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Cartografia e Ocupação do Solo

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Cartografia e Ocupação do Solo

Segundo Batista (2014), a definição da escala, é preponderante na diferenciação das unidades espaciais, dado que a estrutura, funções e padrões da paisagem são, eles próprios, dependentes da escala (Turner 1989).

Na tabela 4, é demonstrado o nível de detalhe cartográfico e sua exatidão permite diferenciar o carácter e a qualidade da informação, assim como o seu conteúdo informativo, e condiciona a precisão e o significado de operações com outras variáveis ou dados similares, com diferente nível de exatidão (Guiomar et al. 2009). Quanto à resolução da cartografia de base pode ser utilizada para avaliar a dispersão de modo mais adequado a cada escala de análise podemos dizer que:

- A CLC 25ha de unidade mínima cartográfica (MMU - Minimum Mapping Unit) é mais adequada para análises à escala europeia, nacional e regional e de grandes áreas metropolitanas;

- A COS 1ha de 25ha de unidade mínima cartográfica (MMU - Minimum Mapping Unit)é mais adequada para análises à escala regional, municipal e urbana;

-A cartografia vetorial de traço (1:10000 ou superior) ou de imagem (fotografia aérea ou de imagem de satélite com resoluções de 50cm de pixel ou superior) é mais adequada para análises à escala urbana ou local(DGT, 2014).

Capítulo IV – Materiais e Métodos

20 Tabela 4 - Tabela comparativa entre as diferentes escalas

Designação CORINE Land

Cover (CLC) Carta de Ocupação do Solo (COS) Cartografia vetorial de traço Escala 1/100 000 1/25 000 1/10 000 Unidade Mínima

Cartográfica 25ha 1ha n/a

Modelos de dados Vetorial Vetorial Vetorial

Representação

espacial Polígonos Polígonos

Linhas, Pontos e Polígonos

Sistema de

classificação Hierárquico Hierárquico n/a

Dados de referência

Imagens de

Satélite Fotografia aérea Fotografia aérea

Produtor EEA DGT DGT/Empresas de

Produção Cartográfica

Em 1985 a Comissão das Comunidades Europeias (CCE) criou o Programa “CORINE - COoRdination of INformation on the Environment” que teve como objetivos a compilação de informação sobre o estado do ambiente no que respeita a temas prioritários para os estados membros. Entre a informação ambiental recolhida a ocupação do solo foi um dos temas considerados prioritários por ser juntamente com outros dados (como o relevo, a hidrografia) essencial para a gestão ambiental e caraterização dos recursos naturais, servindo de informação de base para muitas outras variáveis ambientais. Por outro lado, não existia uma base de dados única e compatível a nível dos países europeus sobre a ocupação do solo, apenas informação dispersa, heterogénea e fragmentada (CCE, 1994). A CORINE contém informação vetorial sobre o uso e a ocupação do solo do território de Portugal Continental, e foi produzida à escala 1:100 000, com uma área mínima de 25 hectares (EEA, 2002). A nomenclatura da CLC tem 44 classes agrupadas numa hierarquia de 3 níveis. As 5 categorias principais (de nível 1) são:

- Territórios artificializados - Áreas agrícolas e agroflorestais

Capítulo IV – Materiais e Métodos

21 - Zonas húmidas

- Corpos de água

Como a CLC tem uma escala espacial de 1:100 000, identificaram-se limitações ao nível da deteção insuficiente de pequenas alterações (áreas inferiores a 25 hectares), em particular as áreas associadas ao crescimento urbano tendem a ser negligenciadas e da subestimação da ocupação do solo por redes de transportes, com a exceção de partes das autoestradas, vias ferroviárias e rios.

Em resultado desta realidade, fica subestimada a área ocupada e alterações das áreas artificializadas, pelo que levam assim à necessidade de serem utilizados produtos de maior detalhe para as escalas regionais e locais (EEA 2006).Em Portugal, além da iniciativa CLC e considerando a necessidade de produtos de maior detalhe cartográfico, o Centro Nacional de Informação Geográfica (CNIG) (atual Direção Geral do Território - DGT) produziu em 1990 a primeira Carta de Ocupação do Solo à escala 1:25.000 (Figura 6).

Figura 6 - Cobertura nacional das folhas da COS90 (Fonte: IGP,2005)

A COS90 aplica um sistema de classificação à posteriori e não hierárquico que descreve as seguintes ocupações/usos do solo:

Capítulo IV – Materiais e Métodos 22 - Áreas agrícolas; - Áreas Florestais; - Meios Seminaturais; - Meios aquáticos; - Superfícies com águas.

