• Nenhum resultado encontrado

Características dos textos em relação à coesão e à coerência, segundo

3.3 ANÁLISE DO CORPUS

3.3.1 Características dos textos em relação à coesão e à coerência, segundo

Ao analisar o corpus constituído por 249 redações46, identificamos apenas 16 que apresentavam excelência em relação à forma e ao conteúdo, que passam a ser identificadas como GRUPO 1. Nesses textos, os elementos de recorrência (MR1), fundamentais para o desenvolvimento linear das idéias, são bem aplicados e há variedade de opções linguísticas:

• substituições lexicais, que permitem evitar as retomadas lexemáticas ao mesmo tempo em que se garante uma recuperação da escrita. Exemplos:

“Nos dias atuais percebe-se o quanto os meios de comunicação (principalmente o rádio e a televisão) estão preocupados simplesmente em: ‘ser líder em audiência47’. E devido a este fator não se preocupam com o tipo de ‘informação’ que estão divulgando”. (R 52)

“Existem momentos, às vezes trágicos ou dolorosos, em que as pessoas precisam de privacidade, e não da imprensa querendo reportar o acontecimento. Porém, nada impede que a mídia exponha os fatos, apenas precisa saber como fazê-lo. Não podemos julgar tão somente os meios de comunicação, porque estes precisam passar para o público o que vêm a ser notícia”. (R 82)

46 Em anexo encontram-se todas as redações digitadas (uma vez que o Inep forneceu o material na forma de

imagem) que constituem o corpus e a análise individual de cada uma. Nessa análise, destacamos os elementos textuais definidos por Charolles que influenciam positiva ou negativamente a construção de um texto, pois não seria possível incluir tantos detalhes no corpo da tese.

• pronominalizações, que tornam possível a repetição, a distância, de um sintagma ou de uma frase inteira por meio de anáforas, retomadas, e catáforas. Exemplos:

“A lei de liberdade de expressão foi um direito conquistado depois de muita luta contra a censura que retirava a voz da imprensa, deixando-a calada diante de grandes problemas sociais”. (R 17)

“Atualmente, a imprensa é uma rica fonte de informação para todos os seres humanos. É importante salientar que ela está tendo uma vasta liberdade de expressão e que isso acaba ocasionando conflitos”. (R 79)

“Dessa forma é possível concluir que deve-se sim, existir liberdade de informação, com a condição de que esta não afete a moral de quem está envolvido no assunto, porque uma coisa e passar as informações tal como aconteceram, a outra é denegrir as mesmas em busca de audiência ou ibope”. (R 95)

• referenciações contextuais, que permitem retomar declaradamente ou não um substantivo de uma frase para outra ou de uma sequência para outra. Exemplos:

“É comum atualmente ligar-mos a televisão e assistir a cobertura dos programas

jornalísticos sobre prisões, tragédias e todos os tipos de violência que ocorrem

principalmente nas favelas. Porém os produtores destes programas nem sempre se preocupam com os direitos das pessoas”. (R 73)

“Além de matérias sensacionalistas, matérias educacionais são publicadas e transmitidas para a população. Porém o sensacionalismo está tornando-se assustador, mostrando casos onde famílias sofrem perversas humilhações”. (R 206)

A metarregra de progressão (MR2), que diz respeito à renovação dos elementos semânticos presentes no texto é geralmente utilizada com adequação, possibilitando o desenvolvimento de séries temáticas como conjuntos sequenciais homogêneos.

“No Brasil, o fim da censura aplicada, em jornais e revistas, significou um grande momento da história nacional: o fim da ditadura militar inicida em 1964. A partir daí, a repressão à liberdade de expressão daria lugar ao culto à informação e à democracia”. (R 172)

“Os jornalistas violam a lei para conseguir uma reportagem. Invadem barracos,

filmam sem pedir dicença, fazem de tudo por uma boa tomada. Pessoas públicas como atores

e cantores são também prejudicados. Eles são perseguidos por câmeras e ainda são alvos de fofocas e mentiras”. (R 176)

A metarregra de não-contradição (MR3) permite analisar se não há introdução de elementos semânticos que contradigam um conteúdo posto ou pressuposto. Claro que não está em jogo, neste caso, os usos intencionais dessa metarregra, que visam provocar efeitos retóricos, com objetivos argumentativos, como acontece nas contradições controladas com finalidade persuasiva.

Trata-se de observar os casos em que há (ou não) contradições enunciativas, contradições inferenciais e pressuposicionais ou ainda contradições naturais, decorrentes das representações do mundo e dos mundos de referência que o texto manifesta.

