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ÁREAS DE ESTUDO, SOLOS SELECIONADOS E MÉTODOS DE TRABALHO

CAPÍTULO 3 Características gerais das áreas

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Figura 3.1 - Localização das áreas estudadas. 1: área dos tabuleiros costeiros no estado de

Alagoas; 2: área da depressão sertaneja no Estado de Alagoas; e 3: área da depressão sertaneja no Estado de Pernambuco.

Nessas seqüências podem ser observados Argissolos Amarelos/Espodossolos, Argissolos Acinzentados/Espodossolos ou Argissolos Amarelos/Argissolos Acinzentados/Espodossolos. Ainda no topo dos tabuleiros, no contexto da região estudada, raramente ocorrem Plintossolos ou Neossolos Quartzarênicos.

Nas bordas das linhas de drenagem, no terço superior das encostas, onde comumente ocorrem Latossolos Amarelos e/ou Argissolos Amarelos intermediários para latossolos, é comum a presença de áreas com concreções ferruginosas. Porém, em posição de terço médio a inferior, em geral, ocorrem solos tipo Argissolos Amarelos, Argissolos Vermelho-Amarelos e, com menor freqüência, Latossolos Amarelos e Plintossolos. Com muito baixa expressão, também podem ocorrer Argissolos Amarelos com horizontes cimentados.

Depressão sertaneja. Nesta região, onde predominam as formações de caatinga mais

secas, verificam-se extensas áreas de pediplanos com relevos planos a suavemente ondulados

1

2

3

PE

AL

19 contendo algumas partes com relevo pouco movimentado. Neste contexto, esparsadamente ocorrem áreas elevadas constituindo serras, serrotes e inselbergs.

Nas superfícies de pediplanos, são observadas extensas áreas com seqüências de solos contendo Planossolos, Neossolos Litólicos e Luvissolos. Estes solos ocorrem em diversas proporções, sendo as mudanças de uma classe para outra, normalmente, em curtas distâncias, às vezes em poucos metros. Outros padrões de área vigente nesse contexto de paisagem são as superfícies arenosas intimamente relacionadas com ambientes de rochas graníticas e similares. Nessas superfícies destacam-se solos da classe dos Neossolos Regolíticos comumente associados com solos das classes dos Planossolos e/ou Neossolos Litólicos. Nos Neossolos Regolíticos, assim como em Planossolos, é comum aparecerem horizontes cimentados em diversos graus.

Nas serras, serrotes e outros tipos de elevações residuais, comumente ocorrem Neossolos Litólicos, Argissolos Vermelho-Amarelos, Cambissolos e áreas significativas com afloramentos rochosos.

CLIMA

O clima é um dos fatores mais ativos no processo de intemperização das rochas e na formação dos solos. Neste estudo, a caracterização focaliza o regime de chuvas e de temperatura, assim como leva em conta informações de balanço hídrico. A caracterização teve como base dados vigentes em SUDENE (1990a, b), BRASIL (1983) e NIMER (1989).

Chuvas

Zona úmida costeira. As principais características desta zona, onde predominam as

formações florestais, são: (1) precipitações médias anuais na faixa de 1.000 a 2.000 mm; (2) distribuição pluviométrica com um período chuvoso de março a agosto. O período de escassez de chuvas, inclusive com déficit hídrico, ocorre entre setembro e fevereiro (Figura 3.2 A e B). O trimestre mais chuvoso corresponde aos meses de maio, junho e julho; e o mais seco, aos meses de outubro, novembro e dezembro.

Zona da depressão sertaneja. É uma das zonas mais secas da região do semi-árido, pois

abrange predominantemente o ambiente do sertão. Nesta zona, predominam as formações

vegetais denominadas de caatinga hiperxerófila, por vezes englobando áreas com domínios da caatinga hipoxerófila. As chuvas, além de escassas, com uma média anual na faixa de 400 a 700 mm, ocorrem com grande irregularidade. O período das chuvas situa-se entre dezembro e maio, sendo o trimestre mais chuvoso nos meses de fevereiro, março e abril. Fica, portanto, a maior parte do ano em condições secas, com déficit hídrico muito acentuado (Figura 3.2 C e D).

