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1.8 Metodologia

1.8.2 Caracterização da Pesquisa

Em relação à caracterização da pesquisa, consideram-se os se- guintes aspectos: natureza, tipologia, abrangência, métodos, procedi- mentos metodológicos e técnicas.

1.8.2.1 Natureza e Abrangência da Pesquisa

O presente trabalho é uma pesquisa de natureza qualitativa. Os estudos qualitativos geralmente abordam questões de natureza social sem a pretensão de realizar uma amostra probabilística válida para pes-

quisas quantitativas em estudos de engenharia (erro amostral igual ou inferior a 5% e significância estatística de 95%) (PACHECO Jr. et. al., 2007).

Cabe ressaltar, portanto, que os estudos qualitativos não preten- dem fazer inferências dos resultados para todo o universo, mas somente na população de pesquisa (MATTAR, 1999; LAKATOS e MARCONI, 2001; GIL, 1999). Não se preocupa, pois, em critérios de seleção homo- gênea da amostra; utiliza a conveniência, a intencionalidade do pesqui- sador. Ou seja, os respondentes são abordados por facilidade de acesso, economia de custos e tempo (BOYD, 1971), constituindo-se em uma pesquisa aplicada a um estudo de caso.

Neste aspecto, Gonçalves e Meirelles (2004, p. 189) caracterizam o estudo de caso como um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente, com fins de realizar um exame detalhado de um ambiente que apresenta alguma idiossincrasia20, curiosidade ou valor científico na percepção e juízo de valor do pesquisador. Um estudo de caso possui grande profundidade, pois possibilita o estudo detalhado de um indivíduo, grupo ou organização, porém, possui pouca amplitude, ou seja, permite conhecer a fundo uma unidade específica, sem a preten- são de fazer generalizações, mas aferir a valia do construto da investiga- ção. Ademais, o estudo de caso é uma das formas mais comuns de apre- sentação das pesquisas exploratórias, além do próprio levantamento bibliográfico, seguindo quatro fases: “delimitação da unidade-caso, coleta de dados, análise e interpretação dos dados, redação do relatório” (GIL, 1999, p. 121).

1.8.2.2 Tipos de Pesquisa

Inicialmente, a pesquisa é declarada, em sua tipologia, como sen- do exploratória e descritiva. Em uma primeira fase, a investigação se constitui em exploratória pelo fato da necessidade de revelar os constitu- intes de efetividade e estrutura organizacional, dos quais seja possível elaborar um construto em que se possa considerar um relacionamento entre duas variáveis.

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Idiossincrasia: “1. disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir, de maneira muito pessoal, a ação dos agentes externos. 2. maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa” (FERREIRA, 2008).

Neste sentido, a pesquisa exploratória tem como objetivo propor- cionar maior compreensão do fenômeno que está sendo investigado e permite, assim, que o pesquisador faça o delineamento, de forma mais consistente, do problema. Geralmente, é a primeira etapa de uma inves- tigação maior, que também abrangerá outros níveis de pesquisa (GIL, 1999).

As pesquisas exploratórias são usadas para instigar a geração de hipóteses, identificando áreas para o estudo sobre a natureza de um pro- blema (CHURCHILL e PETER, 2000). Tem como principal caracterís- tica a informalidade e a flexibilidade, objetivando obter um primeiro contato com o fenômeno investigado (SAMARA e BARROS, 2002).

Ainda, segundo Mattar (1999), esse tipo de pesquisa reúne infor- mações através de inúmeras fontes: levantamentos em fontes secundá- rias (revistas especializadas, jornais e publicações); em fontes primárias: levantamentos de experiências (entrevistas com especialistas); observa- ção da ocorrência do fato, entrevistas estruturadas e não estruturadas, bem como observação informal (MATTAR, 1999, p. 82-85).

Na etapa seguinte, a pesquisa se apresenta como descritiva, pois segundo Bacha (1998, p. 57): “[...] possuem objetivos bem definidos e formulados, obedecendo a procedimentos formais, estruturados e diri- midas para a solução de problemas ou avaliação de alternativas de cur- sos de ação. Uma importante diferença entre a pesquisa exploratória e descritiva é que esta se caracteriza pela formulação prévia de hipóteses específicas.”

Enfatiza-se que “as pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática” e servem para proporcionar uma nova visão do problema (GIL, 1999, p. 44).