As redações que integram este grupo não cometem equívocos desse tipo e conseguem articular adequadamente as informações apresentadas.

A última metarregra, da relação (MR4), é de natureza pragmática, pois diz respeito às relações estabelecidas entre os fatos selecionados. Para que um texto seja considerado coerente, as ações, estados ou eventos que ele denota precisam ser percebidos como congruentes no mundo reconhecido.

Embora a avaliação da congruência seja um tanto pessoal demais e baseada na percepção, diferentemente da metarregra de não-contradição, de natureza lógica, podem ser identificadas relações de causa, de condição, de consequência que permitem avaliar objetivamente a produção textual.

A seguir, reproduzimos alguns bons exemplos contidos entre os textos do Grupo 1. “No Brasil a liberdade de expressão artística e o fim da censura, resultados de muita

luta contra um governo ditatorial e bárbaro, são direitos protegidos por lei. Presentes na

constituição de 1988, esses direitos vem sendo utilizados como uma importante arma pela imprensa, que além de apresentar todo um lado positivo informacional de total necessidade para o país, aproveita desse benefício para também mostrar conteúdos maliciosos, para um povo ainda subdesenvolvido de educação precária com objetivo de alienar cada vez mais um povo já alienado”. (R 199)

“A grande chave para o desenvolvimento de uma sociedade é a educação. Um povo educado é dotado de objetivos e expressão. Em última instância, poder de decisão. A escolha instintiva de todo ser humano é o que pensa ser melhor para si. A educação abre então o

horizonte de possibilidades e escolhas do indivíduo, tornando a sociedade dona de sua própria

evolução, reguladora de seu destino, optante política, econômica e socialmente”. (R 216) “Já hoje, vivemos numa democracia. A Constituição Federal evidencia a autonomia das empresas de comunicação desde que essas agissem de acordo com a ética, ou seja; sem intimidar ou violar a imagem das pessoas. Porém, esses deveres não vêm sendo cumpridos.

Por isso, organizações civis ou governamentais são bem vindas, somente se tiverem por

objetivo a conscientização, fiscalizando os jornalistas, quanto ao enfoque de suas matérias, de acordo com os direitos civis. Além disso, deve haver a proteção e auxílio aos que tiveram sua vida privada e honra corrompidas. Recentemente, o governo Lula vem implementando uma

agência reguladora do jornalismo, que ao primeiro instante é uma solução, porém excede o caráter regulador, podendo intervir na livre expressão da imprensa”. (R 233)

Ao localizar textos com razoável articulação entre as ideias, que respeitam a estrutura mínima de textos dissertativos, mas que apresentam conteúdo simplório ou incompleto em relação ao tema proposto para o desenvolvimento do texto, constituímos o GRUPO 2. Nesse grupo, encontram-se 49 textos (20%) com potencial para ampliação e aprimoramento da expressão.

Vemos que os Grupos 1 e 2 totalizam apenas 26% dos 249 textos que constituem a amostra definida, sendo que todo o restante, os outros 74% apresentam inúmeros problemas de coesão e coerência, e também foram divididos em dois subgrupos, como veremos posteriormente.

Dissemos que no Grupo 2 a qualidade do conteúdo compromete a eficiência dos textos, pois o leitor não consegue compreender exatamente o ponto de vista que está sendo defendido. Os dois exemplos a seguir deixam evidentes algumas dessas dificuldades.

1) “Existe uma diferença da imprensa de 1968, quando Vargas proibia a mídia de falar a verdade sobre política e da imprensa hoje onde se pode falar a verdade, mas é mais conveniente falar o que querem. Hoje as pessoas preferem assistir um programa onde um agride o outro ao invés de ver ou ouvir um bom jornal.

Muitas notícias que são um escândalo são várias vezes abafadas pela mídia as vezes por

beneficio próprios e outras vezes porque há alguma vantagem com isso. Por isso algumas pessoas preferem assistir um programa onde fale da vida dos artistas ou que fale sobre algum problema que está acontecendo com uma família mais humilde”. (R 18)

Notamos falhas em relação aos fatos históricos citados, em relação à MR3, uma vez que em um parágrafo há afirmação da liberdade de imprensa hoje e no outro, limitações quanto às notícias veiculadas. Além disso, a liberdade de informação, em geral, não é discutida, pois o texto limita-se a apresentar a má qualidade dos programas televisivos.

