• Nenhum resultado encontrado

4.1 Apresentação e análise dos dados dos servidores técnico-administrativos

4.1.1 Caracterização do perfil da amostra

O perfil da amostra corresponde à apresentação dos dados gerados na última parte do questionário destinado aos servidores técnico-administrativos, o qual explora as seguintes variáveis: sexo, idade, estado civil, filhos, distância entre casa e trabalho, tempo de serviço na instituição, escolaridade e escolaridade do cargo.

A pesquisa teve a participação de 145 servidores técnico-administrativos. As tabelas 1 e 2 apresentam as estatísticas descritivas dos respondentes dos questionários. As variáveis

qualitativas são apresentadas na forma de dummies com a finalidade de ser expostas na tabela 2.

Tabela 1 - Estatística descritiva dos participantes

Variável Frequência %

Idade (em anos)

18 – 25 12 8,3 26 - 33 71 49,7 34 - 41 43 29,6 41 - 49 10 6,9 50 + 8 5,5 Filhos 0 102 70,3 1 20 13,8 2 17 11,8 Mais de 3 6 4,1

Distância entre casa e instituição (em km)

1 – 10 36 24,8

11 – 20 31 21,4

20 – 30 41 28,3

Mais de 30 37 25,5

Tempo de serviço na instituição (em anos)

1 – 10 130 89,7

11 – 20 10 6,9

20 – 30 2 1,4

Mais de 30 3 2,0

Fonte: Elaborada pela autora.

A tabela 1 demonstrou os valores absolutos e percentuais para cada intervalo das variáveis idade, filhos, distância entre casa e instituição e tempo de serviço na instituição. Como forma de melhor embasar a discussão, apresenta-se, na tabela 2, a média, moda, mediana e desvio padrão para cada variável.

Tabela 2 - Medidas de centralidade

Variável Média Moda Mediana Desvio Padrão

Idade (em anos) 34 28 32 8,5

Filhos 0,5 0 0 0,86

Distância entre casa e instituição (em km) 23 25 22 13,8

Tempo de serviço na instituição (em anos) 6 1 5 6,8 Fonte: Elaborada pela autora.

Conforme se verifica nas tabelas 1 e 2, a idade média dos participantes é de 34 anos, com maior concentração nos intervalos de 26 a 33 anos e de 34 a 41 anos, respectivamente.

Considerando os dois intervalos, 79,3% dos participantes possuem entre 26 a 41 anos, fato que se confirma ao se observar a média e o desvio padrão.

Em relação a filhos, chama-se atenção para a moda, em que 102 participantes não possuem nenhum filho, enquanto 43 possuem pelo menos um filho.

A distância média entre casa e instituição foi de 23 quilômetros, com desvio padrão de 13,8 quilômetros. A maioria dos respondentes residem a mais de 20 quilômetros da instituição, sendo 28,3% de 20 a 30 quilômetros e 25,5% a mais de 30 quilômetros.

Barros e Silva (2010) apontam que a distância entre casa e trabalho é um fator que pode influenciar a percepção dos trabalhadores em relação a esse regime de trabalho e o anseio por ele. Na mesma linha, Oliveira (2019) aponta que essa variável influencia a atitude de aceitação do teletrabalho. Segundo a autora, quanto maior a distância entre casa e trabalho, maior a tendência para aceitar o regime. Nesse sentido, observa-se que distância entre casa e trabalho são considerados fatores motivacionais para se aderir à modalidade de teletrabalho (TREMBLAY; THOMSIN, 2012; SINGH, 2014; HAU; TODESCAT, 2018).

Desse modo, possivelmente o fato de a maioria dos participantes residirem a mais de 20 quilômetros da instituição tenha influenciado na preferência pelo regime de teletrabalho, como será demonstrado na subseção 4.1.4.

Sobre o tempo de serviço na instituição, destaca-se o número de ingressantes no último ano, de 2019, que totaliza 33 participantes e equivale a 23% da amostra. Ademais, evidencia- se que 89,7% do quadro de pessoal dos decanatos possuem até 10 anos de tempo de serviço na instituição.

Diante dessa constatação, evidencia-se que a política de teletrabalho pode trazer prejuízo ao compartilhamento de conhecimentos e aconselha-se que o seu desenvolvimento seja realizado por servidores que detém um alto nível de autonomia em relação às suas atividades (BARROS; SILVA, 2010; PARDINI; GONÇALVES; PAIVA; DIAS, 2013; WOJCAK;

BAJZIKOVA; SAJGALIKOVA; POLAKOVA, 2016; ADERALDO; ADERALDO; LIMA, 2017).

