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3. A ATIVIDADE PESQUEIRA

4.3. RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

4.3.1 Os recursos humanos: empresários e mão-de-obra empregada nas micro e

4.3.1.2 Características da mão-de-obra empregada

A amostra, com cerca de 1.200 pessoas empregadas nas micro e pequenas pesquisadas, revela as características dos recursos humanos nos aspectos de escolaridade, tipo de relação contratual de trabalho e qualidades julgadas relevantes pelos empresários. A escolaridade do pessoal ocupado é baixa, particularmente nas micro empresas em que cerca de 2/5 dos trabalhadores não possui o ensino fundamental completo. Tomadas em conjunto,

apenas 3,34% do pessoal possui curso superior completo, somente 13,75% possui o ensino médio completo e 63,8% tem o ensino fundamental completo (Tabela 24).

Tabela 24 – Grau de escolaridade da mão de obra empregada pelas MPEs (% acumulado) – 2003

Pesca Prepar. Pescado Constr. Barcos Grau de escolaridade

Micro Peq. Micro Peq. Micro Peq. Média

a

Pós-graduação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,90 1,90 Graduação completa 0,80 2,00 0,00 4,30 1,80 5,60 3,34 Ensino médio completo 7,40 17,00 4,60 12,30 17,10 23,30 13,75 Ensino fundamental completo 40,50 74,40 52,70 69,70 52,20 89,90 63,83 Fonte: Pesquisa de campo, 2003. Elaboração própria

a Média ponderada pelo número de empresas de cada segmento

Esta característica de baixa escolaridade pode estar relacionada ao tipo de aprendizagem informal predominante acima destacado. Comparando-se a escolaridade dos micro e pequenos empresários, apresentada na tabela 23, observa-se padrão semelhante no que tange ao ensino superior e pós-graduação. Mas, os empresários revelam maior escolaridade no ensino médio (51,9 contra 13,75%) e no ensino fundamental (85,2 contra 63,83%). A análise da escolaridade por segmento de atividade mostra que há um nível de escolaridade um pouco mais alto no segmento de construção e reparação de embarcações.

Outra característica relevante do pessoal ocupado no arranjo diz respeito à relação de trabalho (Tabela 25). A relação dominante é o contrato formal de trabalho, que predomina em mais de 70% nas empresas pesquisadas. Esse tipo de contrato, entretanto, pode ser acompanhado de remuneração variável de acordo com a produção, especialmente no segmento de pesca. Dois outros tipos de relação importantes são o “serviço temporário”, mais relevante nas micro empresas de pesca, e os contratos de serviços com trabalhadores autônomos (os terceirizados), com maior presença no segmento de reparos e construções de embarcações. Esses dois tipos de relação são utilizados por 22,5% dos trabalhadores nas micro e pequenas empresas entrevistadas. Por outro lado, a quase ausência de estagiários

mostra mais uma vez a baixa articulação do setor produtivo com o sistema formal de ensino. À exceção das micro-empresas do segmento de construção de barcos, a presença de trabalhadores familiares, sem contrato formal, é muito baixa (0,6% do total) na média do arranjo. Entretanto, considerando-se em conjunto com o número de sócios proprietários, o percentual torna-se mais expressivo (5,4% na média do arranjo e alcançando 12,5% no segmento de micro empresas de construção e reparação de embarcações).

Tabela 25 – Relação de trabalho declarada pelas MPEs (% em relação ao número total de pessoal ocupado) – 2003

Pesca Ind. Pescado Constr. Barcos

Relação de trabalho Micro Peq. Micro Peq. Micro Peq. Médiaa

Contratos formais 62,6 79,0 68,4 78,2 69,4 61,6 71,1

Serviço temporário 23,0 11,6 17,1 13,4 8,7 13,8 15,1

Terceirizados 6,4 6,8 8,2 2,8 9,4 13,8 7,4

Estagiário 0,3 0,0 0,6 0,6 0,0 7,8 1,0

Sócio proprietário 7,2 2,6 5,7 3,4 9,4 3,0 4,8

Familiares sem contrato formal 0,5 0,0 0,0 1,7 3,1 0,0 0,6

Total 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Pesquisa de campo, 2003. Elaboração própria

a Média ponderada pelo número de empresas de cada segmento

Um outro grupo de informações levantadas no questionário permite a classificação das características mais importantes dos trabalhadores, segundo o ponto de vista dos micro e pequenos empresários (Tabela 26). A característica destacada como mais importante foi a “disciplina”, com índice de 0,94 (quando o índice máximo é 1). Quatro outras características foram classificadas como de importância de média a alta, quais sejam: capacidade para aprender (índice de 0,89), criatividade (índice de 0,85), conhecimento prático/técnico (índice de 0,82) e flexibilidade (índice de 0,73). Por outro lado, as características de escolaridade formal no ensino fundamental, médio e superior foram classificadas em último lugar na escala de valores do conjunto de características dos trabalhadores sugerida na pesquisa.

