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Aplicação da escória de aciaria na Europa

ESCÓRIA

2.16 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ESCÓRIA DE ACIARIA

É imperativo frisar que a normatização ambiental, vigente em nosso país, capitaneada pela Constituição Federal de 05 de outubro de 1988, através do art. 225 e do art. 23, incisos VI e VII, conjugado com as Leis Federais: Lei n. 9605 de 12/02/1998 (Lei de crimes ambientais), Lei n. 6938 de 31/08/1981 (Lei da política nacional do meio ambiente) e Lei n. 6902 (dispõe sobre a criação de estações ecológicas e área de proteção ambiental). Estas duas últimas leis (n. 6938 e n. 6902) foram regulamentadas pelo Decreto n. 99274 de 06/07/1990, instituindo e estruturando o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), bem como, as suas atribuições.

O SISNAMA ficou constituído conforme infradiscriminado: 1. Órgão superior: Conselho de Governo;

2. Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional de meio Ambiente (CONAMA);

3. Órgão central: Secretaria do Meio Ambiente da presidência da República (SEMAN/PR);

4. Órgão executor: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA);

5. Órgãos seccionais: os órgãos ou entidades da administração pública federal direta e indireta, as fundações instituídas pelo poder público cujas atividades estejam associadas às de proteção ambiental da qualidade ambiental ou aquelas de disciplinamento do uso de recursos ambientais, bem como os órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;

6. Órgãos locais: órgãos ou entidade municipais responsáveis pelo controle e fiscalização das atividades referenciadas no inciso anterior, nas suas respectivas jurisdições.

O Decreto n. 99.274, em seu art. 7º, inciso II, delega competência ao CONAMA para baixar normas de sua competência, necessárias à execução e implementação da Política Nacional De Meio Ambiente. Dentre diversas normas jurídicas, referentes ao meio ambiente, editadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, salientamos a que dispõe sobre o inventário nacional de resíduos sólidos industriais (Resolução CONAMA 313/2002). Com referência as normas técnicas (ambientais) citamos:

1. NBR 10004 (ABNT, 2004) – Resíduos sólidos, classificação dos resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados.

2. NBR 10005 (ABNT, 2004) – Lixiviação de resíduos – Procedimento. 3. NBR 10006 (ABNT, 2004) – Solubilização de resíduos – Procedimento.

Segundo a norma NBR 10004 (ABNT, 2004), os resíduos podem ser classificados: a) resíduos classe I – perigosos;

a) resíduos classe II – não perigosos; b) resíduos classe IIA – não inertes; c) resíduos classe IIB – inertes.

Todos os resíduos ou substancias, listados pela NBR 10004 (ABNT, 2004), recebem uma codificação (seguida de três dígitos). Os resíduos perigosos codificados pela referida norma, iniciados com a letra F são originados de fontes não específicas, iniciados com a letra K são originados de fontes específicas; aqueles resíduos perigosos classificados pelas suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogênica, são classificados conforme a seguir:

a) inflamável – D001; b) corrosivo – D002; c) reativo – D003; d) patogênico – D004.

Os resíduos que forem considerados tóxicos pelo ensaio de lixiviação, norma NBR 10005 (ABNT, 2004), são codificados como D005 e D052, e são identificados como perigosos. As substancias que, devido a sua presença, conferirem periculosidade aos resíduos, recebem os códigos identificados pelas letras P e U, e serão adotados para codificar os resíduos, classificados como perigosos devido a sua característica de toxidade. Os resíduos sólidos, ou misturas de resíduos, classificados como perigosos - classe I: são todos aqueles resíduos, ou misturas de resíduos que apresentarem características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenia e também, aqueles que mesmo não apresentando estas características supracitadas, estiverem codificados pela NBR 10004 (ABNT, 2004), como perigosos, com a letra inicial da codificação F e K; são aqueles que apresentam riscos a saúde pública ou ao meio ambiente, quanto ao seu manuseio, transporte ou mesmo quando acondicionados ou dispostos de maneira incorreta. Os resíduos, ou misturas de resíduos, classificados como não perigosos – classe II, são os que não se enquadrarem como classe I, ou seja, não são inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos ou patogênicos, além disso, não constam da classificação da NBR 10004, (ABNT, 2004) como produtos perigosos, com o código de identificação com a letra inicial F e K, se subdividem em classe IIA e classe IIB. Os resíduos ou misturas de resíduos classificados como: não inerte – classe IIA: são aqueles que não são classificados como perigosos (classe I) e também não se enquadram como classe IIB – inertes, possuem constituintes solubilizados em concentração superiores ao estipulado na norma NBR 10006 (ABNT, 2004) – Procedimento para

obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Os resíduos não inertes – classe IIA podem ter propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Os resíduos casse IIB – inertes são os resíduos que, quando amostrados de maneira representativa, norma NBR 10007 (ABNT, 2004) e submetidos a um contato dinâmico e estático com a água destilada ou deionizada, a uma temperatura ambiente, conforme prescrição da norma técnica NBR 10006 (ABNT, 2004), não tiver nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme os padrões definidos pela NBR 10004 (ABNT, 2004) para o ensaio de solubilização (limite máximo no extrato, em miligrama por litro).

2.16.1 Ensaios de lixiviação e solubilização da escória de aciaria LD

Conforme exposto anteriormente a NBR 10004 (ABNT, 2004), estabelece critérios para a classificação dos resíduos sólidos e a definição dos códigos para identificação destes resíduos, para que os mesmos possam ter manuseio e destinação adequada, precavendo- se dos riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública. O ensaio de lixiviação de resíduos, norma NBR 10005 (ABNT, 2004) consiste na separação de certas substâncias inorgânicas contidas nos resíduos industriais por meio de lavagem ou percolação. O ensaio de solubilização de resíduos, norma NBR 10006 (ABNT, 2004) institui procedimentos através da fixação dos requisitos exigíveis para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Desta forma, conforme a análise química (substâncias inorgânicas) das amostra representativa do resíduo, depois de dissolvido em água deionizada ou destilada e filtrada, diferencia-se os resíduos conforme a classificação da NBR 10004 (ABNT, 2004) como resíduos não inertes ou inertes.

Assim sendo, pode-se concluir pelos resultados oriundos dos ensaios de: lixiviação (Tabela 2.18) e solubilização (Tabela 2.19), realizados por Souza (2007), utilizando amostras (ME1) de escória de aciaria LD da USIMINAS que a mesma não é perigosa, porém não é inerte, recebendo a classificação: Classe II A (não perigoso – não inerte), por apresentar teor de alumínio na amostra solubilizada, acima do limite máximo permitido.

Tabela 2.18 – Ensaio de lixiviação - escória de aciaria LD/USIMINAS (SOUZA, 2007). PARÂMETRO LINITE MÁXIMO

PERMITIDO (mg/L) RESÍDUO LIXIVIADO (mg/L) CONCENTRAÇÃO NO

Arsênio 1,0 < 0,01 Bário 70,0 < 0,005 Cádmio 0,5 < 0,001 Chumbo 1,0 < 0,01 Cromo total 5,0 < 0,01 Fluoretos 150,0 3,70 Mercúrio 0,1 < 0,0002 Prata 5,0 < 0,01 Selênio 1,0 < 0,01

Tabela 2.19 – Ensaio de solubilização - escória de aciaria LD/ USIMINAS (SOUZA, 2007). PARÂMETRO LIMITE MÁXIMO (mg/L) CONCENTRAÇÃO ME1 (mg/L)

Arsênio 0,01 < 0,01 Bário 0,70 0,06 Cádmio 0,005 < 0,001 Chumbo 0,01 < 0,01 Cianeto 0,07 < 0,01 Cromo total 0,05 < 0,01 Fenóis totais 0,01 < 0,001 Fluoretos 1,50 1,0 Mercúrio 0,001 < 0,0002 Nitrato 10,0 < 0,05 Prata 0,05 < 0,01 Selênio 0,01 < 0,01 Alumínio 0,20 0,61 Cloreto 250,0 < 2,0 Cobre 2,0 < 0,01 Ferro 0,3 < 0,05 Manganês 0,1 0,02 Sódio 200,0 11,80 Surfactantes 0,5 < 0,10 Sulfato 250,0 1,62 Zinco 5,0 < 0,01

A escória de aciaria LD analisada por este estudo, realizado por Souza (2007) em amostras provenientes da USIMINAS, encontra-se em condições de ser utilizada nas pavimentações rodoviárias. E importante frisar que se trata do mesmo material utilizado para a confecção da camada de base nos segmentos estudados do trecho da MG-232, onde empregou-se a escória de aciaria pura e com adição de argila.

2.17 METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DO MR "MÓDULO DE