• Nenhum resultado encontrado

A Escola está localizada em um grande bairro da cidade de Pelotas e atualmente acolhe cerca de 600 alunos matriculados. Atende a Educação Infantil, Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano e Educação de Jovens e Adultos – EJA, os quais ficam distribuídos em 220 alunos, no turno da manhã, 250 alunos, no turno da tarde e cerca de 30 alunos na EJA, sendo que nesta modalidade de ensino ocorrem muitas evasões.

Conforme registrado no Projeto Político Pedagógico - PPP da escola, esta tem uma longa história de contribuição na formação dos estudantes que ali frequentaram ou frequentam, tendo seu decreto de criação sob o nº 1226 Data 25/01/1972- Prefeitura Municipal.

A equipe diretiva é composta de: uma diretora, uma vice-diretora, uma coordenadora pedagógica para a Educação Infantil e os Anos Iniciais e uma coordenadora pedagógica para os Anos Finais e duas orientadoras educacionais. O corpo docente é constituído de 70 professores, além dos professores existem 30 funcionários, responsáveis pelo serviço de secretaria, manutenção, limpeza, alimentação escolar e monitoria de alunos.

A estrutura física da escola é ampla, os espaços são bem cuidados, organizados, há cartazes dos estudantes pelos corredores, apresenta-se como um ambiente colorido, embora, com algumas instalações bem antigas. A escola conta com treze salas de aula, laboratório de informática, laboratório de ciências, sala de recursos para Atendimento Educacional Especializado- AEE, sala de artes, sala de vídeo, sala da brinquedoteca, sala dos professores, sala da direção e coordenação pedagógica, secretaria da escola, refeitório, biblioteca aberta nos três turnos, banheiros adaptados para cadeirantes e banheiros comuns, quadra poliesportiva coberta, além de pátio na área central da escola para recreação e lazer.

Dessa forma, embalada nas palavras de Freire (1996, p. 50) pode-se dizer que: “A eloquência do discurso na e pela limpeza do chão, na boniteza das salas, na higiene dos sanitários, nas flores que adornam. Há uma pedagogicidade indiscutível na materialidade do espaço”. Assim, a escola nos corredores, no tratamento com estudantes especiais permite ler um ambiente acolhedor e organizado.

Os objetivos gerais dos Anos Iniciais na referida escola são os seguintes: oportunizar aos alunos vivências lúdicas, intencionalmente planejadas, utilizando

50

novos recursos metodológicos que priorizem o início da sistematização dos saberes escolares, a partir de um enfoque globalizador desenvolvendo a expressão oral e escrita, a capacidade de resolver problemas, o espírito investigativo, a construção da autonomia e do comprometimento social conforme expresso no PPP da escola.

A escola oportuniza atividades especializadas uma vez por semana aos alunos dos Anos Iniciais na hora-atividade6 da professora regente com aula de Artes, de Educação Física e Hora do Conto. Além dessas atividades educativas, também oportuniza um horário semanal na brinquedoteca, com pedagoga e oficinas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID, que acontecem quinzenalmente.

Os estudantes desta instituição são oriundos de diferentes classes sociais, alguns filhos de pais ou responsáveis que trabalham no comércio, outros filhos de pais ou responsáveis que possuem pequenos estabelecimentos, como oficina mecânica, minimercado entre outros, compondo, portanto, uma rede diversa de experiências familiares e sociais, de histórias de vida heterogêneas, que se entrecruzam no ambiente escolar e de modo mais intenso na sala de aula.

Segundo as informações disponibilizadas pela coordenadora pedagógica, as famílias integram-se nas festividades e reuniões escolares, buscam ser participativas, aparentemente confiam no processo educativo oferecido pela instituição. Outro aspecto que se destaca sobre a escola é que é considerada pela Secretaria Municipal da Educação uma escola inclusiva, termo adotado para definir escolas que atendem crianças com dificuldades ou deficiências. Sendo assim, atende alunos com deficiência física, mental, auditiva, visuais e múltiplas e também alunos com síndromes de Down, de Marfan, Transtorno do Espectro Autista, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Conforme o quadro 5, pode-se perceber o perfil acadêmico das professoras do Ciclo de Alfabetização.

6

A hora- atividade nos sistemas de ensino respalda-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96) no art. 67 determina que os sistemas de ensino promovam a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público, os seguintes direitos: V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho. E também no Parecer CNE/CEB nº 9/2012, que trata da implantação da Lei nº 11.738/2008, que institui o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da Educação Básica que foi homologado, publicado no DOU de 1°/8/2013, Seção 1, Pág.17, o qual define que a jornada de trabalho de 40 horas ou 20 horas semanais deve ser composta de no máximo 2/3 da jornada para a interação do professor com os estudantes e no mínimo 1/3 da jornada para atividades extraclasse.

