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Todos os 25 (100%) pacientes referiram realizar higienização diária dos pés, removendo toda a sujidade com água e sabão. Porém cerca de 80% dos sujeitos diabéticos referiram realizar a inspeção diária e adequada dos pés, os outros 20% não realizam essa inspeção.

40%

60%

Atividade física

SIM NÃO

90%

10%

Tipo de atividade física

CAMINHADA ACADEMIA

Figura 06 – Distribuição dos sujeitos diabéticos, quanto à realização da inspeção diária dos pés.

A inspeção diária dos pés é de grande importância, visto que, através da observação dos pés pode-se localizar lesões que passam despercebidas, tratando-a o mais precocemente possível. A inspeção deve envolver toda a região plantar e espaços interdigitais. Existem pacientes que não conseguem fazer essa tarefa sozinhos, devido a idade avançada ou outras complicações da própria patologia como a retinopatia. Esses pacientes devem ter uma pessoa responsável por executar a inspeção e os demais cuidados (VIGO; PACE, 2005; PACE et. al., 2002)

Dos sujeitos diabéticos participantes do estudo, 64% relataram ter o hábito de realizar a secagem dos pés, incluindo as regiões interdigitais. Apenas 36% não realizam a secagem.

80%

20%

Inspeção diária dos pés

SIM

Figura 07 – Distribuição dos pacientes diabéticos quanto a realização da secagem dos pés quando molhados, incluindo as regiões interdigitais.

Os pacientes diabéticos sempre devem utilizar calçados fechados para maior proteção contra traumas, porém, estes pacientes devem se atentar para a secagem dos pés. Pois o uso de calçados fechados aumenta o calor e a retenção de umidade nos pés, favorecendo a proliferação de microorganismos, como fungos e bactérias, muitas vezes ocorrem na forma de flora mista. O tipo mais comum é a infecção por tinea pedis e onicomicose (CAVICCHIOLI M; GAMBA, 2009; BEGA, Armando; 2008).

Lopes (2003) relatou que micose interdigital foi a lesão mais encontrada em uma “feira da saúde”, realizada no município de Itabuna – BA. Daí a importância de manter os pés bem secos, principalmente entre os dedos. Andrade et al. (2010) também detectou em seu estudo, uma grande quantidade de micose interdigital.

Quanto ao quesito andar descalço 76% referiram que não tinham o costume de andar descalço, enquanto a minoria de 24% dos sujeitos disseram ter esse mau hábito.

64%

36%

Secagem dos pés

SIM

Figura 08 – Distribuição por paciente diabético que tem ou não costume de andar descalço.

Verificando que a maioria dos sujeitos diabéticos pesquisados não andam descalço em momento algum, esse é um aspecto positivo, pois os pacientes tem a consciência da proteção que o calçado traz aos pés. O simples ato de andar calçado promove a proteção dos pés contra possíveis traumas (GAMBA, et al.;2004; VIGO; PACE, 2005).

Quando perguntado sobre a realização da inspeção diária dos calçados antes do uso, 76% dos sujeitos declararam que tem o hábito de inspecionar o interior dos calçados antes de usá-los e somente 24% não tem costume dessa prática.

24%

76%

Andar descalço

SIM

NÃO

Figura 09 – Distribuição dos pacientes diabéticos quanto a realização da inspeção dos calçados antes do uso.

A figura 09 nos mostra outro aspecto positivo da população com DM pesquisada, visto que a maioria inspeciona os calçados antes do uso, a fim de retirar qualquer objeto ou inseto que pode vir a causar algum ferimento nos pés.

A neuropatia diabética afeta os diabéticos de tal maneira que ocorre a perda da sensibilidade protetora, dessa forma quando o calçado tem algum objeto no seu interior, este, pode causar trauma aos pés. E pela natureza dos mecanismos patológicos da neuropatia, o paciente não sente nenhuma dor ou incômodo nos pés (PITTA et al., 2005; ROCHA; ZANETTI; SANTOS, 2009).

O uso de calçado apropriado destaca-se como um aspecto negativo na população da amostra de pacientes diabéticos, pois apenas 8% fazem uso de calçados apropriados ou os chamados calçados terapêuticos, 92% dos sujeitos utilizam outros tipos de calçados (figura 10). Esse dado pode ser justificado pela renda familiar, já que a maioria recebe até um salário mínimo e não tem condições de comprar um calçado adequado.