2) “É importante notar que a mídia ao mesmo tempo que busca através de seus serviços, soluções para os problemas do mundo, enfoca por outro lado, a vida das pessoas,

sejam ricas ou pobres. Notamos essas situações em revistas que mostram: o “vestido” que

certa artista está usando para ir à um determinado lugar, ou na mostra da casa de outro que aparece na reportagem com a roupa que costuma dormir ou até mesmo sem quere aparecer,

uma “celebridade”, que é pega de surpresa pela imprensa saindo do cinema com o seu novo

amor. Que falta de privacidade! Mas não são só os artistas têm o privilégio de serem

vigiados pela mídia não. Vemos também em reportagens de cunho policial, pessoas que não

aparecem na televisão com o papel principal de uma novela não, mas sim como protagonista de um grande assalto ou até mesmo assassinato, a ilutada família da vítima chorando pedindo justiça”. (R 214)

Nesse trecho, os problemas estão ligados à generalização da expressão “a mídia busca ... soluções para os problemas do mundo” (quais? de que maneira? toda a mídia ou segmentos dela? etc.), que não contribui para a informatividade do texto; aos exemplos limitados, apresentados para apontar o papel que a mídia assume na atualidade; ao uso da linguagem informação em uma produção direcionada também para a verificação do domínio da norma culta escrita.

Veremos na análise discursivo-argumentativa mais à frente que tais distinções têm uma relevância limitada e servem apenas para agrupar os textos que possuem maior ou menor domínio das regras gramaticais.

O Grupo 3 é o mais numeroso e o que reúne os textos com mais falhas na conexão das ideias e no uso da norma culta escrita, também apresentam dificuldades argumentativas, muitas vezes decorrentes de um restrito conhecimento de mundo. Além disso, vários textos apresentam dificuldades de decodificação das palavras, tornando ainda mais difícil a interpretação das ideias apresentadas. Listamos a seguir três textos completos, para que possamos verificar o esforço realizado em muitos outros materiais em buscar uma adequação à proposta de produção textual do ENEM/2004.

1) “Com as pessoas sabem que existe uma lei que proteger elas do abuso do meio de comunicação e qualquer informação que ela tinha dado aos meios a comunicação elas deveriam conhecer os direitos.

E com o conhecimento das pessoas as empresa de comunicação ficariam menos poderosa quando qualquer pessoa fosse reclama que o meio de comunicação tinham colocado informação a mais.

E também gostaria que os meios de comunicação coloca-se informação verdadeira para as pessoas que existem e escutam o que eles falam”. (R 2)

O texto é composto por uma sequência de frases colocadas lado a lado, nas quais identificamos termos sugeridos na proposta de produção, porém a organização das ideias é comprometida pelo pouco entendimento dos termos citados e pelos desvios formais que dificultam ainda mais a articulação entre o que expõem.

2) “Em primeiro lugar é preciso prestar atenção no que está fazendo, e não sair espalhando aí, para ninguém.

Porque qualquer coisa que a gente dizer, os povos já interpretam mau e sai espalhando para todas as pessoas e quando essas pessoas ficarem sabendo ficam no seu pé perguntando se é

verdade que fulano disse; como foi se a gente está fazendo isso ainda, e não deixa a gente em paz até elas descobrirem o que querem.

Nesse mundo em que vivemos temos muitas pessoas gananciosas que não pode ver ninguém com nada que querem logo saber. Vida de artistas é muito bom, mas é muito trabalhoso por causa dessas imprensas, qualquer falha que você cometer aparecem na TV, na rádio em revista, devemos ter liberdade de tudo”. (R 41)

A tentativa em discutir o assunto proposto é evidente, mas identificamos uma aproximação muito maior com a modalidade oral, na qual as informações muitas vezes são completadas ao longo do texto e outros elementos suprassegmentais muitas vezes completam lacunas deixadas na construção do texto. O alerta inicial aproxima-se muito mais de uma situação de aconselhamento do que de um texto dissertativo acerca de uma temática específica.

Como também há pouco domínio das regras da norma culta e conhecimento acerca do assunto sugerido, é extremamente difícil elaborar um argumento ou utilizar qualquer outro recurso argumentativo.

3) “O abuso na comunicação é desnecessário por falta de liberdade culta. Por não ter informações concretas, faz que aja desta forma.

A falta de conhecimentos, argumentos, diálogo, relacionamento, fazendo que à comunicação- se torne impossível de-se demonstrar o quanto são prejudicados.

