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2. Análise dos dados do estudo empírico

2.2. Dados relativos à mobilidade Erasmus

Através dos questionários pré-mobilidade sabemos que cerca de 80% dos alunos afirmam ter tomado conhecimento do programa Erasmus na Universidade. Há ainda 46,3% que de respostas que afirmam ter obtido conhecimento do programa através de colegas. Apenas 5,6% afirmam que tomaram conhecimento do programa através dos meios de comunicação social. Assim, podemos considerar que a universidade é o local onde a informação acerca do programa de mobilidade Erasmus é mais divulgada.

Todos as alunos em preparação da sua mobilidade afirmam conhecer colegas que já participaram no programa anteriormente, havendo 94% que diz que essas pessoas obtiveram vantagens com a mobilidade. Quando questionados acerca das suas percepções das vantagens obtidas pelos colegas sendo-lhes solicitado que classificassem numa escala de 1 a 5, as suas percepções, sendo 1 nenhumas e 5 muitas. As vantagens académicas apresentam no nível razoáveis a percentagem mais elevada (40,7%) seguidas do nível muitas com 24,1%. Sobre as vantagens linguísticas obtidas pelos colegas, os alunos perceberam que estas foram muitas (37%), e razoáveis (24,1%). Relativamente às vantagens culturais, estas foram sentidas como muitas (48,1%), seguidas de bastantes com 29,6%. Os alunos não percepcionam quaisquer vantagens económicas nos colegas que fizeram mobilidade tendo classificado em 46,6% o nível 1, ou nenhumas, havendo apenas 5,6% que considera que foram obtidas muitas vantagens. Verificamos novamente uma percepção de vantagens razoáveis ao nível profissional com 35,2%.

Gráfico 2

Vantagens percepcionadas nos colegas que já fizeram Erasmus

0% 20% 40% 60% 80% 100% Nenhumas Poucas Razoáv eis Bastantes Muitas Académicas Linguísticas Culturais Económicas Profissionais

Através do questionário pós-mobilidade procurámos saber qual o tipo de alojamento obtido pelos alunos. Esta questão poderá levar-nos a quais os relacionamentos desenvolvidos e porquê.

Das hipóteses de tipo de alojamento obtido (quarto alugado, residência académica, apartamento com outros estudantes, casa de familiares ou outro), o que teve maior percentagem de respostas positivas foi a residência académica, seguido de apartamento com outros estudantes e quarto alugado. Os primeiros dois tipos de alojamento permitem um contacto mais próximo com estudantes de diferentes nacionalidades, o que poderá proporcionar convivência e conhecimento de outras culturas.

Gráfico 3

Tipo de alojamento no país de acolhimento

0 5 10 15 20

Quarto alugado Residência académica Apartamento com outros estudantes Casa de familiares Outro

Sobre os tipos de relacionamento, procurámos saber se estes se desenvolveram num ambiente mais ou menos caracterizado por diversas culturas e nacionalidades. De facto,

percebemos que a maioria dos estudantes se relacionou mais com outros estudantes Erasmus de outros países, seguidamente com colegas do país de acolhimento e com os conterrâneos em menor percentagem.

Gráfico 4

Relacionamentos no período de mobilidade

0 5 10 15 20 25 30 35 Conterrâneos Colegas do país de acolhimento Colegas Erasmus de outros países

Os alunos afirmam que os principais motivos que os levaram a estabelecer os relacionamentos que desenvolveram no país de acolhimento foram: por se encontrarem numa situação comum (numa residência académica) em 47,2% dos casos, o conhecimento de diferentes culturas (no caso dos que se relacionaram mais com outros estudantes Erasmus) em 19,4%, conhecer os nativos por uma questão de integração e aprendizagem da língua, em 11,1%, por empatia ou amizade e por partilharem a cultura (referindo-se aos conterrâneos), em 8,3% em ambos os casos, ou por razões profissionais. Nesta questão houve 4 alunos que não responderam, não fazendo parte desta amostra.

A percentagem de alunos que considera ter aprofundado a ligação com o país de acolhimento é de 97,5%, mostrando claramente que o contacto directo incentiva o relacionamento entre culturas e o estabelecimento de laços. De entre as razões apresentadas pelos alunos que justificaram esta afirmação (representando 45% da amostra), destacam-se as seguintes: o interesse pela cultura deste país e uma boa experiência (61,1%) e a percepção de afinidade cultural que despertou sentimentos de identificação (27,8%). Estes resultados vêm confirmar a eficácia da acção da UE para este objectivo. Como vimos desde 1988 (CE24/05/1988) que a Comunidade procura estabelecer a Dimensão europeia na educação tendo afirmado, numa resolução do Conselho, que este reforço advém da experiência directa da realidade da vida noutros

países europeus. Por outro lado, a UE apresenta também este contacto directo decorrente da mobilidade como uma das vantagens que se reflectem no nível individual do cidadão (CE, 2003). Assim, verificamos que de facto, o contacto directo propiciado pela mobilidade é capaz de proporcionar uma experiência directa de integração europeia, uma vez que os alunos consideram que neste período vivenciam e identificam- se com a realidade de outros países europeus.

