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6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra de conveniência da UCG do HBDF foi inicialmente formada por 91 pacientes avaliados no período pré-operatório, dos quais foram incluídos no estudo 66 pacientes, 30 do sexo feminino e 36 do sexo masculino.

Dos 25 pacientes excluídos, dois foram a óbito no pós-operatório imediato; um permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por complicação apresentada no intra- operatório; cinco pacientes não realizaram a cirurgia por adiamento; um recusou a realizar os testes solicitados após a cirurgia; um paciente foi submetido à relaparotomia; seis pacientes

tiveram alta antes de completar cinco dias de internação pós-operatória e nove pacientes foram excluídos por ter sido realizada cirurgia laparoscópica.

Para a seleção da amostra foram definidos os seguintes critérios de inclusão e exclusão:

Critérios de inclusão: Pacientes de ambos os sexos, independente da raça, classe ou

grupo social, com idade igual ou superior a 18 anos, consciente e lúcido, com capacidade de entender e realizar manobras e medidas fisioterapêuticas e candidatos à cirurgia abdominal alta eletiva (tubo digestivo e glândulas anexas) sob anestesia geral.

Critérios de exclusão: Foram excluídos os indivíduos fumantes, com doença pulmonar aguda ou crônica, obesidade, desnutrição, doenças osteoneuromusculares, pacientes submetidos à cirurgia de urgência, alteração da técnica cirúrgica no intra-operatório, necessidade de ventilação mecânica por tempo superior a 48 horas, reintervenção cirúrgica, cirurgia por via laparoscópica, pacientes com febre, sepse e estados infecciosos.

Os pacientes foram distribuídos em três grupos:

Grupo 1 ou Controle (n=24): os pacientes foram orientados a realizar inspiração

profunda e sustentada por 10 vezes.

Grupo 2 ou Padrão Ventilatórios (PV) (n=21): Os pacientes realizaram 10 vezes

padrões ventilatórios (inspiração profunda e sustentada), os quais denominamos de PV.

Grupo 3 ou Incentivador Inspiratório (Respiron*) (n=21): a técnica empregada foi a

de sustentação máxima da inspiração por meio de incentivador inspiratório (Respiron*), por 10 vezes. De acordo com a literatura, é recomendada a realização de sustentação máxima da respiração por 10 vezes a cada hora (CRAVEN, EVANS & DAVENPORT, 1972; BARTLETT, GAZZANIGA & GERAGHTY, 1973; JENKINS, SOUTAR & LOUKOTA, 1989).

Todos os participantes foram informados quanto à importância da tosse e orientados de como realizá-la após a cirurgia, bem como foram incentivados a realizar exercícios de membros superiores e inferiores e estimulados à deambulação precoce.

Os pacientes que atenderam os requisitos de inclusão participaram voluntariamente da pesquisa assinando o termo de consentimento livre e esclarecido. Eles foram informados sobre os objetivos, os procedimentos, os riscos e os benefícios do tratamento e sobre o caráter sigiloso dos dados do estudo, de acordo com as normas do CEP da UCB (Anexo I). Os indivíduos foram submetidos à avaliação fisioterapêutica que consistia de história clínica, exame físico, ventilometria e manovacuometria (Anexo II). Os Raios-x de tórax para controle de anormalidades pulmonares foram realizados no dia anterior à cirurgia.

A ventilometria foi utilizada para a obtenção das medidas de volume minuto (VM), volume corrente (VC), capacidade vital (CV). As medidas de força muscular respiratória (PImáx e

PEmáx) foram realizadas com um manovacuômetro. A ventilometria e a manovacuometria foram

realizadas antes e após o tratamento para os grupos 2 e 3.

6.4. Instrumentos utilizados

- Manovacuômetro aneróide da marca Ger-Ar® capaz de medir pressões positivas e negativas com alcance de –300 a +300 cmH2O, para a pressão inspiratória máxima (PImáx) e

pressão expiratória máxima (PEmax), para determinar a força dos músculos respiratórios.

FIGURA 1: Manovacuômetro

FONTE: Pesquisadora, 2006

- Ventilômetro digital da marca Ainca® para aferir volume minuto (VM), capacidade vital (CV) e volume corrente (VT).

FIGURA 2: Ventilômetro

FONTE: <http://www.ainca.com/newproducts.html>

- Bucais e clipe nasal (plástico).

