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2.1 Análise Crítica do Discurso (ACD)

2.1.1 A vertente Sociocognitiva

2.1.1.2 Características Estruturais

Neste sistema de memória (base clássica de Atkinson e Shiffrin) são descritas as características estruturais e permanentes divididas em três componentes: registro sensorial, armazenamento/memória de curto prazo e armazenamento/memória de longo prazo, conforme figura abaixo:

ENTRADA EXTERIOR

REGISTRO SENSORIAL (RS)

Visual

ARMAZENAMENTO DE CURTO PRAZO (ACP)

auditivo verbal linguístico

ARMAZENAMENTO DE LONGO PRAZO (ALP)

AVL

Visual etc. ... Temporal

Perda de RS Desaparecimento, interferência e perda de força no ALP Perda de ACP

a1. Registro Sensorial

Quando um estímulo é apresentado, é registrado imediatamente de acordo com as dimensões sensoriais apropriadas. No caso do sistema visual, torna-se mais fácil compreender o modo como é registrado; na verdade, suas características concretas – que incluem o apagamento de uma informação/imagem (que é muito precisa inicialmente) em um espaço muito curto de tempo – nos levam a identificação desse sistema como um componente de memória com identidade própria. A informação, quando entra através de outras modalidades sensoriais, recebe da mesma forma um registro inicial, porém, não se pode determinar se existe um período de apagamento considerável ou outra característica qualquer que nos permita identificá-los como componentes de memória.

O Registro Sensorial, portanto, tem as seguintes características: inicialmente, pode se dizer que ele é grande, pois o armazenamento sensorial de um determinado órgão sensitivo contém todas as informações do meio ambiente exercendo influência sobre esse órgão sensorial; em seguida, pode-se afirmar que ele é temporário, já que suas informações enfraquecem com o tempo, variando de alguns décimos de segundo quando o armazenamento sensorial é visual a alguns segundos para quando ele é auditivo; e, finalmente, a pequena parte de informações em armazenamento sensorial que recebeu atenção é transferida dele para o principal componente do sistema: o armazenamento/memória de curto prazo.

a2. Armazenamento de Curto Prazo

Trata-se da memória de trabalho. Supõe-se que a informação que entra no armazém de curto prazo seja apagada e desapareça completamente, embora o tempo necessário para que isso aconteça seja consideravelmente maior do que o do registro sensorial. A natureza da informação no armazenamento de curto prazo não depende necessariamente da forma de estímulos sensoriais. Isso pode ser verificado quando uma palavra apresentada visualmente pode ser

codificada passando do registro sensorial visual ao armazém auditivo de curto prazo.

Em outras palavras, a memória de curto prazo atua como o repositório seguinte de informações, tendo como características: a) o fato de poder ser identificada grosseiramente com a consciência, sendo a informação armazenada na memória de curto prazo aquela da qual se tem consciência; b) a informação contida nessa memória é acessível de forma imediata e pode ser usada como base para a tomada de decisões ou para a execução de tarefas em questão de segundos, ou menos; c) tudo o mais sendo igual, as informações contidas na memória de curto prazo enfraquecem, sendo esquecidas em mais ou menos 20 segundos; d) quando as informações são ensaiadas, ou seja, repetidas por mais de uma vez, torna-se possível evitar que elas enfraqueçam (SPERLING, 1967); e) as informações repetidas, ou que são submetidas a outras formas de processamento coletivamente conhecidas como elaboração – como no caso de serem transformadas em uma imagem visual agradável – logo são transferidas para o terceiro repositório de dados: o armazenamento/memória de longo prazo. Sebastián, na apresentação de uma definição clássica de memória de curto prazo baseada no Modelo de Memória de Atkinson e Shiffrin, mostra que

