• Nenhum resultado encontrado

6.3 Capital Social: Tecido Institucional, Estrutura Relacional e Cooperação

6.3.1 Caracterização da Envolvente Institucional

O quadro institucional da Região Centro é hoje bastante diversificado, podendo destacar-se dois conjuntos de actores institucionais com particular relevância para a promoção sócio-económica do território. O primeiro grupo é composto, por um lado pelos organismos da administração central e local, pelos institutos e empresas públicas, assim como pelas instituições de ensino e investigação, nomeadamente na área do ensino superior e da formação profissional. Neste conjunto pode ainda incluir- se as empresas, cujo desempenho é fundamental para o desenvolvimento; e os organismos de apoio e transferência tecnológico, de apoio logístico e de suporte ao empreendorismo (ex. incubadoras de empresas), que têm vindo a assumir um papel cada vez mais relevante na promoção do território e na implementação de projectos de desenvolvimento. O segundo conjunto de actores institucionais de reconhecida importância para os processos de desenvolvimento, são as associações empresariais e de produtores, bem como as associações e agências de desenvolvimento.

No concelho de Castelo Branco, para além das empresas, das instituições de ensino e formação, bem como dos organismos de apoio e transferência tecnológico, de apoio logístico e de suporte ao empreendorismo, já analisados nos dois capítulos anteriores, existe um conjunto diversificado de instituições, organismos e equipamentos, com natureza e objectivos diversos, que facultam apoio e estimulam o desenvolvimento. De facto, toda a região da Beira Interior Sul vem revelando uma apreciável dinâmica institucional e organizativa, traduzida em diversas iniciativas para a criação de agências de desenvolvimento regional e de novas formas organizativas. No mesmo sentido, merecem destaque a procura de novas formas de cooperação a nível autárquico, quer com a preocupação de resolver problemas de âmbito intermunicipal, quer para concertação de estratégias de organização e desenvolvimento territorial.

Assim, no quadro institucional da sub-região podem destacar-se os seguintes grupos de actores institucionais com particular relevância para a promoção socio-económica do território:

A. A administração central desconcentrada e instituições de carácter intermunicipal Estas instituições podem dividir-se em dois sectores (Cf. Quadro 14):

i) aquelas que representam órgãos descentralizados do poder central junto do poder local e agentes regionais, desempenhando funções de natureza executiva nas pastas sectoriais da sua responsabilidade, estando mais vocacionadas para apoiar as diferentes actividades económicas – Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo;

ii) e as instituições públicas de carácter intermunicipal que visam defender os interesses locais, assim como implementar os planos de planeamento, ordenamento e desenvolvimento definidos para o território.

Quadro 14 – Instituições Públicas

IAPMEI - Instituto de Apoio à Pequena e Média Empresa Industrial Instituições de Carácter

Regional

DRABI - Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior Comissão Municipal de Turismo de Castelo Branco

Associação de Municípios da Raia Pinhal Associações de Carácter

Intermunicipal

"Triurbir - Triângulo Urbano Ibérico-Raiano" - associação de desenvolvimento criada pela cidade de Castelo Branco, Cáceres e Plasencia.

Fonte: Elaboração própria

Estes dois conjuntos de actores institucionais são, em grade medida, o resultado da implementação de um conjunto de ideias e projectos político-económicos no âmbito do Programa Operacional da Região Centro. A execução de muitas das medidas deste Programa, nomeadamente aquelas que visavam estimular e fomentar parcerias a nível local e regional, assim como promover alguma cooperação entre diferentes entidades e territórios, suscitou o aparecimento e/ou fortalecimento, em diferentes espaços da Região, de serviços públicos e de estruturas associativas de apoio ao desenvolvimento local e empresarial. Estas experiências deram também origem a novas posturas das entidades públicas e, em certos casos, a atitudes inovadoras, geradoras de novas perspectivas e modos de encarar o desenvolvimento local e regional (Ex. a criação da Triurbir em 1998, que visa alargar os campos de intervenção

do município, particularmente nas áreas mais débeis, privilegiar intervenções mais estruturadas e orientar estrategicamente as suas acções.)

Para além destas instituições publicas da administração central desconcentrada e das instituições de carácter intermunicipal, existe no concelho de Castelo Branco todo um conjunto de outras iniciativas de carácter associativo que se orientam por uma preocupação de prestar serviços, dinamizar iniciativas e organizar eventos de apoio às actividades económicas e ao desenvolvimento endógeno, procurando dar visibilidade e promover os territórios, as suas potencialidades e os seus produtos.

B. Organizações de carácter económico: associações empresariais e de produtores As organizações de carácter económico existentes na região têm diferentes tipologias: Associações Empresariais, Industriais e de Comerciantes e Associações de Produtores, e disponibilizam um leque diversificado de serviços de apoio à actividade económica, como, por exemplo, consultoria técnico-económica (divulgação de incentivos à actividade económica, preparação de candidaturas, etc.), informação, consultoria jurídica, formação empresarial, etc.