Dignidade, respeito adquiriu através de comunicações garantindo liberdade de poder expressar idéias, fatos o seu ponto de vista, confiantes que meios de comunicação depende do esforço de vontade, caráter. Esses meios obstáculos não é difícil de conquistar e sim um meio objetivo de adquirir essa meta, que é orgulhosamente mero abuso no meio de comunicação

não existe e sim liberdade. É conciderada sim um espetáculo de convivência na comunidade”. (R 179)

A dificuldade em apresentar claramente os pontos de vista decorre da falta de ordenação das ideias dentro de uma relação de causa e consequência, além da falta de domínio da norma culta, pois, ao tentar explicitar uma posição, as colocações não se articulam, pelo contrário, geram dúvidas quanto ao sentido que se pretendia estabelecer.

Vale a pena salientar aqui que não trouxemos os exemplos mais críticos desse grupo, procuramos evidenciar a regularidade identificada entre os textos para que possamos discuti- la em conjunto.

O último grupo, Grupo 4, segue essa linha da dificuldade de expressão, porém já notamos um maior domínio das regras gramaticais, embora muitas ideias ainda sejam apresentadas de maneira desarticulada e muitas vezes não observamos o texto progredir, como fica evidente nos dois trechos abaixo.

1) “A liberdade de expressão própria vem causando problemas e adequando casos, como expansão de notícias de conhecimento não tão bem favoráveis, produzindo assim argumentos de temas variados.

Ao objetivo de fatores ocorridos decorrentemente, identifica aos receptores o processo que envolve existência sobre o que acontece no país.

Trata-se de comunicação exercida por anunciantes ou fatos verídicos relacionando a vida de pessoas, adquirindo informações objetivas destes acontecimentos surge então informações desenvolvidas incondicionais sem responsabilidade.

Portanto, com essas informações a comunicação exerce a representação de programas, buscando de forma, responsável um trabalho sério, obtendo informações construtiva, havendo assim intelectualidade sobre o que informar”. (R 14)

É visível a tentativa em utilizar uma linguagem mais formal, como o gênero requer. Contudo, o fato de haver pouca consciência acerca do valor semântico das palavras gera confusão quanto às informações apresentadas, como em liberdade de expressão própria,

liberdade vem adequando casos ou em expansão de notícias..., etc.

Embora o terceiro parágrafo seja facilmente compreendido, não apresenta dados que se relacionem aos parágrafos anteriores nem à conclusão, favorecendo pouco a coerência do texto.

2) “A mídia sensacionalista expõe cada cidadão de forma a forçá-la a aceitar informações prontas, construidas com base no diálogo nacional e mundial, formas de expressão e relatos pessoais.

O diálogo inserido com noticiários e jornais, coloca cada vez mais, em primeiro lugar, pessoas de alto nível sócio-econômico, fazendo a se entender, serem a base da lingua nacional.

O único sentido do “tentar se expressar” é consegui-lo, pois a cada passo que a palavra anda em torno do mundo do entendimento, se propõe a melhorar, fazer cada vez mais a formas de linguagem abrirem espaço para percepção instantanea, ou seja, fazé-la sem vê-la.” (R 89)

Evidentemente, as lacunas textuais podem ser completadas pelo leitor, mas as posições perdem muito de sua força persuasiva, por não apresentarem um pensamento completo e bem articulado.

Embora a divisão em grupos não tenha muita importância na análise principal de nosso trabalho, quando os comparamos com as notas atribuídas pelos corretores do ENEM,

percebemos que as faixas de classificação utilizadas (entre 0 e 100) correspondem aos grupos organizados neste trabalho: partindo dos textos com maior coesão e coerência para os que apresentam maiores dificuldades, portanto, grupos 1, 2, 3 e 4 (Gráficos 1 a 4), temos o seguinte panorama:

Gráfico 1- Notas do ENEM – Grupo 1 (%) Gráfico 2 - Notas do ENEM – Grupo 2 (%)

Grupo 3 0% 14% 86% Acima de 80 Entre 80 e 60 Abaixo de 60 Grupo 4 6% 36% 58% Acima de 80 Entre 80 e 60 Abaixo de 60

Gráfico 3 - Notas do ENEM – Grupo 3 (%) Gráfico 4 - Notas do ENEM – Grupo 4 (%)

Ao buscar identificar outras correlações, verificamos que o ano de conclusão interfere em alguns dos resultados, mas não em outros. A maior porcentagem de textos do Grupo 1 (Gráfico 1) encontra-se entre os que foram escritos por alunos que já haviam concluído o ensino médio, contudo o número de textos com muitas dificuldades (Grupo 3, Gráfico 3) permanece praticamente o mesmo, tanto entre os alunos que concluíam naquele ano, quanto

Grupo 1 33% 60% 7% Acima de 80 Entre 80 e 60 Abaixo de 60 Grupo 2 8% 23% 69% Acima de 80 Entre 80 e 60 Abaixo de 60

entre os que concluíram anteriormente. Chama-nos a atenção também verificar que entre os textos de alunos que ainda iriam concluir (portanto, “treineiros”, um grande número localiza- se no Grupo 2 (Gráfico 2), evidenciando talvez a participação de alunos interessados em obter bons resultados em exames de caráter certificatório.

