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Considerando que esse estudo pretende contribuir para discussão sobre políticas públicas para atendimento de mulheres em situação de violência a partir do conhecimento do processo que possibilitou o funcionamento da CMB na cidade de Curitiba, optou-se pela realização de uma pesquisa com abordagem qualitativa, que considera a relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito que não pode ser traduzida em números, tendo no ambiente natural a fonte direta para coleta de dados (SILVA; MENEZES, 2005).

A pesquisa qualitativa explora as características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente, sendo a coleta de dados realizada de maneira verbal por observação, descrição e gravação (MOREIRA; CALEFFE, 2006). Para compreensão do objeto de pesquisa definido, entendeu-se que a pesquisa qualitativa foi a mais adequada para interpretar os fenômenos identificados e dar significado às respostas de como se deu o processo de implementação da CMB em Curitiba/PR.

Dentre as fases da pesquisa elenca-se, inicialmente, a pesquisa bibliográfica que possibilitou mapeamento de conceitos que subsidiaram a construção de parte deste estudo, nos posicionando sobre que direções seriam importantes para a contemplação do objetivo proposto.

A pesquisa bibliográfica que, segundo Neto (2012, p. 53)

[...] coloca frente a frente os desejos do pesquisador e os autores envolvidos em seu horizonte de interesse. Esse esforço em discutir idéias e pressupostos tem como lugar privilegiado de levantamento as bibliotecas, os centros especializados e arquivos. Nesse caso, trata-se de um confronto de natureza teórica que não ocorre diretamente entre pesquisador e atores sociais que estão vivenciando uma realidade peculiar dentro de um contexto histórico- social.

Os sujeitos da pesquisa foram cinco mulheres/servidoras que estiveram diretamente vinculadas à implantação da CMB em questão, selecionadas a partir da trajetória e local em que cada uma delas estava em relação às políticas de atendimento de mulheres em situação de violência e à implementação da CMB em Curitiba. Há, sem dúvida, outras/outros atrizes/atores que contribuíram para que hoje a Casa estivesse em funcionamento, contudo fez-se necessário estabelecer algumas delimitações para que pudéssemos definir os sujeitos de pesquisa.

Assim, propusemos entrevistar a Secretária da SMEM e um/uma funcionária da referida Secretaria dada a responsabilidade desta instituição em Políticas Públicas para Mulheres; a coordenadora estadual da CMB de Curitiba pela vinculação direta com o equipamento construído; a Presidente da FAS de Curitiba, responsável pela execução da Política de Assistência Social deste município e a responsável pela DPSE, também da FAS. No caso dos profissionais da FAS a escolha se deu pelo fato da Diretoria em questão ser a responsável pela gestão e planejamento dos serviços de proteção social especial, de média complexidade, destinados ao atendimento de famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, ou seja, que tenha direitos violados, que é o caso em que se encaixam as mulheres em situação de violência. As entrevistadas realizaram atividades nos cargos elencados no ano de 2016.

Após a definição dos sujeitos de pesquisa iniciamos os contatos, via telefone e e-mail, para anuência em participarem da pesquisa e agendamento das mesmas em dias, horários e locais de melhor conveniência de cada uma. Para

quatro das entrevistadas foram utilizados locais reservados, nos espaços de trabalho do pesquisador ou pesquisadas em horários distintos à sua jornada e com anuência de respectivas chefias e gestores.

Uma das entrevistas foi realizada em sala alugada, também em dia e horário previamente também agendado com a entrevistada. A locação desta sala foi feita em um chamado Coworking, que é um local com espaços/escritórios/salas localizados em uma mesma estrutura física que podem ser coletivos ou individualizados19. No caso desta pesquisa, realizamos a locação de um espaço previamente individualizado onde foi possível realizar a entrevista de maneira reservada e adequada.

A coleta de dados se deu pela realização de entrevistas com cinco mulheres/servidoras que estiveram diretamente ligadas à implementação da CMB em questão. As entrevistas, em sua forma semiestruturadas, foram construídas após o processo da banca de qualificação desta dissertação, em dezembro de 2016, considerando os elementos teóricos importantes oriundos das pesquisas bibliográficas e documental. A escolha por este tipo de entrevista ocorreu porque valoriza a presença do investigador e oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação (TRIVIÑOS, 1987).

Antes do início de cada entrevista, o pesquisador explicitou os objetivos da pesquisa com posterior leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Após, coletadas as assinaturas dos termos e questionando sobre a autorização para o uso do nome de cada uma das entrevistadas, as cinco autorizaram o uso de seus nomes.

Na sequência, foram iniciadas as entrevistas que foram gravadas em aparelho digital com posterior transcrição pelo pesquisador. As gravações serão arquivadas no acervo pessoal do pesquisador, estando disponíveis para consulta. As transcrições foram feitas com o auxílio do programa Microsoft Word por meio da captação das palavras registradas em sua ordem natural, sem desprezar qualquer comentário ou contexto exposto.

O roteiro da entrevista iniciou-se com as seguintes informações a respeito de cada uma das profissionais com os seguintes itens: nome, idade, estado civil,

19 O que é Coworking? Disponível em: http://cwk.com.br/o-que-e-coworking/. Acesso em: 01 out.

formação acadêmica (Graduação/Pós-Graduação), áreas de atuação (Últimos 24 meses); tempo atuando no cargo relacionado à entrevista e participação em movimento social / sindical.

Desta forma, apresentamos a seguir um breve currículo de cada uma de nossas entrevistadas, podendo existir itens que não tenham sido respondidos:

 Entrevistada 01: Ângela Christianne Lunedo de Mendonça, Pedagoga e Bacharel em Direito. Especialista em Planejamento e Administração Pública. Especialista em Direito Educacional. Diretora de Proteção Social Especial na FAS (2015-2016). Coordenadora de Cursos de Especialização em diversas áreas do conhecimento. A entrevista teve duração de aproximadamente trinta minutos.

 Entrevistada 02: Marcia Oleskovicz Fruet, 40 anos, casada, formada em Comunicação Social/Jornalismo com Especialização em Marketing. Atuou no cargo de Presidente da Fundação de Ação Social de Curitiba por quatro anos, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2016. A entrevista teve duração de aproximadamente uma hora;

 Entrevistada 03: Marisa Mendes de Sousa, 58 anos, graduada em Serviço Social, com especializações em Capacitação Permanente na Área da Infância e Adolescência, Economia do Trabalho, Desenvolvimento de Competências Gerenciais. Atuou na Assessoria Técnica da SMEM de Curitiba de 2013 a 2016. A entrevista teve duração de aproximadamente uma hora e trinta e cinco minutos;

 Entrevistada 04: Roseli Isidoro, 55 anos, casada, Cursou Letras Português. Presidiu o Conselho Municipal de Políticas para as Mulheres. Foi Secretária da SMEM de Curitiba de 2013 a 2016. Coordenadora do Comitê de Avaliação e Monitoramento de Políticas para as Mulheres de Curitiba. A entrevista teve duração de aproximadamente uma hora e dez minutos;

 Entrevistada 05: Sandra Praddo, 52 anos, solteira, graduada em Educação Física com especialização em Ciência Política e Deficiência Intelectual. Atuou como Coordenadora Estadual da CMB de Curitiba em 2016. A entrevista teve duração de aproximadamente uma hora e dez minutos.

Após a transcrição, as entrevistas foram lidas de maneira aprofundada e foram elencadas as categorias empíricas de maior destaque nas narrativas

sistematizando-as e buscando compreendê-las a partir de um constructo teórico, efetuado pela pesquisa bibliográfica.