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CAPÍTULO 3 – OBJETIVOS E METODOLOGIA DE PESQUISA

3.2 OPÇÕES METODOLÓGICAS PARA RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS

3.2.1 Caracterização da pesquisa e das opções metodológicas

A pesquisa é uma atividade básica da ciência que vincula pensamento e ação diante de um problema real que necessita de respostas para ser confirmado e que deve estar apoiado em um conjunto de métodos e procedimentos, além da experiência e sensibilidade do pesquisador. Para Minayo (1993, p. 23, grifo nosso), a pesquisa é uma

atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados.

De acordo com o autor, faz-se necessário identificar o problema com uma pergunta para que, a partir daí, possa ser traçada a forma mais adequada para investigação. Na sequência, pauta-se uma linha estratégica de pesquisa para que se cumpra o protocolo de coleta e/ou geração de dados; a análise de documentos e entrevistas; a verificação e a checagem das informações coletadas; e, por fim, seja capaz de chegar ao conhecimento verdadeiro, alcançando os objetivos.

Para se alcançar as finalidades previstas, a pesquisa teve uma abordagem qualitativa, utilizando-se, como método de investigação, do estudo de caso.

Conforme orienta Yin (2010, p. 5), "[...] O estudo de caso é usado em muitas situações, para contribuir ao nosso conhecimento dos fenómenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos e relacionados".

Desse modo, optou-se por uma abordagem de pesquisa qualitativa na busca de uma fonte direta para coleta de dados com possibilidades de aprofundamento de algo ainda não conhecido, pois "ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes" (Minayo, 2009, p. 21).

Para Silveira e Córdova (2009, p. 32), “os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito […] e se valem de diferentes abordagens”. Nesse tipo de pesquisa, o que se destaca são os “aspectos da realidade que não podem ser quantificados”, salientam as autoras.

Devido à compreensão da permanência dos/as estudantes do Curso Técnico Integrado em Artesanato do Proeja, por meio das ações realizadas pelas coordenações da Diretoria Pesquisa e Extensão (DREP), optou-se pela pesquisa de natureza aplicada. Para Gil (2008), a pesquisa aplicada visa buscar conhecimentos para solução de problemas sociais, sendo que esse tipo de pesquisa está ligado a conhecimento e realidade circunstancial, anunciando o desenvolvimento de teorias, isso é, gerando conhecimentos para a solução de problemas específicos.

Para alcançar os objetivos desta pesquisa, foram utilizados os seguintes instrumentos de coleta de dados: análise documental e entrevista semiestruturada.

Para identificar o perfil dos/as estudantes que buscam o Curso Técnico Integrado em Artesanato na modalidade Proeja, analisaram-se documentos institucionais com os dados dos/as estudantes disponibilizados no Registro Académico. Para tanto, solicitou-se autorização junto ao Diretor Geral e ao Diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão para pesquisa, o que facilitou o acesso.

Foram recolhidos e analisados os registros dos/as estudantes do Curso Técnico Integrado em Artesanato compreendidos entre o intervalo de 2015 e 2018. A análise foi pautada por ano de matrícula, semestre, situação junto à instituição, idade, sexo, etnia, estado civil e renda mensal (dados coletados apenas na Turma 1).

Para identificar as ações aplicadas pelas diversas coordenações voltadas para as necessidades dos/as estudantes, bem como identificaras ações que favorecem a permanência dos/as estudantes no curso, optou-se por utilizar uma entrevista semiestruturada (Anexo I). O Guião de entrevista foi previamente testado. As entrevistas foram gravadas com o consentimento dos entrevistados, após o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II) ser lido e assinado por ambas as partes. Os participantes da

pesquisa que responderam à entrevista foram sete coordenadores da Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão do campus pesquisado, como apresentado na Figura 5.

O Guião de entrevista foi constituído por 4 blocos de perguntas: o primeiro refere-se ao perfil dos coordenadores, contendo 8 perguntas; o segundo corresponde as ações das Coordenações, com 9 perguntas; o terceiro refere-se ao trabalho colaborativo, com 3 perguntas; e o quarto trata-se de uma pergunta em aberto para que os entrevistados deixassem sugestões. Totalizaram-se, assim, 20 perguntas.

Esses coordenadores foram convidados para participar da entrevista de maneira informal e individual, em que puderam expressar o seu desejo ou não de participação. Cabe ressaltar que, dos oito coordenadores atuais, apenas quatro aceitaram participar da pesquisa, outros três são de períodos anteriores e um encontrava-se em licenciado em atividades acadêmicas. A aplicação das entrevistas foi agendada, porém houve algumas alterações para melhor atender aos entrevistados que, além de coordenadores, são docentes. A primeira entrevista foi aplicada como piloto para testar se responderia os questionamentos propostos, houve a necessidade de pequenos ajustes. Com isso, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas com questões abertas.

