividade como o acionamento de ventilador ou aquecedor ou ainda a regulagem de um difusor ou termostato. Ajustes comportamentais oferecem a melhor oportunidade para as pessoas participarem na manutenção de seu próprio conforto térmico.

A adaptação psicológica diz respeito a uma percepção alterada de reação a condições físicas devido a experiências passadas e expectativas. Ela está alojada na generalização, cruzando todas as modalidades sensoriais, não necessariamente térmicas, de que repetida exposição a um novo estímulo leva à diminuição da resposta evocada. Ela também inclui a idéia, segundo a qual a reação de uma pessoa a uma temperatura mais ou menos perfeita dependerá da expectativa e

A mais importante destas pesquisas foi publicada no relatório da Ashrae, RP-884: “Developing an adaptive model of thermal confort and

preference”, de março de 1997 que embasou a proposta de revisão da

norma 55 de 2004. Esta pesquisa envolveu a elaboração de um banco de dados controlado, contendo 21.000 tomadas de dados reunidos através de experimentos de campo de conforto térmico no interior de 160 diferentes edifícios de escritórios localizados em quatro continentes e cobrindo uma grande variedade de zonas climáticas. A grande quantidade de amostragem reduziu o risco de incertezas que podem ocorrer em amostragens relativamente menores usadas em câmaras experimentais de climatização. O sexo e a distribuição de idade dos indivíduos eram típicos de populações de prédios de escritórios e a pesquisa incluiu uma gama completa de dados subjetivos e físicos, abrangendo respostas de questionário, medições e observações meteorológicas externas. A análise de dados foi feita separadamente para edifícios com sistemas de ar condicionado central e para edifícios ventilados naturalmente. A análise apurou respostas de conforto térmico em termos de neutralidade e de preferência térmica como função de temperaturas internas e externas. As respostas observadas também foram comparadas com previsões de sensação térmica calculadas segundo modelo de equilíbrio térmico baseado no PMV.

Esta pesquisa verificou que os usuários de ambientes não condicionados são mais tolerantes em relação às variações diárias de temperatura enquanto os usuários de edifícios condicionados são mais exigentes e não toleram variações de temperatura preferindo ambientes estáticos termicamente.

Buscando-se descobrir como reagem as pessoas quando as condições se desviam do ponto ótimo, foi elaborado um modelo de regressão linear, para ponderar a sensação térmica média, e avaliar quão rapidamente as pessoas sentem calor demasiado ou frio demasiado como temperaturas desviadas do ponto ótimo. Esta análise revelou que ocupantes de edifícios com ar condicionado central eram duas vezes mais sensíveis a desvios de temperatura do que os ocupantes de edifícios ventilados naturalmente. Isto sugere que as pessoas, em edifícios com ar condicionado, têm expectativas

divergem destas expectativas. Ao contrario, os ocupantes de edifícios naturalmente ventiladas parecem demonstrar preferência por uma gama mais vasta de condições térmicas, talvez em função da possibilidade em exercer controle sobre o seu ambiente ou porque suas expectativas são menos rigorosas. Acredita-se que esta maior tolerância se explique mais pela adaptação comportamental e psicológica do que pela a fisiológica.

A pesquisa também tratou de como se define a temperatura de conforto. Em geral define-se a temperatura de conforto com a que provoca uma sensação térmica neutra. Entretanto quando se trata da preferência a opção pela não mudança representa a condição ideal. No trabalho em referência, ambas análises foram feitas e como resultado não se verificou diferença entre temperaturas neutras e as preferidas para ocupantes de ambientes de edifícios ventilados naturalmente, enquanto nos edifícios com ar condicionado, a análise revelou que as pessoas preferem temperaturas um pouco mais quentes que as neutras em climas frios e temperaturas mais frias que as neutras em climas quentes, sendo a diferença acima de 1ºC em qualquer um dos extremos.