A região de Castelo Branco comporta um leque de Associações empresariais, nomeadamente a Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP); a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Castelo Branco, Vila Velha de Ródão e Idanha-a-Nova (ACICB) e a Associação Comercial e Industrial dos concelhos da Sertã, Proença-a-Nova, Vila de Rei e Oleiros (ACICSPVO), que abrangem empresários de concelhos distintos e o Núcleo Empresarial da Região de Castelo Branco (NERCAB) que agrega os empresários de toda a região.

Neste conjunto é relevante, por exemplo, o trabalho da ACICB5 e do NERCAB6. A primeira porque para além de representar todos os empresários da Beira Interior Sul, tem contribuído para a promoção e para o harmónico desenvolvimento técnico, económico e social da região em que se encontra inserida. Efectivamente, a ACICB desenvolve actividades que vão de encontro aos interesses dos seus associados e da “economia nacional”, designadamente, i) promovendo e apoiando contactos comerciais com mercados externos (proporcionando aos associados do Sector Comercial o conhecimento de produtos estrangeiros, por um lado e divulgando os

5

A Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP) tem uma longa história que remonta a 1920. Apesar desse facto, os seus actuais estatutos só foram aprovados em 1977.

6

O NERCAB - Associação Empresarial da Região de Castelo Branco iniciou a sua actividade em 1987 como delegação regional da AIP - Associação Industrial Portuguesa. Em 1989, passou a Associação Empresarial sem fins lucrativos, de âmbito distrital. Manteve, no entanto, a sua capacidade de funcionar como delegação ou representante, no distrito de Castelo Branco, da AIP - Associação Industrial Portuguesa.

produtos das indústrias dos associados em mercados internacionais, por outro); ii) colaborando atentamente com a administração pública na definição da política sócio- económica, em matéria de relações de trabalho, Segurança Social, desenvolvimento regional, crédito, investimento, comércio externo, fiscalidade e em quaisquer outros assuntos para que a sua colaboração seja solicitada; iii) dando apoio jurídico, administrativo e fiscal aos seus associados e representando-os perante quaisquer entidades públicas e privadas. O NERCAB porque, para além de representar os empresários do distrito, presta serviços de apoio em áreas técnicas e de consultoria, no encaminhamento de apoios específicos para a sua actividade, na divulgação de informação que fomente a dinamização do tecido empresarial da região e na promoção da sua abertura ao exterior (designadamente através da organização de feiras temáticas e mostras anuais ligadas a actividades da região - e.g. artesanato e turismo, mobiliário, sector automóvel, alimentação e produtos da terra).

Para além das associações empresariais presentes na região, há também que realçar a importância das associações sectoriais. Por exemplo, no domínio da agricultura e florestas são de destacar um conjunto de associações de produtores e cooperativas associadas a algumas das especializações regionais (azeite, queijos, enchidos, floresta) que têm tido um papel importante nas suas áreas de intervenção, sendo de desejar que se consolidem e desenvolvam nomeadamente em áreas de interesse estratégico regional ainda muito insuficientemente organizadas.

Quadro 15 – Associações Empresariais e Sectoriais

Tipologia da Entidade Designação

APT – Associação de Produtores de Tabaco Associação de Produtores Florestais

Cooperativa de Queijos de Ovelha de Alcains Cooperativa de Produtores de Queijo da Beira Baixa Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior Associações Sócio-Profissionais

e Cooperativas

(Silvicultura e Agro-alimentar)

Associação Distrital dos Agricultores de Castelo Branco NERCAB – Associação Empresarial da Região de Castelo Branco

Associações Empresariais

ACICB – Associação Comercial, Industrial e Serviços de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão Fonte: Elaboração própria

Para além das organizações já abordadas, a sub-região como o concelho de Castelo Branco tem um grande leque de associações culturais, recreativas e desportivas que visam a promoção das tradições e dos produtos locais, constituindo-se como um bom incentivo à dinamização cultural e mesmo económica do território. Não obstante, tal como em toda a região, também na Beira Interior Sul e no concelho de Castelo Branco, há um elevado déficite nas estruturas organizativas e de representação social, situação que se agrava nos espaços economicamente mais débeis e de maior pendor rural.

C. Instituições de Promotoras de Desenvolvimento: associações locais e agências de desenvolvimento

A Região Centro dispõe de cerca de 50 entidades que cabem numa definição genérica de Associações de Desenvolvimento Local (ADL). Trata-se de entidades de nível local que desenvolvem acções no contexto de programas como o LEADER, o PPDR, o PROCENTRO, a Luta Contra a Pobreza ou o INTEGRAR, dando um contributo importante para a dinamização sócio-económica dos espaços em que intervêm.

Trata-se, no entanto, de um conjunto relativamente heterogéneo de entidades que manifesta, em muitos casos, fragilidades associadas às dificuldades de consolidação e de financiamento das suas estruturas de funcionamento, evidenciando grande dependência da administração central ou local. Considera-se, pois, desejável que possam evoluir para processos de reforço e estabilização em função do mérito e eficácia reveladas na acção desenvolvida, de modo a poderem desenvolver plenamente as importantes funções que a sua vocação encerra.