FIGURA 3: Bucal FIGURA 4: Clipe nasal

- Cronômetro Polar™.

- Ficha de avaliação (Anexo II). - Estetoscópio Littmann™.

- Inspirômetro de incentivo com nome comercial Respiron* da marca NCS.

FIGURA 5: Incentivador inspiratório Respiron*

FONTE: <http://www.ncs.ind.br>

6.5. Procedimentos

Os pacientes dos três grupos foram submetidos à avaliação fisioterapêutica (pré-

operatório e pós-operatório) e a raios-X de tórax póstero-anterior (PA) no pré-operatório (AC). Todas as medidas de ventilometria e manovacuometria foram obtidas com o paciente na posição sentada e executadas pelo mesmo avaliador. Nos grupos que receberam tratamento, foram realizadas medidas no pré-operatório (AC), 24 horas após a cirurgia (AT) e após a realização do tratamento do primeiro ao quinto dia pós-operatório (DT). No G1, as medidas foram realizadas no pré-operatório, 24 horas após a cirurgia e do primeiro ao quinto dia pós-operatório. As técnicas foram explicadas a cada teste. Para se obter as medidas de PImax e PEmax, conectou-se o

manovacuômetro por bucal, com oclusão nasal. Para a medida de PImax, o paciente foi orientado

a realizar uma inspiração máxima contra a válvula ocluida a partir da capacidade residual funcional (CRF) (manobra de Muller). Para determinação da PEmax, o paciente realizou uma

expiração máxima a partir da capacidade residual funcional (CRF) contra a referida válvula (manobra de Valsalva). Para ambas as pressões, foram realizadas três manobras, com intervalo de 30 segundos entre os testes e o maior valor mantido registrado em cmH2O foi selecionado

(SILVA, RUBIN & SILVA, 2000; SOUZA, 2002).

Para aferição do volume minuto (VM), acoplou-se um clipe nasal e solicitou-se que o paciente respirasse tranquilamente durante um minuto com o ventilômetro na boca do paciente com um bucal. O volume corrente (VC) foi determinado pela divisão do volume minuto (VM) pela freqüência respiratória (fR). A capacidade vital (CV) foi obtida de forma lenta (CVL), em que foi solicitado ao paciente que realizasse uma inspiração máxima seguida de uma expiração máxima não forçada.

No G1 (grupo controle), os pacientes foram orientados a realizar inspiração profunda e sustentada por pelo menos três segundos. No G2, os pacientes realizaram padrões ventilatórios inspiração profunda e sustentada, por aproximadamente três segundos (WARD et al., 1966; PRYOR & WEBBER, 2002), por 10 vezes. Trata-se de um padrão ventilatório no qual se incrementa consideravelmente o tempo de apnéia pós-inspiratória, objetivando melhorar a difusão pulmonar. A inspiração deve ser nasal, lenta, suave com o mínimo esforço, até atingir a capacidade pulmonar total (CPT), seguindo-se uma apnéia variável de três segundos, no mínimo, para em seguida ocorrer à expiração pela boca, lenta, contínua e sem esforço, até atingir o volume de reserva expiratório máximo (REGENGA, 2000).

No G3, a técnica da sustentação máxima da inspiração por meio de incentivador inspiratório (Respiron*) descrita por BARTLETT, GAZZANIGA & GERAGHTY (1973) e

AZEREDO (2000). O paciente deve inspirar profunda e lentamente com seus lábios selados em torno do bucal do inspirômetro e motivado pelo retorno visual da bola alcançar uma marca pré- estabelecida no cilindro transparente do inspirômetro. O paciente esforça-se para gerar um fluxo pré-determinado e é incentivado a sustentar a respiração por três segundos na inspiração máxima (PRYOR & WEBBER, 2002). O procedimento foi realizado em duas séries de 05 inspirações, ou seja, 10 inspirações máximas sustentadas. Foi realizada a técnica uma vez ao dia, com orientação do fisioterapeuta, desde o primeiro até o quinto dia pós-operatório.

Em todos os grupos, a tosse assistida foi realizada sempre que houve a necessidade do paciente expectorar. A tosse assistida manualmente ou compressão torácica caracteriza-se pela aplicação externa de pressão sobre a caixa torácica com expiração forçada. O paciente ficou em posição supina e o fisioterapeuta colocou o antebraço ao longo da porção abdominal superior do paciente e a outra mão no lado oposto do tórax comprimindo e estabilizando no momento em que o paciente tossir (SCANLAN, WILKINS & STOLLER, 2000).