Uma “teoria adaptativa” sugere que as expectativas térmicas dos ocupantes de edifícios e suas expectativas de conforto interno serão dependentes da temperatura externa. Desta forma a temperatura interna pode alterar de acordo com as mudanças naturais de estação. De acordo com a pesquisa, o gradiente para os edifícios ventilados naturalmente foi duas vezes maior que o achado nos edifícios com ar-condicionado. Uma possível interpretação para isso é que ocupantes de edifícios climatizados se sentem mais finamente adaptados a condições internas estáticas, enquanto nos edifícios ventilados naturalmente uma gama maior de temperaturas internas foram permitidas, sugerindo que os ocupantes destes edifícios preferiram condições mais relacionadas ao clima externo.

Concluindo, demonstrou-se que usuários de ambientes ventilados naturalmente toleram uma gama maior de temperaturas internas desde que tenham controle sobre estes ambientes, ou seja, possam abrir as janelas. Estes fatores são a base do modelo adaptativo de conforto térmico desenvolvido por de Dear e Brager. Como produto desta pesquisa, os

autores desenvolveram um novo índice de conforto que leva em conta a média diária externa da temperatura efetiva do lugar para estabelecer se um ambiente está confortável ou não. Este índice é válido para ocupantes com atividades sedentárias com taxas metabólicas entre 1.0 e 1.3 met e onde seja possível a livre escolha da vestimenta (DE DEAR at al, 1997).

Figura 10 – Modelo adaptativo de conforto térmico proposto por Dear, Brager e Cooper. Fonte: ASHRAE RP 884, 1997

A norma 55 da Ashrae versão 2004 inclui um índice adaptativo baseado neste trabalho.

Fanger e Toftum concordam que a percepção de conforto seja diferente em ambientes condicionados e ventilados naturalmente. Segundo eles, o PMV estaria perfeitamente adequado para ambientes condicionados situados tanto em climas frios, temperados ou quentes, porém em ambientes não condicionados em climas quentes, os ocupantes podem sentir o calor como sendo menos severo que o PMV prediz. Para eles o principal fator é a diferença na expectativa do usuário, porém acreditam que a taxa metabólica tem sido superestimada contribuindo para esta diferença (FANGER e TOFTUM, 2002).

Estes autores discordam em parte do índice proposto por Brager e de Dear por acreditarem ser difícil oferecer controle do ambientes aos

adaptação poderia valer para aqueles ocupantes que estão localizados próximos às janelas, mas não para todos. Além disso, este índice não permite alteração nas condições de vestimenta e metabolismo e desta forma não permite extrapolações para condições diferentes. Por estes motivos eles sugerem como modelo adaptativo a adoção de um “Fator de

Adaptação - e”, que seria multiplicado ao PMV.

Este fator se relaciona ao período de altas temperaturas da localidade e na existência de ambientes condicionados para estimar o grau de adaptação das pessoas deste lugar. O fator “e” pode variar de 0,5 a 1, sendo 1 para ambientes condicionados, o que mantém o valor PMV original. Desta forma, acreditam estar aproveitando o melhor do método PMV que é a consideração das diversas variáveis de conforto tais como variáveis ambientais: temperatura do ar, temperatura radiante, umidade e velocidade do ar e as variáveis pessoais: vestimenta e taxa metabólica e também flexibilizando o índice para ambientes ventilados naturalmente (FANGER e TOFTUM, 2002). A tabela 4 apresenta o fator de expectativa proposto por eles.

Tabela 4 - Fator de expectativa para edifícios não condicionados em climas

quentes

Classificação para edifícios não-condicionados Expectativa

Localização Períodos Quentes

Fator de Expectativa

Alta Em regiões onde edifícios com o ar-condicionado são comuns

Ocorrendo parcialmente

durante a estação quente 0.9 – 1.0 Moderada Em regiões com alguns edifícios

com o ar-condicionado Durante a estação quente 0.7 – 0.9 Baixa Em regiões com poucos edifícios

com o ar-condicionado Durante todo o ano 0.5 – 0.7 Fonte: Fanger e Toftum, 2002

Outras pesquisas mostraram que grande parte dos usuários de edifícios gostaria de experimentar maiores velocidades internas do ar em climas quentes e também em climas frios, embora neste caso deva-se ter em mente que velocidades altas podem gerar desconforto devido ao efeito

depende de fatores ambientais como a velocidade do ar, a flutuação da velocidade do ar, a temperatura do ar, e fatores pessoais como a sensação térmica e o nível de atividade. Para o mesmo indivíduo a sensibilidade ao movimento do ar pode mudar de dia para dia como resultado de diferentes níveis de fadiga.