No concelho de Castelo Branco, a existência de entidades privadas de promoção do desenvolvimento regional, nomeadamente, Associações de Desenvolvimento Local, Agências de Desenvolvimento Local, Associações de Desenvolvimento Rural – é cada vez mais evidente e é o resultado da acção das autoridades governamentais e regionais que têm mobilizado importantes verbas para colmatar esses objectivos. Na realidade, o concelho de Castelo Branco é objecto da intervenção de várias organizações de desenvolvimento local, a saber por exemplo:

- a Associação de Desenvolvimento da Raia Centro-Sul - ADRACES; - a Amatus Lusitano;

- a ADESGAR - Associação de Desenvolvimento e Defesa da Serra da Gardunha; - a Pinus Verde;

Quadro 16 – Associações de Desenvolvimento Local

Adraces – Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul

Amato Lusitano – Associação de Desenvolvimento Associações de

Desenvolvimento Local

BeiraLusa – Agência de Desenvolvimento Regional para a Beira Interior Sul

Beira Serra – Associação promotora do desenvolvimento rural integrado

Associações de

Desenvolvimento Rural

ADIBB – Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira

Associação Cultural e Recreativa do Valongo Associação Cultural e Recreativa “As Palmeiras” Associação Bairro do Cansado

Associações de Carácter Local

Associação Bairro da Boa Esperança Fonte: Elaboração própria

No âmbito desta dissertação importa destacar o trabalho desenvolvido pela ADRACES e pela Associação Amato Lusitano pelo dinamismo que têm demonstrado e pela relevância dos projectos desenvolvidos.

A ADRACES, com sede em Vila Velha do Ródão e constituída em 1992, tem como principal objectivo a promoção do desenvolvimento socio-económico nos concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor, Vila Velha de Ródão e Fundão. Com esse objectivo, esta associação implementou as duas primeiras fases do programa de iniciativa comunitária para o desenvolvimento rural LEADER, bem como a sua terceira fase: LEADER+. Tem usado os apoios financeiros desse programa para dinamizar o aparecimento ou financiar as iniciativas promovidas por agentes económicos, administrativos ou culturais da região. A intervenção desta associação tem passado pela:

 Promoção da formação profissional integrada em meio rural;

 Dinamização e sensibilização das populações locais para o desenvolvimento;  Valorização e promoção dos produtos locais;

 Promoção, dinamização e apoio ao artesanato, pequenas e médias empresas e serviços de apoio;

 Promoção do turismo rural, valorização do património histórico-cultural e promoção e divulgação turística;

 Apoio a projectos relativos ao ambiente e recursos florestais, bem como valorização de bacias de água e zonas ribeirinhas;

 Criação de uma rede de promoção e informação aos empresários existentes no meio rural;

 Cooperação transnacional;

 Criação de condições que proporcionem o eventual retorno dos naturais da região, residentes noutras zonas do país e do estrangeiro, bem como a criação de condições para a promoção e implementação na região dos seus projectos de vida;

 Detecção e promoção de actividades inovadoras que promovam e diversifiquem a base produtiva local, através da introdução de novas tecnologias, novas formas de gestão, sistemas de qualidade, novas competências, etc.;

 Cooperação inter-associações, no sentido de se promover conjuntamente, produtos locais e turísticos, no país e no estrangeiro, como forma facilitadora da inclusão em novos mercados;

 Aproveitamento os recursos humanos e materiais (e seu eventual reforço) existentes nas associações locais, para animar o tecido social e económico local, de modo a fazer surgir uma nova mentalidade empresarial;

 Criação de pequenas empresas capazes de incorporar valor em certas produções locais e gerar emprego;

 Animação e criação de estruturas associativas e recreativas de índole cultural e económica, capazes de articular e fortalecer o tecido económico e social local;  Criar uma imagem de marca para as produções locais;

 Apoio às formas de divulgação das actividades e das produções da área, através da elaboração de catálogos, desdobráveis e outras formas de tipo multimédia.

A associação Amato Lusitano, sedeada na cidade de Castelo Branco e criada em 1998, visa a animação do desenvolvimento de pessoas e comunidades no sentido de prevenir ou atenuar a exclusão social. Tal passa pela promoção de competências sociais, animação de formas de cooperação e valorizando a componente lúdica, assente na identidade e recursos locais. No âmbito do Programa de Luta Contra a Pobreza desenvolve o projecto Porta Aberta, de que é entidade gestora, tem desenvolvido intervenções em habitações degradadas, nomeadamente na zona histórica da cidade, apoio a idosos, à comunidade imigrante e cigana, a desempregados, a trabalhadores precários, etc., e acções de sensibilização. Tal tem implicado a colaboração e apoio de diversas entidades. Exemplo de trabalho com as comunidades imigrantes é o da criação de um centro local de apoio à comunidade

imigrante. Colaborou com a associação Outrém no projecto Clube Bus de luta contra as toxicodependências: um velho autocarro de dois andares instalado numa zona nova da cidade propõe aos jovens actividades de ocupação dos tempos livres.