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Caracterização das Respostas Sociais para a Terceira Idade, via Terceiro Sector

No documento Terceiro Sector e Inovação Social (páginas 56-59)

Capítulo II O Terceiro Sector vocacionado para a população idosa 35

3.2. Caracterização das Respostas Sociais para a Terceira Idade, via Terceiro Sector

Perante o envelhecimento progressivo da população a sociedade civil e o Estado tiveram que se organizar para criar condições para responder às necessidades da população idosa. Neste sentido, e tendo em conta a evolução das instituições do terceiro sector, poderemos afirmar que a provisão de serviços e equipamentos sociais no âmbito da acção social está a ser quase exclusivamente assegurada pelo sector privado não lucrativo, pela via das IPSS. Registando-se desta forma, um extenso privatismo no campo da Acção Social direccionado para terceiro sector, circunstância que, está associada a um incipiente Estado de bem-estar, traduzindo a natureza do compromisso público com as políticas para o sector que está mais próximo e dá resposta às necessidades da população idosa e mais carenciada. Neste sentido, em 1996 é elaborado o pacto de cooperação entre o Estado e as IPSS. (Barros & Santos, 1997; Carvalho, 2012; Jacob et al., 2013)

De acordo com o guia “Respostas sociais: Nomenclaturas/Conceitos”66 e com a Carta Social 2011, as principais respostas sociais67 promovidas pelas IPSS vocacionadas para a população idosa são as seguintes:

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Despacho do Sr. Secretário de Estado da Segurança Social em 2006.01.19

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Visando a melhoria na qualidade destas respostas sociais, o Estado, nomeadamente o Instituto de Segurança Social, nos últimos tempos, “publicou guiões técnicos com algumas normas e regras para as condições de implementação, localização, instalação e funcionamento dos serviços e equipamentos para idosos, tais como apoio domiciliário, residências e centro de dia. (Carvalho, 2012, p. 111)

 Estrutura Residencial para Idosos (ERPI)68

- Resposta social, desenvolvida em equipamento, destinada ao alojamento colectivo, de utilização temporária ou permanente, para pessoas idosas ou outras situações de maior risco de perda de independência e/ou autonomia. Fornecendo assim, alojamento, refeições, cuidados médicos e de enfermagem e actividades recreativas;

 Estrutura Residencial para Idosos: Apartamentos/Moradias- Resposta social, desenvolvida em equipamento, constituída por um conjunto de apartamentos com espaços e/ou serviços de utilização comum, para pessoas idosas, ou outras, com autonomia total ou parcial;

 Centro de Dia – Resposta social, desenvolvida em equipamento, que consiste na prestação de um conjunto de serviços (prestação de refeições, tratamento de roupa e higiene pessoal, proporcionando o convívio, recreação e animação), que contribuem para a manutenção das pessoas idosas no seu meio sócio-familiar;

 Centro de Noite – Resposta social, desenvolvida em equipamento, que tem por finalidade o acolhimento nocturno, prioritariamente para pessoas com autonomia que, por vivenciarem situações de solidão, isolamento ou insegurança necessitam de suporte de acompanhamento durante a noite;

 Centro de Convívio – Resposta social, desenvolvida em equipamento, o que permite ao idoso a participação em actividades de nível cultural e recreativo, visando minorar a situação de isolamento social, proporcionando o convívio, as relações interpessoais e de amizade entre utentes e a comunidade;

 Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) - Resposta social, desenvolvida a partir de um equipamento, que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicilio a indivíduos e famílias quando, por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das necessidades básicas e/ou actividades de vida diária. Neste sentido, proporciona serviços ao domicílio de refeições, tratamento de roupa, higiene habitacional e pessoal e outros serviços como transporte, compras, cabeleireiro, suporte voluntário para companhia, ajudas técnicas, pequenas reparações no domicilio.

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Para além destas respostas sociais, consideradas como as mais tradicionais, existem outras respostas dirigidas para a população idosa, mas no âmbito de políticas integradas e articuladas, quer na área social e com a área da saúde, bem como na área social e com a área educativa, sendo estas respostas, consideradas mais inovadoras. (Carvalho, 2012)

As IPSS afirmaram-se primeiramente pela vias dos lares de idosos, tendo estes origem histórica nos asilos, surgindo como alternativa aos idosos em situação de maior perda de independência e autonomia. Com efeito, na década de 60 houve uma tentativa por parte da sociedade e do Estado em melhorar as condições dos asilos. Nos finais dos anos 60 surgiram os Centros de Dia e Centros de Convívio, no domínio das políticas de prevenção da dependência e de integração das pessoas idosas na comunidade. No início dos anos 80, surgem os Serviços de Apoio Domiciliário, no domínio de uma política de prevenção e de manutenção das pessoas no seu domicílio o maior tempo possível. Nos anos 90, o Serviço de Apoio Domiciliário é alargado ao domínio das políticas de saúde, surgindo o Apoio Domiciliário Integrado, unindo a resposta social com a resposta de saúde; surgem também os Centros de Noite e o Acolhimento Temporário de Emergência para Idosos69. Em 1997 foi criado o programa de Apoio Integrado a Idosos, tendo como finalidade aumentar o número de respostas e a sua qualidade, bem como criando novos serviços70. As IPSS são também parceiras no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados71, no domínio das políticas sociais de cuidados aos idosos dependentes. (Carvalho, 2012; Jacob et al., 2013)

Em suma, verificamos que as respostas sociais foram-se implementando e evoluindo para dar resposta às necessidades diversificadas da população idosa, ainda que, de acordo com as políticas de protecção social e de saúde existentes.

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“Resposta social desenvolvida em equipamento, de preferência a partir de uma estrutura já existentes, que consiste no acolhimento temporário a idosos em situação de emergência social, perspectivando-se o encaminhamento do idoso ou para a família ou para outra resposta social de carácter permanente.” (Jacob et al., 2013, p. 55)

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Neste âmbito foram criados os Passes sociais para a terceira idade (promover a mobilidade através da redução de tarifas e da eliminação das restrições dos horários de acesso aos transportes públicos urbanos e suburbanos o serviço de TeleAlarme-STA (um dispositivo electrónico ligado à linha telefónica, visando apoio o idoso no seu domicilio) o Centro de Apoio a Dependentes- CAD (Centravam-se no internamento e reabilitação e reinserção de pessoas e idosos dependentes), bem como a formação de recursos humanos –FORHUM (Visava habilitar a rede informal e a rede formal de cuidadores da pessoa idosa), e o Termalismo (Permite ao idoso em férias tratamentos naturais, reduzindo assim o consumo de medicamentos, proporcionando também o contacto com um meio social diferente, promovendo a troca de experiências, evitando o isolamento social). (Carvalho, 2012)

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“conjunto de intervenções sequenciais de saúde e ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centrado na recuperação global entendida como o processo terapêutico e de apoio social, ativo e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social.” (Jacob et al., 2013)

Capítulo III – O terceiro sector como expressão dinâmica do

No documento Terceiro Sector e Inovação Social (páginas 56-59)