Observa-se a média de tempo de serviço na instituição é de seis anos, o que pode ser reflexo do demonstrado por Borges (2018), em que a autora aponta que 44% dos servidores técnico-administrativos da UnB têm alta intenção de deixar a instituição e 26,8% dos respondentes admitem intenção moderada, por conta de aspectos como: baixos salários e benefícios oferecidos, estrutura precária, sentimento de desvalorização com a carreira e carga horária inadequada.

Nesse sentido, ao conjugar a média de tempo de serviço e as recentes admissões de pessoal nos decanatos, pode-se indicar alto grau de rotatividade dos servidores nos decanatos considerados para a realização da pesquisa como, por exemplo, decorrente de vacância e exoneração, redistribuição ou remoção.

Sobre esse ponto, Nilles (1997), Mello (1999) e Trope (1999) defendem que o teletrabalho é uma estratégia eficaz para se diminuir o índice de rotatividade. No serviço público, Choi (2018) destaca, ainda, que a redução da rotatividade traz economia por dispensar custos de contratação, que é maior no setor público, sobretudo por conta do processo de seleção que, no Brasil, se dá por meio de concurso público.

Ademais, a alta rotatividade do setor prejudica a gestão do conhecimento. Nesse sentido, o regime de teletrabalho pode prejudicar ainda mais o compartilhamento de informações, sobretudo em equipes que possuem servidores com pouco tempo e experiência no setor. Os estudos de Caillier (2011, 2016) e de Leite e Muller (2017) apontaram que o teletrabalho exerce um papel positivo na redução do desejo de sair da organização.

Sendo assim, na instituição em questão, a política pode ser eficaz também nesse propósito, haja vista que o teletrabalho ainda está em expansão nos órgãos do serviço público e, portanto, o regime torna-se uma vantagem organizacional perante às demais.

As variáveis qualitativas estão expostas na tabela 3, com evidência às categorias de cada variável e seus respectivos percentuais.

Tabela 3 - Variáveis qualitativas da amostra

Variáveis qualitativas % Sexo Feminino 53,8 Masculino 46,2 Estado Civil Solteiro 56,5 Casado 35,2 União estável 7,6 Divorciado 0,7 Escolaridade Ensino Médio 4,1 Graduação 22,8 Especialização 58,6 Mestrado 14,5 Doutorado 0,0 Escolaridade do Cargo Auxiliar 2,0 Nível Médio 56,6 Nível Superior 41,4

Fonte: Elaborada pela autora.

Conforme observado na tabela 3, a pesquisa teve predominância do sexo feminino, representando 53,8% da amostra. No que tange ao estado civil, a maioria é solteira, totalizando 56,5%; seguido daqueles que são casados ou possuem união estável, com 42,8%; e os divorciados com 0,7%.

A presente pesquisa retornou que a amostra da pesquisa não possui o perfil identificado na maioria dos estudos que demonstram que o perfil pode influenciar na decisão da modalidade de trabalho (SULLIVAN; LEWIS, 2001; TREMBLAY, 2002; HILBRECHT; SHAW; JOHNSON; ANDREY, 2008; TROUPE; ROSE, 2012). Conforme evidenciado, a amostra foi composta em sua maioria por participantes do sexo feminino, solteiros e sem filhos.

Quanto à escolaridade, a maior parte dos colaboradores são ocupantes de cargo de nível médio, representando 56,6%. Já os pertencentes aos cargos de nível superior equivalem a 41,4%. Os cargos de auxiliar representam 2%.

A despeito de a maioria ocupar cargos de nível médio, cuja escolaridade exigida é o ensino médio, observa-se que 58,6% dos participantes possuem título de especialização, 22,8% de graduação, 14,5% de mestrado e 4,1% de ensino médio.

Os diplomas em especialização se sobressaem, ainda que não seja requisito básico para nenhum dos cargos. Esse aspecto pode ser decorrente, além da busca pelo aperfeiçoamento acadêmico e profissional, pelo incentivo financeiro oferecido para a carreira de técnico- administrativos em educação que pode chegar, para o título de especialização (pós graduação lato sensu), a um acréscimo de 30% sobre as verbas remuneratórias permanentes do cargo; para

mestrado, 52%; e doutorado, 75% (BRASIL, 2005).