A maioria dos alunos (97,5%) com esta experiência de mobilidade afirma que pretende manter contacto futuro com as pessoas que conheceu neste período. O motivo mais forte (79,3%) para esta intenção são as relações de amizade estabelecidas, seguido por razões de interesse académico e profissional (13,8%), para a amostra de 45% do grupo de inquiridos que justificou a resposta. Assim, verificamos que a prioridade da UE, de estabelecer a competitividade da economia através da capacidade de se formar e trabalhar em contexto internacional (CE, 2000) não se reflecte nas motivações mais apresentadas pelos estudantes inquiridos.

Sobre o domínio da língua do país de acolhimento, apenas uma pequena percentagem (7,5%) dos inquiridos afirma um domínio muito bom. A maioria dos alunos considera ter aprendido esta língua a um nível razoável ou bom (27,5% em ambos os casos).

Gráfico 5

Dom ínio da língua do país de acolhim ento

0 2 4 6 8 10 12

M edí ocre Fraco Razoável Bom M uito bom

Podemos afirmar que o contacto com a língua do país de acolhimento não teve lugar anteriormente à mobilidade, tal como é recomendado pela política do programa Erasmus, não tendo os alunos feito uso do Erasmus Intensive Language Course (EILC) disponibilizado pelo programa. Assim, apenas 27,5% dos alunos afirma que frequentou um curso de preparação da língua, 17,5% teve contacto com a língua através das aulas das disciplinas do curso, 15% aprendeu a língua com colegas de curso, 37,5% aprendeu

através dos colegas de alojamento e 40% aprendeu a língua através de outras pessoas. Existe uma percentagem elevada de alunos (75%) que demonstram interesse em aprofundar o conhecimento da língua do país de acolhimento.

Cerca de 22,5% dos alunos afirma ter aprendido outra língua estrangeira que não a do país de acolhimento, estando entre estas, o espanhol, o inglês, o francês e o catalão. Os alunos afirmam ter aprendido estas línguas principalmente com os colegas de alojamento e com os colegas de curso. Este factor pode dever-se à existência de muitos alunos espanhóis em mobilidade, com o consequente relacionamento facilitado com os portugueses devido à língua. A aprendizagem do inglês justifica-se por ser uma língua muito falada no espaço europeu, representando quase uma língua franca. O francês e o catalão por serem línguas faladas, no caso da primeira, fora de França, por exemplo, na Bélgica e, o catalão, por ser uma língua oficial em Barcelona, cidade preferencial de destino de alunos portugueses em mobilidade Erasmus.

Foi solicitado aos alunos que classificassem numa escala de 1 a 5 (sendo 1 nenhumas e 5 muitas), as vantagens percepcionadas decorrentes do seu período de mobilidade. Mais uma vez as variáveis apresentadas foram: vantagens académicas, linguísticas, culturais, económicas e profissionais. As respostas obtidas indicam que as maiores vantagens foram a nível cultural, logo seguidas pelas linguísticas. No aspecto económico os alunos referiram que as vantagens obtidas foram fracas, ou nenhumas. Os alunos que decidiram acrescentar outras vantagens referiram a autonomia, vantagens sociais e pessoais.

Gráfico 6

Vantagens da experiência Erasmus

0% 20% 40% 60% 80% 100% Nenhumas Poucas Razoáv eis Bastantes Muitas Académicas Linguísticas Culturais Económicas Profissionais

Quando comparamos com o questionário pré-mobilidade sobre a percepção das vantagens obtidas pelos colegas em mobilidade, verificamos que as vantagens académicas se mantém no nível intermédio, ou razoáveis, embora com menor percentagem, para a maioria dos alunos. As vantagens linguísticas são agora também afirmadas como muitas o que aumenta o anteriormente percepcionado. Relativamente às vantagens culturais, a percepção dos alunos relativamente aos colegas foi superior ao que consideram as suas vantagens realmente obtidas, embora se mantenham as classificações elevadas em bastantes e muitas. As vantagens económicas são vistas pela experiência pessoal como nenhumas numa percentagem superior aos dados anteriores. As vantagens profissionais obtidas, através da sua experiência pessoal, mantêm-se como razoáveis tal como na percepção pré-mobilidade, embora a classificação de nenhumas vantagens obtidas tenha aumentado a percentagem.

Os alunos consideram na sua maioria, 82,5% que a mobilidade Erasmus é uma forma de participação activa na UE. Daqueles que justificaram esta posição, representando 75% da amostra, a justificação mais utilizada (30%) para esta afirmação é de que esta experiência proporciona a troca de conhecimentos entre culturas e uma vivência inter- cultural. Outras razões apontadas referem ainda que a experiência de mobilidade: ajuda a formar uma consciência europeia e a desenvolver a tolerância (20%), promove a livre circulação que leva à união entre cidadãos (16,7%), leva à abertura de novas perspectivas (16,7%), ajuda a divulgar Portugal na UE (6,7%), não concorda com esta afirmação (6,7%) aproxima a formação académica entre os Estados-membros (3,3%).

Gráfico 7

Mobilidade como forma de participação activa na União Europeia (n=30)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Liv re circulação lev a à união Aprox ima a formação académica Forma a consciência europeia e a tolerância Troca de conhecimentos e ex periência intercultural Ex periência da liv re circulação que abre nov as

perspectiv as

Div ulga Portugal Não concorda