Estas ocupações/usos são categorizadas numa legenda através de uma codificação por três dígitos, em que os dois primeiros dígitos são obrigatoriamente letras e o terceiro é numérico ou “x”. Estes três dígitos identificam a utilização, ocupação e níveis de ocupação do solo ou objetivos de produção. A legenda estabelece assim uma grande variedade de 67 combinações entre os vários tipos de ocupação/uso, totalizando mais de oitocentos tipos de ocorrências diferentes (Caetano et al. 2008, Caetano et al. 2009).Já a Carta de Uso e Ocupação do Solo de Portugal Continental para 2007 – (COS2007) é uma informação cartográfica de uso e ocupação do solo em formato vetorial, com uma unidade mínima cartográfica de 1ha e uma nomenclatura com 193 classes no nível mais detalhado. A COS2007 foi produzida com base na interpretação visual de imagens aéreas ortorretificadas, com a ajuda de informação auxiliar diversa. Possui uma exatidão posicional melhor ou igual a 5,5 m e uma exatidão temática global de 85,13% com um erro de 2,00% para um nível de confiança de 95%. As fotografias utilizadas para a obtenção desta série cartográfica foram tiradas entre julho e outubro de 2007 (Figura 7)

Figura 7 - Vista aérea de uma secção de delimitada pela nomenclatura da COS2007 (Fonte: DGT 2004)

Capítulo IV – Materiais e Métodos

23 Dada a cartografia obtida para o estudo de caso, a cartografia mais adequada relativamente à escala que se pretende será a COS e usar-se-ão os diferentes dados agrupando as COS em dois grupos, as usadas na ZEP, COS90 e COS2007 e as usadas no ADV, a COS2001 e COS2012, o estudo será feito a três escalas:

- para o total da ZEP (Zona de Especial de Proteção) do Alto Douro Vinhateiro;

- para o território de cada município dentro da ZEP;

- para a área central do ADV, separada nas suas 3 zonas – Baixo Corgo (BC), Cima Corgo (CC) e Douro Superior (DS)

A ZEP, correspondente à Região Demarcada do Douro, com 250.000ha e dentro da ZEP então agrupados os municípios pertencentes a esta região. Para o estudo das variáveis para a ZEP e para cada município vai-se utilizar as COS1990 e COS2007 e a sua respetiva nomenclatura. Para o estudo do ADV, e para as sub-regiões Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior, utilizar-se-á as COS2001 e COS2012, cartas especiais executadas exclusivamente para o ADV. Cada COS apresenta uma nomenclatura diferente, deste modo é necessário diferencial as áreas artificializadas individualmente, na Tabela 5 é possível ver os excertos relativos a este tipo de estudo.

Capítulo IV – Materiais e Métodos

24 Tabela 5 - Nomenclatura das COS das áreas artificializada

Área

s

a

rtif

ic

ia

li

za

d

a

s

COS90 COS2007 COS200

1 COS2012

UU1 Tecido Urbano contínuo 1.1.1 Tecido urbano contínuo 1 Solo Urbano 1 Solo Urbano

UU2 Tecido Urbano descontínuo 1.1.2 Tecido urbano

descontínuo 2 Solo Rural 2 Solo Rural

UU9 Outros espaços fora do tecido urbano consolidado 1.2.1 Indústria, comércio e equipamentos gerais 2.3 Infraestrutur as não lineares 2.3 Infraestruturas não lineares

SW1 Zonas industriais e comerciais 1.2.3 Áreas portuárias

2.3.1 Áreas Industriais/Servi ços

2.3.1 Áreas Industriais/Serviços

SW3 Zonas portuárias 1.2.4 Aeroportos e

aeródromos 2.3.2 Barragens 2.3.3 Cais

SW4 Aeroportos

1.3 Áreas de extração de inertes, áreas de deposição de resíduos e estaleiros de construção

2.3.3 Cais 2.3.4 Unidade Hoteleira

SW9 Outras infraestruturas 1.3.1 Áreas de extração de inertes

2.3.4 Unidade Hoteleira

2.3.5 ETAR

JJ1 Pedreiras, saibreiras, minas a céu

aberto 1.3.2 Áreas de deposição de resíduos 2.3.5 ETAR 2.4 Assentamentos Vinícolas

JJ2 Lixeiras, descargas industriais e depósitos de sucata

1.3.3 Áreas em

construção Vinícolas 2.4 Assentamentos JJ3 Estaleiros de construção civil 1.4.1 Espaços verdes

urbanos

JJ9 Outras áreas degradadas 1.4.2 Equipamentos desportivos, culturais e de lazer e zonas históricas SL1 Espaços verdes urbanos

(florestais)

SL2 Espaços verdes (não florestais) para as atividades desportivas e de lazer

MAPoteca FLUP(2008) Instituto Geográfico

Português (2010) Gistree (2013) Gistree (2013)

Na COS2012 as barragens não foram contabilizadas como áreas artificiais, deste modo foi necessário integrar as barragens das COS2001, para não enviesar os resultados da análise das dinâmicas de artificialização. Este processo foi realizado com ferramentas do ArcGIS, sobrepondo as cartas que não apresentam nas que apresentam barragens, criando assim a respetiva área correta de artificialização. A não inclusão das barragens como áreas artificializadas pode ter-se devido à finalidade deste tipo de COS.

Capítulo IV – Materiais e Métodos

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