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CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Mapa 19: Mapa síntese do terreno

4. INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A estruturação da cidade, constituída pelo seu traçado urbano e compreendida pela espacialidade das relações sociais nela existentes, tem nas ruas um dos seus principais elementos. Segundo L. CABRAL (2005), nestes espaços é possível identificar a dimensão da vida cotidiana presente em suas diversas formas: enquanto para alguns, a rua simplesmente é percebida como uma via de passagem, para outros, ela revela-se como palco de contínuos acontecimentos, formas de apropriações e temporalidades. Por meio dessa perspectiva, o capítulo que segue tem como objetivo apresentar a área de estudo da presente pesquisa, caracterizada pela Rua XV de Novembro, em Curitiba, um dos logradouros mais tradicionais e simbólicos da capital paranaense.

De acordo com dados do IBGE9 (2017), Curitiba apresenta um território 100%

urbanizado, com área de 435,036 km², contando com aproximadamente 1,9 milhão de habitantes, divididos em 75 bairros. Juntamente com sua Região Metropolitana, forma o conjunto de 29 Municípios que abrigam uma população de 3.223.836 milhões de pessoas, a oitava maior aglomeração urbana do país (COMEC, 2017). A cidade tem no setor terciário sua principal fonte econômica, abrigando diversos segmentos de comércio e prestação de serviços. Destaca- se também o setor secundário, com complexos industriais de grande porte, e a concentração da maior parte da estrutura governamental e de serviços públicos do Estado do Paraná (CHAVES, 2017). No mapa 4, observa-se a inserção da capital na superfície paranaense, bem como no seu contexto regional metropolitano.

Mapa 4: Inserção de Curitiba no Paraná e na R.M.C. Fonte: COMEC, com edição do autor

Desde a segunda metade do século XX, a cidade vem sendo reconhecida internacionalmente por suas políticas urbanas, colocando-a à frente das demais capitais brasileiras em questões de planejamento e proteção ambiental. Para FERNANDES (2011), Curitiba é considerada no país o “exemplo mais significativo de como o planejamento urbano pode gerar importantes benefícios para a qualidade de vida de seus habitantes”. Uma de suas inovações urbanas mais reconhecidas e copiadas compreende o Calçadão da Rua XV de Novembro, localizado na área central da cidade, que através de sua relevância e singularidade tornou-se um dos mais antigos e importantes marcos visuais na paisagem local, possibilitando diferentes vivências no âmbito do lazer e da cultura para seus frequentadores.

A via, antes aberta ao tráfego de veículos, já no início do desenvolvimento de Curitiba foi palco de grandes eventos e da concentração comercial. A Rua das Flores, como também é conhecida, caracteriza-se por ser um espaço aberto à circulação e um ponto de encontro de pessoas, apresentando-se como lugar de memórias, de debates, de manifestações artísticas e culturais. A sobreposição de períodos históricos carrega em sua imagem a identidade curitibana, motivo pelo qual sua paisagem foi tombada como patrimônio histórico e cultural do Estado. Como afirma NUNES (1993), “pelos seus caminhos, o curitibano não apenas transita, mas vive” a cidade.

Desde 1720, quando o Ouvidor Pardinho determinava para Curitiba as primeiras normas urbanísticas, já era a “Rua das Flores” o foco dos acontecimentos da cidade. Foi a primeira a ser calçada; recebeu os primeiros lampiões; depois iluminação a gás, macadame, paralelepípedo, asfalto. Foi denominada Rua das Flores, da Imperatriz, XV de Novembro; os primeiros prédios de 2, 3 e até 4 pavimentos foram ali construídos; começou a ser percorrida pelos bondes de burrico; o melhor comércio se localizava ali. Apareceram os cafés e a população (...) fez desta rua seu ponto de encontro. Depois o progresso: os altos edifícios, os automóveis aflitos, o congestionamento. Já quase não se podia conversar na calçada, fazer compras. Em maio de 1972, uma surpresa: surpresa: em 72 horas, numa operação relâmpago, a Rua XV, ponto mais central de Curitiba, foi transformada em um grande jardim, onde o tradicional footing pudesse ser feito novamente com tranquilidade (CASA DA MEMÓRIA).

Com o crescimento urbano da capital, acentuado principalmente a partir dos anos 1940, hoje a Rua XV de Novembro se estende além do Calçadão construído na década de 1970, e se articula até outro bairro da cidade, o Alto da Rua XV. No entanto, a área em que esta pesquisa se debruça corresponde ao trecho mais antigo existente do logradouro, compreendido pelo espaço público destinado exclusivamente aos pedestres, na região central de Curitiba. No Mapa 5, observa-se a Rua XV inserida no contexto geral da cidade.

Mapa 5: Inserção do Calçadão da Rua XV em Curitiba Elaborado pelo autor, com base do IPPUC.

Delimitado em suas duas extremidades pelas Praças Osório e Santos Andrade, o recorte da rua escolhido estende-se por cerca de 800 metros, ao longo de sete quadras no centro de Curitiba. Seu início está na confluência da Avenida Luiz Xavier com a Rua Voluntários da Pátria, também fechada ao tráfego de veículos. A partir da Praça Osório, o Calçadão segue oficialmente como Avenida Luiz Xavier até a confluência com a Travessa Oliveira Bello, quando então se inicia a Rua XV de Novembro, que se estende por mais cinco quadras até o encontro com a Rua Presidente Faria. No Mapa 6, pode-se observar o recorte específico da Rua XV, considerado para este estudo.

Mapa 6: Recorte específico do Calçadão da Rua XV de Novembro Elaborado pelo autor, com base do IPPUC.

4.2 A CONSTRUÇÃO DO LUGAR: CONTEXTO HISTÓRICO DA RUA XV DE