Destaca-se, entretanto, que todos os grupos foram orientados a executar exercícios de membros superiores e inferiores e incentivados a deambulação precoce, com a finalidade de evitar transtornos circulatórios. Os pacientes foram acompanhados até o quinto dia pós-operatório e, caso não tivessem recebido alta, eram observados até o dia da alta, para se avaliar a quantidade de dias de internação hospitalar pós-operatória. Se o paciente apresentasse alguma queixa respiratória no pós-operatório, eram solicitados raios-x de tórax para excluir doença pulmonar.

6.6. Análise Estatística

Foi realizada análise descritiva de sexo, idade, peso e altura por meio de médias. Para a avaliação do tipo de incisão, foi utilizado o teste qui-quadrado. Para averiguar se os dados

encontravam-se de acordo com os pressupostos estabelecidos pela Análise de Variância (ANOVA), foram realizadas análises exploratórias dos dados.

Para avaliar se os grupos diferiam em relação ao Dias de Internação e Tempo de Cirurgia foram realizadas Análises de Variância do tipo One-Way, utilizando-se como Post Hoc os testes Tukey (para homogeneidade de variância) e Dunnett’C (para a não homogeneidade de variância).

Para avaliar se as variáveis independentes Grupos (G1, G2 e G3) e Tempo de Tratamento (AC, AT e DT) diferiam em relação às variáveis dependentes fR, VM, VC, CV, PImax

e PEmax, foram realizadas Análises de Variância do tipo Split Plot (3x3). As análises foram

7. RESULTADOS

A amostra foi constituída por 66 sujeitos, sendo 54,55% do sexo masculino, com faixa etária média de 49,44 (± 15,39) anos, peso médio de 62,77 (± 12,28) kg e estatura de 147,20 (± 49,44) cm.

Para avaliar a influência do Tipo de Incisão no tratamento pós-operatório, foi realizado o teste qui-quadrado. Foram divididos em dois Tipos de Incisão: a incisão abaixo do gradil costal foi denominada de subcostal (46,97%) e a incisão mediana abaixo do processo xifóide foi denominada de supraumbilical (53,03%). Para essa análise não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos (p=0,6067).

TABELA 1: Descrição do tipo de incisão entre os grupos

Grupos G1 G2 G3 Total Tipo de incisão n % n % n % n % subcostal 12 50 8 38,1 11 52,38 31 46,97 supraumbilical 12 50 13 61,9 10 47,62 35 53,03 Total 24 21 21 66

Legenda: G1: grupo1, G2: grupo 2, G3: grupo 3; n: número de pacientes. Teste qui-quadrado: p=0,6067

Para averiguar se os dados encontravam-se de acordo com os pressupostos estabelecidos pela Análise de Variância (ANOVA), foram realizadas análises exploratórias dos dados. Não foram encontrados casos faltosos e a normalidade das variáveis foi avaliada por grupo (G1 = controle, G2 = padrão ventilatório (PV) e G3 = incentivador inspiratório (Respiron*)). As variáveis Dias de Internação, Capacidade Vital antes do tratamento (CVAT) (para o G1), Pressão

Inspiratória Máxima antes do tratamento (PImax AT) (para os grupos G3, G2 e G1), Pressão

Inspiratória Máxima depois do tratamento (PImax DT) (para o G1) e Pressão Expiratória Máxima

antes do tratamento (PEmaxAT) (para o grupo G1) apresentaram desvios de normalidade, os quais

foram normalizados corrigindo os valores discrepantes para valores extremos mais 1, no caso de valores discrepantes superiores e valores extremos menos 1, no caso de valores discrepantes inferiores.

Para avaliar se os grupos diferiam em relação ao Dias de Internação e Tempo de Cirurgia foram realizadas Análises de Variância do tipo One-Way, utilizando-se como Post Hoc os testes Tukey (para homogeneidade de variância) e Dunnett’C (para a não homogeneidade de variância). Para a variável Tempo de Cirurgia não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos [F(2,63) = 0,84; p = 0,44], mas para a variável Dias de Internação encontrou-se diferenças significativas [F(2,63) = 7,79; p = 0,001], sendo que o que o G1 (13,87 ± 9,50) difere do G2 (6,52 ± 1,78) e G3 (9,14 ± 4,51).

