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A preocupação com questões ambientais iniciou-se no final da década de 1960, quando a percepção sobre os temas relacionados ao meio ambiente era limitada. Carson (1969) propôs explicar os efeitos do uso excessivo de pesticidas sobre a saúde humana e sobre os animais, trabalho que impulsionou as reflexões iniciais sobre o meio ambiente. Os resultados encontrados pela autora indicaram que o uso de pesticidas era danoso à saúde humana e reduzia a população de pequenos animais (POTT e ESTRELA, 2017).

No ano de 1972, houve a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Na conferência surgiu a UNEP, organização responsável por administrar os 26 princípios2 sobre as questões ambientais e sociais e que estabeleceu a relação entre a natureza e o homem. Esse documento também ficou conhecido como Declaração de Estocolmo.

A principal conquista da Declaração de Estocolmo, segundo Lago e Aranha (2006), foi a inclusão permanente do tema ambiental a nível global. A criação da UNEP teve sua relevância, de modo que incentivou os países a criarem órgãos voltados para as questões sustentáveis, intensificou a participação das organizações civis e não governamentais nos problemas ambientais e ainda fortaleceu as organizações não governamentais. Ela ainda foi essencial para manter os debates e negociações por parte dos agentes tomadores de decisão nos anos consecutivos. A Declaração em si, atingiu tamanha importância pela complexidade e urgência acerca das questões ambientais que não tinham sido previstas por nenhum governo naquela época. Visto a necessidade de se debater nacionalmente os problemas decorrentes da economia tradicional, alguns países criaram instituições sólidas fortalecendo programas voltados para o meio ambiente. “No caso brasileiro, logo após a Conferência, foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente, a SEMA, no âmbito do Ministério do Interior” (LAGO e ARANHA, 2006, p.49)

Segundo UNCED (2018), desde os anos de 1990, a sustentabilidade tornou-se o problema mais urgente que o mundo atual precisava resolver. Assim, a partir de 1990 foram

2 Para maiores informações consultar acervo virtual da Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade

de São Paulo (USP), disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/meio-ambiente/declaracao-de- estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html

convocadas 12 conferências para tratar dos assuntos relacionados ao meio ambiente, o que originou uma agenda comprometida com a utilização dos recursos naturais de forma mais responsável e equilibrada. Em 1991, foi criado o Global Environment Facility (GEF), como a principal ferramenta de financiamento de programas e projetos com o compromisso principal de proteção e promoção do desenvolvimento sustentável. Os países desenvolvidos garantiram a participação dos países em desenvolvimento. O projeto piloto objetivava a redução de GEE e do aquecimento global, a proteção da biodiversidade, a proteção das águas internacionais e proteção da camada de ozônio (GEF, 2019).

Nesse contexto, o World Bank tornou-se a principal instituição responsável pela gestão do GEF. A UNEP, por sua vez, forneceu apoio aos países no cumprimento das obrigações assumidas pelos mesmos nas convenções ambientais e incentivou a criação de mecanismos para efetivá-las. Houve, portanto, mudanças nas ações do World Bank em relação à proteção ambiental e à inovação. A Resolução do Conselho do World Bank definiu que por um período de 3 anos, entre 1991 e 1994, os países participantes 3 não exerceriam poderes políticos sobre

o fundo e as regras deveriam ser cumpridas sem nenhuma intervenção do Estado. Toda a experiência do período de 3 anos serviu para o pensamento de uma instituição independente que atendesse os interesses globais sobre o meio ambiente. (UNCED, 2018).

No ano seguinte da criação do fundo em 1992, aconteceu a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominada como Eco-92 no Rio de Janeiro. O objetivo da conferência foi a preocupação com as mudanças climáticas e seus impactos à natureza, à sociedade e à economia. Os resultados principais da conferência foram o surgimento da Agenda 214 e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A Declaração tinha como objetivo “estabelecer uma nova e justa parceria global mediante a criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chaves da sociedade e os indivíduos” (RAMID e RIBEIRO, 1992, p.153). Conforme evidencia Mota (2008) a Agenda 21 foi dividida em 40 capítulos, voltados para os problemas sociais e ambientais. Sendo que 8 ressaltam os problemas socioeconômicos, 7 destacam a função dos grupos sociais, 11 salientam os mecanismos de implantação das novas políticas e 14 abordam o uso dos recursos naturais. O

