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Caracterização socioeconómica dos participantes

4. Características sociodemográficas, económicas, psicossociais e de habitação dos

4.2. Caracterização socioeconómica dos participantes

Neste ponto, apresenta-se um conjunto de indicadores que permitem uma caracterização socioeconómica da amostra do estudo quantitativo. A pensão de reforma por velhice surge, como se esperaria, como a fonte principal de rendimentos para a maioria dos inquiridos (64,0%). É ainda de salientar que 14,5% aufere salários e/ou vencimentos do trabalho e 8,0% menciona outras fontes de rendimento (Quadro 4).

33 Quadro 4. Principal fonte de rendimentos do inquirido

Principal fonte de rendimento do inquirido n %

Pensão de reforma por idade 433 64,0 Salários e vencimentos do trabalho 98 14,5 Pensão de reforma por invalidez 44 6,5 Pensão de pré-reforma 23 3,4

Pensão de viuvez 19 2,8

Outras fontes de rendimento3 54

8,0 Não tem qualquer apoio financeiro 6 0,9

Total 677 100,0

Nota: Existe um caso omisso que corresponde a resposta “recusa”.

Obteve-se igualmente informação sobre a principal fonte de rendimento considerando todas as pessoas que compõem o agregado familiar. A distribuição desta variável acompanha a tendência descrita anteriormente, sendo a pensão de reforma por idade (59,4%) a mais assinalada, seguida pelos salários e/ou vencimentos do trabalho (23,1%) e outras fontes de rendimento (5,6%) (Ver Quadro 5). As duas distribuições em conjunto afirmam, sem margem para dúvida, a importância das transferências sociais nos modos de vida quotidianos da nossa amostra, sendo, por isso, expectável que flutuações nessas transferências (nomeadamente as decorrentes de cortes em período de austeridade) se saldem num abaixamento relevante das condições materiais-financeiras dos respetivos agregados familiares. Isso, combinado com a razoável falta de elasticidade dos rendimentos nesta franja etária, marca o contexto de referência no estudo para avaliação dos impactos das condições económicas de vida nos fenómenos de abuso e negligência.

Quadro 5. Principal fonte de rendimentos das pessoas que vivem na mesma casa e que

pertencem ao agregado familiar (nº. total de agregados = 520)

Principal fonte de rendimento dos elementos do agregado n %

Pensão de reforma por idade 309 59,4

Salários e vencimentos do trabalho 120 23,1 Pensão de reforma por invalidez 28 5,4

Pensão de pré-reforma 18 3,5

Outras fontes de rendimento4 29 5,6

Não tem qualquer apoio financeiro 16 3,1

Nota: nesta variável estão excluídos 153 casos de inquiridos que vivem sozinhos e 5

casos omissos que correspondem à resposta “recusa” / “não sabe”.

3 Nas outras fontes de rendimentos estão incluídos, entre outros: subsídio de desemprego; rendimento

social de inserção, transferências financeiras de ex-cônjuge; heranças; rendimentos prediais e agrícolas.

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A análise aos valores efetivos dos rendimentos auferidos sugere, como discutido na secção anterior, uma condição relativamente confortável para o indivíduo médio da amostra. Foi recolhida informação quer sobre o rendimento mensal do próprio, quer sobre o rendimento mensal do agregado familiar depois dos descontos obrigatórios para contribuições e impostos. A informação recolhida foi utilizada para derivar o valor do rendimento mensal do adulto equivalente com harmonização de acordo com a escala modificada da OCDE5.

De acordo com a leitura do quadro seguinte (Quadro 6), constata-se que existe uma grande amplitude de rendimentos mensais por adulto equivalente (de 183,33€ a 8666,67€), o que se traduz numa média dos rendimentos de 1305,78€ (d.p.= 996,47). A mediana, porém, ao situar-se nos 1.000,00€, reflete as já amplamente documentadas assimetrias da distribuição dos rendimentos na população idosa em Portugal, aliás caracterizada por um nível de desigualdade particularmente marcado (Lopes, 2015).

