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Caraterização sociodemográfica das coortes que constituíram as amostras das sucessivas aplicações do PISA (2000-2015)

Das mais de 2000 variáveis passíveis de análise que foram consideradas em todas as edições do PISA, a grande maioria foi utilizada apenas em algumas edições, impossibilitando desta forma uma visão longitudinal da sua evolução. Isto é particularmente visível, quando nos referimos a variáveis especialmente focadas em questões relativas às disciplinas das três literacias que são alvo do estudo e que se repetem em ciclos mais longos de nove anos. Desta forma, para esta descrição da amostra, o critério de seleção usado baseou-se na escolha de variáveis de natureza transversal e que foram usadas

recorrentemente ao longo das diversas ocasiões. Com este critério sobressaíram 16 variáveis: género; categoria ISCED; orientação ISCED; ano modal; anos de frequência do pré-escolar; tipo de ensino; tipo de escola; localização da escola; software educativo; internet; falta de material de laboratório; falta de manuais; falta de computadores; falta de material na biblioteca; absentismo dos estudantes; e faltas às aulas. Foi ainda incluída a variável “retenções” que, apesar de apenas ter sido utilizada nas duas últimas edições (2012 e 2015), pareceu ser particularmente relevante para a compreensão global da

amostra de Portugal, antecipando também que esta deverá ser uma variável que será considerada em edições seguintes.

Apresenta-se em seguida a caraterização da amostra para cada uma destas variáveis.

Género

Como se pode verificar a partir da análise da Tabela 1, a distribuição dos participantes por género é bastante equilibrada, apesar de pequenas

oscilações, tanto a nível nacional como a nível da média global dos países da OCDE ao longo de todas as edições.

Tabela 1. Distribuição da amostra para a variável Género (Fonte: OECD PISA Data

Analysis output)

Género

Feminino Masculino

Ano Percentagem Desvio Padrão Percentagem Desvio Padrão

2000 Média OCDE 50 -0.3 50 -0.3 Portugal 52 -0.9 48 -0.9 2003 Média OCDE 50 -0.3 50 -0.3 Portugal 52 -0.9 48 -0.9 2006 Média OCDE 49 -0.2 51 -0.2 Portugal 52 -0.8 48 -0.8 2009 Média OCDE 50 -0.2 50 -0.2 Portugal 51 -0.6 49 -0.6 2012 Média OCDE 50 -0.2 50 -0.2 Portugal 49 -0.7 51 -0.7 2015 Média OCDE 49 -0.2 51 -0.2 Portugal 50 -0.5 50 -0.5

Categorias ISCED

Quando são analisadas as distribuições pelas categorias ISCED relativas aos ciclos de estudo (Tabela 2), podemos observar que, embora esta distribuição tenha sido quase sempre equilibrada entre a média nacional e a média global da OCDE, as edições de 2003 e de 2015 destacam-se pela redução da percentagem da população portuguesa na segunda categoria (5º ao 8º ano) e crescimento na terceira categoria (9º ao 12º ano). Também na categorização

dos tipos de cursos frequentados se notam algumas diferenças, destacando-se a maior percentagem da população portuguesa em cursos de natureza geral em todas as edições, e também em cursos de natureza pré-vocacional (anteriores ao 9º ano) a partir de 2009 e, em sentido contrário, a menor percentagem de participantes em cursos de natureza vocacional (a partir do 10º ano) em quase todas as edições.

Tabela 2. Distribuição da amostra para as variáveis Categoria e Orientação ISCED (Fonte:

OECD PISA Data Analysis output)

Categoria ISCED Orientação ISCED

1 2 3 Geral Pré- vocacional Vocacional Ano % dp % dp % dp % dp % dp % dp 2000 Média OCDE — †2 Portugal — † — † — † — † — † — † 2003 Média OCDE — † 47 (0,2) 48 (0,2) 73 (0,4) 4 (0,2) 14 (0,2) Portugal # † 35 (2,4) 65 (2,4) 91 (1,0) # † 9 (1,0) 2006 Média OCDE — † 48 (0,2) 51 (0,2) 75 (0,3) 4 (0,1) 14 (0,2) Portugal # † 50 (1,5) 50 (1,5) 86 (1,1) 2 (0,6) 12 (0,9) 2009 Média OCDE # † 47 (0,1) 51 (0,2) 77 (0,2) 2 (0,1) 13 (0,1) Portugal # † 44 (2,1) 56 (2,1) 84 (1,6) 7 (0,8) 9 (1,5) 2012 Média OCDE # † 46 (0,1) 51 (0,1) 78 (0,2) 2 (0,1) 12 (0,1) Portugal # † 45 (2,3) 55 (2,3) 83 (2,0) 9 (1,4) 7 (1,0) 2015 Média OCDE — † 45 (0,1) 52 (0,1) 77 (0,2) 1 (0,0) 13 (0,1) Portugal # † 35 (1,3) 65 (1,3) 87 (1,1) 5 (0,4) 8 (1,1)

