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Figura 1 - Fachada da CMB em Curitiba

Fonte: Luiz Costa, Prefeitura Municipal de Curitiba

A CMB integra em um mesmo local, serviços especializados para os diversos tipos de violência, prestando acolhimento e triagem, apoio psicossocial, atendimentos da delegacia especializada, juizado especializado, do Ministério Público, Defensoria Pública e com ações de promoção de autonomia econômica. Além disso, a estrutura construída prevê o cuidado das crianças que acompanham as mulheres vítimas de violência em uma brinquedoteca, enquanto o atendimento é realizado, um alojamento de passagem para um período de 48 horas e uma central de transportes. O Decreto nº 8.086/2013 apresenta quais os serviços que a CMB poderá dispor:

I - serviços de atendimento psicossocial; II - alojamento de passagem;

III - orientação e direcionamento para programas de auxílio e promoção da autonomia econômica, de geração de trabalho, emprego e renda;

IV - integração com os serviços da rede de saúde e socioassistencial; e V - a presença de órgãos públicos voltados para as mulheres, como as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, os Juizados e Varas Especializados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as Promotorias Públicas Especializadas da Mulher e as Defensorias Públicas Especializadas da Mulher.

§ 2º As Casas da Mulher Brasileira e os Centros de Atendimento às Mulheres nas Regiões de Fronteiras Secas poderão ser mantidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, com o apoio das instituições parceiras e da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.

De acordo com Brasil (2015c, p. 14), a CMB deve atender todos os tipos de violências contra as mulheres baseadas em gênero, conforme o previsto na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Os objetivos específicos da Casa são:

1. Oferecer às mulheres em situação de violência acolhimento em serviços de referência e atendimento humanizado;

2. Disponibilizar espaço de escuta qualificada e privacidade durante o atendimento, para propiciar ambiente de confiança e respeito às mulheres; 3. Incentivar a formação e a capacitação de profissionais para o enfrentamento à violência contra as mulheres;

4. Oferecer informação prévia às mulheres quanto aos diferentes e possíveis atendimentos, assegurando sua compreensão sobre o que será realizado em cada etapa, respeitando sua decisão sobre a realização de qualquer procedimento;

5. Garantir o acesso à justiça às mulheres em situação de violência;

6. Garantir a inserção das mulheres em situação de violência nos Programas Sociais nas três esferas de governo, de forma a fomentar sua independência e garantir sua autonomia econômica e financeira e o acesso a seus direitos;

7. Oferecer condições para o empoderamento da mulher, por meio da educação em autonomia econômica;

8. Oferecer abrigamento temporário (até 48h) para as mulheres em situação de violência doméstica sob risco de morte, com possibilidade de encaminhamento à rede de serviços externos;

9. Combater as distintas formas de apropriação e exploração mercantil do corpo e da vida das mulheres, como a exploração sexual e o tráfico de mulheres;

10. Disponibilizar transporte às mulheres até os serviços de referência que integram a rede de atendimento, quando necessário.

Brasil (2015c) definiu que as ações da CMB devem ser pautadas nas diretrizes gerais dos serviços da rede de atendimento às mulheres em situação de violência, as quais apresentamos a seguir:

 Corresponsabilidade entre os entes federados: integração dos serviços dispostos na CMB, desde a implementação do serviço.

 Caráter democrático e descentralizado da administração: o modelo de gestão da CMB define a necessidade de participação de todas as instituições nela

inseridas, garantindo estratégias para envolver as mulheres no processo de avaliação continuada dos serviços;

 Transversalidade de gênero nas políticas públicas: serviços e ações devem ser integrados e sustentáveis nas diversas instâncias governamentais, possibilitando o aumento da eficácia das políticas públicas;

 Reconhecimento da diversidade de mulheres: os serviços ofertados na CMB devem considerar as necessidades da mulher em situação de violência de forma individualizada;

 Garantia da igualdade de direitos entre mulheres e homens: considerando a igualdade entre mulheres e homens, em relação aos seus direitos a CMB deve promover o respeito à diversidade cultural, étnica, racial, de inserção social, situação econômica e regional, assim como os diferentes momentos da vida das mulheres;

 Laicidade do Estado: os atendimentos realizados dentro da CMB devem ser realizados independentemente de princípios religiosos;

 Transparência dos atos públicos: respeitar os princípios da administração pública (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), garantindo transparência nos atos públicos e controle social;

 Compromisso com a sistematização dos dados relativos à violência contra as mulheres e aos atendimentos prestados: Para enfrentamento da violência contra as mulheres é necessária a produção de estatísticas como compromisso dos governos para a implementação de políticas de enfrentamento ao fenômeno, atendendo sobretudo a Lei Maria da Penha.

Entre as diretrizes, Brasil (2015, p. 20) estão também:

• Integralidade do atendimento, com foco no atendimento humanizado às mulheres;

• Garantia do cumprimento dos tratados, acordos e convenções internacionais firmados e ratificados pelo Estado Brasileiro relativos ao enfrentamento da violência contra as mulheres;

• Reconhecimento das violências de gênero, raça e etnia como violências estruturais e históricas que expressam a opressão das mulheres e que precisam ser tratadas como questões de segurança, justiça, educação, assistência social e saúde pública;

• Atendimento integral às mulheres, a partir de uma percepção ampliada de seu contexto de vida, assim como de sua singularidade e de suas condições como sujeitos capazes e responsáveis por suas escolhas;

• Respeito a todas as diferenças, sem discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais;

• Desenvolvimento de estratégias de integração e complementaridade entre serviços de atendimento às mulheres em situação de violência que compõem a Casa da Mulher Brasileira;

• Construção de um pensamento coletivo, que avance na

intersetorialidade e na superação de ações setoriais isoladas, passando a atuar de forma unificada em prol de um projeto comum;

• Cuidado com as/os profissionais envolvidos no atendimento às mulheres em situação de violência, garantindo espaços de escuta e de formação permanente às/aos servidoras/es da Casa da Mulher Brasileira.

De acordo com IPEA (2015), o desenho da CMB foi elaborado a partir das constatações dos desafios que permaneciam à efetivação de uma rede integrada de atendimento e tinha como base as experiências do Centro Integrado de Atendimento à Mulher, em Belo Horizonte, e o projeto Cidade Mulher, em El Salvador. A Figura 2 - Casa da Mulher Brasileira - Serviços, demonstra alguns dos serviços disponíveis na CMB.

Figura 2 - Casa da Mulher Brasileira - Serviços