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Quisemos conhecer as conceções de Hugo, em relação à atividade e aos vários fatores que a rodeiam e a podem condicionar. Para esse efeito, procuramos obter respostas sobre quatro pontos, estruturados posteriormente nas seguintes subcategorias: complementaridade

entre a EEFM e a AFD, conteúdos e valorização atribuída, alunos e valorização dada à AFD e encarregados de educação e valorização atribuída à AFD.

Relativamente ao primeiro ponto de análise, ou seja, a complementariedade entre a

EEFM e a AFD, pretendia-se conhecer a opinião do docente face à compatibilidade das duas

atividades, bem como as razões para a opinião emitida.

A este respeito, Hugo pensa que as atividades poderiam ser complementares, quando afirma:

“Do ponto de vista teórico julgo que sim”

No entanto, refere que na prática, a EEFM não é leccionada pelo PTT, considerando que num âmbito prático acabam por não ser complementares, dizendo:

“ Com base naquilo que conheço, penso que poderiam ser complementares se ambas existissem, mas como não se verifica a existência prática da EEFM e só se verifica a AFD…”

O docente acaba por concluir que a inexistência prática de EEFM, retira a possibilidade da AFD ser complementar, já que esta ganha o estatuto de única atividade em que ocorre efetivamente a prática de AF.

No ponto seguinte, quisemos saber que conteúdos que o docente considera mais relevantes na prática letiva da AFD.

No seu entender, os conteúdos mais importantes são os deslocamentos e

79 coordenativas. Em sua opinião, são a base para que depois se possam adquirir outras competências mais complexas, neste caso a introdução a algumas modalidades, como fica expresso no seu testemunho:

“Para mim os mais importantes são os deslocamentos e equilíbrio, a perícia e manipulação, para mim é o fundamental, nesta fase, isso será a base para eles dominarem mais tarde os gestos técnicos nas modalidades.”

Na subcategoria relativa à perceção do docente sobre os alunos que frequentam a AFD, nomeadamente acerca da sua participação, bem como o comportamento/atitude dos alunos face à sua disciplina e valorização foram analisadas as conceções que o mesmo lhes atribui.

Quando inquirido sobre a participação dos alunos na sua escola, o docente afirma que a maioria dos alunos frequenta a AFD, como nos relata:

“A maioria frequenta…”

Menciona ainda as razões pelas quais os alunos não frequentam a AFD. O principal motivo apontado, é a prática de outra atividade desportiva fora da escola, como refere no seu depoimento:

“Aquilo que eu noto, é que alguns alunos não são inscritos na AFD porque já praticam modalidades fora da escola, futebol, natação, basquetebol, as meninas no ballet, isso faz com que alguns pais achem demasiado esforço para os filhos e optam por não os inscrever.”

Quanto à valorização que os alunos demonstram pela AFD, segundo a perceção deste docente, a esmagadora maioria dos alunos gosta da atividade, referindo ser a sua atividade preferida, como podemos verificar no seguinte exemplo:

“…a sua grande maioria gostam bastante da disciplina. Os alunos afirmam que é a atividade preferida deles.”

Por último, na subcategoria seguinte, procurámos entender a perceção que o docente tem relativamente à valorização atribuída pelos encarregados de educação/pais dos alunos às aulas de AFD.

Segundo Hugo, os pais consideram importante a prática da AFD, podendo desempenhar um papel importante para tornar o ensino mais rico e variado, como podemos constatar no seguinte exemplo:

”...na sua grande maioria, os pais já encaram a atividade física e as outras, como uma

80 Hugo refere que a importância atribuída tem crescido nos últimos tempos, tendo observado essa evolução nos últimos anos, como nos testemunha:

“ Ao longo deste 5 anos que estou nestas atividades, o que tenho constatado é que a mentalidade dos pais e dos encarregados de educação em relação às AEC´s tem mudado bastante.”

O docente aponta aspetos dessa mudança nos últimos anos. Um dos exemplos, é a maior preocupação relativa ao equipamento específico para a aula, afirmando:

“Nos primeiros tempos da atividade, os alunos por vezes vinham sem equipamento específico e não se preocupavam muito com isso. Agora já se nota grande cuidado, é muito raro os alunos não trazerem equipamento.”

Menciona igualmente a melhoria registada em relação à assiduidade que os alunos revelam na disciplina, fruto também da maior preocupação dos EE/pais:

” Nota-se que têm maior preocupação em que os alunos sejam assíduos. No início se não desse jeito aos encarregados de educação trazer os filhos, muitas vezes eles faltavam, revelando pouca preocupação.”

Conclui em relação à importância que os EE/pais atribuem à AFD, dando o seguinte exemplo:

“Hoje em dia os alunos faltam muito pouco às aulas, existe uma consciencialização que embora não seja obrigatória, a AFD faz parte do currículo do aluno.”

1.4.10 - Articulação

1.4.10.1 - Articulação entre o professor da turma(PTT) e o docente da AFD

Procurámos verificar, junto do docente, se existia articulação entre o professor titular de turma e os professores das atividades de enriquecimento curricular, designadamente o professor da AFD, em caso afirmativo, de que forma esta é realizada. Tratámos de saber, na opinião do docente, quais os motivos que poderão levar a que a articulação se faça ou, pelo contrário, não exista.

Para Hugo, normalmente, não existe qualquer articulação entre o PTT e o docente de AFD, a nível de conteúdos. Apenas existe alguma troca de informação entre docentes, mas somente sobre questões de organização ou comportamentais. Tal é realçado na resposta do docente, através do seguinte exemplo:

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“ Verdadeiramente não…apenas a nível de funcionamento e comportamental, fala-se mas não se faz…”

No entender deste docente, esta situação verifica-se devido à falta de conhecimentos dos PTT. Alegando esta condição, deixam a cargo do docente especialista, neste caso da AFD, a responsabilidade na elaboração dos programas e aplicação de AF em contexto escolar no 1º CEB, como nos refere na sua declaração:

“Em grande parte, na minha opinião, como os PTT estão por fora dos conteúdos da nossa atividade, procuram não ficar com essa responsabilidade. Como que dizem, disso tratam vocês que são especialistas, passando-nos a responsabilidade. Isso também acontece porque os docentes tem poucos conhecimentos a nível de conteúdos desta área..”