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2.2 A sociologia de Max Weber: a Teoria da Ação Social e a Tipologia Ideal

2.2.1 Teoria da Ação Social

Partindo-se do princípio de que cultura e ideologia fazem parte da dinâmica social, em que, de um lado, indivíduos agem segundo algumas características específicas, agrupando-se com os mesmos objetivos e intenções e compartilhando de interesses em comum (para promover a dominação) e, de outro lado, indivíduos se deixam levar em função das mesmas ações sociais (permitindo-se dominar), é possível afirmar que ideologia e cultura são manifestações naturais que surgem a partir do que Max Weber chama de Teorias da Ação Social e Tipologia Ideal de Dominação.

Com relação às definições das Teorias de Ação Social, é possível afirmar que:

Como qualquer outra ação, a ação social pode ser determinada de qualquer das quatro maneiras seguintes: Primeira: Pode ser classificada racional em relação a fins. Neste caso a classificação se baseia na expectativa de que objetos em condição exterior ou outros indivíduos humanos comportar-se-ão de uma maneira e pelo uso de tais expectativas como “condições” ou “meios” para atingir com sucesso os fins racionalmente escolhidos pelo indivíduo. Em tal caso, a ação será denominada ação em relação a fins. Segunda: A ação social pode ser determinada pela crença consciente no valor absoluto da ação como tal, independente de quaisquer motivos posteriores e medida por algum padrão tal como a ética, estética ou religião. Em tal caso de orientação racional para um valor absoluto será denominada ação em relação a valores. Terceira: A ação social pode ser determinada pela afetividade, especialmente de modo emocional, como resultado de uma configuração especial de sentimentos e emoções por parte do indivíduo. Quarta: A ação social pode ser determinada tradicionalmente, tornando-se costume devido a uma lógica prática. (WEBER, 2008, p.41).

Dessa forma, para ajudar na compreensão da Tipologia Ideal de Dominação, faz-se oportuno conhecer a orientação das ações humanas/sociais, de forma distinta, a partir de seus quatro tipos:

Tipologia da ação social, de Weber.

Com relação ao primeiro tipo, que trata da ação racional, nota-se que ela se relaciona no tocante aos fins e aos valores. A primeira relação refere-se à racionalidade instrumental, funcional ou técnica, agindo de forma consciente, calculada e deliberada; a segunda, por sua vez, relaciona o valor a uma ação prescrita pelo mérito intrínseco que a inspira, já que o significado do ato em si é maior que a reflexão sobre as suas consequências; assim, a finalidade dessa ação coincide com a própria conduta, considerando que tal conduta constitui o valor racionalmente perseguido. Portanto, tratam-se de tipos de ação racional, pois todo o direito, por pacto ou outorgado, pode ser estatuído de modo racional – racional orientada a fins ou racional orientada a valores (ou ambas as coisas) –, com a pretensão de ser respeitada, pelo menos, pelos membros da associação.

No caso das ações afetivas, é correto afirmar que envolvem o estado emotivo do agente, parecendo-se com uma ação em que os sentimentos, juntamente com as emoções e afeições do indivíduo, têm primazia em uma determinada situação, e não em uma finalidade ou em um conjunto de valores. Nesse caso, pode-se entender o que leva os indivíduos a reconhecerem a dominação

Tipo de Ação Social

Características

Forma de ação

Ação racional No tocante aos fins. Racionalidade instrumental, funcional ou técnica. Consciente, calculada e deliberada. Com relação a um valor.

Valor relacionado a uma ação prescrita pelo mérito intrínseco que a inspira.

A finalidade da ação coincide com a própria conduta, que constitui o valor racionalmente perseguido.

Ação afetiva

Legitima-se através de um líder carismático por conta do afeto e da confiança depositados pelos indivíduos.

Envolve o estado emocional- afetivo dos agentes.

Ação tradicional

Estabelecida através

dos costumes

arraigados com o tempo.

Habitual e não intencional, equivale à hierarquia mais baixa, em relação às demais, apoiada na legitimidade de ordenações e poderes de

mando, advindos, por

herança, de tempos

carismática, pois esse tipo de dominação se legitima através de um líder carismático, justamente pelo fato de que afeto e confiança são nele depositados pelos indivíduos. Portanto, a legitimidade atribuída à dominação carismática ocorre por conta do envolvimento emocional do indivíduo para com o líder carismático, já que a ação afetiva determina e fundamenta esse tipo de dominação.

Quando nos referimos às ações tradicionais, é possível afirmar que é justamente através dos costumes arraigados com o tempo que elas ocorrem, aparentando estarem relacionadas diretamente com a legitimidade da dominação tradicional. Sendo assim, são definidas como ações que se apoiam na legitimidade da santidade de ordenações e poderes de mando, advindos, por herança, de tempos pretéritos.

Assim sendo, fica clara a existência de um vínculo entre a dominação e qualquer organização, já que existe uma necessidade, por parte de toda organização, de algum tipo de dominação para administrá-la internamente e promover seus interesses externamente. Dessa forma, para que ela seja administrada, alguns poderes de mando precisam estar nas mãos de alguém, mesmo que tais poderes sejam evidenciados modestamente, na oportunidade em que o dominador pode ser considerado aquele que serve aos dominados, sentindo-se como um deles. Por isso, tal domínio (neste caso específico promovido na e pela Igreja Universal do Reino de Deus), para atender aos interesses da organização, se propaga além de seu ambiente interno rumo à população.

Torna-se, portanto, mais visível o entendimento das estruturas puras de dominação a partir dos três tipos ideais de Weber: o patriarca/tradicional (Patriarcado), o carismático (Carisma) e o legal (Burocracia).

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