Quando perguntados sobre o tipo de calçado mais utilizado, as respostas obtidas dos pacientes diabéticos foram: 40% usam chinelo, 20% usam sapato, 16% usam sandália, 12% usam botina 12% tênis (figura 11).

76%

24%

Inspecionar o interior dos calçados

SIM

NÃO

Figura 10 – Distribuição dos sujeitos diabéticos quanto ao uso de calçados terapêutico.

Figura 11 – Distribuição dos pacientes diabéticos quanto ao tipo de calçado mais utilizado.

Estudos mostram que o uso de calçados terapêuticos ou confeccionados sob medida, podem corrigir pontos de pressão, calosidades, deformidade nos pés e amputação de dedos. Os calçados devem ter algumas características, como profundidade extra para que as palmilhas se ajustem melhor, acolchoados internamente, devem ser sem costuras internas para que não haja trauma por fricção, sistema de fechamento com ajuste, ponta quadrada, com saltos de no máximo 3 centímetros. É de grande importância que cubra todos os dedos e calcanhar, e que seja feito de couro macio ou lona (ANDRADE et al.; 2010; VIGO; PACE, 2005).

8%

92%

Uso de calçado terapêutico (especial)

SIM

NÃO

12%

12%

20%

16%

40%

Tipo de calçado mais utilizado

BOTINA

TÊNIS

SAPATO

SANDÁLIA

Quanto ao tipo de calçado mais utilizado, os dados da amostra dos sujeitos diabéticos apontam para um aspecto negativo. O uso de chinelo e sandália não oferece a devida proteção, pois muitas áreas dos pés ficam expostas. O sapato e a botina podem provocar calosidades e diminuição da circulação nos dedos, quando estes apresentam ponta fina. O uso de tênis é o mais indicado, pois conferem maior proteção e tem ajuste (velcro ou cadarço), proporcionando maior conforto.

Quando perguntados sobre o uso de meias de algodão, apenas 24% dos sujeitos diabéticos referiram utilizá-las, a maioria constituída por 76% dos sujeitos não fazem o uso de meias de algodão.

Figura 12 – Distribuição dos pacientes diabéticos quanto ao uso de meias de algodão.

A maioria dos pacientes diabéticos participantes da pesquisa não tem consciência dos benefícios que o uso de meias de algodão traz. Justifica-se o uso de meias de algodão, pois, o algodão faz boa absorção do suor, não deixando acumular umidade nos pés e calçados, reduz a pressão, evita a fricção e o cisalhamento do pé diretamente no calçado (ANDRADE et. al., 2010).

As meias devem ser preferencialmente de cor branca para melhor identificação de sangue ou fluidos exsudativos, sem costura, sem elástico e devem ser trocadas diariamente (REVILLA; SÁ; CARLOS, 2007).

Os sujeitos diabéticos participantes da pesquisa foram perguntados sobre o uso de creme hidratante nos pés, como mostra a figura 13 a seguir.

24%

76%

Uso de meias de algodão

SIM

NÃO

Figura 13 – Representando um fluxograma sobre o uso ou não de hidratante nos pés e entre os dedos.

Do total da composição da amostra, 48% dos sujeitos diabéticos referiram que não faziam a hidratação dos pés, 52% realizam a hidratação diária dos pés. Desses 52% de sujeitos que fazem a hidratação dos pés diariamente, 61,5% passam hidratante entre os dedos, e apenas 38,5% realizam a hidratação de maneira correta, não passando hidratante nos espaços interdigitais.

A neuropatia diabética quando afeta nervos autonômicos causa a diminuição ou supressão da eliminação de suor, consequentemente ocorre o ressecamento da pele, provocando fissuras que servem de porta de entrada para infecções (LOPES, 2003; PACE; CARVALHO, 2009)

A incorporação da hidratação da pele dos pés diariamente evita a ocorrência de ressecamento e fissuras, porém não se deve aplicar hidratante nas regiões interdigitais, pois a umidade nessas áreas pode causar micose (ADA, 2011; ANDRADE et al.;2010).

