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4.1 Análise dos Dados

4.1.3 Análise Inferencial dos Dados

4.1.3.1 Consistência Interna do Instrumento: Coeficiente Alfa

Para fins de avaliação da consistência interna, utiliza-se o Coefi-

ciente Alfa de Cronbach, o qual apresenta um valor de 0,6585, conside-

rado moderado, de acordo com a Figura 14.

Figura 14: Valor do Coeficiente Alfa de Cronbach – Instrumento. Fonte: da autora.

Contudo, considera-se que o instrumento de pesquisa poderia a- inda ter o Coeficiente de Cronbach aumentado pela supressão de algum dos itens. Neste sentido, conforme se pode visualizar na Figura 15, o item a ser suprimido seria o da questão Q31, com o valor do Coeficiente de Cronbach aumentando para 0,6791. Neste caso, o ganho de valor do referido coeficiente não é expressivo ao anteriormente obtido, ainda que se aproxime do recomendável de 0,70. Porém, este último valor é reco- mendado para amostras representativas e, assim, mesmo o primeiro valor pode ser considerado, uma vez que a amostra da pesquisa não possui representatividade estatística, conforme sugere Löbler et al. (2009) para estudos do gênero quanto à tomada de decisão.

Figura 15: Análise dos Itens do instrumento – Coeficiente Alfa de Cronbach. Fonte: da autora.

De acordo com Maroco e Garcia-Marques (2006, p. 12), geral- mente, quanto menor a variabilidade das respostas intra-sujeitos e maior a variabilidade das respostas inter-sujeitos, maior o Coeficiente de

Cronbach, mas este é maior quando existe homogeneidade de variâncias

inter-itens do que quando não existe. Isto indica que uma mesma medi- da, quando administrada a uma amostra de sujeitos mais homogêneos ou mais heterogêneos, produz escores com diferentes confiabilidades, con- forme esses autores referenciam Thompson63, inclusive lembrando que,

63

Thompson, B. (Ed.).. Contemporary thinking on reliability issues. Newbury Park, CA: Sage, 2002.

em alguns estudos sociais, um Coeficiente de Cronbach de 0,60 é tido como aceitável. Porém, nestes casos, os resultados obtidos devem ser interpretados com precaução, considerando-se o contexto de análise.

No escopo da presente investigação, deve-se considerar que a amostra não é representativa e, ainda, da possibilidade de haver um viés cultural em algumas questões formuladas, devido a paradigmas dos gestores no setor, por exemplo, considerarem que as empresas do seg- mento TIC são “indústrias sem chaminés” e, assim, a questão ecológica (item 31) ser relegada a um plano inferior nas suas estratégias empresa- riais. Em se tratando de um estudo social aplicado e, também, haver paradigmas que indicam um viés cultural, na perspectiva da estatística, considera-se aceitável o Coeficiente de Cronbach no valor de 0,6585 para atestar a confiabilidade do instrumento.

Figura 16: Valor do Coeficiente Alfa de Cronbach – Burocracia. Fonte: da autora.

Ainda assim, toma-se como plausível avaliar o instrumento nas duas variáveis e, neste escopo, a Figura 16 apresenta o valor do Coefici-

ente Alfa de Cronbach em função dos itens referentes ao construto Bu- rocracia; o valor é 0,3628 que, sob o ponto de vista técnico, é conside-

rado de baixa confiabilidade, comparando-se com o recomendável de 0,70. Deve-se relembrar, porém, que este último valor é para amostras probabilísticas representativas, mas a presente pesquisa é de uma amos-

tra não probabilística, motivo pelo qual o resultado indica não ser ex- pressivo ao coeficiente obtido.

Além disso, ressalta-se que o construto dessa variável possui ape- nas 6 (seis) itens, cada qual correspondendo a uma dimensão do constru- to burocracia definidos por Hall (1963, 1968), quais sejam: (1) impessoalidade, (2) especialização, (3) centralização, (4) formaliza- ção, (5) padronização e (6) hierarquização. Conforme se pode observar pelo conteúdo do presente documento, na elaboração do construto, inici- almente havia 12 (doze) itens, 2 (dois) para cada característica, mas houve uma redução da metade por solicitação dos especialistas gestores na fase de legitimação do instrumento, os quais julgam necessário ape- nas um item para cada dimensão. Uma vez que os gestores são especia- listas para avaliar a aplicabilidade do questionário, os mesmos atestam o instrumento como legitimo nessa condição, pois havia o receio de um instrumento longo ter uma reduzida voluntariedade em respondê-lo. Caracteriza-se, então, em um viés percebido pela pesquisadora, porém, a definição do número de itens ocorreu por decisão dos gestores. É um tipo de viés que se pode ter em uma pesquisa, a exemplo do ocorrido com Kawasaki e Diogo (2005, p. 59), em que o Coeficiente Alfa de

Cronbach apresentou baixo valor numa dimensão de cinco questões.

