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5.1. A VALIAÇÃO DO DESEMPENHO GLOBAL DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO

5.2.2. Características dos Fundos

A tabela 14, apresentada seguidamente, exibe as estimativas da regressão (12) relativamente às restantes características dos fundos, que foram apresentadas como potenciais determinantes do desempenho.

Tabela 14. Regressão às Caraterísticas dos Fundos

Esta tabela apresenta os resultados da regressão apresentada na equação (12). Os asteriscos indicam a existência de significância estatística para um nível de significância de 1% (*), 5% (**) e 10% (***). Os valores robustos das estatísticas t encontram-se apresentados entre parêntesis e os mesmos foram corrigidos para autocorrelação e heteroscedasticidade através de um agrupamento ao nível do fundo.

Fundos de Ações Fundos de Obrigações

Idade (log) **1,0713** -0,4106 (2,16) (-1,02) Dimensão (log) ***-0,3449*** -0,0632 (-2,99) (-1,06) Família (log) 0,0442 ***0,3852*** (0,33) (3,36) T. G. Custos 0,2285 -0,9225 (1,63) (-1,50) Comissões 0,0760 ***-0,6396*** (0,52) (-2,82) Fluxos 0,0032 0,0051 (0,50) (1,40) Turnover -0,0001 -0,0000 (-0,27) (-0,87) Observações 3822 2470 R2 Ajustado 0,020 0,033

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Através da sua análise é possível concluir o seguinte sobre as várias características os fundos:

Idade. O coeficiente da idade é positivo para Fundos de Ações e negativo para Fundos

de Obrigações, exibindo apenas significância estatística para Fundos de Ações. Posso então concluir que, para o mercado português, Fundos de Ações mais velhos apresentam um melhor desempenho que Fundos de Ações mais novos.

Sendo esta uma variável controversa — tanto a nível teórico como a nível empírico — o impacto positivo verificado para Fundos de Ações vai de encontro às conclusões de Ferreira et al. (2013) para fundos não pertencentes aos Estados Unidos da América.

Dimensão. Esta característica apresenta um coeficiente negativo, tanto para Fundos

de Ações, como para Fundos de Obrigações, sendo apenas estatisticamente significativa para Fundos de Ações. Demonstro, assim, que Fundos de Ações mais pequenos têm uma vantagem no desempenho face a Fundos de Ações de maior dimensão, o que sugere a existência de deseconomias de escala no mercado português. Relativamente aos Fundos de Obrigações, não é possível obter conclusões decisivas sobre esta característica devido à inexistência de significância estatística.

As conclusões apresentadas na literatura académica sobre esta característica variam consideravelmente de estudo para estudo. No entanto, verifica-se uma certa tendência para se observar um efeito negativo em estudos focados no mercado norte-americano (Chen et al., 2004, Yan, 2008) e um impacto positivo em estudos a fundos europeus (Otten e Bams, 2002, Białkowski e Otten, 2001, Ferreira et al. 2013). Estas conclusões sugerem que os fundos norte- americanos já se encontram numa dimensão tal que aumentos propiciam deseconomias de escala, ao passo que os fundos europeus ainda poderão ter ganhos com o aumento da sua dimensão. As conclusões obtidas neste estudo não corroboram as verificadas pelos restantes estudos a fundos do mercado europeu divergindo dessa tendência.

Dimensão da Família. O coeficiente desta variável é positivo para ambos os tipos de

instrumentos financeiros, obtendo significância estatística apenas para Fundos de Obrigações. Assim, apesar de existirem indícios de que famílias de maior dimensão poderão propiciar melhores desempenhos também para os seus Fundos de Ações, apenas é possível confirmar esta afirmação para Fundos de Obrigações.

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Os resultados apresentados para os Fundos de Obrigações vão ao encontro dos argumentos teóricos e estudos empíricos sobre esta variável, tais como os apresentados por Chen et al. (2004) e Ferreira et al. (2013).20

Taxa Global de Custos. Esta variável apresenta um coeficiente positivo para Fundos de

Ações e negativo para Fundos de Obrigações não exibindo, no entanto, significância estatística em qualquer um dos casos. A afirmação de que a maiores taxas estão associados melhores desempenhos tem algum fundamento para Fundos de Ações mas a falta de significância estatística não permite confirmar a mesma. Para Fundos de Obrigações, é o outro argumento teórico que se nota mais evidentemente: maiores despesas simplesmente pioram o desempenho para o investidor. No entanto, o coeficiente obtido também não é estatisticamente significativo pelo que não é possível corroborar esta afirmação.

Comissões. Tal como para a variável anterior, o coeficiente das comissões é positivo

para Fundos de Ações e negativo para Fundos de Obrigações sendo que, neste caso, se observa significância estatística para Fundos de Obrigações. É então possível afirmar, para este instrumento financeiro, que a um valor mais elevado de comissões está associado um pior desempenho para o investidor, não justificando o montante exigido ao mesmo. Estes resultados foram já documentados por Carhart (1997) e Pollet e Wilson (2008).

Fluxos Monetários. O coeficiente dos fluxos monetários é positivo, tanto para Fundos

de Ações, como para Fundos de Obrigações, mas em nenhum caso obtém significância estatística. Dessa forma, apesar de existirem alguns indícios da existência do fenómeno smart money, a ausência de significância estatística não o permite confirmar.

Turnover. Esta característica apresenta coeficientes de reduzida magnitude e

estatisticamente não diferentes de zero, pelo que posso afirmar que a mesma não causa qualquer impacto no desempenho dos fundos portugueses, quer de Ações, quer de Obrigações. Estes resultados são consistentes com os estudos de Dahlquist et al. (2000), Chen et al (2000) e Wermers (2000), que também demonstram que esta característica não influencia, de qualquer forma, o desempenho dos fundos.

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Apesar de os autores citados estudarem fundos de ações, a pouca literatura empírica sobre os determinantes do desempenho de fundos de obrigações força a que este tipo de comparação seja necessário.

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É então possível afirmar que cinco das oito características analisadas têm, de alguma forma, influência no desempenho dos fundos de investimento portugueses. Resumindo os resultados obtidos, concluo que o desempenho dos Fundos de Ações é positivamente afetado pela sua idade e negativamente afetado pela sua dimensão, não sendo observável qualquer tipo de persistência do desempenho.

Já para os Fundos de Obrigações, o seu desempenho é afetado positivamente pela dimensão da família a que pertencem e negativamente por desempenhos transatos negativos e pelo montante de comissões cobradas ao investidor.