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A sociedade contemporânea caracteriza-se por mutações profundas sem precedentes a todos os níveis, fruto de uma evolução radical de valores, saberes e percepções do mundo, em que é particularmente assinalável a influência de um conjunto de efeitos e tendências associadas à aceleração do progresso científico e tecnológico no domínio da informação (Varajão e Amaral, 2007).

Os últimos anos têm sido decisivos para a formação desta conjuntura a nível mundial, sendo particularmente assinalável a influência de um conjunto diversificado de efeitos e tendências associadas à aceleração do progresso científico e tecnológico no domínio da informação. De facto, num contexto global de dinamismo e mutabilidade crescentes, em rapidez e intensidade, a permanente revolução tecnológica, as novas redes de comunicação, o cenário de globalização, são apenas alguns dos condutores fundamentais que marcam a “Era da Informação e do Conhecimento” e provocam uma permanente revolução de valores, saberes e percepções em praticamente todas as áreas do conhecimento humano (Varajão, 2005).

Na “Era da Informação e do Conhecimento”, como a própria designação indica, a informação é o recurso estruturador da nova sociedade emergente. O conhecimento assume-se como um bem de valor instrumental. Tornando-se as pessoas, a informação e o conhecimento os principais activos que diferenciam as organizações, o sucesso é, cada vez mais, resultado da capacidade de gestão dos mesmos (Gonçalves, 2005).

As TIC, em permanente e rápida evolução, tornam-se assim determinantes para a condução e posicionamento competitivo de praticamente qualquer organização, transformando definitivamente a sua realidade e a própria essência dos seus negócios.

Perante o seu grande potencial, as organizações lideram o desenvolvimento e aplicação das TIC, quer através da optimização do seu funcionamento interno, quer

induzindo alterações a nível do negócio, capitalizando o desenvolvimento das TIC para se tornarem mais dinâmicas e com maior capacidade de inovação em resposta à mudança dos mercados (Pires, 2001; Gonçalves, 2005).

Em Portugal, a consciência dos desafios e das oportunidades que a “Era da Sociedade da Informação e do Conhecimento” encerra têm igualmente vindo a ganhar importância e significado (MSI, 1997). Inicialmente com a criação da Unidade de Missão Inovação e Conhecimento que deu origem à actual UMIC (Agência para a Sociedade do Conhecimento)2 que é o organismo público português

com a missão de coordenar as políticas para a sociedade da informação e mobilizá-la através da promoção de actividades de divulgação, qualificação e investigação. A missão da UMIC foi reforçada com o lançamento do plano tecnológico, cujos eixos principais são o conhecimento, a tecnologia e a inovação (Plano Tecnológico, 2005).

Apesar das TIC se constituírem, reconhecidamente, como instrumentos poderosos e imprescindíveis para a sobrevivência e evolução de qualquer organização, a sua simples adopção não é garante da obtenção de resultados positivos ou de vantagens competitivas, não havendo uma relação directa entre a sua adopção e a obtenção de retorno, dependendo a concretização deste último do modo como são utilizadas as tecnologias disponíveis (Li, 1995; Strassmann, 1997; Luftman, 2007).

O aparecimento das TIC e da Internet como condutores da actividade económica acelerou a inovação tecnológica, aumentou a procura de “trabalhadores do conhecimento” (knowledge workers), despoletou mais capital de risco para a formação de novos negócios neste sector e acelerou a inovação tecnológica (Amor, 2000). Como consequência, uma taxa crescente de activos das empresas está embebido em várias formas de conhecimento.

A Internet consolidou-se como uma plataforma tão poderosa que mudou a forma como se fazem negócios, mas também a própria forma de comunicar. Tornou- se numa origem universal de informação para milhões de pessoas, em casa, na escola e no trabalho. O crescimento do número de utilizadores da Internet continua exponencial, prevendo-se para 2010 que haja 1650 milhões de utilizadores, contra os 361 milhões de utilizadores em 2000 (Internet World Stats, 2008).

2 www.umic.pt

Uma das primeiras organizações a usar o termo negócio electrónico foi a IBM, em 1997. Até então, o termo que representava esta temática era o de comércio electrónico. Esta troca de termos significou também uma mudança no paradigma: até esta altura, vender era a única experiência que as pessoas podiam ter na Web em termos de negócios. O negócio electrónico, que a IBM define como “uma proposta segura, flexível e integrada para distribuir valores de negócio diferenciados através da combinação de sistemas e processos que dirigem as operações centrais do negócio com a simplicidade e alcance tornados possíveis pela tecnologia da Internet”, consiste em usar a conveniência, a disponibilidade e o alcance mundial da Internet para engrandecer negócios/empresas já existentes ou criar novos negócios virtuais (Laudon e Traver, 2006). O comércio electrónico passa a ser um dos componentes do negócio electrónico como o correio electrónico, o marketing electrónico, entre outros.

O impacto do comércio electrónico aconteceu por fases. Na sua primeira fase (1994-1997), o comércio electrónico não era mais do que uma presença na Internet. As pessoas sabiam que deviam ter uma presença online, mas não sabiam ao certo porquê. A segunda fase (1997-2000), o comércio electrónico tinha a haver com transacções – compras e vendas através de meios digitais. Foi também no ano de 2000 que as valorizações da bolsa para as empresas dot.com começaram a entrar em colapso (Gonçalves, 2005). Desde 2000 que se entrou na terceira fase (2000-?), cujo foco é como é que a Internet pode ter impacto na rentabilidade, não só aumentado as receitas mas também as margens de lucro. Esta é a fase do negócio electrónico que inclui todas as aplicações e processos que permitem à organização servir as transacções do negócio. Como tal, o negócio electrónico não é somente efectuar transacções comerciais, ou comprar e vender através da Web, é acima de tudo uma redefinição da estratégia global dos modelos de negócio (Kalakota e Robinson, 2001).

As características únicas dos mercados virtuais, nomeadamente a remoção das barreiras físicas e geográficas, a possibilidade dos fluxos de informação se poderem também efectuar dos consumidores para os vendedores, o facto de estar disponível muita informação e se desenvolverem novas técnicas de canal tornam as possibilidades de inovação infindáveis. O rápido desenvolvimento tecnológico

juntamente com o crescimento do negócio electrónico dá lugar a inúmeras oportunidades de criação de riqueza. A novidade está directamente relacionada com a inovação e as inovações têm um grande potencial de criação de valor (Ferreira e Cunha, 2006).

Atingir um elevado nível de maturidade do negócio electrónico é o desejável, significando isto, que o negócio electrónico estaria profundamente embebido em todos os aspectos da organização, tal como com todos os parceiros do negócio. No entanto, nem sempre o desejável é facilmente construído, por vezes é necessário avançar por etapas, ou estádios, devido a todo o tipo de constrangimentos, quer internos quer externos à própria organização.

Defendemos assim que a aferição dos constrangimentos é essencial para que as organizações possam suplantá-los e com isso, evoluir ao longo dos vários estádios. Através do conhecimento das ameaças que existem, podem utilizar os seus pontos fortes para as resolver.