Para avaliar se as variáveis independentes Grupos (G1, G2 e G3) e Tempo de Tratamento (AC, AT e DT) diferiam em relação às variáveis dependentes Freqüência Respiratória (fR), Volume Minuto (VM), Volume Corrente (VC), Capacidade Vital (CV), Pressão Inspiratória Máxima (PImax ) e Pressão Expiratória Máxima (PEmax), foram realizadas

Análises de Variância do tipo Split Plot (3x3).

Para a variável fR foi encontrada diferença significativa em relação ao Tempo de Tratamento [F(2,62) = 13,63; p = 0,001], sendo que o Tempo de Tratamento AT (19,36 ± 0,68) difere significativamente dos tempos AC (15,78 ± 0,42) e DT (16,17 ± 0,49), mas os tempos AC e DT não diferem significativamente entre si.

Para a variável VM foi encontrado efeito significante na interação entre as variáveis Grupos e Tempo de Tratamento [F (4, 124) = 3,99; p = 0,004]. O gráfico 1 abaixo apresenta a relação entre as variáveis Grupos e Tempo de Tratamento.

Legenda: AC: antes da cirurgia, AT: antes do tratamento, DT: depois do tratamento.

O gráfico acima apresenta a relação das variáveis Tempo de Tratamento disposta no eixo X (1 = AC, 2 = AT e 3 = DT) e os Grupos (linhas). As análises dos efeitos simples permitiram verificar que as diferenças encontram-se nos Tempos de Tratamento AC (sendo que o G3 (16,96 ± 5,58) apresentou diferença significativa em relação aos grupos G1 (13,08 ± 4,80) e G2 (12,30 ± 5,42), mas os G1 e G2 não diferiram entre si) e DT (sendo que o G3 (18,61 ± 6,16) apresentou diferença significativa em relação aos grupos G1 (13,31 ± 5,66) e G2 (16,05 ± 4,70), mas os G1 e G2 não diferiram entre si).

*

AC AT DT

A análise da variável VC demonstrou haver interação entre as variáveis Grupos e Tempo de Tratamento [F(4, 126) = 3,49; p = 0,01]. O gráfico 2 abaixo apresenta a relação entre as variáveis independentes analisadas.

Os resultados demonstraram que a diferença encontra-se no momento DT, onde o G1 (0,78 ± 0,24) difere significativamente dos grupos G2 (1,10 ± 0,25) e G3 (1,13 ± 0,25), mas os grupos G2 e G3 não diferem significativamente entre si.

Legenda: AC: antes da cirurgia, AT: antes do tratamento, DT: depois do tratamento.

Em relação à variável CV foi encontrada diferença significativa [F(4,124) = 10,94; p = 0,001] na interação entre as variáveis independentes Grupos e Tempo de Tratamento. Análises dos efeitos simples revelaram que a diferenças encontra-se no tempo DT, sendo que o grupo G1 (1,97 ± 0,60) diferiu significativamente dos grupos G2 (2,95 ± 0,86) e G3 (3,01 ± 0,70),

AC AT DT

entretanto, os grupos G2 e G3 não diferiram significativamente entre si. O gráfico 3 abaixo apresenta a relação entre as variáveis independentes analisadas.

Legenda: AC: antes da cirurgia, AT: antes do tratamento, DT: depois do tratamento.

Para a variável PImax, as análises apresentaram diferenças significativas na interação

entre as variáveis Grupos e Tempo de Tratamento [F (4, 124) = 4,93; p = 0,001]. Análises posteriores revelaram que os grupos diferiram em relação aos Tempos de Tratamentos AT, (sendo que o G1 (25,21 ± 8,54) diferiu do grupo G3 (35,10 ± 16,03), mas os grupos G2 (32,62 ± 12,79) e G3 não diferiram significativamente entre si, assim como os grupos G1 e G2) e DT (sendo que o G1 (60,00 ± 25,66) diferiu do G3 (88,95 ± 37,63), mas o grupo G1 não diferiu do G2 (74,43 ± 19,43), assim como, o G2 não diferiu do G3. O gráfico 4 apresenta a interação existente entre as variáveis independentes.

*

Legenda: AC: antes da cirurgia, AT: antes do tratamento, DT: depois do tratamento.