Ano Modal

Quando se analisa a distribuição da população participante por ano modal sobressaem diversas situações que merecem atenção (Anexo C, Tabela 15). Começa-se por destacar a maior percentagem de estudantes portugueses nos 7º e 8º anos, quando comparada com a média global, sobretudo nas três primeiras edições. Já no 9º ano a situação é inversa, verificando-se uma menor percentagem de estudantes portugueses em todas as edições, com diferenças acima de 10% em 2003, 2012 e 2015. No 10º ano o número de alunos portugueses a realizar as provas foi sempre superior à média global, com

destaque para os anos de 2003, 2009 e 2015. No entanto, deve-se também realçar, na realidade portuguesa, a ausência de participantes em número significativo (inferior a 0,5%) provenientes do 11º ano quando na média global este valor ronda os 7%. De salientar ainda o surgimento, na população nacional, de um número com alguma expressão (9% em 2012 e 13% em 2015) de estudantes categorizados como “sem correspondência” (ungraded no original), normalmente relativo a

estudantes de cursos pré-vocacionais e vocacionais sem equivalência direta a um determinado ano de escolaridade.

Ano Modal 7 8 9 10 11 Ungraded Ano % dp % dp % dp % dp % dp % dp 2000 Média OCDE 1 (0,0) 5 (0,1) 33 (0,2) 47 (0,2) 7 (0,1) — † Portugal 6 (0,6) 13 (1,0) 28 (1,7) 53 (2,7) # † — † 2003 Média OCDE 1 (0,0) 5 (0,1) 37 (0,2) 48 (0,2) 6 (0,1) — † Portugal 4 (0,6) 11 (0,9) 20 (1,6) 64 (2,4) 1 (0,1) — † 2006 Média OCDE 1 (0,0) 5 (0,1) 36 (0,2) 48 (0,2) 8 (0,1) — † Portugal 7 (0,7) 13 (0,7) 29 (1,1) 51 (1,5) # † # † 2009 Média OCDE 1 (0,0) 5 (0,1) 36 (0,1) 48 (0,2) 8 (0,1) — † Portugal 2 (0,3) 9 (0,8) 28 (1,6) 60 (2,2) # † # † 2012 Média OCDE 1 (0,0) 5 (0,1) 36 (0,1) 47 (0,2) 7 (0,1) # † Portugal 2 (0,3) 7 (0,6) 26 (1,4) 55 (2,2) # † 9 (1,4) 2015 Média OCDE # † 5 (0,1) 35 (0,1) 49 (0,1) 7 (0,0) # † Portugal 3 (0,3) 7 (0,4) 20 (0,8) 57 (1,3) # † 13 (1,1)

Retenções e Pré-Escolar

Da leitura da Tabela 4 sobressaem duas realidades preocupantes para a população portuguesa. Por um lado, relativamente ao número de retenções, podemos verificar que a nossa percentagem de estudantes com uma ou mais retenções, embora tenha reduzido ligeiramente de 2012 para 2015, é ainda muito superior à média dos países da OCDE. Por outro

lado, relativamente à frequência da educação pré-escolar, também podemos verifica o nosso atraso nesta dimensão, bastante atrás da média global da OCDE, muito embora também aqui se verifique uma melhoria ao longo das três edições consideradas, revelando o esforço que Portugal tem vindo a fazer nesta área.

Tabela 3. Distribuição da amostra para a variável Ano Modal (Fonte: OECD PISA Data

Analysis output)

Na Tabela 5 pode observar-se a prevalência no contexto português do ensino público. Embora se tenha observado uma ligeira diminuição e aproximação da média da OCDE entre 2000 e 2009, a partir de 2012 voltamos a verificar um crescimento. Relativamente ao tipo de escola, constata-se que os valores relativos a escolas de gestão independente, embora tenham começado um pouco abaixo da média da OCDE em 2000, foram crescendo progressivamente e estão

a partir de 2009 equiparados à média global. No que diz respeito às escolas com gestão privada mas com contrato com o Estado, os valores de Portugal têm sido sempre consideravelmente inferiores à média global, sendo até extremamente reduzidos (apenas 1%) na última edição (2015). Já nas escolas públicas verifica-se uma tendência inversa, com valores sempre superiores à média global, e um máximo de 95% na última edição.