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Castanheiro (Castanea sativa)

No documento Síntese de diagnóstico: sistema biofísico (páginas 175-177)

1.14 SISTEMAS FLORESTAIS E ORDENAMENTO FLORESTAL NA

1.14.5 Distribuição das principais espécies florestais na região

1.14.5.3 Castanheiro (Castanea sativa)

O castanheiro é uma espécie florestal que ocupa um pouco mais de 21000ha, correspondendo a 6,4% da ocupação florestal da região de TMAD. Como se pode constatar pela interpretação da Fig.33, a distribuição do castanheiro é bastante irregular, concentrando-se em três núcleos. O mais importante localiza-se no extremo NE da região, sendo Bragança e Vinhais os concelhos que registam uma maior implantação desta espécie (5451 e 4764ha respectivamente, o que por si só representa 48% do total da área de castanheiro da região). Os limítrofes concelhos de Valpaços e de Macedo de Cavaleiros surgem nas posições imediatas, com perto de 2000ha cada. Um segundo núcleo bastante menos representativo surge no SW da região, numa faixa compreendida entre Santa Marta de Penaguião e Penedono. A restante área regional apresenta pequenas manchas dispersas de castanheiro, de significado mais modesto.

O cultivo do castanheiro tanto se destina à produção de castanha (os soutos), como para a obtenção de lenho (os castinçais). Contudo, 90% da mancha de castanheiro existente destina-se à produção de fruto. Os castinçais têm uma maior representatividade num conjunto formado por Santa Marta de Penaguião/Peso da Régua/Mesão Frio, onde são cultivados 40% destes exemplares. Nestes municípios, a presença de castinçais é inclusive superior à dos soutos, situação pouco vulgar na restante região.

De acordo com a DGRF (2006) as áreas ocupadas por castanheiro têm subido ao longo dos últimos anos um pouco por toda a região, atingindo valores muito elevados, como em Valpaços, onde subiu 338% no período compreendido entre 1965-1995. Tendência e distribuição idênticas são detectadas também quando se comparam os Recenseamentos Gerais Agrícolas de 1989 e de 1999.

Castanheiro Km S N E W Km 20 10 0 Distribuição florestal Fonte: COS, 1991

Figura 33: Distribuição do castanheiro na região de TMAD

Segundo estas fontes, em média, o número de explorações agrícolas dedicado ao cultivo de castanheiro cresceu 26%, enquanto a área sofreu um incremento ainda maior, que se cifrou em 90%. Na verdade, só os concelhos de Cinfães, Peso da Régua e Ribeira de Pena viram regredir a área de cultivo e o número de explorações com castanheiro. Todos os outros observaram incrementos, especialmente Montalegre e Alijó. No concelho do Barroso, a área com castanheiro subiu 31304ha e no de Alijó 8487ha.

O crescimento galopante da área ocupada por castanheiro na região de TMAD não poderá dissociar-se, por um lado, de um processo de reconversão das explorações agro- florestais, que leva os proprietários a optarem por uma cultura permanente menos exigente e também rentável. E, em segundo lugar, às boas condições naturais que o castanheiro encontra na região, que permite a obtenção de frutos de boa qualidade. A este respeito, refira-se o estatuto de Denominação de Origem Protegida de que algumas produções de castanha gozam, nomeadamente a Castanha da Terra Fria, a Castanha Soutos da Lapa e a Castanha da Padrela. A produção da primeira está circunscrita aos concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Chaves, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Valpaços, Vimioso e Vinhais; na região de TMAD, a produção da Castanha Soutos da Lapa ocorre nalgumas freguesias de Armamar, Moimenta da Beira, Lamego, Penedono,

S. João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço e Tarouca; por seu turno, a Castanha da Padrela verifica-se em áreas dos concelhos confinantes com aquela serra, nomeadamente, Chaves, Murça, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. A existência de diferentes variedades de Castanea sativa em cada uma destas sub-regiões e a especificidade das condições naturais determinam diferenças e qualidades que justificam a classificação de cada uma delas.

Uma das maiores ameaças que se coloca ao cultivo do castanheiro é, sem dúvida, a doença da tinta e o cancro americano. A doença da tinta incide principalmente sobre o sistema radicular, obstrui o sistema vascular, impedindo a circulação da seiva e originando a consequente seca de toda a copa. O castanhal de TMAD encontra-se afectado por esta doença. Na área da Padrela, os níveis de severidade média da doença variam entre 15% e 50%, nos concelhos da terra fria a severidade atinge os 20% e na área da serra da Lapa, a doença também está disseminada (DGRF, 2006). A doença do cancro americano é originada por um fungo (Cryphonectria parasitica), encontrando-se muito expandida por toda a região, havendo mesmo localidades na área da Padrela onde todas as árvores estão infectadas. Não existem meios muito eficazes de combate a estas doenças. No caso da doença da tinta existem algumas medidas preventivas que devem ser divulgadas junto dos produtores, em concreto: evitar a utilização de material vegetativo contaminado ou de origem duvidosa; e desenvolver um conjunto de práticas profilácticas, evitar danos no sistema radicular, evitar a excessiva compactação dos solos, fazer as plantações em terrenos com boa drenagem, desinfectar os instrumentos utilizados. Em termos de medidas de combate há a salientar a necessidade de abater e destruir o material lenhoso infectado (que pode ser a totalidade da árvore, quando esta estiver muito afectada), a solarização das partes afectadas, a manutenção dos cogumelos no solo, entre outras. Relativamente ao cancro do castanheiro, a gravidade da doença motivou, em 1998, a implementação de um Plano de Erradicação (Despacho 117/98), ao abrigo do qual se diagnosticou a infecção de cerca de 10% das árvores inspeccionadas em TMAD. A irradiação da doença, que se detecta pelo desenvolvimento de necroses castanho-avermelhadas no tronco e pela permanência das folhas e dos ouriços nos ramos, baseia-se em técnicas de enxertia e poda das árvores afectadas e pela destruição do material resultante. Para ambas as doenças, o recurso a clones que sejam mais resistentes é igualmente uma medida eficaz.

No documento Síntese de diagnóstico: sistema biofísico (páginas 175-177)