(anos) trabalha

Professora T 37 Pedagogia - 9 2 1º Ano

Professora L 30 Pedagogia Sim-

Psicopedagogia 2

2 2º Ano

Professora A

37 Letras Sim Linguagens Verbais

13 2 3º Ano

Quadro 5 - Perfil acadêmico das professoras. Fonte: Autoria Própria.

Diante das informações apresentadas, é importante perceber o perfil de cada professora que protagonizou as práticas pedagógicas no ciclo de alfabetização, sendo duas com formação em Pedagogia e uma com formação em Letras, exercendo sua profissão nesta teia complexa de múltiplos fios, que é a profissão docente. Duas professoras eram mais experientes, e uma iniciando sua constituição docente. Assim, como os estudantes, cada uma com uma história de vida e ali no cotidiano escolar iam construindo seus saberes experienciais apontados por Warschauer (2001).

As professoras do ciclo desenvolveram a partir de suas práticas docentes o tacto pedagógico apontado por Nóvoa (2009), que trata da capacidade de relação e comunicação com os alunos de se fazer respeitar, ouvir, de conquistar as crianças para o trabalho educativo, para aprender uma letra, para descobrir palavras, para ler um texto e descobrir o que tem por trás daquela simples folha reprografada. Por outras vezes, tinham que conduzir a cadeira de rodas, abrir a porta, dar conta de vários alunos chamando ao mesmo tempo, bem como, tinham que sentar ao lado daquele que manifesta uma dificuldade.

Assim, foi possível perceber o comprometimento das três professoras na entrevista aberta inicial, que logo que retrataram um perfil da turma, informavam que havia alunos com dificuldades, alunos com laudo médico, gerando nelas uma ansiedade pelo “vasto cabedal de saberes e habilidades” que precisavam mobilizar, tendo que orientar sua ação por diferentes objetivos, conforme indica Tardif:

Objetivos emocionais ligados à motivação dos alunos, objetivos sociais ligados à disciplina e a gestão da turma, objetivos cognitivos ligados à aprendizagem da matéria ensinada, objetivos coletivos ligados ao projeto educacional da escola, etc. (TARDIF, 2010, p. 264).

52

Entende-se que diante das situações inesperadas do cotidiano escolar, ou frente a situações de dificuldade de aprendizagem de seus alunos, os professores são sujeitos ativos do conhecimento, que sua prática não se resume à aplicação de teorias, mas que a prática é um espaço de produção de saberes.

Nesse sentido, o professor em suas ações, reflexões, produz saberes e teorias, baseados em suas experiências, produzindo conhecimento acerca de sua prática pedagógica, conforme Tardif (2010); Clarindo (2011).

Sendo assim, contou-se com os cadernos de planejamento das três professoras do 1º, do 2º e do 3º ano, na busca de melhor compreender as práticas de leitura e escrita realizadas no contexto do ciclo de alfabetização.

Quanto às modalidades organizativas do trabalho pedagógico, através do registro nos cadernos de planejamento das professoras e das aulas observadas, foi possível perceber que costumavam trabalhar com grandes temáticas, com as quais buscavam fazer articulações e aproximações entre os diferentes componentes curriculares no 1º, no 2º e no 3º ano. Sendo que no 2º e 3º ano realizavam também alguns projetos durante o ano letivo.

4 Descrição e Análise dos dados

Neste capítulo será apresentada a descrição e análise dos dados de 15 alunos do 1º ano, 14 alunos do 2º ano e 20 alunos do 3º ano, sujeitos estudados nesta pesquisa, bem como os cadernos de registros das professoras das referidas turmas. Atendendo ao objetivo geral desta tese que consiste em: descrever e analisar as relações entre práticas pedagógicas e o desempenho em leitura e escrita dos alunos do ciclo de alfabetização de uma escola da rede pública de Pelotas, vinculada ao PNAIC.

Primeiramente, será realizada a descrição e análise dos dados das práticas de leitura e escrita coletadas a partir dos cadernos de registros de planejamento das professoras do primeiro, segundo e terceiro ano.

Na sequência, será apresentada a descrição e análise dos dados de leitura coletados através do instrumento chamado de PROLEC.

Por fim, serão apresentados os dados referentes à escrita das crianças do ciclo de alfabetização.