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2. Análise dos dados do estudo empírico

2.1. Caracterização dos estudantes em mobilidade Erasmus

O questionário de pré-mobilidade foi aplicado aos alunos que se preparavam para iniciar a sua mobilidade no segundo semestre do ano lectivo de 2005-2006. A lista destes alunos foi fornecida pelo Gabinete de Relações Externas da Universidade de Lisboa, em Outubro de 2005. No total foram inquiridos 83 alunos, de todas as Faculdades da Universidade de Lisboa, nomeadamente, da Faculdade de Belas Artes, Faculdade de Ciências, Faculdade de Direito, Faculdade de Farmácia, Faculdade de Letras, Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina Dentária e da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. Devido a não ter sido possível o acesso às informações dos alunos da Faculdade de Medicina Dentária, estes não foram contactados.

Passando à caracterização social e académica da amostra verificámos que as idades dos estudantes inquiridos englobam a faixa etária dos 20 aos 53 anos, situando-se a média de idade nos 23 anos, considerando apenas as respostas válidas. De forma mais pormenorizada, podemos afirmar que 34% dos alunos têm 23 anos, 18 % têm 21 anos, no mesmo valor percentual estão alunos com 24 anos, 14% têm 22 anos, 6% têm 20 anos, estando os restantes entre os 25, 26, 27 anos e um aluno pós-graduado com 53 anos.

Os inquiridos são maioritariamente do sexo feminino, que totaliza 64,8% da amostra. Como já referido, actualmente o ensino superior tem registado um acréscimo significativo de estudantes do sexo feminino, que na UL também se verifica. Por este motivo, consideramos que esta valor mais elevado de estudantes raparigas em mobilidade Erasmus é uma consequência desta tendência.

Relativamente ao ano em que se encontram no seu percurso académico, 35,2% afirma que frequenta o ensino superior à 6 anos, 33,3% frequenta o ensino superior à 5 anos, 24,1% frequenta o ensino superior à 4 anos. A restante percentagem de 7,5% afirma frequentar o ensino superior à 3 anos (3,7%) e 7 e 9 anos (3,8%). Este número de anos frequentados pode estar relacionado com o facto de os alunos que optam por fazer períodos mais pequenos de mobilidade, de 3 a 6 meses, o fazerem quando decorrem os estágios, durante o último ano de curso.

As licenciaturas mais frequentadas por estes alunos são Design de Comunicação (16,7%), Ciências Farmacêuticas (14,9%), Medicina (13%), Química Tecnológica (9,3%), Estudos Europeus (7,4%), Design do Equipamento e Geografia (5,6% cada), Pintura, Psicologia e Química (3,7% cada). São ainda referidas as licenciaturas de Direito, Engenharia Geográfica, Engenharia Informática, Física, Geofísica, Informática, Línguas e Literaturas Modernas e a Pós-graduação em Ciências Documentais. A amostra apresenta-se perfeitamente dividida entre cursos de ciências, ciências da saúde, artes e letras, não se verificando qualquer tendência, em termos de mobilidade, de qualquer um dos ramos de ensino.

As respostas relativamente à situação domiciliária dos estudantes referem que estes vivem maioritariamente com os pais (66%), em menor número vivem em apartamentos com outros estudantes (15,1%), outros vivem em quartos alugados (9,4%), e ainda em menor número (3,8%) habitam em residência académica durante o período de estudos, havendo ainda 5,7% que afirma ter outro domicílio. Através destes dados podemos inferir que a maioria dos estudantes habita na área da grande Lisboa, uma vez que o seu domicílio habitual durante o período de estudos é em casa dos pais. Por outro lado, a existência de uma percentagem maior de estudantes em alojamento privado (apartamentos ou quartos alugados) do que em residências académicas, permite-nos afirmar que os alunos inquiridos não se encontram entre os mais carenciados da

Universidade de Lisboa, já que as residências são prioritariamente atribuídas a alunos com menores rendimentos.

