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2.2 A Organização

2.3.3 Estratégia e Estrutura Organizacionais

A palavra estratégia é originária do grego strategos é um termo militar ligado à “arte do general” (LUECKE, 2009; OLIVEIRA, 1988),

a descrição do plano do general para dispor e manobrar suas forças com o objetivo de derrotar um exército inimigo (LUECKE, 2009, p. 9).

Existem muitas definições de estratégia, apresentando pontos comuns e também, divergências entre os autores:

a. É um modelo ou um plano (QUINN, 1980);

b. É a identificação de objetivos e metas (CHANDLER, 1998; LEARNED et al., 1965; QUINN, 1980). Faz parte da estraté- gia também a alocação de recursos ou meios (CHANDLER, 1998; RAMANANTSOA, 1984);

c. Deve-se considerar o ambiente onde a organização está inseri- da (ANSOFF, 1977; MINTZBERG, 1988; QUINN, 1980); d. Corresponde às forças e as fraquezas da organização

(STEINER e MINER, 1977);

e. É sinônimo de definição de padrões (MINTZBERG, 1988); f. É o estabelecimento das ações a serem implementadas

(CHANDLER, 1998; PORTER, 1986);

g. Corresponde às regras e critérios de tomada de decisão (ANSOFF, 1977; MARTINET, 1984; MINTZBERG, 1988). h. Obter vantagens competitivas, sendo capaz de gerar maior va-

lor econômico do que empresas rivais (BARNEY e HESTERLY, 2007).

Entretanto, Mintzberg (1988; 1991) identificou 10 (dez) escolas de pensamento no campo da administração estratégica, conforme segue:

1. Três escolas são de natureza prescritiva: têm tratado a estraté- gia como tentativas conscientemente deliberadas de alinhar a organização com seu ambiente, percebendo a formulação da estratégia como processo que envolve o desenho conceitu- al: (1) escola do design; (2) escola do planejamento e

(3)escola do posicionamento;

2. Seis são de origem descritiva e cada uma delas trata a for- mação da estratégia como: (1) escola empreendedora; (2) escola cognitiva; (3) escola de aprendizagem; (4) esco- la política; (5) escola cultural; e (6) escola ambiental; e,

3. Escola de configuração procura delinear os estágios e se-

qüências do processo de formação de estratégia como um todo integrado.

Grande parte do que tem sido escrito sobre estratégia pressupõe sua conceituação como um conjunto de diretrizes conscientemente deli- beradas, que orientam as decisões organizacionais (GIMENEZ al 1999,

p. 56). Dessa forma, este conceito de estratégia se enquadra na escola

prescritiva de pensamento estratégico definida por Mintzberg (1991) e

que norteia o que se entende por estratégia organizacional na visão da hipótese desta tese.

Posteriormente, Whittington (1993, apud GIMENEZ et al., 1999, p. 56-57) identificou 4 (quatro) abordagens genéricas no pro- cesso de formação de estratégia:

1. A abordagem clássica apresenta a formação de estratégia como pro- cesso racional de análise deliberada, com o objetivo de maximizar a vantagem da empresa em longo prazo, baseada em processo abran- gente e detalhado de coleta de informação sobre o contexto ambien- tal e sobre a organização (ANSOFF, 1979; PORTER, 1980).

2. Os evolucionistas, que descartam qualquer possibilidade de planeja- mento racional - mudanças ambientais são consideradas impossíveis de prever; a principal força é o mercado que seleciona os mais aptos a sobreviverem (HANNAN e FREEMAN, 1988)33.

3. Os processualistas, embora considerem a racionalidade do planeja- mento imperfeita, não concordam com a fé dos evolucionistas na su- premacia das forças de mercado – as imperfeições do mercado per- mitem a existência de estratégias não-ótimas, que emergem de um padrão de decisões passadas (CYERT e MARCH, 1963; MINTZBERG, 1987).

