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Distribuição e consistência dos povoamentos florestais

No documento Síntese de diagnóstico: sistema biofísico (páginas 164-167)

1.14 SISTEMAS FLORESTAIS E ORDENAMENTO FLORESTAL NA

1.14.3 Distribuição e consistência dos povoamentos florestais

Em TMAD, de acordo com os PROF da região, contabilizam-se 21 perímetros florestais. As principais características destes perímetros resumem-se no Quadro 21.

Em termos totais, os perímetros florestais somam 132504ha, dos quais cerca de 41% correspondem à ocupação florestal. A maior parte da restante fracção é ocupada por

incultos (47%), ao que se sucedem outros usos menos expressivos (solos improdutivos, agrícolas e uso social). Portanto, nos perímetros florestais da região, os solos incultos preponderam sobre o florestal. Por outro lado, os perímetros florestais definidos em sede dos PROF apresentam áreas muito díspares, que variam entre os 33ha na Serra de S.Tomé do Castelo (onde apenas 3ha têm ocupação florestal) e os 40827ha delimitados na Serra de Barroso, onde mais de 13000ha são de uso florestal). No geral, a percentagem de ocupação florestal oscila entre valores bastante baixos (‹10%), nos locais onde imperam os incultos e os improdutivos (Avelanoso, Serras de S.Tomé do Castelo e de S.Domingos e Escarão, e valores bastante elevados (›90%), na Serra de Reboredo e em Palão. É nos perímetros onde a presença florestal é menor que a percentagem de solos incultos é mais elevada. Nos casos das serras de Montesinho, Marão e Ordem e Avelanoso, a percentagem de incultos supera os 65%.

Quadro 21: Principais perímetros florestais de TMAD

Perímetros florestais Total (Ha) Floresta Incultos Floresta (%) Incultos (%)

Alvão 10175 4975 4727 48,9 46,5 Avelanoso 1581 150 1123 9,5 71,0 Barroso 40827 13181 22056 32,3 54,0 Chaves 8265 5115 2756 61,9 33,3 Deilão 9785 6207 2747 63,4 44,3 Monte de Morais 2113 981 1100 46,4 52,1 Palão 344 323 20 93,9 6,2 Penedono 1771 1001 550 56,5 31,1 Serra da Coroa 8413 4102 3865 48,8 45,9 Serra da Lapa 2350 475 613 20,2 26,1 Serra da Nogueira 4035 2934 812 72,7 20,1 Serra da Padrela 10574 4578 4539 43,3 42,9 Serra de Bornes 861 666 190 77,4 22,1 Serra de Faro 475 270 105 56,8 22,1 Serra de Leomil 7991 3267 3931 40,9 49,2 Serra de Montesinho 5699 1503 3819 26,4 67,0

Serra de S.Domingos e Escarão 1651 107 716 6,5 43,4

Serra de S.Tomé do Castelo 33 3 14 9,1 42,4

Serra de St.ª Comba 5092 2949 1984 57,9 39,0

Serra do Marão e Ordem 10039 1583 6913 15,8 68,9

Serra do Reboredo 430 389 20 90,5 4,7

TOTAL 132504 54759 62600 41,3 47,2

Fonte: DGRF, 2006.

Passando a uma individualização das características dos principais perímetros, na área Nordeste destacam-se quatro pelas suas dimensões e pelo tipo de flora que albergam. O que apresenta maior extensão é o perímetro da Serra da Coroa, com 8413ha (Bragança e Vinhais), mas são igualmente importantes os de Deilão, de Montesinho e o da Serra da