Quadro 6. Rendimento mensal líquido do adulto equivalente N Respostas válidas 629 Não responde 49 Média 1305,78€ Mediana 1000,00€ Desvio padrão 996,47€ Amplitude 8483,33€ Mínimo 183,33€ Máximo 8666,67€

Para efeitos de desenvolvimento da análise ao longo do estudo quantitativo, optou-se por agrupar a variável rendimento por adulto equivalente em 4 escalões de rendimento. Um pouco mais de metade da amostra (51,4%) possui rendimento por adulto equivalente até 1000€. Ainda assim, 14,3% tem rendimento inferior a 501€ mensais. O escalão mais expressivo é o dos 501€ aos 1000€ (37,0%), seguido pelo escalão de rendimento superior a 1500€ (28,9%).

5 Resulta da ponderação do rendimento médio mensal do agregado familiar pela dimensão do agregado

harmonizada de acordo com a escala modificada da OCDE (peso do 1º adulto = 1; peso dos adultos seguintes = 0,5; peso de cada criança = 0,3) (Hagenaars, A., K. de Vos & M.A. Zaidi, 1994).

35 Quadro 7. Escalões de rendimento do adulto equivalente

Escalões de rendimento por adulto equivalente n % % acumulada

<501 € 90 14,3 14,3

501€-1000€ 233 37,0 51,4

1001€-1500€ 124 19,7 71,1

> 1500€ 182 28,9 100,0

Total 629 100,0 -

Nota: nesta variável estão excluídos 48 casos para os quais não foi possível medir o rendimento.

A perceção sobre o rendimento atual constitui uma variável que procura aferir a avaliação subjetiva do inquirido em relação à capacidade financeira do seu agregado familiar para fazer face às despesas. Pela leitura do quadro seguinte (Quadro 8), observa-se que grande parte dos inquiridos considera que o rendimento do seu agregado familiar dá para viver (49,6%), seguindo-se os que referem que esse rendimento permite viver confortavelmente (34,8%). Apenas 3,6% dos inquiridos considera que é muito difícil viver com o rendimento atual.

Quadro 8. Perceção sobre o rendimento atual Perceção sobre o rendimento atual n %

O rendimento atual permite viver confortavelmente 235 34,8 O rendimento atual dá para viver 335 49,6 É difícil viver com o rendimento atual 81 12,0 É muito difícil viver com o rendimento atual 24 3,6

Total 675 100,0

Nota: Existem 3 casos omissos que correspondem a respostas “recusa” e “não sabe”.

As análises estatísticas desenvolvidas nos pontos seguintes recuperam esta variável transformada numa versão sintetizada, denominada por «perceção do rendimento do agregado como insuficiente», composta por duas categorias: sim (que agrega os níveis da variável original «é difícil viver com o rendimento atual» e «é muito difícil viver com o rendimento atual»); e não (que agrega os níveis «o rendimento atual permite viver confortavelmente» e «o rendimento atual dá para viver»).

Paralelamente, procurou-se saber até que ponto a população em estudo tem garantido o acesso a alimentos e nutrientes necessários a uma vida saudável. A insegurança alimentar pode estar relacionada com a falta de poder de compra ou com uma deficiente planificação, distribuição e/ou preparação dos alimentos no contexto do agregado familiar (Blumberg, Bialostosky, Hamilton e Briefel, 1999). Neste sentido, a segurança alimentar do agregado familiar foi medida através do indicador US Household Food Security Survey Module, Economic Research Service, 2006) (Blumberg, Bialostosky, Hamilton e Briefel, 1999). No quadro seguinte (Quadro 9), exibem-se os resultados apurados, constatando-se que 93,4% dos inquiridos possui um nível alto ou moderado

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de segurança alimentar. Porém, embora pouco expressivo em termos amostrais, sublinha-se que o grupo de indivíduos que revelam uma segurança alimentar insuficiente, i.e. baixa, ou muito baixa, representa uma proporção de 6,6% da amostra.

Quadro 9. Segurança alimentar do agregado familiar Segurança alimentar do agregado n %

Segurança alimentar alta ou moderada 633 93,4 Segurança alimentar baixa 34 5,0 Segurança alimentar muito baixa 11 1,6

Total 678 100,0