4. A perspectiva sistêmica, em que o processo é concebido como racio- nal, mas guiado por objetivos pluralísticos e não somente pela ma- ximização de lucros - normas individuais e culturais podem impor outros objetivos, que conflitam com a maximização de lu- cros (WHITLEY, 1991; WHITTINGTON, 1992).

A concepção sistêmica contribui para o entendimento de que, frente à crescente competitividade, as organizações deveriam ter a capa- cidade de promover o alinhamento entre planejamento (estratégia) e o ambiente (MCCANN, 2004).

Para Almeida et al. (2006, p. 18), a estratégia consiste na identifi- cação e estabelecimento de objetivos e metas, e também de padrões e ações, através da alocação de recursos e de competências, considerando- se as influências e forças do ambiente, e a vontade da organização e dos seus gestores. Este conceito demonstra direcionamento prescriti-

vo (MINTZBERG, 1988), quando se refere à “vontade da organização e

33 HANNAN, M. T.; FREEMAN, J. Organizational ecology. Cambridge, MA, Harvard Uni- versity Press, 1988.

seus gestores”, demonstrando que além de ser influenciada a organiza- ção também pressiona e influencia o seu ambiente de atuação, então, complementa-se aqui, o que se pressupõe como hipótese deste trabalho, a importância da natureza contingencial e não, apenas de passividade em relação ao ambiente influenciar, pois a organização também o influ- encia. Além disso, concorda-se com a perspectiva processualista e sis-

têmica (WHITTINGTON, 1993), conforme o Quadro 3: Natureza do processo de formação da

estratégia

Natureza do processo de formação da estratégia na visão da hipótese deste tra-

balho Mintzberg (1980): Prescritiva Contingencial Whittington (1993): Processualista Sistêmica

Quadro 3: Natureza do processo de formação da estratégia e a visão adotada no trabalho.

Fonte: da autora.

Em relação à natureza do processo de formação de estratégia, as abordagens se agrupam da seguinte forma: a clássica e a sistêmica con- sideram viável um processo racional de formação de estratégia. Por outro lado, a evolucionária e a processual enxergam este processo go- vernado pelo acaso, pelas limitações cognitivas e vieses inerentes ao comportamento humano.

Miles e Snow (1978) defendem que devem ser analisados os rela- cionamentos entre estratégia, estrutura e processos, permitindo a identi- ficação das organizações como universos integrados e em interação com seus ambientes. O trabalho desses autores está baseado em três concei- tos: o ambiente dá forma e é formado pelas ações organizacionais (cons- trução do ambiente) (WEICK, 1979); escolhas estratégicas feitas pela administração da empresa dão forma à estrutura e aos processos organi- zacionais (MINTZBERG, 1978); e, processos e estrutura condicionam a estratégia (MARCH e SIMON, 1958; FOURAKER e STOPFORD, 1968).

Esses conceitos fundamentam o paradigma da escolha estratégica (CHILD, 1972), o qual propõe: “a efetividade da adaptação organiza- cional depende das percepções de coalizões dominantes sobre condições ambientais e das decisões tomadas no que diz respeito ao modo como a organização lidará com estas condições” (MILES e SNOW, 1978, p. 121 apud GIMENEZ et al., 1999, p. 58). A construção do ambiente se concretiza por meio de uma série de escolhas relacionadas a: mercados,

produtos, tecnologia, escala desejada de operações, que levam à criação de um ambiente específico pelas organizações (WEICK, 1979). Por outro lado, tal construção é limitada pelo conhecimento existente de formas alternativas de organização e pelas crenças dos gestores sobre como os indivíduos podem ser geridos (MILES e SNOW, 1978).

Enfim, de acordo com Fahey e Randall (1999) a gestão estratégi- ca é um dos desafios mais importantes e complexos que as organizações públicas e privadas se deparam, pois implica em estabelecer as bases para o êxito da organização no futuro e também competir para vencer nos mercados atuais. Porém, a percepção da maneira como a estratégia de uma empresa deve ser definida evolui em compasso com o ambiente competitivo.