Nogueira. Todos eles abrangem uma área superior a 4000ha, tendo uma ocupação superior a 10ha na maior parte das freguesias que abrangem. Na área duriense, os principais perímetros encontram-se na orla da respectiva sub-região, onde existem os principais relevos montanhosos. São os casos dos perímetros das Serras do Marão e Ordem, de Leomil e da Lapa. Dos três, é o perímetro do Marão/Ordem que totaliza uma área mais extensa, englobando diversos aglomerados do concelho de Vila Real. Porém, são os incultos que dominam neste perímetro, pois dos cerca de 10000ha, quase 7000ha representam terrenos incultos. O perímetro da serra de Leomil (Lamego, Moimenta da Beira e Tarouca), embora de dimensão mais modesta, alberga uma mancha florestal mais extensa, que representa 41% do total. Na área do PROF previsto para Barroso/Padrela, emergem os três mais importantes perímetros florestais em termos de área. Para além da Serra de Barroso que perfaz 31% do total dos perímetros florestais da região, há a destacar os da Serra da Padrela e do Alvão. O primeiro incide sobre vastas áreas dos concelhos de Boticas e de Montalegre, onde há freguesias em que mais de 1000ha estão inseridos neste perímetro. O do Alvão abrange territórios dos concelhos de Ribeira de Pena e de Vila Pouca de Aguiar, incluindo este último também o perímetro da Serra da Padrela. Nesta área é ainda de destacar o perímetro de Chaves, que contabiliza mais de 5000ha de ocupação florestal.

A elevada presença de solos incultos nos perímetros florestais da região reflecte o estado de degradação e de relativo abandono em que se encontra a floresta. Para tal também contribuem os incêndios, que delapidam a floresta e a transformam em áreas de incultos e em espaços desordenados. Estas características sublinham a necessidade de se proceder a um adequado ordenamento florestal e à reflorestação (ou suporte à regeneração natural dos bosques) das áreas afectadas pelos incêndios e solos incultos. A presidir a este esforço deve estar uma lógica de valorização social e ambiental dos espaços florestais, com objectivos diferentes da tradicional floresta de exclusivamente de produção (sobretudo, com base em monocultura de pinheiro-bravo). O recurso a folhosas autóctones (carvalho e castanheiro) deve ser estimulado, conferindo à floresta funções preventivas (nomeadamente contra os incêndios), de valorização ambiental e da biodiversidade (combate à desertificação e ampliação do quadro de espécies florísticas e faunísticas) e de valorização económica (lenho de elevada qualidade). A função de defesa da floresta deve inspirar-se na introdução de descontinuidades florestais, através de alterações de espécies e/ou na forma de condução do povoamento, aproveitando factores como as características do relevo, acidentes geográficos ou entidades físicas introduzidas pelo homem, proximidade a localidades, estradas, áreas de agricultura, etc. Nalgumas circunstâncias, esta função pode materializar-se pela introdução de povoamentos mistos, onde duas ou mais espécies se desenvolvem em simultâneo, por oposição aos povoamentos extensos e homogéneos. A introdução destes povoamentos mistos, para

além das vantagens atrás citadas, pode contribuir para a melhoria estética da região onde são introduzidos, trazendo novas formas, texturas e tonalidades diversas ao longo do ano.

No que respeita à espécie florestal de maior expressão, os PROF caracterizam o estado actual dos povoamentos de pinheiro-bravo na região de TMAD. Constata-se que a maior parte dos povoamentos da região está numa situação de sobrelotação e apenas uma parte residual se encontra num estado de sublotação. A este cenário não será alheia a falta de ordenamento destes povoamentos, que resulta da regeneração natural da floresta e da ausência de intervenções culturais, originando um excessivo número de pés por hectare. Por isso, numa estratégia de ordenamento em articulação com os PROF, importa proceder a desbastes nas situações de sobrelotação, efectuar as limpezas de matos e desrames nos casos necessários, ponderar uma possível reconversão das espécies nos casos de sublotação ou adensar esses povoamentos e reconverter os povoamentos muito sublotados, dado que estes povoamentos, por si só, não conseguirão recompor-se. De referir ainda que a existência de extensas áreas homogéneas de pinheiro-bravo, sem qualquer cuidado de ordenamento, têm sido responsáveis pela ocorrência de grandes incêndios na região e pelo consequente aumento das áreas de incultos/vegetação degradada e pelo empobrecimento das populações locais, facto que as afasta cada vez mais da floresta. Em muitas destas áreas importa estudar a reconversão destes povoamentos e a introdução de outras espécies, nomeadamente nas zonas onde as acções de limpeza do material lenhoso são mais difíceis. Nestes casos, embora o factor produtivo passe a ter uma menor importância, sairão beneficiados aspectos como a protecção ambiental e paisagística.

No documento Síntese de diagnóstico: sistema biofísico (páginas 164-167)