Contudo, partindo-se da premissa da possibilidade de suprimir algum dos itens no intento de elevar o Coeficiente de Cronbach à variá- vel burocracia, verifica-se que praticamente o valor não seria substanci- almente alterado, conforme sugere a Figura 17. Isto pode ser explicado, como já referido, pelo construto estar reduzido a 6 (seis) itens e aplicado numa amostra não representativa, também considerando-se a possibili- dade de haver viés cultural por parte dos respondentes. Por exemplo, ao suprimir o item Q19, que trata da questão da especialização do corpo funcional, esta é tida como requisito essencial às empresas do setor, tornando-se um paradigma entre os gestores.

Figura 17: Análise dos Itens –Coeficiente Alfa de Cronbach – Burocracia. Fonte: da autora.

Quanto à avaliação da confiabilidade na dimensão efetividade or-

ganizacional, conforme ilustra a Figura 18, o Coeficiente de Cronbach

tem um valor de 0,5331, mais elevado em relação à burocracia, mas o resultado é ainda considerado baixo, embora próximo de 0,60, o qual é tido como plausível para estudos desta natureza, conforme já referido. O valor maior, em relação à burocracia, possivelmente se deve ao fato de o construto ter um maior número de itens, o que possibilita respostas mais heterogêneas intrapessoais e homogêneas interpessoais, porém, não necessariamente desqualificando a questão do viés cultural, bem como de a amostra não apresentar representatividade estatística.

Figura 18: Valor do Coeficiente Alfa de Cronbach – Efetividade. Fonte: da autora.

Porém, é passível de uma avaliação do construto efetividade pela possível supressão de algum dos itens para fins de aumentar o Coefici-

ente de Cronbach. Pela Figura 19, observa-se que o mesmo se elevaria a

aproximadamente 0,5763 se o item Q31 fosse suprimido do construto, um valor ainda não aferido como moderado, segundo os critérios de um valor mínimo de 0,60 para estudos de natureza social. Novamente, a explicação para tal fato é a existência de viés cultural – e deve-se lem- brar que os respondentes são gestores de um mesmo segmento – para algumas das questões apresentadas no construto, bem como da não re-

presentatividade amostral, fatores que contribuem para uma menor con- sistência interna do construto.

Nesse sentido, suprimir itens com vistas a aumentar a consistên- cia interna do construto, seja em relação à burocracia e/ou à dimensão efetividade, poderia determinar a exclusão de dimensões essenciais à avaliação dessas variáveis. Com efeito, ao suprimir, por exemplo, o item Q19, haveria prejuízo no construto burocracia, o qual é definido, em termos teóricos, pelas 6 (seis) dimensões apresentadas por Hall (1963, 1968), uma vez que a especialização do corpo funcional não seria aven- tada em termos de análise.

Figura 19: Análise dos Itens –Coeficiente Alfa de Cronbach – Efetividade. Fonte: da autora.

O mesmo ocorreria com a dimensão ambiental/ecológica, no item Q31, a qual se torna de importância emergente mesmo para as ditas “indústrias sem chaminés”, uma vez que é noto a existência de impactos ambientais em virtude do “lixo tecnológico”, por elas produzidas.

Além disto, deve-se considerar que a investigação seguiu um pla- nejamento em que o rigor metodológico de respeitar os especialistas, estes que se constituem em norteadores técnicos à construção do cons- truto. Neste aspecto, à legitimação e aplicabilidade do construto, os gestores-especialistas consideraram que um item para cada dimensão ser, nas respectivas variáveis da pesquisa, o necessário e suficiente, evitando-se possível rejeição ao questionário pelos respondentes.

Deste modo, para fins de análise, considera-se que o instrumento deva permanecer com todos os seus itens, o que garante os conteúdos dos construtos teóricos, inclusive pela necessidade de verificar a corre- lação entre as variáveis de pesquisa, um requisito essencial para averi- guar a hipótese de trabalho.