Quanto ao quesito cortar as unhas em linha reta, 60% dos sujeitos diabéticos referiram cortá-las em linha reta e lixar os cantos, 40% disseram realizar o corte de forma arredondada (figura 14).

Figura 14 – Distribuição dos sujeitos diabéticos quanto a realização do corte as unhas em linha reta.

A figura 14 demonstra um aspecto positivo da população diabética pesquisada, nota- se que já foi incorporado o corte das unhas em linha reta como cuidado aos pés, visto que a maioria adota essa medida. Em contra partida, muitos sujeitos disseram que ao realizar o corte das unhas de outra maneira as unhas encravavam e inflamavam. Isso mostra que muitos pacientes diabéticos aprendem a cortar as unhas de maneira correta, devido a experiências mal sucedidas.

O corte inadequado das unhas pode acarretar no encravamento da unha e significando um risco potencial no desencadeamento de ulcerações nos pés. Caso o paciente diabético tenha algum comprometimento da visão ou coordenação motora, a realização do corte das unhas deve ser feita por um profissional ou por outra pessoa habilitada (PACE; CARVALHO, 2009; ROCHA; ZANETTE; SANTOS, 2009; LOPES, 2003).

Quanto a remoção da cutícula, 64% dos sujeitos diabéticos pesquisados referiram que não removem a cutícula e 36% fazem a remoção da cutícula (figura 15).

60%

40%

Cortar as unhas em linha reta

SIM

NÃO

Figura 15 – Distribuição dos sujeitos diabéticos quanto ao ato de remover a cutícula.

De acordo com o podólogo Orlando Madella (2011), a cutícula funciona como uma proteção da matriz ungueal de infecções por fungos e bactérias e protegendo também da ação de produtos químicos. Em indivíduos portadores de DM, a retirada da cutícula significa um grande potencial de infecção, já que esses indivíduos possuem imunidade baixa.

Os sujeitos diabéticos foram perguntados se alguma vez na USF, receberam orientações de cuidados específicos com os pés. Dessa forma, a pesquisa constatou que 64% dos sujeitos não receberam as devidas orientações, e apenas 36% referiram que receberam orientações claras quanto aos cuidados que devem ser realizados com os pés, para que não ocorram lesões (figura 16).

36%

64%

Remoção da cutícula

SIM

NÃO

Figura 16 – Distribuição dos sujeitos diabéticos quanto ao recebimento de orientações relacionadas com os cuidados específicos com os pés, na USF.

É notório que a maioria dos sujeitos diabéticos não recebem orientações especificas para o cuidado dos pés. Alguns pacientes diabéticos referiram que as orientações oferecidas pelos profissionais da USF, giram em torno da alimentação, como ingerir as medicações e que devem evitar machucar os pés. Ou seja, as orientações são muito superficiais.

Quando perguntados se algum profissional da saúde realizou o exame físico dos pés, 88% dos sujeitos diabéticos referiram que nunca um profissional realizou esse tipo de exame e apenas 12% disseram que já foram examinados dessa forma e que já se passaram mais de 6 meses desde a realização do exame físico dos pés (figura 17).

36%

64%

Orientações específicas relacionadas aos pés

SIM

NÃO

Figura 17 – Relação dos sujeitos diabéticos que tiveram seus pés examinados por algum profissional da USF.

A realização do exame físico dos pés é primordial na identificação de fatores de risco modificáveis, reduzindo o risco de ulceração e amputação nos diabéticos. O exame físico deve ser garantido pelos profissionais a cada consulta (ANDRADE et al.,2010; VIGO; PACE, 2005).

Lopes (2003) destaca alguns sinais passiveis de ser identificados durante a avaliação dos pés. Sinais da angiopatia: claudicação intermitente, dor de repouso, palidez, cianose, hipotermia, atrofia tecidual, alterações de pelos e unhas, diminuição ou ausência de pulso à palpação, bolhas, necrose e gangrena seca. Sinais da neuropatia: ressecamento e fissuras na pele, hiperemia, hipertermia, alterações na sensibilidade, deformações osteo-articulares, calosidade, ulcera neuropática. Sinais da infecção: edema, secreção purulenta, necrose infecciosa e gangrena úmida.

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