3 Para maiores informações sobre os países participantes The Global Environment Facility (GEF), consultar

Participant Countries (GEF,2009). Disponível em: http://www.thegef.org/partners/participant-countries

4 Criando em 1992, a Agenda 21 definida como “um instrumento de planejamento para a construção de sociedades

sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica” (MMA, 2018). Para conferir na íntegra todos os capítulos da Agenda 21. Disponível em : http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21.html, acesso 21 outubro de 2018.

primeiro capítulo da Agenda 21 evidencia que relação entre o meio ambiente e o homem aconteça de forma harmoniosa. O capítulo dois ressalta a necessidade da cooperação entre as nações na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Além disso, a Agenda aborda questões sociais, como o combate à pobreza. De forma geral, a criação da Agenda auxiliou no avanço de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável.

Segundo a UNEP (2008), além da criação da Agenda 21 em 1997, o relatório elaborado na Eco-92, no Rio de Janeiro sobre mudanças climáticas, deu origem ao chamado Protocolo de Kyoto. O Protocolo de Kyoto entrou em vigor em fevereiro de 2005 e, basicamente, foi um tratado internacional com o objetivo de conter os impactos causados pela emissão de GEE. Do mesmo modo, foram incluídas metas que buscavam a melhoria da eficiência energética. Foram também estabelecidas metas para aumentar as pesquisas sobre recursos de energias renováveis e promoção de políticas, de forma a minimizar a emissão dos GEE. Ainda foi acordado a aplicação e compartilhamento sobre tecnologias capazes de transformar o clima e estabelecido que o clima deveria ser observado de forma mais rotineira para fins analíticos. Além do mais, foi sugerido a ampliação e melhoria dos dados sobre GEE e determinado uma quantidade de GEE que cada nação poderia emitir dentro de um certo período.

Nessa sequência, em 2005, outra conferência sobre mudanças climáticas foi realizada na França, que ficou conhecida como o Acordo de Paris. UNFCCC (2018) salienta que o acordo fortaleceu o compromisso entre as nações sobre as mudanças do clima e os impactos dessas mudanças no meio ambiente, social e econômico. Segundo UNFCCC (2018) o Acordo de Paris é um documento internacional firmado por diversos países para combater os efeitos das alterações do clima, monitorar e reduzir os GEE. Ele foi elaborado na 21ª Conferência das Partes (COP-21) da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC).

Este Acordo teve como objetivo principal responder os prejuízos causados pela mudança climática e manter o aquecimento global médio em até 2 ºC. Para garantir tais esforços, ficou definido a criação de “fluxos financeiros adequados, um novo quadro tecnológico e um quadro reforçado de capacidades”. Ainda foi estabelecido que países desenvolvidos apoiariam os países em desenvolvimento e em contrapartida, os países em desenvolvimento auxiliariam os países mais vulneráveis numa contribuição mútua. Outros pontos essenciais foram definidos, como a obrigação dos países em informar os Intended Nationally Determined Contributions (INDCs), que são documentos de nível nacional que registram as contribuições e compromissos sobre as questões relacionadas as mudanças do clima. De acordo com os INDCs, a cada 5 anos dever-se-ia informar o que foi realizado em relação ao compromisso firmado sobre as mudanças

climáticas, configurando transparência às informações e também para garantir o cumprimento dos compromissos em sua integralidade (UNFCCC, 2018).

A cooperação internacional fortalece a adaptação das nações às mudanças climáticas. O acordo tenderia a ajudar os países vulneráveis a lidar de forma mais satisfatória com as alterações climáticas, o que implica em um melhor desenvolvimento social, econômico e natural para estes países. As práticas do mundo atual, portanto, envolvem muito mais que a produção e o consumo de bens e serviços (UNFCCC, 2018).

Nesse sentindo, os governos, as comunidades e a iniciativa privada se mobilizaram e se mobilizam com um único objetivo: o de trilhar caminhos mais verdes. Dessa forma, os acordos internacionais sobre as mudanças do clima e os novos modos de consumo e produção foram e são essenciais para o equilíbrio da interação entre o meio ambiente e a sociedade. Conclui-se ainda que dado as propostas para atingir esse fim, novas tecnologias e capacidades ocupacionais verdes seriam essenciais.