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4.1 D ESCRIÇÃO E PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS CASOS

4.1.5 O caso da Rede Imob

A Rede Imob é uma associação de 11 imobiliárias da cidade de Santa Maria. Sua criação ocorreu no dia 9 de novembro de 2006, com o objetivo de incrementar os negócios das empresas participantes, pelo aumento no número de imóveis disponibilizados e pela maior captação de clientes através de ações conjuntas.

A Rede Imob contou com o apoio de algumas organizações que participaram e acompanharam seu processo de implantação, dentre elas a Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais (SEDAI) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

É a primeira Rede de Imobiliárias do interior do estado do Rio Grande do Sul. Ela conta com uma equipe de mais de 50 corretores diretos muito bem preparados, 11 imobiliárias de tradição e já consagradas no mercado trabalhando, dispondo de, em parceria, um cadastro único de imóveis para compra e venda e de uma central de atendimento com horário de funcionamento diferenciado, no Monet Plaza Shopping.

A Rede Imob é uma prova de que a união pelo trabalho, a divisão de esforços, a troca de ideias e a atuação em equipe são fundamentais para o sucesso no segmento de imóveis, pois competência, profissionalismo e qualidade são sua marca.

Com a missão de promover parcerias e estreitar o relacionamento entre as imobiliárias integrantes da Rede, ela destaca-se pela excelência nos processos e pela velocidade nos negócios. Busca ser sempre referência no mercado imobiliário do RS, tendo se tornado uma das marcas mais reconhecidas no segmento, por proporcionar soluções completas aos clientes. Apesar de Varamäki e Vesalainen (2003) e Alves e Pereira (2012) explanarem que não existe um modelo único para as redes interorganizacionais; a forma como elas são estruturadas varia de acordo as características dos integrantes; um acordo de cooperação, muitas vezes, leva a outro tipo de relacionamento, os casos apresentados demonstram que foi seguido um padrão inicial, em muito devido à intervenção das universidades e do modelo de estrutura do programa “Redes de Cooperação”.

4.1.5.1 O processo de desenvolvimento da Rede Imob

Sobre o processo de desenvolvimento da Rede Imob, recorreu-se a entrevistas realizadas com um de seus fundadores. A rede passou por três momentos influenciados pela teoria do processo de diferentes formas, bem como pela percepção de tempo por parte dos envolvidos.

O processo de formação da rede foi considerado como o primeiro momento de mudança para os empresários que se reuniam informalmente. A universidade os procurou, através de consultores, e lhes apresentou o programa “Redes de Cooperação” o qual possuía uma metodologia que poderia auxiliar o grupo a se formalizar em uma rede e gerar benefícios com o suporte do programa “Redes de Cooperação”.

A universidade, através de um consultor, realizou todo o processo de implantação da metodologia de formação da rede com a elaboração do estatuto, do regulamento, do código de ética e do regimento próprio da rede. Conforme esta metodologia, a rede, com uma estrutura determinada, atua em equipes. No caso da Rede Imob, foi constituída uma central de atendimento onde foram concentrados os assuntos desse nível de rede.

A estrutura da rede, através da central e das equipes, atua diretamente sobre os assuntos no nível de rede, porém identifica-se a teoria do processo de desenvolvimento de forma diferenciada em cada uma das equipes e no desenvolvimento da rede. Na formação da rede, identificou-se a teoria teleológica. Isto justifica a dificuldade de, até o momento, considerar que a rede possui uma trajetória que levará a seu desenvolvimento em nível de rede, pelo fato de os treinamentos de processos e a autonomia que ela possui permanecerem independentes das ações predeterminadas pelo programa “Redes”.

Nesse momento inicial, a Rede justifica suas mudanças pela teoria do ciclo de vida, em que, por serem determinadas, as ações seguem regras institucionais de modo prescritivo de ação e individual de resultados. Pela teleologia justifica-se suas mudanças pela autonomia e diferentes caminhos seguidos por seus integrantes para atingir os seus resultados e a continuar na rede. Não se pode afirmar o mesmo para as equipes e para as atividades da rede, após formação, ao chegar ao segundo momento de evolução da rede.

No segundo momento de evolução, a rede apresenta mais dinâmica ao trabalhar em equipes. Suas atividades podem ser identificadas por diferentes teorias do processo. Conforme relato do entrevistado, a rede realiza reuniões. Em uma delas, são tratados apenas assuntos administrativos e de gestão da rede. A outra caracteriza-se como uma reunião de negócios com a participação de todos os integrantes. Essas reuniões, fundamentadas na teoria dialética, contribuem para a consolidação das ações em nível de rede por serem as bases para a geração de estratégias conjuntas, que levam ao terceiro momento de desenvolvimento da rede.

O terceiro momento corresponde ao desenvolvimento da rede. Muitas das ações realizadas no segundo momento resultam em mudanças, ao longo do tempo, devido às teorias dialética e evolucionária, como se visualiza no Quadro 25.

Quadro 23 – Terceiro momento de desenvolvimento da Rede Imob

Evento Teoria Desenvolvimento Tempo Atuação

Vínculos de amizade e confiança Dialética Vertical Estabelecido ao longo do tempo pelas interações e relações Troca de experiências e

informações

Dialética Vertical Dois momentos voltados para o desenvolvimento dessas ações

Inovação Evolucionária Vertical Ações para consolidação das

relações em rede

Comercialização / vendas Evolucionária Vertical Integração entre os participantes Parcerias e convênios Evolucionária Vertical Constante busca por novas

parcerias com entidades

relacionadas ao setor imobiliário Poder de barganha Evolucionária Vertical Ações de marketing e de

aquisição de recursos para rede em conjunto

Fonte: Dados da Pesquisa (2016)

Analisando o Quadro 25, identifica-se que, com a presença das duas teorias, o desenvolvimento da rede ampara-se na confiança e nas relações mais próximas de seus integrantes. Seguindo a teoria evolucionária, através da inovação e em busca de parcerias e de maior poder de barganha, houve o desenvolvimento de um software integrador, a fim de facilitar as trocas e as informações em toda rede e proporcionar, no futuro, competividade e crescimento à rede.

Após analisar os resultados da entrevista, considera-se que houve problemas nas mudanças geradas pela teoria dialética, ou seja, a falta de estratégias conjuntas ou de consenso nas reuniões pode levar a rede a sofrer devido ao oportunismo, ao aumento do individualismo e a problemas de relacionamento que provocam a saída da rede.

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)