O caso da China

Estudos sobre a China mostram que no período de 2006 a 2009, o país agiu para tornar sua economia mais verde. Em 2008, houve um investimento em torno de 6% para controlar a poluição do ar e melhorar as condições ambientais. Dos 6%, em torno de 10% foram investidos em melhorias industriais, como tecnologias limpas, o que demonstra o interesse da China sobre questões relacionadas ao meio ambiente, segundo Cai et al. (2011).

Dessa forma, o estudo desses autores buscou responder qual seria a capacidade do país, como uma “economia verde”, de aumentar o nível de emprego. Para isso, foram realizadas análises sobre as políticas de redução de GEE e políticas de mitigação do setor de geração de energia, definidas como política 1 e 2, respectivamente, para o período de 2006 a 2010. A política 1 seria pautada na possibilidade de substituição de pequenas unidades geradoras ineficientes por grandes; e a política 2 atuaria no desenvolvimento de fontes de energia renovável e “nova”, considerando dois tipos de impacto, o impacto direto e o impacto indireto nos empregos.

Os resultados aplicados à política 1 mostram que, apesar da redução de empregos diretos, há aumento de empregos indiretos, cerca de 559 mil novos postos de trabalho para toda a China. A política 2 surtiu efeitos negativos no mercado de trabalho, resultando em uma diminuição de 90 mil empregos diretos e 176 mil empregos indiretos. Entretanto, aliado à política 1, isso resultaria em 472 mil de empregos líquidos no final de 2010. Caso a política 1 e 2 fossem reforçadas pela participação de outros tipos de energia no setor energético, como nuclear, eólica, de biomassa e solar, os ganhos líquidos de empregos aumentariam em torno de 18%.

Os resultados mostraram que a integração das políticas 1 e 2 aumentou o nível total de empregos na China. Além disso, a análise deixou evidente que a única maneira de promover empregos verdes e garantir uma economia mais sustentável no setor de energia é através da promoção de energias renováveis (solar, biomassa e eólica). A política 1 que trouxe efeitos positivos, a longo prazo não se sustenta por si só. Apesar de não destacar os tipos de trabalhos criados na China, Cai et al. (2011) esclarece que o aumento dos empregos ligados à “economia verde” é certo, uma vez que para a promoção das energias renováveis é necessário aumentar a mão-de-obra qualificada.

Em estudo da UNEP (2008) sobre empregos verdes em todo o mundo, em 2006, foi possível concluir que o setor de energia eólica reuni 300.000 trabalhadores e o setor de energia solar fotovoltaica (PV) em torno de 170.000, sendo que a maioria deles se encontram na China, conforme observado na Tabela 2.

Tabela 2: Estimativas do número de empregos do Mundo e da China no ano de 2006 do setor de Energia Renovável.

Tipo de Energia Estimativas % de empregos na

China

Mundo China

Energia Eólica 300.000 22.200 7,40

Energia solar fotovoltaica (PV) 170.000 55.000 32,35

Energia Térmica solar 624.000 ou mais 600.000 96,15

Biomassa 1.174.000 266.000 22,65

Fonte: Elaboração a partir da tabela ES-1, UNEP, 2008.

Ainda segundo o relatório, instituições como Energy Research Institute e the Chinese Renewable Energy Industries Association levantaram estimativas sobre empregos gerados no setor de Energia Renovável chinês. Eles concluíram que aproximadamente 1 milhão de pessoas

na China, em 2007, trabalhavam em locais relacionados à sustentabilidade, como no setor eólico, em indústrias fotovoltaica, no setor de energia térmica solar e de biomassa, conforme observamos na Tabela 3.

Tabela 3: Empregos do Setor de Energia Renovável em 2007 da China.

Setor Tipo de energia Total

Energia Eólica Energia solar fotovoltaica (PV)

Energia

Térmica solar Biomassa

Geração 6,000 2,000 -- 1,000 9,000 Fabricação 15,000 38,000 400,000 15,000 468,000 Serviço 1,200 15,000 200,000 250,000 466,200 Total 22,200 55,000 600,000 266,000 943,200 Valor em termos financeiros* 25,000 50,000 40,000 10,000 125,000

Fonte: Elaboração a partir da tabela (Table II.1-5), LI JUNFENG et al., 2007 apud UNEP, 2008.

*_{1 bilhão yuan = US$ 135 milhões}

O relatório da UNEP (2008) ainda indicou que os empregos verdes vêm se tornando cada vez mais presentes em todo mundo. Entretanto, eles são mais expressivos nos países desenvolvidos, enquanto que dentre os países em desenvolvimento, a China e o Brasil são os únicos que apresentam estimativas significativas.

Sob a mesma perspectiva da UNEP (2008), Pan et al. (2011) apontam que o setor de energia solar fotovoltaica da China criou, de 2006 a 2010, em média 2.700 empregos diretos e mais de 6.000 empregos indiretos. Já a indústria de energia eólica criou mais de 40.000 empregos verdes no mesmo período, tanto na geração de energia, como na fabricação de turbinas. Projeções mostraram também que o setor de energia solar fotovoltaica da China criaria a cada ano, em média 6.680 empregos diretos e 16.370 empregos indiretos, de 2011 a 2020. Sendo que as estimativas desses empregos verdes poderiam aumentar a cada ano, devido ao crescimento da indústria solar. Os autores ressaltam que apesar das indústrias automobilísticas, que utilizam fonte de combustível hídrico e elétrico, serem modestas, esse tipo de indústria vem crescendo rapidamente no mercado chinês e se o governo continuar priorizando esse tipo de automóvel, a produção aumentará entre os anos de 2011 a 2020, gerando em torno de 1,2 milhões de empregos verdes no setor.

Ainda segundo o mesmo estudo, apesar da China não possuir grandes florestas, o setor de reflorestamento com incentivo do governo aumentou de forma significativa. O setor empregou quase 2 milhões de trabalhadores por ano, de 2005 a 2010. Na perspectiva dos

autores, o setor de turismo vinculados à visitas a parques florestais poderia gerar, até 2020, em média 392.000 empregos diretos e 607.000 indiretos.

Segundo Pan et al. (2011), esclarece que devido às diferentes metodologias aplicadas para estimar o nível de emprego verde, pode não ser interessante somar as estimativas para encontrar o nível de empregos verdes total por setor. No entanto, setores como o de energia, de transporte e de silvicultura são claros quanto aos dados levantados. Em média, esses setores criarão cerca de 4,5 milhões de empregos verdes até 2020 na China.