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4 METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DA PESQUISA

Expomos, neste capítulo, a descrição dos passos metodológicos deste trabalho. Abordamos, primeiramente, os pressupostos que caracterizam o tipo desta pesquisa: pesquisa-ação, qualitativo-interpretativa, de tipo etnográfico, de natureza aplicada. Para isso, buscamos aportes teóricos nos estudos de Gil (2006); Vasconcellos (2002); André (1995) e outros. Em seguida, apresentamos o contexto no qual fora realizada a pesquisa em questão – escola e sujeitos envolvidos. Após, descrevemos os percursos da elaboração do Projeto Pedagógico de Leitura (PPL). Por fim, apresentamos a constituição do corpus e as categorias de análise.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DA PESQUISA

Com base nos estudos de Gil (2006), entendemos que a pesquisa-ação pode ser caracterizada pela relação de envolvimento existente entre os sujeitos participantes, isto é, pelo indivíduo que realiza a pesquisa (pesquisador) e pelos sujeitos pesquisados. Ambos assumem uma postura totalmente ativa no decorrer da situação pesquisada: coleta, análise e interpretação dos dados coletados.

Desse modo,

A pesquisa-ação pode ser definida como “um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou ainda, com a resolução de um problema coletivo, onde todos pesquisadores e participantes estão envolvidos de modo cooperativo e participativo” (THIOLLENT, 1985, p. 14, apud GIL, 2006, p. 42).

Nessa perspectiva, Vasconcelos (2002) corrobora que, nesse modelo de pesquisa (pesquisa-ação), os participantes mantêm-se em pleno diálogo. A autora acrescenta ainda que essa metodologia de pesquisa é orientada para a solução de problemas e/ou objetivos de transformação.

André (1995, p. 33), por sua vez, explica que a “pesquisa-ação envolve sempre um plano de ação”. Esse plano de ação é conduzido por meio de objetivos, de um processo de acompanhamento e total controle da ação planejada, bem como no relacionamento concomitante desse processo.

Sendo assim, entendemos que nossa investigação se configura como pesquisa-ação, uma vez que, no papel de pesquisadora, envolvemo-nos estritamente - por meio de um plano de ação elaborado com objetivos traçados – na aplicação da

pesquisa, assim como mantivemos constante interação com os sujeitos pesquisados, na busca de solução e/ou transformação da situação/problema.

Quanto à pesquisa qualitativa, Ludke e André (1986) expõem que o pesquisador é o instrumento principal do trabalho de pesquisa, buscando a fonte dos dados a partir do próprio ambiente e situação investigada. Desse modo, compreendemos que o sujeito-pesquisador realiza a sua investigação no próprio contexto em que os problemas acontecem de forma natural, sem que haja qualquer tentativa de manipulação.

É certo que a definição de pesquisa qualitativa tem sido estudada ao longo dos anos. No entanto, apesar de muitos estudos sobre o assunto, não há ainda uma conceituação exata a respeito. Por isso, de acordo com André (1995, p. 23), “É comum encontrarmos trabalhos que se definem como qualitativos simplesmente por não usar dados numéricos ou por usar técnicas de coleta consideradas qualitativas – como por exemplo a observação.”

Por ser muito amplo e genérico o termo pesquisa qualitativa, optamos pela terminologia qualitativo-interpretativa, levando em consideração os estudos de Erickson (1998, apud Vasconcelos, 2002, p. 23) que defende o uso desse termo por ser mais abrangente, por impedir uma conotação equivocada sobre os termos qualitativo e quantitativo, por centrar-se no significado humano, na explicação e exposição da vida social por parte do pesquisador.

Vasconcelos (2002) ressalta que esse tipo de pesquisa, independente da terminologia, muito tem contribuído para o âmbito educacional, principalmente na área da Linguística Aplicada. A relação entre o professor de LP e o aluno tem sido conduzido sob um viés mais significativo no processo de ensino e aprendizagem, isso porque passou-se a conhecer e compreender mais os meios de ensinar e aprender a língua materna.

A respeito do caráter etnográfico, André (1995) explica ser uma forma de pesquisa realizada pelos antropólogos para o estudo da cultura e da sociedade. Nesse caso, os objetivos estarão sempre voltados para a descrição dos hábitos, das crenças, dos valores, linguagens de um determinado grupo social. “Etimologicamente etnografia significa descrição cultural” (ANDRÉ, 1995, p. 27).

Entretanto, no início da década de 70, consoante Ludke e André (1986), as técnicas etnográficas passaram a fazer parte do contexto educacional. Nesse campo,

a principal preocupação dos estudiosos da área, esclarece André (1995), é com o processo educativo e não com o produto ou com os resultados finais.

Ainda de acordo com André (1995), a diferença de enfoque nas duas áreas (cultural e educacional) faz com que nem todas as técnicas aplicadas à etnografia propriamente dita, sejam também aplicadas na etnografia da esfera educacional. Na realidade, o que ocorre é “uma adaptação da etnografia à educação” (ANDRÉ, 1995, p. 28).

Diante disso, a estudiosa conclui que, nós educadores, realizamos estudos e/ou pesquisas “do tipo etnográfico e não etnografia no seu sentido estrito” (ANDRÉ, 1995, p. 28). Por esse motivo, em nossa pesquisa, optamos pelo termo “tipo etnográfico”.

No que se refere à natureza da pesquisa, é preciso compreender a diferença entre a pura e a aplicada. Gil (2006) estabelece essa distinção entre ambas, explicando que a primeira está estritamente relacionada ao desenvolvimento do conhecimento científico, descartando a aplicação e as consequências da investigação. Assim, seu interesse volta-se tão somente para “desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com suas aplicações e consequências práticas” (GIL, 2006, p. 42).

Já a pesquisa de natureza aplicada, embora dependa das descobertas da pesquisa pura, possui como característica principal a “aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos (...) numa realidade circunstancial” (GIL, 2006, p. 43). Exatamente por essa razão, podemos considerar esta investigação como uma pesquisa de natureza aplicada.

A opção por esse percurso metodológico tem como finalidade o alcance dos objetivos delineados no corpus deste projeto, visando, com isso, contribuir para a qualidade do processo ensino e aprendizagem no que diz respeito à formação e ao desenvolvimento do aluno-leitor.

A seguir, tratamos da contextualização desta pesquisa, fazendo uma breve descrição do lócus e sujeitos investigados.