Toftum cita numerosos estudos de laboratório que têm investigado a sensação térmica e o conforto dos usuários com o uso da velocidade do ar para compensar altas temperaturas tanto com baixa como com alta intensidade de turbulência. Com temperaturas de até 22 - 23ºC, atividades sedentárias e ocupantes se sentindo “neutro” ou “levemente com frio”, existe o risco do movimento do ar não ser aceitável mesmo em baixas velocidades. Em geral, uma sensação de frio influencia negativamente a percepção subjetiva do movimento do ar. Já com os usuários sentindo “levemente com calor” ou “neutro” com temperaturas acima de 23ºC ou com atividade mais altas não existe o risco do efeito draught com o movimento do ar em velocidades de até 0,4 m/s - típicas dos ambientes internos. Com temperaturas maiores que 28ºC pode-se obter conforto térmico ou o desconforto reduzido com velocidades do ar em torno de 0,8 m/s. Com temperaturas maiores que esta, em torno de 30ºC, a velocidade requerida, em torno de 1,6 m/s, pode causar muita pressão na pele e um distúrbio geral no ambiente e assim tornar o movimento do ar indesejável (TOFTUM, 2004).

Baseados em experimentos com ocupantes controlando a velocidade do ar preferida em câmaras climatizadas, Fountain et al. elaboraram uma equação para predizer a percentagem de pessoas satisfeitas (PS) em um ambiente com atividades e vestimenta típicas de um escritório:

PS = 1,13 .( top)½ – 0,24 . top + 2,7 . v ½ – 0,99 . v

Onde: top é a temperatura operativa e v a velocidade média do ar.

Este modelo pode ser usado para predizer a percentagem de pessoas satisfeitas em um ambiente de escritórios quando se tem disponível movimento de ar localizado e controlado como, por exemplo, ventiladores de

mesa. É importante notar que enquanto os modelos PMV e PPD representam ambientes estáticos, este modelo reconhece que as pessoas participam ativamente, moldando o seu ambiente e ainda diz que o grau de controle oferecido ao usuário de um ambiente de escritório, para obtenção de conforto, é uma boa medida do sucesso de um edifício (FOUNTAIN et al., 1994).

Em outra pesquisa, Toftum et al. avaliaram a preferência dos usuários em relação a diversas combinações de temperatura e velocidade do ar em câmaras climatizadas. O ambiente moderado foi preferido pelos participantes da pesquisa em comparação a altas temperaturas e velocidades do ar, mas quando se ofereceu o controle individual da velocidade do ar, os votos de conforto e sensação térmica em ambientes mais quentes não se diferenciaram dos votos dos ambientes moderados. Estes resultados confirmam a importância do controle do indivíduo sobre a velocidade do ar, apesar da grande variedade de velocidade apontada pelos pesquisados: 0,35 m/s a 1,35 m/s para temperatura de 28ºC e 0,55 m/s a 1,85 m/s para temperatura de 29,5ºC. Concluindo, ele reforça que na prática, numerosos fatores vão influenciar se os ocupantes irão achar o movimento do ar bom ou ruim, e recomenda que para se atender a maior parte de usuários, o movimento geral do ar pode ser projetado para baixas velocidades e para aumentar o conforto daqueles que preferem velocidades mais altas, dispositivos com controle individual, como ventiladores de mesa, podem ser uma opção (TOFTUM, 2004).