Tabela 26 - Índice de importânciaª de características do pessoal empregado nas MPEs – 2003 Pesca Ind. Pescado Constr. Barcos

Características

Micro Peq. Micro Peq. Micro Peq. Médiab

Disciplina 0,98 0,93 1 1 0,82 0,8 0,94

Capacidade p/ aprender 0,89 0,92 0,94 0,9 0,84 0,8 0,89

Criatividade 0,89 0,85 0,54 1 0,92 0,8 0,85

Conhecimento prático/ técnico 0,85 0,68 0,79 0,9 0,92 0,65 0,82

Flexibilidade 0,74 0,61 0,63 1 0,78 0,8 0,73

Escolaridade 1° e 2° graus 0,55 0,33 0,36 0,38 0,34 0,45 0,44 Escolaridade nível superior 0,52 0,33 0,21 0,45 0,31 0,45 0,41 Fonte: Pesquisa de campo, 2003. Elaboração própria

ª Valores entre zero e 1, onde zero significa importância nula, 0,3 é baixa, 0,6 é média e 1 é alta

b Média ponderada pelo número de empresas de cada segmento

Há pequenas variações nesse ranking se analisarmos subgrupos de empresas, a considerar o segmento produtivo, ou o tamanho da empresa. Assim, o conhecimento prático/técnico e a criatividade são as características mais relevantes segundo as micro empresas de construção e reparação de embarcações, ao passo que a disciplina foi apontada como de importância máxima (índice 1) pelas micro e pequenas empresas de beneficiamento de pescado.

Com relação ao grau de importância das atividades de treinamento e capacitação dos recursos humanos durante o triênio 2000/2002, a pesquisa apresentou resultados surpreendentes e preocupantes, com a imensa maioria das MPEs alegando não serem estas atividades de ensino relevantes para a sua empresa. Para as micro empresas, apenas 2,7% acreditam que os treinamentos em cursos técnicos realizados no arranjo são de alta importância; enquanto que 5,4% argumentaram que o treinamento, no interior da empresa, tem média importância. Os outros tópicos apresentados no questionário foram considerados 100% irrelevantes para as empresas (Tabela 27).

As pequenas empresas apresentaram resultados um pouco melhores quando comparados com os micro empreendimentos, entretanto, pequenos se considerarmos a necessidade constante de melhorar a eficiência e, conseqüentemente, a produtividade da mão- de-obra empregada. O melhor resultado explicitado na pesquisa foi o grau de importância da

contratação de técnicos/engenheiros de outras empresas do arranjo que foi considerada altamente importante por 11,7% dos entrevistados e de baixa importância por 5,9%. Por outro lado, a implantação de estágios em empresas do grupo obteve o pior resultado, considerada 100% irrelevante.

Tabela 27 – Grau de importância das atividades de treinamento e capacitação dos recursos humanos no período 2000/2002 - (em %) – 2003

Micro Pequena

Tipo de atividade

Nula Baixa Média Alta Nula Baixa Média Alta Treinamento em cursos técnicos realizados no

arranjo 94,6 2,7 0,0 2,7 88,2 5,9 0,0 5,9

Treinamento na empresa 94,6 0,0 5,4 0,0 94,1 0,0 0,0 5,9

Contratação de técnicos/engenheiros de outras

empresas do arranjo 100,0 0,0 0,0 0,0 82,4 5,9 0,0 11,7

Absorção de formandos dos cursos técnicos

localizados no arranjo ou próximo 100,0 0,0 0,0 0,0 88,2 5,9 0,0 5,9 Treinamento em cursos técnicos fora do arranjo 100,0 0,0 0,0 0,0 94,1 0,0 0,0 5,9 Estágios em empresas fornecedoras ou clientes 100,0 0,0 0,0 0,0 94,1 0,0 0,0 5,9 Contratação de técnicos/engenheiros de empresas

fora do arranjo 100,0 0,0 0,0 0,0 94,1 0,0 5,9 0,0

Absorção de formandos dos cursos universitários

localizados no arranjo ou próximo 100,0 0,0 0,0 0,0 94,1 0,0 5,9 0,0 Estágios em empresas do grupo 100,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 Fonte: Pesquisa de campo, 2003. Elaboração própria