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Caracterização

No documento Relatório de Estágio (páginas 30-37)

Capítulo 3. O Morro da Sé

3.1. Caracterização

Como anteriormente se referiu, em 2005, a Porto Vivo apresentou o Masterplan para a Revitalização Urbana e Social da Baixa e Centro Histórico do Porto, onde é definida uma estratégia de atuação que permita inverter da degradação física e da depressão económica e social destas duas áreas.

Este documento, para além de delimitar a ZIP, que conforma cerca de metade da ACRRU, delimitou, também, um conjunto de seis AIPs, entre as quais se conta a AIP Sé/ Vitória, a qual inclui o Morro da Sé, uma unidade territorial com características que implicam uma intervenção integrada urgente.

Da análise feita aos onze quarteirões que constituem o Morro da Sé6, constatou-se [01] (Figura 3.1):

 Uma reduzida presença de atividades comerciais;  Um peso significativo das parcelas devolutas;

 Um peso significativo da função habitacional nas parcelas ocupadas.

Figura 3.1| Ocupação funcional do Morro da Sé [01].

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Q13029_Seminário; Q14002_Pelames; Q14011_Souto; Q14016_do Duque; Q14031_Viela do Anjo; Q14037_Penaventosa; Q14046_Bainharia; Q14047_S. Sebastião; Q14048_D. Hugo; Q14050_Sé; Q14052_ Aldas

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Este reduzido número de atividades económicas estará relacionado, essencialmente, com três fatores: o envelhecimento da população; a perda demográfica crescente e a proliferação de atividades ilícitas que acentuam o clima de insegurança.

A percentagem de edifícios desocupados, superior a 40%, é o reflexo de uma inversão do perfil demográfico desta zona, ocupada anteriormente sobretudo por famílias numerosas, e que se transformou numa zona onde as famílias com mais de quatro pessoas representam apenas cerca de 7,5% dos agregados familiares aqui residentes, sendo que, em relação aos jovens que aqui residem, muitos são desempregados e os mais novos sofrem de abandono escolar prematuro (Figura 3.2).

Figura 3.2| Agregados familiares do Morro da Sé [01].

No que diz respeito ao edificado, é constituído por 285 edifícios, que representam cerca de 70 000 m² de área bruta construída [01], estando a maioria dos edifícios bastante degradados, apesar de integrarem um conjunto edificado classificado pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) como Património Mundial.

Apenas 4% do edificado se encontra em bom estado de conservação, face aos restantes 96% que necessitam de obras, dos quais 96% necessitam mesmo de obras profundas. Do total de edifícios 22% estão completamente devolutos. Dos alojamentos disponíveis 41% estão vagos e cerca de 45% dos ocupados estão arrendados, dos quais grande parte regista valores de renda muito baixos, [01] [02] o que limita a capacidade financeira dos proprietários para desencadear os trabalhos necessários à reabilitação, conservação ou manutenção.

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Foi então definido o "Programa de Reabilitação Urbana para o Morro da Sé", constituído pelo "Programa de Ação para a Reabilitação Urbana do Morro da Sé_CH.1" e pelo "Programa de Realojamento Definitivo". O primeiro programa trata-se de um projeto cujo objetivo principal é a regeneração da área do Morro da Sé, através da criação de novas dinâmicas, da atração de população jovem e do desenvolvimento da atividade turística, bem como da procura de oferta de melhores condições de vida à população residente. Teve comparticipação comunitária, ao abrigo do Programa Operacional ON.2, "Parcerias para a Regeneração Urbana" (PRU/1/2007). O segundo programa surge da necessidade de realojar famílias que foram temporariamente deslocalizadas para urbanizações sociais do Município, por força do processo de libertação de edifícios a serem reconvertidos em Residência de Estudantes e em Unidade de Alojamento Turístico, operações integradas no "Programa de Ação para a Reabilitação Urbana do Morro da Sé_CH.1", bem como de famílias cujas condições de habitabilidade são claramente deficitárias. Este programa é uma iniciativa da Porto Vivo, que conta com financiamento do Banco Europeu de Investimentos (BEI) [02].