Os alunos em mobilidade são maioritariamente filhos de pais com a nacionalidade portuguesa. Sobre as habilitações literárias dos progenitores, nas repostas dos inquiridos, verificámos que a maioria 40,7% (pai) e 44,4% (mãe) possuem curso superior. Seguidamente, aparece a percentagem de 25,9% (pai, mãe) que possuem apenas ensino básico. Ainda, 22,2% (pai) e 20,4% (mãe) completaram o ensino secundário e, finalmente 11,1% (pai) e 9,3% (mãe) possuem diploma de ensino profissional.

Os alunos inquiridos afirmam todos dominar uma língua estrangeira. A língua inglesa apresenta-se como a mais referida com 42,6%. Ainda 22,3% refere que domina a língua inglesa e francesa, e 13% responderam que dominam a língua inglesa e espanhola. Outras línguas menos referidas são a língua italiana e a alemã. Numa escala de 1 a 5, considerando 1 o domínio medíocre e 5 o domínio muito bom, relativamente à língua inglesa, 50% dos alunos classificam o seu domínio de inglês no nível 4,sendo de 33,3% o nível 5 e havendo 3,7% que marcaram o nível 1. Relativamente à língua francesa, 33,3% afirmam que o seu domínio de francês está no nível 1 e 2 e apenas 3,7% afirmam o nível 5. A língua espanhola é dominada por 37% no nível 1, havendo 18,5% que marcaram o nível intermédio, ou 3, e 1,9% que marcaram o nível 5.

De entre as respostas válidas obtidas, a maioria dos alunos (79%) respondeu que adquiriu o conhecimento de línguas no ensino secundário, em oposição a apenas 15,4% que referiram ter aprendido línguas no ensino superior. Relativamente à frequência de aprendizagem de línguas em institutos há uma percentagem positiva de 51,9% que afirma ter frequentado estes institutos. A aprendizagem de línguas em casa ou com outras pessoas apresentam percentagens de 11,1% e 7,4%, respectivamente. Quando inquiridos acerca da vontade de dominar um língua estrangeira apenas 31% afirma uma resposta positiva, sendo a língua mais referida por estes, a língua francesa, seguida da inglesa e da espanhola.

Apenas 14,8% dos alunos afirma ter vivido anteriormente no estrangeiro, contudo 66% respondeu que tem contacto com pessoas de outras nacionalidades, sendo as mais

referidas, a alemã, espanhola, francesa e italiana. Neste grupo, o contacto é em 37% referido como regular, no contexto de férias (25,9%) e académico (22,2%), pelo que podemos inferir que neste último caso se referem a alunos estrangeiros em mobilidade na Universidade de Lisboa.

Os alunos em mobilidade neste período escolheram para país de acolhimento em primeiro lugar a França, seguida do Reino Unido, a Espanha, a Itália, a Bélgica, a Holanda e a Polónia, a Alemanha, a Eslovénia, a Finlândia e a República Checa e, apenas 1 escolheu a Grécia. Os alunos escolheram os países que desde 2000 têm sido preferidos pelos estudantes da UL, cuja informação é de que há cinco países que vão alternando a preferência dos estudantes, sendo a França e a Espanha os países que recebem normalmente mais estudantes, logo seguidos pela Itália, Alemanha e Reino Unido. Podemos concluir que os países preferidos estão culturalmente próximos de Portugal, como é o caso de França, Espanha, Itália, cujas raízes culturais e linguísticas são comuns. Por outro lado, a preferência pelo Reino Unido também poderá ser explicada pela facilidade linguística, uma vez que, como vimos, a maioria dos alunos afirma dominar a língua inglesa.

Gráfico 1 País da mobilidade D 5% B 8% SLO 5% E 12% FIN 5% GR 3% NL 8% I 10% PL 8% GB 14% CZ 5% F 17%

O período de mobilidade teve para 37,5% dos alunos a duração de 5 meses, ou um semestre lectivo. Seguidamente, aparece o período de 3 meses com maior percentagem, o que revela que os alunos não fizeram um semestre mas apenas um período do semestre, nalguns casos (Medicina e Farmácia) correspondente a um estágio. A experiência de mobilidade neste caso, pode ser considerada de curta duração o que

poderá dificultar a percepção das diferenças relativamente aos factos político-culturais aqui em análise.