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Descrição Programa/Projeto Anos de vigência: 1988 a 1992 – 5 anos

População alvo: 1º ciclo do ensino básico

Propósitos principais:

Reverter o problema do insucesso escolar

O Programa Interministerial de Promoção do Sucesso Educativo (P.I.P.S.E.) é lançado por resolução do Conselho de Ministros de 10 de Dezembro de 1987, publicado no Diário da República, 2ª Série, de 21 de Janeiro de 1988. Constituindo um dos grandes programas nacionais de emergência, reuniu os esforços de seis ministérios, com o objetivo de reverter o grave problema do insucesso escolar.

Em 1992 o programa viria a ser extinto.

Relação com as

literacias do PISA: Literacias da Língua Portuguesa, da Matemática e das Ciências.

Estratégias e Métodos de Concretização e Desenvolvimento:

O desenvolvimento do Programa foi progressivamente alargado a todo o país, seguindo três etapas:

- Na primeira etapa foram abrangidos 60 concelhos de Portugal continental;

- Na segunda etapa o programa foi alargado a mais 78 concelhos; - Na última etapa foram abrangidos os restantes concelhos.

O programa tinha, nestes termos, uma estrutura nacional funcionando em articulação com as coordenações distritais e concelhias. As coordenações distritais funcionavam junto dos governos civis.

O PIPSE foi financiado pelo POCH e pelos programa regionais.

Principais intervenientes:

O programa mobilizou esforços de seis Ministérios – Educação; Planeamento e Administração do Território; Agricultura, Pescas e Alimentação; Saúde; Emprego e Segurança Social; Juventude.

O Conselho Coordenador, a nível central (ME) tinha como competências orientar a execução do programa a nível nacional e emitir pareceres e recomendações relativos ao sucesso escolar. A nível distrital foi criada uma Comissão de Gestão do PIPSE que funcionava junto dos Governos Civis cujos governadores presidiam sendo assessorados pelo diretor escolar, cujas competências eram “gerir a aplicação local dos meios afetados à implementação das ações abrangidas pelo programa, sob orientação do Conselho Coordenador” e definir as ações de intervenção concelhia a desenvolver em zonas prioritárias.

Categoria II. ENQUADRAMENTO SOCIOPOLÍTICO Instituições e/

ou Entidades Responsáveis pelo Programa/ Projeto:

A coordenação global era do Ministério da Educação articulando as ações dos restantes Ministérios envolvidos – Planeamento e Administração do Território; Agricultura, Pescas e Alimentação; Saúde; Emprego e Segurança Social; Juventude.

Fundamentos legais:

O Programa Interministerial de Promoção do Sucesso Escolar (PIPSE) foi aprovado em Resolução do Conselho de Ministros de 10 de dezembro de 1987, publicado no Diário da República, 2.ª Série, de 21 de janeiro de 1988, sendo instituído: o Conselho Coordenador de nível central;

Fundamentos:

a Comissão de Gestão de nível distrital; a Coordenação Concelhia e as equipas de animação de nível concelhio.

O programa foi apresentado como uma medida de “elevação do nível educativo da população portuguesa” e de “melhoria da qualidade da educação”. Tratou-se de uma medida de promoção da equidade visando o sucesso educativo de crianças e jovens dos ensinos básico e secundário. No entanto, a sua ação centrou-se no 1º ciclo do ensino básico.

Álvares e Calado (2014) referem que este programa surgiu no contexto de valores de insucesso extremamente elevados quando comparados com outros países europeus: cerca de 25% em Portugal e cerca de 5% nos restantes países da Europa.

O Conselho de Ministros resolveu:

“1 – Aprovar um programa interministerial de promoção do sucesso escolar (…), o qual visa a ação e os meios educativos em zonas prioritárias de intervenção caracterizadas por índices muito elevados de insucesso, identificadas por distrito, e que, na sua vertente a curto prazo, será aplicado em três etapas distintas…

1.1 – Na primeira etapa de cumprimento do Programa serão abrangidos 60 conselhos de

Portugal continental.

1.2 – Na segunda etapa serão abrangidos, para além do número referido no nº 1.1, mais 78

concelhos de Portugal continental.

1.3 – Na terceira e última etapa serão abrangidos os restantes concelhos de Portugal continental.

(…)

5 – Definir as ações prioritárias a desenvolver durante o 1º ano do Programa e assegurar a disponibilização dos meios adequados, com especial incidência sobre:

a) Reforço de cuidados de alimentação;

b) Prestação de cuidados de saúde, prevenção e diagnóstico; c) Alargamento da cobertura em educação pré-escolar; d) Fortalecimento da educação especial;

e) Apoio a famílias carenciadas;

f) Estabelecimento do sistema de transporte, determinado por reajustamentos na rede de escolas com reduzido número de alunos; g) Fornecimento de materiais escolares;

h) Apoio pedagógico e didático;

i) Iniciação profissional ou pré-profissionalizante;

j) Organização de atividades de ocupação de tempos livres e de desporto escolar.”