Das entrevistas, sete ocorreram dentro de um campus do Instituto Federal; e uma, a da Coordenação de Curso, foi realizada na Praça de Alimentação de um pequeno Centro Comercial em razão da entrevistada, que se apresentava licenciada de suas atividades profissionais por questões acadêmicas naquele momento.

A realização das entrevistas seguiu o padrão de registro utilizando a gravação de áudio. Convém ressaltar que, em virtude de a profissional da área de Coordenação de Estágio e Extensão ser portadora de Deficiência Auditiva em ambos os ouvidos, essa entrevista foi registrada por imagens. O trabalho contou com o auxílio de um intérprete de Libras, que oralizou a conversa. O intérprete pertence a outro campus e se apresentou de forma voluntária para assessorar o diálogo. Tal aplicação contou, assim, com a presença da pesquisadora, do entrevistado e de um intérprete que intermediou a interlocução, fazendo a tradução simultânea para a Língua Portuguesa.

Salienta-se que, por solicitação do Entrevistado e do Intérprete de Libras, foi realizada uma adaptação no processo de aplicação. As perguntas foram organizadas em blocos para que fosse facilitado o entendimento da questão. Também foi proposto que não houvesse interrupções visando, assim, garantir a fluidez do raciocínio.

No decorrer da pesquisa, constatou-se que o coordenador de Pesquisa e Inovação encontrava-se em licença para qualificação acadêmica. Também se verificou a necessidade de ouvir a profissional que executa o Programa de Assistência Estudantil, que é parte integrante da equipe multidisciplinar da Coordenação de Assistência Estudantil e Inclusão Social, com o objetivo de compreender melhor as ações de apoio. Utilizou-se, então, essa entrevista como estratégia complementar.

Dessa forma, seguiu a recolha de dados por um período de aproximadamente três meses, que compreendeu os meses de agosto a outubro de 2018. Posteriormente, houve o processo de transcrição literal, buscando garantir que o registro fosse realizado de maneira fidedigna, conservando e preservando os vícios de linguagem. Aos entrevistados, foi atribuído número de 1 a 8 para identificá-los, a fim de salvaguardar o anonimato e o sigilo.

Foi utilizada, como procedimento para análise de dados, a “análise de conteúdo”, de Bardin (2009). A autora delimitou a análise em três etapas pela aproximação terminológica, ou seja, “As diferentes fases da análise de conteúdo se organizam em torno de três polos cronológicos: 1) a pré-análise; 2) a exploração do material; e 3) o tratamento dos resultados obtidos e interpretação” (Bardin, 2009, p. 95-101).

Com os dados extraídos do documento institucional do Registro Académico, a partir de matrícula, semestre e ano, foi possível analisar o perfil dos/as estudantes quanto: à idade, ao sexo, ao estado civil, à naturalidade, à etnia e à renda mensal (apenas da turma I), e identificar o público que tem buscado formação profissional, além de estabelecer uma comparação entre os/as estudantes das primeiras turmas e os das últimas turmas.

A pré-análise consiste em sistematizar as ideias iniciais, direcionando o desenvolvimento, que pode ser flexível, porém preciso no plano de análise (Bardin, 2009). Nessa fase inicial, ocorre a escolha dos documentos que serão analisados, formulam-se as hipóteses e os objetivos que permitam a elaboração de indicadores que fundamentarão a interpretação final.

A exploração do material é a fase essencial de operação de codificação, descontando ou enumerando por meio de regras previamente estabelecidas. Bardin (2009, p. 101) considera essa fase como “longa e fastidiosa”. E, quanto ao tratamento dos resultados obtidos e à interpretação, trata-se de “ler” os dados e de torná-los significativos e válidos. Através do levantamento de dados, as respostas foram obtidas por meio de entrevistas com 20 perguntas relacionadas ao tema abordado, aplicado junto aos coordenadores da Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão, à saber: Coordenador de Registro Académico, Coordenador de Biblioteca, Coordenador de Estágio e Extensão, Coordenador Pedagógico, Coordenador Geral de Ensino, Coordenador de Curso, Coordenador de Assistência Estudantil e Inclusão Social e Assistente Social.

Para Minayo (2001, p. 74), a análise de conteúdo é “compreendida muito mais como um conjunto de técnicas”. Constitui-se na análise de informações sobre o comportamento humano, que possibilita uma aplicação bastante variada com duas funções, a de verificação e a de hipóteses e/ou questões e descoberta do que não se percebe dos conteúdos manifestados. Freitas, Cunha e Moscarola (1997, p. 104) destacam que a análise de conteúdo “é uma técnica de refino […], e que exige, para satisfação do investigador, muita dedicação, paciência e tempo”, o que tem de se valer de intuição, imaginação e criatividade, principalmente na definição de categorias de análise.