Também buscamos verificar se o gênero modifica de alguma maneira os resultados e percebemos que as representantes do sexo feminino apresentam um número um pouco maior de textos no Grupo 1 (7% em relação aos 5% aos do sexo masculino), também um melhor resultado no Grupo 2 e um número bem menor no Grupo 3 (38% em relação aos 50% do sexo masculino), conforme Tabela 12.

Tabela 12 - Distribuição dos alunos por ano de conclusão do EM e gênero (%)

Grupo 1 10 5% 4 5% Grupo 2 32 17% 12 15% Grupo 3 79 43% 41 50% Grupo 4 Co n cl u i n o A n o 62 34% M a sc u li n o 25 30% Grupo 1 1 6% 11 7% Grupo 2 6 35% 36 22% Grupo 3 3 18% 62 38% Grupo 4 V a i co n cl u ir 7 41% G Ê N E R O F em in in o 55 34% Grupo 1 4 11% Grupo 2 8 22% Grupo 3 17 46% C O N C L U S Ã O Grupo 4 J á co n cl u iu 8 22%

No entanto, o fator que merece maior atenção está ligado às características da escola em que o aluno estudou e à região em que ela se localiza. Enquanto o número de participantes de escola pública é bem maior, o número de textos inseridos no Grupo 1 é significativamente menor e no Grupo 3, com muitas dificuldades de escrita, chega em 90%, quando comparados com os escritos de alunos que estudam em colégios da rede privada. Trata-se quase de uma inversão completa, como veremos nos gráficos 5, 6 e 7 a seguir.

Pe rfil da Escola

28%

72%

Particular Pública

Gráfico 5 - Distribuição do conjunto dos alunos por tipo de escola (%)

Também verificamos que no Grupo 2 e 4 (Gráficos 8 e 9), talvez até pudessem ser agrupados, pois representam uma faixa média em que os problemas de forma prejudicam o desenvolvimento das ideias, mas é possível inferir os sentidos e entender as colocações apresentadas, há um número maior de textos provenientes de escolas públicas.

Gráfico 6 - Tipo de escola – Grupo 1 (%) Gráfico 7 - Tipo de escola – Grupo 3 (%) Grupo 3 10% 90% Particular Pública Grupo 1 18% 82% Particular Pública

Grupo 2

39%

61%

Particular Pública

Gráfico 8 - Tipo de Escola – Grupo 2 (%) Gráfico 9 - Tipo de Escola – Grupo 4 (%)

Notamos ainda que a região em que a escola se localiza aponta diferenças significativas. No Grupo 1, 55% das redações foram escritas na região Sudeste, seguida por uma boa porcentagem (27%) da região Sul e não há nenhum exemplo na região Norte. A região Nordeste concentra a maior quantidade de textos do Grupo 3 e um número bem razoável do Grupo 4 (38%), embora o Sudeste, pela quantidade de alunos que possui e pela variedade de público, também apresente vários textos no Grupo 3 (31%), conforme Tabela 13.

Tabela 13

Distribuição dos alunos por regiões do Brasil (%)

Grupo Região Quant. %

Norte -- -- Nordeste 1 9% Centro-Oeste 1 9% Sudeste 6 55% 1 Sul 3 27% Norte -- -- Nordeste 18 38% Centro-Oeste 3 6% Sudeste 14 30% 2 Sul 12 26%

Grupo 4

36% 64% Particular Pública

Cont.

Grupo Região Quant. %

Norte 6 6% Nordeste 48 48% Centro-Oeste 3 3% Sudeste 31 31% 3 Sul 13 13% Norte 8 10% Nordeste 30 38% Centro-Oeste 5 6% Sudeste 17 21% 4 Sul 20 25%

Ao finalizar a análise, segundo a proposta de Charolles, é importante destacar que o autor a considera pré-teórica e talvez insuficiente para abarcar todas as questões envolvidas no problema da coerência dos textos. No entanto, a orientação apresentada permite ao professor intervir em um determinado número de condições linguísticas e pragmáticas que estão presentes