Brager et al. (2004) desenvolveram uma pesquisa para investigar quantitativamente como o controle pessoal da abertura das janelas pode influenciar nas condições térmicas locais e no conforto térmico. Esta pesquisa está descrita no relatório RP 1161 da Ashrae e demonstra que os ocupantes com diferentes graus de controle têm significativamente diferentes respostas sobre o conforto térmico, mesmo quando expostos ao mesmo ambiente térmico, com atividades e vestimentas semelhantes. Foram comparadas medições da velocidade do ar com respostas subjetivas sobre a percepção do movimento do ar e verificou-se que mesmo para velocidades muito baixas tais como 0,05 m/s, 50% dos pesquisados sentiram a movimentação do ar e esta percentagem sobe para 80% com

velocidades de 0,45 m/s. A pesquisa também mostrou que os usuários reconhecem a velocidade do ar como fator direto no conforto térmico.

Concluindo, é reforçado ser claramente possível projetar um edifício naturalmente ventilado com baixo consumo de energia que seja termicamente aceitável, visto que uma grande variação de temperatura é permitida no modelo proposto na teoria adaptativa de conforto, porém isso somente é válido quando adequadas oportunidades de adaptação, isto é controle das condições ambientais, estão disponíveis aos usuários (BRAGER et al., 2004).

No Brasil, recentes pesquisas mostram que muitos dos usuários de ambientes condicionados têm a sensação de estarem respirando um ar poluído, ainda que este fato não seja verdadeiro, e reclamam da sensação de “abafamento” ou “ar parado”, provocadas pelas baixas velocidades do sistema (ORNSTEIN, 2003 e 2004).

Uma outra pesquisa desenvolvida por Gan considera que a efetiva distribuição de ar fresco nos ambientes ocupados é de fundamental importância para se promover o conforto térmico e também para garantir a qualidade do ar interno. Nos ambientes ventilados naturalmente, ao contrário do que acontece nos ambientes com ar condicionado ou com ventilação mecânica, não é possível um controle muito rigoroso em relação ao fluxo do ar, desta forma o projeto destes edifícios deve considerar a profundidade máxima na qual a distribuição de ar fresco é efetiva. Esta pesquisa procurou estimar qual é essa profundidade em ambientes com ventilação natural vinda de apenas uma fachada. Neste caso o efeito chaminé é considerado como predominante enquanto a pressão do vento não é tão importante. Desta forma o fluxo de ar pode ser considerado como conseqüência das diferenças de temperatura e densidade do ar entre o ambiente interno e o externo. Esta consideração parece apropriada, pois na prática a ventilação pode ser necessária em períodos de baixa velocidade dos ventos (GAN, 2000).

A pesquisa foi feita com simulações computacionais CFD

(Computer Fluid Dinamics) em um modelo de 3m de largura por 15m de

parâmetros usados para verificar esta profundidade. Ficou demonstrado que a profundidade efetiva para conforto térmico pode não coincidir com a necessária para qualidade do ar e que as exigências para o conforto térmico são o fator limitante para a efetiva profundidade. A efetiva profundidade é afetada pela largura e altura da abertura bem com pela carga térmica interna e a temperatura externa. A tabela 5 apresenta os resultados obtidos por Gan onde:

- w – Largura da janela - h – Altura da janela - q – Carga térmica interna - Q – Taxa de ventilação - N – Taxa de renovação - Tn - Tempo

- Ti – Temperatura interna média

- Lt – Efetiva profundidade do ar fresco para conforto

- Lt’ - Efetiva profundidade do ar fresco para qualidade do ar

Tabela 5 – Ambiente interno e efetiva profundidade de ar fresco para

ventilação unilateral Caso W (m) h (m) q (w/m) Q (l/s) N (l/h) Tn (s) Ti (ºC) Lt (m) Lt’ (m) 1 3.0 1.5 15 282 7.5 481 22.1 9.0 11.0 2 2.0 1.5 15 219 5.8 620 22.4 10.0 10.5 3 1.0 1.5 15 134 3.6 1010 24.1 11.0 12.0 4 1.0 1.5 5 94 2.5 1443 22.0 7.0 7.5 5 2.0 1.5 10 188 5.0 721 22.5 9.0 9.5 6 3.0 1.5 15 196 5.2 691 22.8 8.0 10.0 7 3.0 1.5 30 363 9.7 373 23.1 13.0 ≥15.0 8 3.0 1.5 45 412 11.0 330 24.1 ≥14.0 ≥15.0 Fonte: GAN, 2000

Fica claro que as dimensões das aberturas e a carga térmica interna são determinantes no fluxo do ar e na profundidade atingida pelo ar tanto do ponto de vista do conforto térmico como da qualidade do ar (GAN, 2000).

