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O nosso grupo de estudo foi constituído por quatro professores das atividades de enriquecimento curricular, mais especificamente de atividade física e desportiva. Dos quatro professores entrevistados, todos possuem licenciatura em desporto e educação física, dois deles obtiveram a sua licenciatura em institutos superiores, mais concretamente no ISMAI(Instituto Superior da Maia), os restantes dois sujeitos, obtiveram o seu curso em Escolas Superiores de Educação, neste caso na ESE-Porto e na ESE-Guarda. Todos são profissionalizados em ensino. Um dos docentes possui mestrado pela FADE-UP(Faculdade de Desporto da Universidade do Porto). Dois dos docentes entrevistados eram do sexo feminino e dois do sexo masculino.

Os concelhos onde estes professores estavam a lecionar a AEC-AFD eram à data: S.M. da Feira, dois deles, Vila Nova de Gaia e Porto. Um dos docentes leciona no ensino básico (3º ciclo) em simultâneo com a AEC-AFD, os restantes lecionavam exclusivamente a AFD, enquanto trabalho no ramo de ensino.

Relativamente à idade dos inquiridos, variava entre os 25 anos para o mais novo e os 32 anos de idade, para o mais velho, sendo portanto todos ainda jovens. A nível de experiência na lecionação da AEC-AFD, o docente com menor experiência tinha 2 anos de trabalho, anteriores ao ano da recolha de dados, dois dos docentes iam no seu 5º ano de AFD, e o restante estava no 4º ano nesta atividade. Verificamos que, os docentes da nossa amostra, tinham já alguns anos de experiência nestas atividades, havendo uma retenção dos docentes na docência da AEC-AFD, já que alguns deles, lecionam-na praticamente desde a sua implementação oficial.

Quanto aos critérios usados pelas entidades empregadoras para a contratação dos docentes, as entidades privilegiaram profissionais licenciados em educação física ou desporto e profissionalizados em ensino, como consta no despacho que regulamenta o funcionamento das AEC´s. As entidades recrutadoras foram em 3 dos casos, as Câmaras Municipais, que lançaram um concurso público para a contratação de docentes para as atividades de enriquecimento curricular, inclusive para a AFD. Uma das docentes afirma ter sido recrutada através de uma Junta de Freguesia. Uma das Câmaras Municipais(S.M. da Feira) teve como critérios para a ordenação dos candidatos, o tempo de serviço na AEC-AFD, a nota final de licenciatura e a idade dos candidatos.

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2.2 - Descrição da técnica de recolha de dados

Para o nosso estudo, depois de selecionados os sujeitos, a metodologia escolhida para a recolha de dados foi a entrevista. A entrevista é um dos métodos mais utilizados para a elaboração de estudos qualitativos. Através de conversas orais pretende-se obter o máximo de informações do indivíduo sobre os temas a estudar, bem como os seus pensamentos e as suas perceções.

Neste sentido, tal como afirma Ruquoy (1997), a entrevista é o instrumento mais adequado para delimitar os sistemas de representações, de valores, e de normas veiculadas por um indivíduo. Poderá durante a entrevista ocorrer uma interação entre o entrevistador e o entrevistado para que os objetivos da mesma sejam obtidos.

A interação direta é uma das possibilidades de abertura entre entrevistador e entrevistado, em que existe um objetivo que se resume a abrir a área livre dos dois interlocutores no que respeita à matéria da entrevista, reduzindo, por consequência, a área secreta do entrevistado e a área cega do entrevistador (Carmo e Ferreira, 1998).

A forma como é realizada a entrevista pode ser de três tipos: estruturada, semi- estruturada ou não estruturada. No nosso estudo optámos pelas entrevistas semi-estruturadas, onde se parte de questões colocadas de forma directa, existindo um guião que pode ser mais ou menos flexível. A entrevista semi-estruturada ou semi-dirigida não é inteiramente aberta nem encaminhada por um grande número de perguntas precisas. O entrevistador dispõe de uma série de perguntas guia, relativamente abertas. Partindo das questões do guião pretende- se recolher o máximo de informações sobre as questões, deixando o entrevistado falar livremente sobre os temas em análise, o guião serve para recolocar e centrar os objetivos do questionário sempre que seja necessário, servindo como fio condutor. Desta forma procura-se, que o entrevistado possa, de forma exaustiva, dizer tudo o que pensa sobre determinado assunto (Quivy e Campenhoudt, 1998).

Este tipo de entrevista apresenta vantagens, permitindo alguma interação entre investigador e entrevistado, existindo um certo suporte entre ambos, permitindo a existência de compreensão e clareza das perguntas e ou das respostas obtidas.

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2.2.1 - Construção das Entrevistas

A construção das entrevistas teve em conta diversos autores nomeadamente os princípios de Lessard-Hébert, Goyette & Boutin (1994), Ruquoy (1997), Quivy & Campenhoudt (1998) e Silverman (2000).

Com base na revisão da literatura, procedemos à construção de um guião. Depois de ter sido cuidadosamente analisado, foi testado, tendo sido efectuadas duas entrevistas prévias a docentes, para aquilatar da pertinência e verificar se os entrevistados tinham uma fácil compreensão das questões. Finalmente, foi elaborado o guião final da nossa entrevista semi- estruturada.

2.2.2 - Processo de aplicação das entrevistas

As entrevistas tiveram a duração aproximada de trinta minutos, foram aplicadas em espaços fechados e apenas com o autor do estudo e o entrevistado, tendo sido audiogravadas com o prévio acordo dos entrevistados e posteriormente transcritas e processadas para computador. A gravação da entrevista para posterior transcrição, é considerado um método de estudo eficaz, como referem diversos autores (Ruquoy, 1997; Quivy & Campenhoudt, 1998; Silverman, 2000), permite-nos recolher na íntegra os discursos, captar as pausas e hesitações, tarefa que se afiguraria muito complicada, se a recolha de dados só dependesse da memória do investigador.

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3. PROCESSO DE ANÁLISE DO ESTUDO