Mattar (1999) enfatiza que a pesquisa descritiva é aconselhada quando se objetiva: descrever as características de grupos; estimar a proporção de elementos numa população específica que tenham deter- minadas características ou comportamentos. E, a partir da constituição de um modelo em que as relações entre essas variáveis sejam passíveis de verificação, há a necessidade de descrição do possível relacionamen- to, razão pela qual se declara ser a investigação descritiva.

A pesquisa descritiva dá maior importância à descrição do pro- cesso em que as variáveis se relacionam do que, propriamente, mostrar que esse relacionamento ocorre em termos de causa(s) e efeito(s), pois a preocupação é a de descrever o fenômeno em si (PACHECO Jr. et al., 2007; CHURCHILL e PETER, 2000; MALHOTRA, 2004). Ou ainda,

conforme coloca, pontualmente, Mattar (1999, p. 88): “descobrir ou verificar a existência de relação entre variáveis”.

1.8.2.3 Métodos da Pesquisa

Os métodos de pesquisa se relacionam à maneira de representar o raciocínio que leva ao conhecimento do fenômeno estudado. “Método é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado (HEGENBERG, 1976, p. 115 apud MARCONI e LAKATOS” (1982, p. 39-40).

É a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo.

O método científico, para Gil (1999, p. 20), Lakatos e Marconi (2001, p. 22) é:

[...] o conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investi- gação são: dedutivo, indutivo, hipotético- dedutivo, dialético e fenomenológico. O método dedutivo pressupõe que só a razão é capaz de le- var ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio de- dutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de racio- cínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decor- rente das duas primeiras, denominada de conclu- são [sic].

Dessa forma, a presente pesquisa é delineada, em sua primeira e- tapa, pelo método dedutivo, uma vez que parte de arcabouço teórico dos modelos de efetividade e estrutura organizacional, inclusive identifican- do os respectivos constituintes. Parte-se de teorias e premissas na cons- trução do referencial teórico lógico, do geral para o particular, para fins de “predizer a ocorrência de fenômenos particulares (conexão descen- dente)" (MARCONI e LAKATOS, 2000, p. 91).

Afere-se, também, como método de pesquisa, o descritivo, uma vez que, a partir do referencial das variáveis e seus constituintes, busca- se descrever as possíveis relações entre elas. Porém, essas possíveis relações devem ser verificadas e, para tanto, utiliza-se uma amostra. Deste modo, uma vez que este seja o procedimento à obtenção do obje- tivo geral da pesquisa, declara-se que a investigação também utiliza o método conclusivo causal, o qual possibilita avaliar o quantum de rela- ção entre as variáveis.

Dessa forma, observe-se que, as pesquisas conclusivas causais, de acordo com Churchill e Peter (2000, p. 127), “[...] também denominadas experimentais, procuram estabelecer relações de causa e efeito entre as variáveis em estudo”. Corrobora Malhotra (2004): não investigam ape- nas se há uma relação entre duas variáveis, mas se preocupam em com- preender quais variáveis são a causa (variável independente) e quais são o efeito (variável dependente) de um fenômeno, determinando a nature- za da relação entre as variáveis causais e o efeito a ser previsto.

1.8.2.4 Procedimentos Metodológicos e Técnicas de Pesquisa

Para atingir os objetivos da pesquisa, adotam-se os procedimen- tos metodológicos conforme a Figura 1, objetivando-se:

- Proceder ao levantamento bibliográfico com vistas a conceituar a efetividade e a estrutura organizacional, identificando os possíveis constituintes dessas dimensões a partir de modelos existentes; - Relacionar os constituintes da efetividade e estrutura organizacional

à elaboração de um construto aplicável ao escopo do estudo, com participação de especialistas (professores doutores e gestores); - Avaliar criticamente o construto, com vistas a ajustá-lo aos critérios

da investigação, a partir de especialistas das áreas pertinentes; - Estruturar o questionário de avaliação, a partir das relações identifi-

cadas entre os seus elementos, com posterior avaliação primária, vi- sando verificar a sua aplicabilidade; e,

- Aplicar o construto relativo ao instrumento de pesquisa, consideran- do-se os critérios de validade e confiabilidade aplicáveis na amostra definida à pesquisa.

Figura 1: Procedimentos Metodológicos à pesquisa. Fonte: da autora.

A amostra selecionada para a aplicação do instrumento de pes- quisa é composta por gestores de empresas, do segmento de TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação, conforme Capítulo III da presente tese.