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6. Caraterização da empresa

6.1. Caraterização geral

A empresa analisada é uma empresa no setor dos serviços energéticos, líder mundial e uma das cinco maiores empresas do mundo neste setor e o primeiro grupo do seu país de origem. Esta caracterização, baseada nos documentos disponibilizados pela empresa e no site da empresa, teve que ser trabalhada de modo a não a identificar. No entanto, fiz algumas transcrições dos documentos para caracterizar lealmente e justamente a cultura explícita da empresa. Porém, na lista das fontes bibliográficas, não constam esses documentos, nem eletrónicos, nem em papel (internos à empresa), para corresponder ao pedido de anonimato da empresa. Garantida essa confidencialidade registe-se que poderia ter dado acesso qualificado aos documentos originais, se necessário.

Esta empresa conseguiu uma posição de grande importância no plano internacional graças a um projeto industrial em longo prazo, sólido, rentável e criador de valor, que se apoia numa estratégia de crescimento sustentável e no esforço de uma equipa multicultural de mais de 30.000 pessoas em 40 países, e com 30 milhões de clientes. A empresa teve, na última década, uma forte transformação, que lhe permitiu ser líder do setor em Espanha.

Desde há 150 anos, a empresa tem amadurecido as suas bases, na perspetiva de um crescimento futuro. Está presente nas mais variadas áreas dentro do setor: produção, distribuição e comercialização de energia elétrica. É uma multinacional construída por diferentes pessoas, em diferentes lugares do planeta, com diferentes iniciativas.

O início da empresa deu-se nos E.U.A. onde vários empreendedores criaram, em 1840, a companhia e construíram uma estrutura de distribuição de gás manufaturado.

De acordo com o arquivo histórico da empresa, as origens diretas remetem-se para os primeiros anos do século XX. Em Espanha, regista-se o ano de 1901.

A empresa surge num momento da necessidade de fornecimento de energia. Com a explosão da I Guerra Mundial, sujeitou o setor precisou de novas fontes e a aumentar redes de distribuição. Num panorama trémulo, as elétricas americanas começaram a integrar-se com o fim de alcançar a solidez necessária para fazer frente às oscilações económicas e financeiras. Mas ninguém previa a magnitude do crack da bolsa em 1929 que levou ao limite os grupos emergentes. Em Espanha, em 1936, houve uma reviravolta do negócio que provocou efeitos nas duas décadas seguintes. A Guerra Civil

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(1936-1939) travou completamente o desenvolvimento deste setor, destruiu as instalações e dificultou as tarefas de manutenção dos grupos que se aguentaram.

Foi uma época de fraudes e de falta de pagamentos, que se agudizaram no pós-guerra civil. Os anos 40 foram anos de isolamento internacional de Espanha, o que provocou graves problemas na aquisição de tecnologia e materiais, pois eram muito caros. Entretanto, houve uma integração interna, e a procura de energia e a produção aumentou.

Segundo o site oficial, este projeto é, sobretudo, uma prova de êxito, da relação da empresa com o seu país, um projeto desenvolvido para as pessoas. Por exemplo, numa cidade espanhola, onde vivem cerca de 6000 colaboradores, foi construida uma escola e um centro de sáude, expressando um sentimento de união e de cooperação para com a empresa.

Em 1992, houve uma fusão interna, que deu origem à maior companhia elétrica privada de Espanha. Assumiu assim, um papel fundamental tanto no mercado espanhol como a nível internacional.

No último ano do século XX, o grupo multiplicou a sua presença na América Latina, com várias aquisições. Foi uma importante fase de reestruturação da empresa que divide a sua área de negócio em produção, distribuição e comercialização de energia e gás, e da criação da empresa de engenharia e construção em 1994.

Nos últimos 10 anos, a empresa tem conduzido um projeto de expansão e crescimento, que se converteu numa multinacional com presença em mais de 40 países (Figura 7.), numa das cinco maiores empresas do setor do mundo por capitalização por bolsa. A expansão internacional é uma das principais chaves que explicam o crescimento da empresa na última década. Um processo de internacionalização que alcançou o topo com várias aquisições a nível internacional. Graças a uma diversificação internacional, alcançou também a diversificação cultural, com diferentes idiomas e costumes, que a empresa apresenta como uma única e grande equipa.

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Figura 7. Presença internacional da empresa

Legenda: Negócio liberalizado Distribuição

Negócio das Renováveis

Engenharia e Construção Escritório central

Armazenamento de gás

Fonte: site da empresa, 2013

Atualmente, a empresa trabalha para consolidar a presença internacional que ganhou nos últimos anos, fundamentalmente no Reino Unido e Estados Unidos, no Brasil e México.

Para levar a cabo esta consolidação da sua expansão internacional e continuar a desenvolver projetos de crescimento orgânico, no período 2014-2016 pretende manter os mesmos pilares estratégicos que permitiram superar com êxito a atual crise económico-financeira mundial. Com o seu perfil de risco equilibrado, a segurança financeira e a eficiência operativa indicam que vão conseguir manter uma política sustentável de lucros.

A empresa pretende, nos próximos anos, com um projeto sólido e de futuro, rentável e criador de valor, apoiado numa estratégia de crescimento sustentável, com a sua

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capacidade de gestão, e o seu potencial financeiro e tecnológico, ser capaz de responder com êxito aos desafios de um panorama energético em plena transformação.

Uma dessas transformações ocorreu a 1 de Janeiro de 2011. Houve a liberalização do negócio em Espanha, Portugal, Reino Unido, México e Europa Continental. Esta liberalização pôs em marcha uma nova forma de gestão que permitiu maximizar os lucros e trabalhar em vários pontos-chave:

 Aperfeiçoar as organizações;

 Obter sinergias adicionais;

 Aumentar a eficiência operativa;

 Identificar atividades com potencial de crescimento.

A empresa prevê para 2014-2016 potenciar a atividade internacionalmente, fundamentalmente, centrada nos negócios regulados com foco no Reino Unido, Estados Unidos e México.

Nos últimos anos, a empresa teve um processo de descentralização, a fim de aproximar os processos de tomada de decisão para os locais em que deverão ter efeito material nas empresas-mãe e nas sub-holdings principais do negócio.

As empresas sub-holdings agrupam as participações de cada uma das empresas líderes em empresas que atuam nos diversos países em que o grupo opera. Esta foi decisão baseada na capacidade de a empresa exercer uma função de organização e de coordenação estratégica, disseminação e implementação de diretrizes e políticas do grupo de gestão e centralizar serviços comuns, sempre cumprindo com as disposições da legislação aplicável e, em particular, nos regulamentos relativos à separação de atividades reguladas. Estas sub-holdings terão o aconselhamento da administração, com a presença de conselheiros independentes e com os seus próprios comités e equipas e de auditoria interna.

Com este modelo de gestão, as empresas líderes vão ser capazes de descentralizar as responsabilidades executivas e preocuparem-se com a gestão diária e eficaz de cada um dos subgrupos de negócio, assim como manter um controlo regular. Permite também organizar-se com base nos conselhos da administração e órgãos da direção da empresa- mãe.

A empresa em Portugal é uma sub-holding do grupo, que vamos caracterizar no ponto 6.4.

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6.2. Caracterização da cultura da empresa multinacional: a cultura