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Características fisicoespaciais dos espaços de uso coletivo

ANEXO II – Questionário 211

SELEÇÃO DA AMOSTRA

4.3. Características físicas e socioeconômicas:

4.3.2. Características fisicoespaciais dos espaços de uso coletivo

Requisito essencial entre os residentes como meio de compreender a natureza do seu território em todos os casos, é a diferenciação territorial entre os espaços livres coletivos, equipamentos e acessibilidade. Considera-se parte de um sistema que possibilita a organização social e o comportamento territorial organizado através de espaços físicos socialmente distribuídos em categorias público, semipúblico, semiprivado ou privado.

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Segundo Lay (1998) quanto mais legíveis são os espaços coletivos do ponto de vista físico e social, mais claro é o layout, e os espaços são usados de maneira mais apropriada e mais eficientemente mantidos, e vice-versa. Nos três casos apresentados, observa-se que os espaços físicos são socialmente demarcados em categorias de uso: íntimo, condominial. Assim, é estabelecida a ordem e relação entre os espaços livres e equipamentos coletivos, áreas de administração, serviços e os apartamentos.

No Caso 01, os espaços livres de uso coletivo, estão situados entre as torres, separados apenas pela circulação de pedestres, particularmente a quadra poliesportiva e o playground postos lado a lado não favorecem o uso. Assim, o agenciamento proposto facilita a visualização dos espaços livres através das janelas que se abrem para esta vista, contudo não confere privacidade, segurança no uso e influencia negativamente a acústica dos apartamentos. Ainda, por estarem em um espaço delimitado não existe a possibilidade de qualquer expansão dessas áreas, restritas e confinada entre os blocos, além de não possuírem tratamento adequado do piso e do mobiliário. Os dois salões de festa dispõem de áreas consideravelmente pequenas em relação ao número de apartamentos; o salão de jogos conta com poucos recursos e não atende às solicitações das crianças e dos adolescentes; as duas churrasqueiras são tão próximas que é impraticável o uso simultâneo. Deste modo, constatou-se que os espaços livres e equipamentos coletivos do Caso 01, são constituídos por áreas reduzidas, insuficientes, inadequadas, de tratamento espacial simples, com modestos materiais de acabamento e não oferecem grandes atrativos para a convivência dos grupos.

O Caso 02 trata de um produto que “encanta os olhos”, com vantagens da moradia em um lote organizado tal qual um pequeno clube, esbanja qualidade em seus espaços livres e coletivos no andar térreo e no mezanino. Segundo a subsíndica, moradora do condomínio, a propaganda de venda do empreendimento imobiliário e a visualização dos espaços coletivos a convenceu de que este era o melhor local para se viver e “encheu os olhos com a beleza dos espaços”.

Já o Caso 03, conta com maior número de equipamentos que o Caso 01, e menor número e menor sofisticação que o Caso 02, podendo ser considerado de nível

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intermediário entre os casos. Os ambientes localizados na projeção dos edifícios dispõem de áreas um tanto reduzidas, bem decoradas e equipadas. Os espaços livres entre os blocos são espaçosos e agradáveis ampliando em muito as áreas de lazer e estar dos moradores.

É certo que a quantidade e a qualidade dos equipamentos e do tratamento dos espaços livres e coletivos variam diretamente em função da disponibilidade econômica dos moradores dos condomínios. Observa-se que uma drástica redução tanto em quantidade quanto em qualidade de equipamentos não implicou no Caso 01, na fuga ao padrão: o lote cercado e murado, o prédio com forma e volume no formato da letra H repetindo a proposta dos demais casos. O Caso 03 possui um nível intermediário entre o Caso 01 e Caso 02, com equipamentos que segundo alguns moradores trazem conforto sem excesso. As rendas familiares das amostras seguem a mesma hierarquia dos espaços livres e coletivos: menor renda, número reduzido de equipamentos e menor qualidade Caso 01, renda intermediária e equipamentos em nível intermediário da amostra Caso 03, maior renda e melhor qualidade e quantidade de equipamentos e espaços no Caso 02.

Conforme Reis e Lay (2002), os moradores avaliam a aparência visual com base em suas percepções dos atributos que expressam ou não seus valores, gostos, aspirações sociais, além das percepções de qualidades espaciais e estéticas definidas pelas características físicas. Quando questionados os moradores, “sentem-se satisfeitos com os equipamentos e espaços coletivos”, no Caso 01, com 50% de aprovação. Com 87% dos moradores utilizando os espaços de uso coletivo; com 60% das famílias utilizando-os em pelo menos um dia por semana; 73% declaram que os espaços são bem localizados, adequados e suficientes e apenas 27% afirmam que os mesmos são mal localizados. Assim, os valores e percepções dos moradores parecem conduzir a uma “satisfação” inconsistente.

No Residencial Place Du Soleil, mesmo com 50% de residentes afirmando não utilizar os espaços, 95% afirmam estar satisfeitos, e 96% declaram que os espaços são suficientes e adequados. Dos 50% de moradores que declaram utilizar os espaços coletivos no Caso 02, 20% utilizam somente uma vez por ano, e 50% utilizam pelo

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menos uma vez por semana. Apesar de pouco utilizar os espaços de uso coletivo não apontaram que os mesmos estão em número maior do que o desejável. Segundo a subsíndica existem ambientes como o ofurô e a sala de massagem que nunca foram utilizados e mesmo assim estes itens não despertaram os moradores para a sua desativação.

No Caso 03, 97% dos moradores utilizam os espaços de uso coletivo, e 69% utilizam pelo menos uma vez por semana. Os espaços de uso coletivo do Caso 03, apesar de apresentarem áreas menores que o Caso 02 são agradáveis e atrativos, atendendo a satisfação de 75% dos moradores. Apenas 10% dos moradores acreditam que os espaços de uso coletivo do Ville de Mediterranée são mal localizados e em número maior do que o desejável. Em nenhum dos casos de estudo os moradores destacaram a insuficiência dos espaços de uso coletivo.

Figura 97. a) Caso 01, b) Caso 03 e c) Caso 02. Fonte: fotos da autora e folder promocional.

a

c

b

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Tabela 32. Espaços livres coletivos nos estudos de caso. Fonte: a partir de Folders promocionais e Processos Administrativos.

CASO 01

Condomínio Bom Clima

CASO 02

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