Para a variável PEmax, as variáveis independentes apresentaram interação [F (4, 124) =

3,51; p = 0,009], sendo que a diferença encontra-se no Tempo de Tratamento DT, onde o G1 (67,83 ± 24,16) apresentou diferença significativa em relação ao G3 (86,90 ± 29,57), entretanto os grupos G2 (81,48 ± 23,68) e G3 e G1 e G2 não apresentaram diferenças significativas entre si.

AC AT DT

*

Legenda: AC: antes da cirurgia, AT: antes do tratamento, DT: depois do tratamento.

AC AT DT

8. DISCUSSÃO

Em nosso estudo, pode-se observar que os pacientes do grupo controle (G1) tiveram um tempo de internação hospitalar maior do que os pacientes do grupo padrão ventilatório (G2) e do grupo incentivador inspiratório (G3), sendo que o G2 apresentou o menor tempo de internação hospitalar. Entretanto, não foram observadas diferenças significativas do tempo de internação hospitalar entre os G2 e G3.

Os resultados encontrados podem indicar que os pacientes que realizaram tratamento fisioterapêutico no pós-operatório de cirurgia abdominal alta apresentaram vantagens em relação aos que não realizaram tratamento, tais como um menor tempo de internação hospitalar e rápida recuperação pós-operatória. Isso demonstra que as técnicas fisioterapêuticas padrão ventilatório (PV) e incentivador inspiratório (Respiron*) são eficazes no tratamento pós-operatório dos pacientes submetidos à cirurgia abdominal alta.

No presente trabalho, não foram observadas diferenças estatísticas entre as técnicas utilizadas quanto ao tempo de internação hospitalar, o que vai de acordo com o estudo de CELLI, RODRIGUEZ & SNIDER (1984). De acordo com ROUKEMA, CAROL & PRINS (1988); SOUZA et al. (2002), o uso de técnicas fisioterapêuticas é mais eficiente do que a não realização de qualquer terapia. Corroborando nossos achados, em que encontramos uma redução no tempo de internação hospitalar nos pacientes que fizeram fisioterapia. FERGUSON & DURKIN (2002) demonstraram, ainda, que o uso de técnicas fisioterapêuticas influencia no tempo de internação hospitalar dos pacientes submetidos à cirurgia abdominal alta, devido à redução nas complicações pós-operatórias e retorno mais rápido da função pulmonar.

Nossos achados mostraram uma diminuição das variáveis volume minuto (VM), volume corrente (VC), capacidade vital (CV), pressão inspiratória máxima (PImax) e pressão expiratória

máxima (PEmax) entre o pré-operatório (AC) e o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento

(AT) nos pacientes dos dois grupos pesquisados, assim como o aumento da freqüência respiratória (fR). A redução das variáveis pode ser justificada pela influência do ato cirúrgico, pois as cirurgias realizadas no abdômen superior são próximas ao diafragma e levam a disfunção dos músculos respiratórios, dor, limitação dos movimentos da caixa torácica e da cavidade abdominal durante a respiração. Segundo RAMOS et al. (2003), as cirurgias interferem diretamente na mecânica pulmonar e o principal fator determinante das alterações respiratórias é a proximidade do local cirúrgico com o diafragma.

Observamos, ainda, uma redução significativa do VM entre o pré-operatório (AC) e o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AT) em todos os grupos pesquisados, o que está de acordo com o estudo de CHIAVEGATO et al., 2000. No pré-operatório (AC), verificaram-se diferenças significativas do G3 em relação aos G1 e G2, porém não houve diferença significativa entre o G1 e G2. Os pacientes do G3 apresentaram VM maior no pré-operatório, o que pode ter influenciado os achados no quinto dia pós-operatório depois do tratamento (DT). Quanto à evolução do VC, houve uma diminuição significativa dos valores entre o pré-operatório (AC) e o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AT) nos pacientes do G2 e G3, o que está de acordo com o estudo de SIMONNEAU et al. (1983), que observou redução significativa do VC associada a um pequeno aumento da fR. PAISANI, CHIAVEGATO & FARESIN (2005) verificaram, no pós-operatório de gastroplastia, uma diminuição de 26% no VC entre o pré- operatório e o primeiro dia pós-operatório.

