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Caracterização de depósitos químicos e depósitos clásticos estratificados

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.4. Caracterização de depósitos químicos e depósitos clásticos estratificados

Os depósitos clásticos estratificados foram caracterizados em ficha previamente definida e elaborado o perfil de sedimentação dos mesmos. Após este procedimento foram coletadas amostras de, em média, 100g de cada estrato ou camada sedimentar para a análise de textura33 e cor. A classificação de textura foi realizada conforme definições técnicas de Santos et al. (2005) e a classificação de cores foi executada em área superficial conforme Münsell (2000). Esta etapa visa apenas a caracterização geral e representativa dos depósitos estratificados das cavidades e, para isso, interpretou-se também a altura, extensão e organização estratigráfica nas cavidades.

Os depósitos químicos, por sua vez, também foram caracterizados e dez amostras foram coletadas para interpretação macroscópica e microscópica. Dentre essas dez amostras, seis foram selecionadas para a análise química, sendo uma amostra na Gruta das Sempre Vivas, quatro na Gruta Extração e uma na Gruta do Salitre, as quais incluem escorrimentos e estalagtites. Todas as coletas realizadas neste trabalho foram autorizadas (nº 36472-1) pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (Sisbio/ ICMBio/ MMA), conforme previsto na Instrução Normativa IBAMA nº154, de 1º de Março de 2007. As informações sobre o tipo de deposição química, a quantidade e a cavidade onde se localizam estão especificadas na TABELA 4.4.1.

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TABELA 4.4.1

Identificação dos tipos de amostras selecionadas para análise química Quantidade Tipo de amostra Cavidade Nº das amostras

01 Escorrimento Gruta das Sempre Vivas GSV01

03 Estalagtites Gruta Extração GE02, GE03 e GE04

01 Escorrimento Gruta Extração GE05

01 Escorrimento Gruta do Salitre GS06

As amostras foram coletadas apenas nestas cavidades porque as demais (Gruta Curralinho, Lapa Ribeirão do Inferno e Gruta Monte Cristo) apresentavam apenas coralóides do tipo cave popcorn. Assim, apesar dessas feições serem deposições químicas importantes na interpretação espeleológica são difíceis de coletar sem fragmentá-las. Além disso, a maioria dos coralóides possui características morfométricas que dificultam e oneram a elaboração de lâminas delgadas polidas e também limitam a interpretação das camadas de deposição. Foram coletados apenas escorrimentos e estalagtites, pois:

a) segundo o levantamento realizado em campo, esses são os tipos de espeleotemas mais comuns e recorrentes nas cavidades da área de estudo;

b) procurou-se interpretar as deposições químicas mais recorrentes por considerá-las representativas para análise geral da área;

c) são feições passíveis de coleta, transporte e laminação;

d) buscou-se preservar espeleotemas poucos comuns regionalmente, que podem indicar a relevância da cavidade. Afinal, represas de sílica, também confundidos com travestinos, por exemplo, apesar de ser comum em cavidades em rochas carbonáticas, foi verificado apenas em uma cavidade (Gruta do Salitre) da área estudada e localizava-se de forma pontual nesta cavidade.

O número amostral selecionado para análise química justifica-se por considerá-lo a quantidade representativa para a interpretação em relação à área estudada e ao número de cavidades caracterizadas, levando em consideração também os limites operacionais. A Gruta Extração concentra o maior número de amostras interpretadas, pois esta cavidade possui a maior variedade de espeleotemas e os depósitos químicos com as maiores extensões entre as cavidades em quartzitos já identificadas localmente.

As amostras foram submetidas ao serviço de laminação no Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (Degeo/UFOP), onde foram confeccionadas lâminas polidas delgadas. Em seguida, as lâminas foram descritas no microscópio óptico no Centro de Pesquisa Manuel Teixeira Costa (CPMTC/IGC/UFMG), onde foram verificadas diferenças na

quantidade e distribuição da deposição química e selecionadas zonas para aprofundamento da análise microscópica no Scanning Eletron Microscopy ou Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM ou MEV).

As lâminas foram preparadas para análise no MEV e esta etapa envolveu a metalização e evaporação de carbono, que consiste na combustão de fita de carbono e cobertura ultrafina da lâmina por este material. Este procedimento é realizado para prevenir a acumulação de campos elétricos estáticos na amostra devido à irradiação elétrica que ocorre durante a produção da imagem microscópica. Além disso, a metalização é importante porque mesmo quando há condução elétrica acima do suficiente, melhora o contraste, resolução e qualidade da imagem. Este procedimento foi realizado no Centro de Microscopia da Universidade Federal de Minas Gerais (CM/ UFMG).

A análise microscópica e química foi desenvolvida no CM/UFMG com a utilização do MEV Field Emission Gun ou Canhão por Efeito de Campo (FEG) Quanta 200 com Energy Dispersive X-Ray Detector ou Espectometria de Energia Dispersiva (EDX ou EDS). Assim, o MEV FEG Quanta 200 possui resolução máxima de 1,6nm em alto vácuo e detectores capazes de captar diversos sinais de elétrons. Esse equipamento detecta sinais de: a) elétrons secundários em vácuo ambiental, alto e baixo vácuo; b) elétrons retroespalhados em alto e baixo vácuo; c) elétrons transmitidos em alto vácuo. Além disso, foram detectados raios-X característicos através de EDS, o que possibilitou a análise da composição química de forma qualitativa. Dessa forma, com o MEV FEG Quanta 200 e EDS realizou-se: a) interpretação de imagens das camadas de deposição química, b) análise qualitativa da composição química geral das amostras em diferentes camadas de deposição, c) distribuição de cada elemento químico na projeção linear em diferentes camadas de formação dos espeleotemas.

As imagens foram geradas em diversas escalas, conforme as características particulares de cada amostra; e o aumento oscilou de 100x a 15000x, de acordo com o grau de detalhamento selecionado. As amostras foram submetidas à tensão elétrica (HV) de 15,0kV ou 30kV. Composição química qualitativa geral das amostras, por sua vez, envolveu especialmente a análise dos elementos maiores (Si, Al, Ca, Mg, K, F e O) e em alguns casos identificou-se outros elementos químicos que estavam presentes nas amostras. Todos os elementos foram identificados nas constantes de raios (Ka) alfa e (Kb) beta.

Os dados obtidos foram tabulados, estruturados e interpretados para apresentar as características das deposições químicas. Por fim, os resultados analisados foram discutidos com base em fundamentos teóricos sobre feições cársticas em rochas siliciclásticas e com

 

estudos microquímicos realizados em espeleotemas em quartzitos, como, por exemplo, o trabalho de Willems et al. (2002) e Willems (2006).

4.5. Caracterização dos Fatores Litoestruturais Associados ao Desenvolvimento das