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2. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DE EFICÁCIA ESCOLAR NA ESCOLA

2.1. Escolas eficazes: discussões e consensos

2.2.5. Características do clima interno da escola

Quanto às características do clima interno da escola como elemento de análise deve-se observar se o ambiente favorece o aprendizado. Os elementos de análise são aqui evidenciados pela existência de um clima de ordem na escola, a disciplina e a expectativa da equipe em relação ao desempenho dos alunos.

Pacheco (2008, p. 105-106), em um estudo sobre clima escolar em escolas públicas de alto e baixo prestígio no Rio de Janeiro, afirma que o conceito de clima escolar é difícil de operacionalizar por permitir múltiplas abordagens, mas reconhece que o clima escolar positivo “já constitui uma vantagem para que seus membros possam vivenciar uma atmosfera escolar significativa, condizente com os objetivos e as expectativas esperados”.

Os ambientes escolares devem favorecer tanto o processo de ensino quanto o de aprendizagem. Para tanto, as características do clima interno da escola, segundo Soares (2002, p. 22) “tem como foco a questão da organização do ambiente escolar”.

No capítulo 1, fez-se uma descrição quanto ao funcionamento da Escola Estadual Santa Edith Stein e foi abordado que ela é muito organizada, os diversos espaços são bastante limpos e os professores conseguem manter

uma boa disciplina em sala de aula, possibilitando-se assim um ambiente propício ao processo ensino-aprendizagem. Sammons (1999) chama atenção para os limites e ao mesmo tempo as possibilidades do clima de ordem nas escolas.

O que as pesquisas mostram, em geral, não é que as escolas se tornam mais eficazes quando elas se tornam mais ordenadas, apesar disso poder muito bem ser o caso, mas, sem dúvida, que uma atmosfera de ordem é um pré-requisito para que uma aprendizagem eficaz aconteça. (SAMMONS, 1999 apud BROOKE & SOARES, 2008, p. 359).

Pela observação, pode-se também perceber um clima de ordem e organização nos diversos espaços da escola: secretaria, cantina, sala dos professores, das especialistas e da direção. Tal condição tem como evidência a qualidade do atendimento ofertado e a facilidade com que são prestadas informações ou serviços tanto à comunidade local quanto à SRE/Divinópolis e SEE/MG, quando solicitados.

Elemento favorável ao processo de aprendizagem e de ensino e também destacado é a disciplina. Esta se faz importante, uma vez que possibilita uma maior maximização do tempo de ensinar e também de aprender. No início do ano letivo, os pais são convocados e várias questões são postas como regras a serem seguidas, entre elas, estão a boa conduta em sala de aula, o respeito entre os alunos e os funcionários da escola. Assim, os atos de indisciplina têm sido controlados na escola baseados em muito diálogo com todos os envolvidos no processo.

Segundo Soares, no contexto brasileiro considerar a questão da disciplina é importante e suas causas estão relacionadas com

A falta de pessoal dentro das escolas, as carências sociais e econômicas dos alunos e de seus pais, as políticas públicas de ensino, entre outros, são todos elementos que vêm contribuindo diretamente para as dificuldades disciplinares das escolas públicas brasileiras. (SOARES, 2002, p. 22-23).

Outros itens podem ser listados como fatores de indisciplina escolar: um currículo sem sentido ou descontextualizado, a falta de planejamento das aulas, um clima hostil entre professores e alunos ou entre os funcionários.

Especificamente no contexto da escola foco de análise, o que se analisa é se a questão disciplinar tem dimensões preocupantes, capaz de interferir negativamente na vida escolar dos estudantes.

Outro elemento de análise é a expectativa em relação ao futuro dos alunos. Quando perguntados sobre os fatores que têm contribuído para o resultado positivo da escola nas avaliações externas, grande parte das respostas atribui também ao compromisso e ao empenho dos alunos da escola. Assim expressa um entrevistado, que depois de uma bateria de perguntas, ilustra bem o fato: “(...) o aluno lá é compromissado com os estudos. Uma boa parte dos alunos que era compromissada levava a sério” (GESTORA A, entrevista cedida no dia 15 de outubro de 2013).

As práticas dos professores têm demonstrado alta expectativa com relação aos alunos, percebido pelos diversos projetos de qualidade desenvolvidos, como é o caso do Projeto Ler com Arte e o Prêmio Chico de Cinema, nas tarefas de casa passadas, corrigidas e cobradas.

A escola mantém, em seus arquivos um livro de ata no qual constam registros de reuniões e ocorrências diversas. No documento, há relatos que evidenciam o alto grau de importância atribuído pelos atores aos deveres de casa. Diversas ocorrências relatam casos em que os alunos não fizeram seus deveres de casa e os pais ou responsáveis foram convocados a comparecer à escola para tomarem ciência e assumirem compromissos de melhor acompanhamento da vida escolar dos estudantes. Os relatos ainda informam que, ao final dos encontros, pais e alunos assinam a ata.

Segundo Barroso et al. (1978)

Vários elementos contribuiriam para determinar as expectativas dos professores, como, por exemplo, o sexo, a raça, o nível socioeconômico do aluno, além do próprio esforço que o professor lhe atribui. A dedicação do professor ao seu trabalho é pelas respostas às suas expectativas que ele vai tendo ao longo do processo de ensino. Em relação às escolas brasileiras, diante da disparidade de renda nacional, pode-se conjecturar que elementos relacionados ao nível socioeconômico podem funcionar como fatores que determinem as expectativas dos professores em relação ao desempenho dos alunos. (BARROSO, 1978 apud SOARES, 2002, p. 23-24).

Seguindo o raciocínio do autor, pode-se também conjecturar que a expectativa dos professores em relação aos alunos da Escola Estadual Santa Edith Stein esteja associada às melhores condições econômicas dos alunos que foram descritas no capítulo 1.