3.2. "Programa de Ação para a Reabilitação Urbana do Morro da

Sé_CH.1"

O "Programa de Ação para a Reabilitação Urbana do Morro da Sé_CH.1", cuja coordenação está a cargo da Porto Vivo, surge como uma primeira fase da nova atuação sistemática sobre o Centro Histórico do Porto, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade em 1996, e sustenta-se no Plano de Gestão do Centro Histórico do Porto Património da Humanidade (PGCHPPM), aprovado em 2009.

O Programa ocorre e é executado a partir de uma parceria público-privada na qual participam a CMP, a Porto Vivo, a Associação Porto Digital, num Consórcio liderado pela NOVOPCA Imobiliária, S.A., e dele consta o seguinte conjunto de operações materiais e imateriais [02] (Figura 3.3):

 Criação de uma unidade de Alojamento Turístico - com o objetivo de colmatar a

inexistência, na zona do Morro da Sé, de qualquer equipamento hoteleiro ou alojamento local;

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 Criação de uma Residência de Estudantes - este equipamento será considerado

pelos Serviços de Assistência Social da Universidade do Porto, entidade que apoia o alojamento de estudantes nacionais e internacionais, como um espaço preferencial para a instalação de estudantes;

 Ampliação da Residência de 3ª Idade - com o objetivo, por um lado, de melhorar

as condições de instalação dos idosos residentes e, por outro, de poder acolher idosos a viver com graves carências habitacionais e sem qualquer apoio pessoal;

 Valorização da Imagem e da Eficiência Energética do Edificado - esta operação

cingida ao Programa de Realojamento, à Residência de Estudantes e à unidade de Alojamento Turístico, visa atuar sobre as fachadas e coberturas dos edifícios, com o objetivo de aumentar o conforto no interior das habitações, reduzindo os consumos energéticos;

 Qualificação do Espaço Público - visa a modernização das infraestruturas urbanas

e a recuperação e qualificação do espaço público, incluindo mobiliário urbano e equipamento estruturante;

 Instalação e Operacionalização da Unidade de GAU - são objeto da sua missão,

em colaboração com outras entidades, cinco áreas de atuação, nomeadamente: espaço público e segurança; instituições e população local; levantamento sistemático de oportunidades e monitorização do mercado imobiliário; apoio a empreendedores e investidores; comunicação, divulgação e colaboração com outros projetos em curso.

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Figura 3.3| Intervenções no âmbito do "Programa de Ação para a Reabilitação Urbana do Morro da

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3.3. "Programa de Realojamento Definitivo"

A par com o programa descrito no ponto anterior, encontra-se em curso o "Programa de Realojamento Definitivo", executado com financiamento do IHRU/ BEI, e destinado a arrendamento de cariz social.

O objetivo deste programa é, por um lado, a criação de fogos para famílias da zona, que saem das suas residências com o intuito de libertar edifícios em mau estado de conservação, que serão reabilitados para equipamentos, ou para serem regenerados no âmbito deste programa e, por outro, a criação de fogos para atrair mais famílias ao Morro da Sé: as que tenham daqui saído por falta de condições, ou as que queiram vir residir neste local emblemático da cidade do Porto.

Fazem parte deste programa 29 edifícios, alguns dos quais serão objeto de um processo de emparcelamento, gerando 14 projetos de edifícios que serão reabilitados através de 9 empreitadas, que correspondem às operações A (Projeto 1), B (Projeto 2), C (Projetos 3 e4), D (Projetos 5 e 6), E1 (Projetos 8 e 9), E2 (Projetos 7 e 9), F (Projeto 11), G (Projetos 12 e 13) e H (Projeto 14) (Figura 3.4).

O resultado vai ser a criação de 71 fogos - 11 T0, 29 T1, 25 T2 e 6 T3 - e 19 espaços comerciais, correspondendo a cerca de 8000 m² de área bruta construída, isto é, cerca de 15% da área bruta total, pública e privada, com possibilidades de intervenção, no Morro da Sé.

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Figura 3.4| Intervenções no âmbito do "Programa de Realojamento Definitivo" [02].

No capítulo seguinte serão abordados com mais detalhe três dos projetos que fazem parte deste programa, nomeadamente o Projeto 1_Operação A, o Projeto 11_Operação F e o Projeto 12_Operação G.

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No documento Relatório de Estágio (páginas 30-37)

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