• Nenhum resultado encontrado

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.3. Delineamento Experimental

4.4.2. Caracterização física dos organogéis

4.4.2.1. Estabilidade visual e formação de gel

Os organogéis foram avaliados visualmente para verificação de possível ocorrência de instabilidade, tais como separação de fases e exsudação de óleo líquido na superfície. Para facilitar a visualização, as amostras foram armazenadas em tubos de ensaio de 10mL (em duplicata), e foram estabilizadas em estufa incubadora com controle de temperatura. As amostras foram mantidas a 5°C por 24 horas e posteriormente a 25°C por sete dias, sendo as mesmas avaliadas no 1°, 3° e 7° dias após estabilização a 25°C (Rocha et al., 2013). Para padronizar a classificação dos organogéis com relação às características subjetivas de firmeza, foi desenvolvida uma classificação conforme descrita na Tabela 3.

Tabela 3. Escala de classificação com base nas características apresentadas pelos organogéis.

Característica Classificação do gel Totalmente firme (sem escoamento) “+++++”

Firme “++++”

Viscoso (médio) “+++”

Fluído “++”

Totalmente Líquido “+”

Para ser classificado como totalmente líquido (+), o material deve se apresentar semelhante a um óleo, escoando com facilidade quando o tubo é vertido.

Para classificação de gel como fluído (++), o material deve se apresentar como um material fluído viscoso sendo o escoamento levemente lento quando o tubo é vertido. Para classificação como um gel viscoso médio (+++), o material deve apresentar característica visual de gel, porém quando o mesmo é submetido à força e vertido ocorre escoamento das amostras. Para classificação como um gel firme (++++), o material deve se apresentar firme e com característica de gel, sem escoamento quando o tubo é vertido, porém ocorre um escoamento lento quando submetido à força (virado para baixo, era exercida uma força com 5 pequenas batidas no tubo em direção à superfície de apoio) ou também apresentando leve exsudação de óleo na superfície. Para ser classificado como um gel totalmente firme (+++++), o material não deve apresentar escoamento quando o tubo é vertido e nem quando submetido à força, além de não apresentar exsudação de óleo na superfície (Godoi, 2017).

4.4.2.2. Teor de sólidos

Foi determinado utilizando Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) BRUKER pc120 Minispec e banhos secos de alta precisão (0 – 70°C) TCON 2000 (Duratech, EUA). As análises foram realizadas em duplicata segundo método AOCS Cd 16b- 93 (método direto) para estabilização das amostras, com leitura das amostras em série nas temperaturas de 10; 15; 20; 25; 30; 35; 40, 45, 50°C (AOCS, 2009).

4.4.2.3. Força de compressão/ Dureza

A força de compressão das amostras foi determinada utilizando um texturômetro (TA-XTi2, Stable Microsystems, Inglaterra), controlado por microcomputador segundo a metodologia descrita por Rocha et al. (2013). A análise foi realizada em triplicata, sendo preparados 40 mL de organogel para cada amostra analisada, que foram acondicionadas em béqueres de 50 mL e mantidas em estufa tipo B.O.D., em temperatura controlada, por 48h, sendo 24h a 5°C e posteriormente 24 h a 25°C. A análise foi realizada utilizando o probe cilíndrico de acrílico de 25 mm de diâmetro e 35 mm de comprimento, com velocidade de 1,0 mm/s, e distância fixa para penetração do probe de 15 mm. O valor considerado como resultado foi a média da força máxima obtida.

4.4.2.4. Cinética de cristalização

As amostras foram fundidas a 75°C por 15 min e mantidas em banho seco de alta precisão a 60°C durante 1h para completa destruição de seu histórico cristalino. O aumento do conteúdo de gordura sólida em função do tempo de cristalização foi monitorado por Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) Bruker pc120 Minispec, com compartimento de leitura estabilizado à temperatura constante de 25°C. A aquisição de dados foi feita automaticamente, com medidas tomadas a cada minuto, durante pelo menos 100 minutos. A caracterização da cinética de cristalização foi baseada nos parâmetros de período de indução (τSFC), no teor máximo de sólidos (SFCmáx) e no tempo de estabilização da cristalização (Wassel e Young, 2007).

4.4.2.5. Comportamento térmico

A análise térmica das amostras foi realizada em calorímetro diferencial de varredura (DSC) TA Q2000 acoplado ao RCS90 Refrigerated Cooling System (TA Instruments, Waters LLC, New Castle), conforme o método AOCS Cj 1-94, com adaptações (AOCS, 2009). O sistema de processamento de dados utilizado foi o Universal V4.7A (TA Instruments, Waters LLC, New Castle). As condições de análise foram: massa da amostra: ~10 mg; curvas de cristalização e fusão: 10 min (100°C), 100°C a -60°C (10°C/min); 10 min a -60°C, -60°C a 100°C (10°C/min), respectivamente (Rocha et al., 2013). Foram utilizados os seguintes parâmetros para avaliação dos resultados: temperatura inicial de cristalização e fusão (TIC; TIF),

temperaturas de pico de cristalização e fusão (TPC; TPF), temperatura final de

cristalização e fusão (TFC; TIC), entalpias de cristalização e fusão (∆HC; ∆HF) e delta

de evento térmico (∆TC; ∆TF) (Campos, 2005).

4.4.2.6. Microestrutura

A microestrutura das amostras foi avaliada por microscopia sob luz polarizada. As lâminas foram preparadas em duplicata para cada amostra. Foi utilizado um tubo capilar para auxiliar na deposição de uma gota de amostra, fundida previamente em micro-ondas, sobre lâmina de vidro que na sequência foi coberta por uma lamínula de vidro. As lâminas confeccionadas foram mantidas por um período de 3 horas em estufa B.O.D. na temperatura de análise (25°C), para a estabilização das mesmas. Foi utilizado microscópio de luz polarizada (Modelo BX51, Olympus America

Inc., Estados Unidos) acoplado a câmara de vídeo digital (Media Cybernetics). As imagens foram capturadas pelo aplicativo Image Pro-Plus 7.0 (Media Cybernetics, Estados Unidos) em quatro diferentes campos visuais de cada lâmina para cada amostra. Os resultados de diâmetro médio dos elementos cristalinos e da área cristalizada, além da morfologia dos cristais foram analisados através do software Imagem Pro-Plus 7.0 (Cindio, Cacace, 1995; Toro-Vazquez et al., 2013).

4.4.2.7. Polimorfismo

Os organogéis obtidos foram mantidos a 5°C por 24 horas e subsequentemente a 25°C por 24 horas para a análise, que foi realizada a -15°C. O hábito polimórfico dos organogéis foi determinado por difração de raios-x, segundo procedimentos da AOCS Cj 2-95 (AOCS, 2009). As análises foram realizadas em difratômetro Philips (PW 1710), utilizando a geometria Bragg-Brentano (θ:2θ) com radiação de Cu-kα (λ = 1.54056Å, tensão de 40 KV e corrente de 30 mA). As medidas foram obtidas com passos de 0,02° em 2θ e tempo de aquisição de 2 segundos, com scans de 2 a 40° (escala 2θ). A identificação das formas cristalinas foi realizada a partir dos shorts spacings característicos dos cristais (Chopin-Doroteo et al., 2011; Dassanayake et al., 2011).

4.4.3. Caracterização reológica dos organogéis