Álvares e Calado (2014) sintetizam as medidas propostas em dois tipos: a. configuração e expansão do sistema;

b. compensação (atuação mais abrangente – cuidados de saúde,

prevenção e diagnóstico, organização de atividades de tempos livres, de desporto escolar; apoio a famílias com dificuldades económicas e sociais – manuais escolares, leite escolar, transportes escolares).

Os autores destacam ainda a “… reestruturação dos planos curriculares, o lançamento experimental de novos conteúdos programáticos e a reorganização da formação de professores” (Álvares e Calado, 2014, p. 212).

Fundamentos:

grupo e pelos professores da disciplina dos 1252 estabelecimentos de ensino com 3.º ciclo, foram divulgados e debatidos a nível nacional, tendo participado docentes de todo o país.

Tendo como ponto de partida este diagnóstico, o Ministério da Educação apresentou, em Junho de 2006, um plano de ação destinado a melhorar o ensino da disciplina de Matemática, assumindo o compromisso de criar condições para que as escolas pudessem concretizar este desígnio.

Categoria III. AVALIAÇÃO GLOBAL

Existe avaliação mas não se encontra acessível online “Procedeu-se à avaliação, elaborando-se um relatório de avaliação das massas documentais acumuladas, de acordo com as orientações da DGLAB” (http://agc.sg.mai.gov.pt/details?id=664153).

O despacho interministerial de criação do Programa apresenta como objetivo do PIPSE: “Melhorar a qualidade da educação e a eficiência do ensino, promovendo, de modo generalizado, o sucesso educativo de crianças e jovens do ensino básico, dando prioridade ao 1º ciclo deste ensino (ensino primário). Pretende-se, assim, reforçar a acção e os meios educativos em zonas onde as taxas de insucesso escolar são elevadas.

O Programa visa reduzir, de forma significativa, o insucesso e melhorar globalmente a qualidade da educação ministrada nos estabelecimentos de ensino onde se vai implementar.”

Os principais contributos do PIPSE são ao nível dos fatores intrínsecos (o início do processo de reorganização da rede de escolas na lógica de agrupamento e enquanto instituição com responsabilidade social) e dos fatores extrínsecos (as iniciativas de apoio social, como o apoio às famílias e a intervenção no bem-estar físico). No entanto, com o desenvolvimento do programa, a componente de apoio pedagógico-didático parece ter assumido maior centralidade (Pires, 2002; Álvares e Calado, 2014).

Álvares e Calado (2014, p. 203) apontam como críticas ao programa a “… sua índole

compensatória e a inexistência de resultados significativos no que diz respeito aos indicadores de insucesso. O relatório técnico de 1990/91, traçando a evolução do sucesso educativo de 1986/87 a 1990/91 conclui que «não se regista uma evolução significativa na taxa de sucesso, que globalmente passou de 73,2 para 75,3%». Em 1991, 35% dos jovens não tinha completado a escolaridade obrigatória de 9 anos.” Apesar destes avanços pouco significativos os autores destacam um movimento de aproximação de jovens e famílias à escola tradicionalmente afastados.

Estes movimentos de aproximação terão tido impacto nas taxas de escolarização. “Entre 1987 e 1990 a taxa real de escolarização revela um aumento constante, sendo entre1991 e 1992, no último ano de aplicação do PIPSE, que se registam os valores mais elevados dos últimos 50 anos na variação da taxa real de escolarização para o 2º, 3º ciclo e secundário, um aumento, respetivamente, de 9,5%, 12,5%, 29,3%.” (Idem)

O Parecer sobre organização da escola e promoção do sucesso escolar defende que o PIPSE “consistiu na primeira intervenção sistemática no problema do insucesso escolar. A sua prioridade foi o combate ao insucesso e ao abandono escolares nos primeiros ciclos da escolaridade básica, inicialmente em zonas social e culturalmente desfavorecidas” (Azevedo, 2016, p. 12).

Referências e publicações mais relevantes

Álvares, M.; Calado, A. (2014). Insucesso e Abandono Escolar: os programas de apoio, In Maria de Lurdes Rodrigues (Org.), 40 anos de Políticas de Educação em Portugal, Vol. I – A construção do sistema democrático de ensino, Coimbra: Almedina, 197-230.

Azevedo, J. (2016). Parecer sobre organização da escola e promoção do sucesso escolar, Lisboa: CNE.

Pires, E. L. (2002). Da Inquietação À Quietude - o Caso do PIPSE, Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.

Resolução do Conselho de Ministros de 10 de dezembro de 1987, publicado no Diário da República, 2.ª Série, de 21 de janeiro de 1988

TERRITÓRIOS EDUCATIVOS DE INTERVENÇÃO PRIORITÁRIA