No projeto de sistemas de ventilação natural, existe uma grande variedade de possibilidades em relação à seleção dos tipos de janelas e da posição das mesmas nas fachadas. Cada tipo de janela tem características únicas que afetam o fluxo e ar e as condições de conforto térmico. Heiselberg et al. fizeram uma pesquisa sobre o impacto de diferentes estratégias de abertura no conforto térmico.

Eles consideraram que, com a ventilação natural, ar fresco é introduzido pelas aberturas nas fachadas dos edifícios e estas aberturas são geralmente janelas, mas também podem ser grelhas ou venezianas. Sendo as forças motrizes as diferenças de pressão devido ao vento e as variações na temperatura, as condições de conforto vão depender da característica do fluxo de ar e da localização das aberturas.

Segundo os autores, no caso de ventilação unilateral, existem dois fluxos de ar acontecendo. Eles são promovidos tanto pelas variações térmicas quanto pela flutuação na turbulência do vento, separadamente ou em conjunto. No caso de ventilação cruzada, o fluxo é geralmente unidirecional através das aberturas. Na prática, a combinação de mecanismos de ventilação natural é geralmente usada e as forças naturais ainda podem ser incrementadas com a ajuda de ventiladores.

O trabalho descreve os resultados de um ensaio de ventilação com aberturas altas próximas ao teto com janelas do tipo “tombar”. Os objetivos foram caracterizar os padrões de fluxo gerado por estas aberturas, obter valores dados de modelos matemáticos de fluxo de ar, observar as diferenças que acontecem nas diferentes estratégias de ventilação e estimar as condições de conforto com as diferentes estratégias de ventilação.

Em suma, é dito que para a tipologia ensaiada o fluxo assume cinco diferentes padrões que dependerão da área da abertura e das diferenças de temperatura e pressão. As medições mostraram que os coeficientes característicos das aberturas não são constantes (Cd –

geométricas do local e das condições do fluxo de ar; o que torna o uso de modelos para predizer o fluxo de ar e as condições de conforto bastante complicados e exigem uma grande quantidade de dados de medições para o desenvolvimento destes modelos (HEISELBERG et al., 2002).

Concluindo, uma nova perspectiva se abre para o uso da ventilação natural com a adoção dos modelos adaptativos de conforto, principalmente deste a inclusão de um destes modelos na norma 55 da Ashrae de 2004.

A maior variedade de ambientes termicamente confortáveis apontada por estes modelos parece ser consenso entre diversos autores, mas as variáveis a serem consideradas para o seu desenvolvimento, ainda são alvo de discussão. A aplicação destes modelos como índices de conforto térmico exige além do conhecimento das características físicas do ambiente, um maior entendimento da percepção do usuário sobre este ambiente.

O fator ‘controle pessoal’ parece ser a chave para a percepção de um ambiente como confortável, porém o que vem a ser este controle pessoal ainda não está bem estabelecido. Sabe-se que a distância entre o usuário e as aberturas é um ponto importante, mas não se definiu ainda qual seria esta distância máxima em que o usuário se considera no controle de seu ambiente.

Por outro lado, a influência de diversos tipos de abertura, suas dimensões, e localização na fachada, além da capacidade do fluxo de ar gerado tornar termicamente aceitável um ambiente, tem sido estudada por pesquisadores de diversas partes do mundo, mas ainda em pouca profundidade, para condições climáticas e a cultura de projeto existentes no Brasil.