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Caracterização da amostra

No documento DÉBORA DOS SANTOS QUEIJA (páginas 31-37)

2 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Caracterização da amostra

Foram selecionados 138 prontuários e, destes, 58 pacientes apresentaram recorrência, metástase ou tinham falecido. Não foi possível entrar em contato com 52 pacientes. A amostra foi constituída de 28 pacientes, sendo 26 (92,8%) do gênero masculino, dois (7%) do gênero feminino e a idade média era de 58,8 anos. Em relação à localização do tumor primário, 15 (53,5%) eram em laringe e 13 (46,5%) faringe e laringe. Quanto aos tratamentos complementares, três pacientes foram submetidos à radioterapia como modalidade exclusiva de tratamento com recidiva e resgate cirúrgico, dois pacientes foram submetidos à radioterapia pós- cirurgias parciais que recidivaram, 18 pacientes foram submetidos à radioterapia pós-cirurgia, dois foram submetidos ao protocolo de preservação de órgãos (radioterapia concomitante à quimioterapia) não apresentando resposta sendo necessário resgate cirúrgico. Dos outros dois

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pacientes que fizeram quimioterapia, um fez após o tratamento cirúrgico concomitante à radioterapia adjuvante e o outro fez um ciclo de quimioterapia (protocolo de preservação de órgãos) optando posteriormente pela cirurgia – Tabela 1.

Tabela 1. Descrição das variáveis paramétricas das características demográficas, clínicas e de tratamento.

Variável Categoria Freqüência (%) Idade (anos) Mín.-máx. Mediana Média±dp 42-82 57 58,8±10,3 Gênero Masculino Feminino 26 (92,8) 2 (7) Sítio do tumor Laringe

Faringe + laringe 15 (53,5) 13 (46,5) T 3 4 17 (61) 11 (40) N 0 + 21 (75) 7 (25) M 0 + 28 (100) 0 Cirurgia Laringectomia total

Faringolaringectomia 15 (53,5) 13 (46,5) Radioterapia Não Sim 3 (11) 25 (89) Dose da radioterapia (cGy) Mín.-máx. Mediana Média±dp 5000-7200 6300 6450±527,73 Qumioterapia Não Sim 24 (86) 4 (14) Tempo de cirurgia (meses) Mín.-máx. Mediana Média±dp 1-84 24 31,9±26,5 Complicações pós- operatórias Fístula Granuloma em estoma 5 (18) 2 (7)

3.2 Avaliação videofluoroscópica da deglutição

A avaliação da deglutição foi realizada por meio da videofluoroscopia da deglutição.

A avaliação videofluoroscópica da deglutição foi realizada em todos os pacientes no Serviço de Radiologia do Hospital Heliópolis, usando-se o equipamento radiológico da marca Philips (modelo Chalanger®, N 800 HF) e realizada por um radiologista e uma fonoaudióloga e as imagens gravadas em fitas cassete VHS. Os pacientes permaneceram sentados nas posições ântero-posterior e lateral durante o exame e o foco da imagem do aparelho foi definido ventralmente pelos lábios, cranialmente pelo palato duro, dorsalmente pela parede posterior da neofaringe e caudalmente pelo esôfago cervical. Antes de iniciar o exame, foi explicado a cada paciente que ele deglutiria dois diferentes tipos de material misturados ao contraste. Primeiramente, foi oferecida a consistência líqüida e sólida na visão lateral e, posteriormente, a consistência sólida na visão ântero-posterior. Os pacientes foram instruídos a deglutir a consistência líqüida (água e bário em uma proporção de 1:1) e sólida misturada ao bário. O líqüido foi oferecido nas quantidades de 5ml (colher) e 20ml (copo) em deglutição contínua. Para a consistência sólida, os pacientes foram orientados a mastigar a bolacha Maizena antes de deglutir.

À avaliação videofluoroscópica da deglutição, foram observados a presença de alterações da motilidade orofaríngea e de estases e seus

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respectivos graus de severidade. A severidade da disfagia foi classificada de acordo com a escala criada por Zerbinati12.

As fases preparatória e oral foram analisadas em relação à formação, tempo de trânsito oral e a presença de estase na cavidade oral. Essas variáveis foram julgadas como adequadas ou inadequadas, ausentes e, quando inadequadas, foram classificadas em relação ao grau de severidade através de uma avaliação subjetiva como discreta, moderada ou grave. A estase na cavidade oral também foi analisada como ausente ou presente e, se presente, foi classificada em relação ao grau de severidade como discreta, moderada ou grave. A fase faríngea foi analisada levando-se em conta a ausência ou presença de redução do contato da língua contra a faringe e de alterações anatômicas como bolsa em parede anterior, barra cricofaríngea e fístulas. Também foram analisados: motilidade faríngea, presença de estases na orofaringe e na hipofaringe e tempo de trânsito faríngeo e, quando presentes, foram classificados quanto ao grau de severidade como discretos, moderados ou severos.

Para melhor padronização das alterações apresentadas durante a avaliação videofluoroscópica, utilizou-se o protocolo adaptado para LT e FL. O grau de disfagia foi classificado de acordo com uma escala de quatro pontos12 – Quadro 1.

Quadro 1. Escala de classificação da disfagia12.

Classificação do grau da disfagia Características

D0 Deglutição normal Sem estases ou restrição de consistências. D1 Disfagia discreta Com estase discreta, sem restrição de

consistências.

D2 Disfagia moderada Com estase discreta / moderada, pode haver restrição de até duas consistências.

D3 Disfagia severa Estases moderadas a severas, com restrição de mais de duas consistências.

Para a análise dos resultados, o julgamento foi dividido nas fases preparatória-oral e faríngea. A análise das variáveis qualitativas do julgamento subjetivo foi realizado em consenso por três fonoaudiólogas com experiência superior a cinco anos em interpretação de videofluoroscopia da deglutição após LT e FL.

3.3 Questionário de Qualidade de Vida relacionada à deglutição

(SWAL-QOL)

A avaliação da QV relacionada à deglutição foi realizada através da aplicação do questionário SWAL-QOL 35-37.

O SWAL-QOL é um questionário que consiste de 44 questões distribuídas em 10 escalas: fardo, duração da alimentação, desejo, tempo freqüência de sintomas, seleção de alimentos, comunicação, medo, saúde

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mental, função social, sono e fadiga. Esse questionário foi traduzido e adaptado para o português-brasileiro seguindo as diretrizes aceitas internacionalmente39. Essa tradução e adaptação foi realizada previamente pela equipe de fonoaudiólogos do Hospital do Câncer A. C. Camargo, São Paulo41. As respostas foram convertidas em pontuações que variaram de 0 a 100 (pior e melhor pontuação)35-37. Após a conversão, os valores das respostas de cada escala foram somados e, então, divididos pelo número de itens da escala analisada, sendo a resultante, o valor da escala em questão. Através do questionário, o paciente também caracteriza a consistência dos líqüidos e alimentos ingeridos e autoclassifica sua saúde global com excelente, muito boa, boa, satisfatória e ruim35-37.

Após a descrição das variáveis analisadas na anamnese, na avaliação videofluoroscópica e no questionário SWAL-QOL, a amostra foi estratificada em subgrupos de acordo com a presença ou não de queixas de deglutição, a presença de elementos dentários (dentados/parcialmente dentados X edêntulos), a presença ou não de disfagia e seus respectivos graus e o tipo de cirurgia (LT X FL) para a avaliação da presença ou ausência de associação entre as respectivas variáveis.

No documento DÉBORA DOS SANTOS QUEIJA (páginas 31-37)

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