El ejemplo clásico para ilustrar el almacenamiento a corto plazo es recordar el número de teléfono que alguien te acaba de dar. Un número de teléfono suele constar como mucho de 7 dígitos, capacidad máxima que el sujeto puede recordar, y además es abstracto y no tiene significado. La estrategia que habitualmente se utiliza para recordarlo consiste en repasarlo hasta el momento de marcar. Si no se vuelve a utilizar o hay algun otro teléfono nuevo que interfiera, se olvidará. Para evitar esto hay que repasarlo, en alto o subvocalmente, hasta el momento de su transferencia a oro almacén más permanente (o bien, simplemente, anotarlo). Este ejemplo muestra claramente las características del almacén a corto plazo: es una memoria en funcionamiento em donde la información procedente tanto del almacén sensorial como del almacén a largo plazo se processa conscientemente y en la que se puede mantener la información mediante la atención, perdiéndose sin ella en unos 30 segundos. Su función es la de mantener pequeñas cantidades de información durante este breve período de tiempo. (SEBASTIÁN, 1983. p. 127).

Em revisão feita por Miller (1956), em um artigo sobre essa capacidade de armazenamento, ficou mostrado que ela oscila entre 7± 2 elementos. Isso só foi possível a partir da revisão de uma série de estudos que concluíram que a

capacidade não está na quantidade de informação, mas sim sobre o número de itens. Portanto, esses números podem ser recodificados em unidades maiores de significado, denominadas chunks, que podem ser lembrados pelo sujeito em uma oscilação que gira entre 7 ± 2.

a3. Armazenamento de Longo Prazo

Este é o grande repositório, em que são mantidas todas as informações que costumeiramente ficam à disposição do usuário, tendo como características: a) o fato de que as informações chegam a ele através de variados processos de elaboração, a partir da memória de curto prazo; b) tem dimensões ilimitadas; c) suas informações são adquiridas pelo processo de recuperação e devolvidas à memória de curto prazo, onde são manipuladas e usadas para a realização de uma tarefa específica.

Outro ponto de vista, com relação ao armazenamento/memória de longo prazo, preconiza que

El almacén a largo plazo es un depósito permanente de información transferida desde el almecén a corto plazo. Obsérvese que <<transferencia>> no implica desplazamiento de información de un almacén al siguiente. Por transferencia nos referimos al proceso de copiado en un almacén de la información seleccionada em otro almacén previo, sin desplazarla de éste. (SEBASTIÁN, 1983. p. 24).

Para Atkinson & Hilgard, nesse tipo de memória, as informações costumam ser codificadas de acordo com o seu significado, já que

para o material verbal, a representação dominante na memória de longo prazo não é acústica e nem visual; pelo contrário, ela se baseia no significado dos itens. Itens de codificação de acordo com o seu significado ocorrem mesmo quando representam palavras isoladas, mas são mais notáveis quando constituem sentenças. Vários minutos após ouvirmos uma sentença, a maior parte do que pudermos evocar ou reconhecer será o significado da sentença. Suponha ter ouvido a sentença: “O autor enviou uma longa carta ao comitê”. As evidências indicam que dois minutos mais tarde você não teria melhor chance de dizer que você ouviu essa sentença ou algo com o mesmo significado: “Uma longa carta foi enviada pelo autor”. (ATKINSON & HILGARD. p. 263).

Na memória de longo prazo, o esquecimento ocorre por conta de falhas na recuperação – pois, nesse caso, as informações estão lá, mas não podem ser encontradas – e da interferência das novas informações.

Casos de esquecimento de memória de longo prazo ocorrem normalmente por conta da perda ou dificuldade do acesso às informações e, em poucos casos, pela perda total delas. Dessa forma, pode-se dizer que uma memória fraca é fruto, na maioria das vezes, de falhas na recuperação de informações e não de falhas no armazenamento. Tal fato difere da memória de curto prazo pelo fato de que, na memória de trabalho, o esquecimento se dá pela degeneração ou deslocamento e onde se acredita que a recuperação seja relativamente isenta de erro.

Um exemplo comparativo de esquecimento, nesse caso da memória de longo prazo, é um indivíduo tentar encontrar seu carro em um estacionamento de um shopping e não conseguir. Nesse caso, a falha em não encontrar o carro não quer dizer, necessariamente, que ele não esteja lá; ele pode estar sendo procurado no andar errado ou, simplesmente, estar estacionado em lugar diferente.

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