Houve também uma redução significativa dos valores da CV entre o pré-operatório (AC) e o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AC) em G1, G2 e G3. Da mesma forma, CHIAVEGATO et al. (2000) constataram uma diminuição de 36% entre o pré-operatório e o primeiro dia pós-operatório, e ainda, CRAIG (1981), que observou redução de 40% no pós-

operatório imediato. TRAYNER & CELLI (2001) descreveram redução na CV, para cirurgia abdominal alta, de 50% a 60%. XUE et al. (1999) afirmaram que vinte e quatro horas após a cirurgia abdominal alta, há um declínio da CV em 40% pelo efeito da dor e disfunção reflexa do diafragma, confirmando achado de CRAIG (1981).

No presente estudo, detectamos também a diminuição da PImax e PEmax entre o período

correspondente ao pré-operatório (AC) e o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AT) em todos os pacientes. Essa diminuição da PImax e PEmax pode ser decorrente da motivação do

paciente, da presença de dor ou pelo receio em senti-la (SIAFAKAS et al., 1999). A redução na PEmax pode nos indicara incapacidade do paciente em tossir, o que possibilitaria o acúmulo de

secreção pulmonar. Os resultados encontrados mostraram a diminuição dos valores de PImax, nos

pacientes observados neste protocolo, o que está de acordo com o estudo de CHIAVEGATO et al. (2000), que encontrou, no primeiro dia pós-operatório (AC), uma redução de 47% dos valores da PImax, em relação aos valores observados no pré-operatório. A redução na CV e na PImax

parece estar relacionada com a paresia diafragmática, em conseqüência da inibição reflexa do diafragma. Essa observação é semelhante ao que vários autores já demonstraram (ALLEN, HUNT & GREEN, 1985; CHIAVEGATO et al., 2000).

No que concerne à fR, houve um aumento dos valores entre o pré-operatório (AC) e o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AT) em todos os grupos pesquisados, resultados semelhantes foram descritos por PAISANI, CHIAVEGATO & FARESIN (2005). O aumento da fR é esperado em resposta à redução do VC, para que haja a manutenção do VM (ALI et al., 1974). No entanto, essa elevação da fR não foi suficiente para manter o VM, pois em nossos achados observamos reduções tanto no VM quanto no VC. No estudo realizado por CHIAVEGATO et al. (2000) em pacientes submetidos à cirurgia laparoscópica, também se

observou um aumento na fR, porém não significativo. Isso se deve a utilização de uma técnica minimamente invasiva e que não compromete de forma substancial a função pulmonar.

Os achados do presente estudo, conforme exposto, são semelhantes ao encontrados na literatura, onde foi observada uma diminuição das variáveis VM, VC, CV, PImax e PEmax e

aumento da fR entre o pré-operatório (AC) e o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AT). Consideramos que esses resultados podem ser justificados pelos efeitos da anestesia, da incisão cirúrgica, tempo de cirurgia, dor pós-operatória e disfunção dos músculos respiratórios.

No presente estudo, também foi verificado um aumento do VM nos pacientes tratados (G2 e G3) e não-tratados (G1) entre o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AT) e o quinto dia pós-operatório depois do tratamento (DT), sendo que os pacientes tratados tiveram uma mudança favorável dessa variável. Isso pode indicar um aumento da fR ou do VC. No quinto dia pós-operatório depois do tratamento (DT), verificaram-se diferenças significativas do G3 em relação ao G1, porém não houve diferença significativa entre o G1 e G2 e entre G2 e G3. Detectamos que não houve diferença significativa entre as técnicas de tratamento utilizadas para a variável VM, porém a técnica de incentivo inspiratório (Respiron*) mostrou-se mais eficiente para essa variável. Avaliando os nossos pacientes, demonstrou-se que o uso de técnicas fisioterapêuticas auxilia na recuperação da capacidade pulmonar. CHIAVEGATO et al. (2000) afirmam que os valores de VM retornaram aos valores basais a partir do terceiro dia pós- operatório.

Aumento do VC nos pacientes tratados (G2 e G3) e não-tratado (G1) entre o primeiro dia pós-operatório antes do tratamento (AT) e o quinto dia pós-operatório depois do tratamento (DT) foi um resultado observado, sendo que os pacientes tratados tiveram uma melhora acentuada dessa variável. No quinto dia pós-operatório depois do tratamento (DT), verificaram-se diferenças significativas do G1 em relação ao G2 e G3, porém não houve diferença significativa

entre G2 e G3. As técnicas padrão ventilatório (PV) e incentivador inspiratório (Respiron*) estão

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