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O SNSM, conforme já citando anteriormente, compõe o Registro Nacional de Cultivares – RNC, o Registro Nacional de Sementes e Mudas – RENASEM e as atividades de produção, certificação, análise, comercialização, fiscalização (da produção, amostragem, beneficiamento, análise, certificação, armazenamento, transporte e comercialização) e utilização de sementes e mudas em todo o território nacional.

As entidades de produção são empresas, credenciadas no Ministério da Agricultura para desempenhar a atividade de produção. Para isso devem possuir um RENASEM e devem produzir apenas cultivares registradas no RNC. Além disso, devem seguir todas as regras de inscrição de campo de produção, croquis de localização, contratação de um Responsável Técnico para acompanhar todo o processo, do plantio à colheita, dentre outros. Após a colheita as sementes devem ser beneficiadas e armazenadas, porém, não é necessário que esta estrutura de beneficiamento e armazenagem seja do produtor. Caso sejam, estas devem estar inclusas em seu RENASEM, onde constarão as atividades de produção, beneficiamento, embalagem e armazenagem de sementes própria. A empresa não poderá ser prestadora de serviço, sem que esta atividade também esteja declarada em seu registro.

Portanto, o RENASEM é um registro único no Ministério por empresa ou membro que atue no setor de sementes e nele constam todas as atividades que ele desempenha, devendo as demais atividades ser contratadas e desempenhadas por outras empresas com registro no RENASEM.

No entanto, podem existir empresas que desempenhem apenas as atividades de beneficiamento ou de armazenamento. A única exigência é seu cadastro no RENASEM como tais entidades. Entretanto, no setor de sementes, este tipo de empresa é pouco comum, devido ao risco de mistura de cultivares e contaminação por patógenos. Geralmente quem presta este serviço, presta a apenas uma empresa, a qual, no geral, arrenda a estrutura da outra. Assim, em sua maioria, as empresas produtoras também são as beneficiadoras, embaladoras e armazenadoras de suas próprias sementes, mesmo aquelas que produzem para multinacionais através de contratos de licenciamento.

De acordo com Barros et. al. (2010) os produtores de sementes podem ser divididos em três categorias: empresas produtoras, produtor individual e cooperante. Em relação à primeira, muito já foi citado, devendo ser acrescentado apenas que cooperativas se encaixam neste segmento e que as empresas podem ser tanto obtentoras, ou seja, possuírem programa de desenvolvimento de variedades e melhoramento genético além da produção comercial, como apenas, multiplicadoras de genéticas de outras empresas.

No que se refere aos produtores individuais, os autores esclarecem que estes são registrados e possuem estrutura mínima de terras, máquinas, equipamentos e beneficiamento, porém não estão vinculados a nenhuma empresa ou organização, produzindo suas sementes conforme contrato ou acordo informal com o comprador.

Já o cooperante, com o qual o produtor individual costuma ser confundido, além de estar vinculado a uma empresa, não está amparado pela legislação, uma vez que não necessita de registro como o produtor individual, ou seja, a ele não é cobrado o RENASEM. Assim, o

cooperante geralmente multiplica as sementes de uma empresa em suas terras e recebe uma bonificação sob aquela semente em relação ao preço do grão, além de ser isento do preço da semente, na maioria dos casos, e de ter sua produção acompanhada por responsável técnico da empresa contratante. Esta prática é cada vez mais comum no meio, pois permite às empresas produtoras aumentarem a área produzida e manterem o controle dos campos de sementes sem a necessidade de adquirir terras ou licenciarem sua tecnologia. Segundo os autores, acredita- se que mais de 80% da produção atual de sementes funcione desta maneira, o que remete à internalização de etapas e consequente verticalização do processo produtivo defendida pelos autores da NEI.

As outras atividades do processo são a análise, certificação, transporte e comercialização. A certificação é condição preponderante e obrigatória para a produção e comercialização de sementes de classes superiores (Básica, C1 e C2), assim, toda empresa que produz e comercializa sementes destas classes precisa de uma entidade certificadora ou necessita credenciar-se no RENASEM como certificador de semente própria. Em relação aos requisitos legais para esta atividade a Instrução Normativa nº 9, possui um capítulo específico para esta atividade, o qual determina que as certificadoras deverão ter procedimentos documentados que incluem todo o processo de produção da semente, não só no campo mas em seu beneficiamento e armazenamento, devendo ser controlados os equipamentos, o ambiente e os documentos para que se possua um histórico completo de cada lote.

No que se refere às atividades de análise, estas devem ser desempenhadas por Laboratórios de Análise de Sementes credenciados pelo Ministério e registrados no RENASEM para emitirem Boletins de Análise de Sementes, os quais devem atestar os resultados dentro do padrão de cada lote para pureza física e varietal das sementes, além do percentual de germinação e outros testes não obrigatórios como o vigor, e os testes fitopatológicos e de sanidade.

As atividades de transporte e comercialização são as únicas que não exigem registro ou cadastro no RENASEM, podendo a semente ser transportada por qualquer transportadora de cargas e comercializada por representantes. A legislação, neste caso, exige apenas a nota fiscal e orienta quanto a alguns cuidados no transporte para que não se corram riscos de mistura de sementes ou de perda da qualidade dos lotes no trajeto até os clientes.

No que se refere aos utilizadores de sementes, estes também não necessitam ser inscritos no RENASEM, as únicas exigências legais trazidas diretamente a eles são a compra de sementes de empresas cadastradas no RENASEM, a manutenção da nota fiscal desta operação, e a inscrição de campo no Ministério nos anos em que desejar produzir sua própria semente, a qual deve ser proveniente de área já cadastrada, com classes compatíveis à multiplicação e devem ser multiplicadas apenas durante uma safra.

A Figura 3.1 exemplifica de maneira mais clara todos os elos presentes em um programa de sementes e a interconexão dos mesmos.

Figura 3.1 – Componentes de um programa de sementes

Fonte: BARROS, A.C.S.A; PESKE, S.T. Módulo 01 – Produção de Sementes. Curso de Especialização Latu

O Controle Externo de Qualidade, conforme já definido em sessão anterior, engloba os órgãos governamentais e demais instituições que influenciam diretamente o setor através da elaboração, fiscalização e sugestão de regras e leis que o regulamentam, buscando envolver todos os elos do processo.Esta atuação, confirma as ideias defendidas por Azevedo, de que as “regras do jogo” existem para restringir as ações dos atores envolvidos em um programa de sementes, sendo fundamentais para garantir a eficiência e o desenvolvimento de todos os envolvidos no Sistema Nacional de Sementes e Mudas.

Diante da explanação feita até o momento e do objetivo central da pesquisa que consiste em analisar a efetividade do modelo legislativo e regulatório para assegurar a utilização de sementes de soja certificadas ou, produzidas sob critérios de certificação, optou-se por investigar representantes dos principais setores presentes em um programa de sementes. Assim, foram selecionados e entrevistados, empresas de produção de sementes, tanto obtentoras quanto multiplicadoras, associações representantes de produtores de sementes, governo e produtores rurais, tanto consumidores quanto cooperantes de empresas produtoras, com o intuito de se ter uma visão geral do setor.