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A B

C D

Figura 3.2 - Precipitação média mensal na zona úmida costeira, Estado de Alagoas (A e B) e na zona

da depressão sertaneja, entre os Estados de Alagoas e Pernambuco (C e D). Período de observação: 47 anos no posto Coruripe (A); 23 anos no posto Teotônio Vilela (B); 22 anos no posto Carqueja (C); e 45 anos no posto Delmiro Gouveia (D).

Temperatura

Apesar das diferenças ambientais acentuadas entre a zona úmida costeira e a depressão sertaneja, as temperaturas médias anuais são relativamente similares. Na zona úmida costeira, a média situa-se em torno de 25 oC com uma pequena oscilação térmica, ao redor de 6 a 8 oC. Na

Precipitação m édia m ensal (Posto Coruripe - AL)

0 50 100 150 200 250 300 J F M A M J J A S O N D Mês Preci pi tação (m m )

Precipitação m édia m ensal (Posto Teotônio Vilela - AL)

0 50 100 150 200 250 300 J F M A M J J A S O N D Mês Preci p it ação (m m )

Precipitação m édia m ensal (Posto Carqueja - PE)

0 50 100 150 200 250 300 J F M A M J J A S O N D Mês Precipitação (mm)

Precipitação m édia m ensal (Posto Delm iro Gouveia - AL)

0 50 100 150 200 250 300 J F M A M J J A S O N D Mês Preci pi tação (m m )

21 depressão sertaneja, a média gira em torno de 26 oC, tendo uma oscilação térmica na faixa de 6 a 12 oC.

Balanço hídrico

Zona úmida costeira. O balanço hídrico, isto é, a contabilidade da água disponível no

solo, revela que mesmo na zona úmida costeira, onde as precipitações médias anuais são elevadas (1.000 a 2.000 mm), ocorrem épocas com déficit hídrico. Isto se deve ao regime de distribuição das chuvas e da condição de evapotranspiração potencial muito elevada, da ordem de 1.200 a 1.400 mm por ano. A deficiência hídrica varia na faixa de 100 a 350 mm e ocorre no período de novembro a fevereiro. Por outro lado, o excedente hídrico médio anual varia na faixa de 200 a 800 mm no período de março a agosto.

Zona da depressão sertaneja. Nesta zona, que é uma das mais secas do ambiente semi-

árido (precipitação média anual na faixa de 400 a 700 mm), a evapotranspiração potencial atinge valores da ordem de 1.100 a 1.300 mm e, portanto, tem-se condições de déficit hídrico praticamente durante todo ano. Evidentemente que na época de ocorrência das pancadas de chuva mais intensas por certo ocorrem poucos dias com excedentes hídricos, o que em geral não é refletido pelas médias mensais.

GEOLOGIA

Em função das informações bibliográficas consultadas (DANTAS, 1980; BRASIL, 1972; BRASIL, 1983), bem como das observações de campo, foi elaborada uma esquematização da geologia das áreas estudadas (Quadro 3.1).

Terciário

Está representado pelo Grupo Barreiras, o qual se estende pela faixa sedimentar costeira paralelamente ao litoral. Limita-se do lado leste com os sedimentos quaternários da planície costeira e, do lado oeste, com rochas do Pré-Cambriano. Constitui os sedimentos que formam os tabuleiros costeiros, morfologicamente muito uniformes, porém com grande variação quanto à granulometria.

No Estado de Alagoas, os tabuleiros costeiros atingem uma largura máxima em torno de 80 km. Compreendem estratificações praticamente horizontais com sedimentos de natureza variada, desde areias até argilas e, por vezes, incluindo cascalhos, leito de seixos rolados e arenitos. Em camadas mais inferiores, são encontradas argilas de coloração arroxeada e/ou cinzenta. Em camadas mais superiores, às vezes ocorrem concreções ferruginosas, especialmente nas bordas de vales.

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Quadro 3.1 - Geologia e solos correlacionados nas áreas estudadas PERÍODO UNIDADE LITOESTRATI-

GRÁFICA